Revista Sopa / Soup Magazine

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Foi essa estética híbrida, cheia de influên-

A ilustração é fundamental no projeto.

cias e ainda pouco definida que chamou

O primeiro passo foi definir a estra-

minha atenção. Junto com o designer An-

tégia de trabalho em três vertentes:

dré Castro, nos propusemos a analisar

para falar do Funk mais difundido, que

o universo Funk, para depois traduzi-lo

atinge diretamente todas as camadas

em imagens. Assim nasceu, em 2007, a

sociais, escolhemos a técnica do sten-

semente do livro FUNK – Que batida é

cil, frequentemente associada às artes

essa. Em 2008, a idéia ganhou corpo e

de rua e grafite. Para tratar do Funk de

forma, e trabalhamos incansavelmente

temática sexual escolhemos a monotipia

em um ensaio de ilustração, que consti-

em vidro, técnica fluida, imprecisa, que

tui a maior parte do livro.

gera borrões orgânicos, condizentes

Para começar o trabalho, precisávamos nos interar da história e do contexto atual do Funk. Foram três meses de pesquisa, muita leitura de trabalhos acadêmicos,

com a dança e o movimento. Por fim, para o Funk que fala e denuncia a violência, escolhemos a técnica do carimbo, mais agressiva e associada a protes-

livros de sociologia, antropologia e jornal-

tos e movimentos de contracultura.

ismo, além do próprio “trabalho de cam-

O objetivo é que as técnicas e as imagens

po”. Para ver de perto e captar os aspectos estéticos de um baile Funk, fomos aos bailes do Castelo das Pedras, Cantagalo e Vigário Geral. Dessas noitadas tiramos uma boa quantidade de fotografias, reg-

criem áreas de intercessão, transições que conduzam o leitor através do mundo funk e suas diferentes faces, proporcionando um passeio visual pleno de ritmo e movimento.

istrando todos os detalhes visualmente

As vertentes do funk interagem bastante

interessantes: malhas de caixas de som,

entre si. As músicas tocam nas mesmas

muito uso de neon, acúmulo de elemen-

festas e bailes, e os MCs muitas vezes tra-

tos (tanto latinhas de cerveja quanto das

balham mais de um “estilo” de funk, de

próprias pessoas), paredes de concreto,

acordo com o público e a mensagem a ser

ventiladores e exaustores de ferro. Todas

passada. Por isso, optamos por não sepa-

essas características visuais foram trans-

rar claramente as imagens produzidas por

feridas para as imagens, no processo de

divisões de capítulos e sim criar transições

produção das ilustrações do livro.

mais sutis pelas diferentes técnicas.


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