Simplesmente acontece cecelia ahern

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Docinho: Essa é a parte difícil. Ele disse que me amava. FlorSilvestre: Nooooossaaaa! Segura: Meu Deus do céu. LadySolitária: Mas onde foi que você encontrou a carta? Docinho: Qual-é-mesmo-o-nome-dele a devolveu para mim. Disse que não queria mais ser a causa da minha solidão. LadySolitária: Ele guardou a carta durante todo esse tempo? Docinho: Não faço a menor ideia do motivo pelo qual ele ficou com a carta durante todos esses anos. Ainda não pensei muito nisso. Mas eu nunca consegui entendê-lo direito enquanto éramos casados. Não estou conseguindo pensar direito, ainda estou em choque. FlorSilvestre: E você conversou com Alex? Docinho: Como eu vou poder falar com ele, FlorSilvestre? Sabendo o que eu sei, como é que eu posso ter condições de pensar nele? FlorSilvestre: É muito fácil, ué. Ele acabou de dizer que ama você! Docinho: Não, FlorSilvestre, ele disse que me amava há dez anos! Antes de se casar, antes de Theo nascer. Eu simplesmente não consegui me abrir para ele. Ele continua a me escrever e telefonar, mas pensar nessa oportunidade perdida me causa tanto enjoo que eu nem consigo responder as mensagens dele. LadySolitária: Mas você precisa contar a ele que você sabe! Docinho: Era o que eu ia fazer. Metade de mim estava com medo e a outra metade estava empolgada. Eu ia ligar para ele e contar de maneira casual no começo da conversa, só para sentir o terreno e saber qual seria a reação dele antes de ir adiante. Mas, naquela manhã, o cartão anual de Natal chegou à minha caixa postal. Com a foto da esposa e dos dois filhos na capa do cartão, todos usando macacões natalinos bordados — Theo, que acabou de perder os dois dentes da frente, Josh com um sorriso luminoso igual ao do pai e Bethany de mãos dadas com Alex. E eu não consegui contar a ele. E o que importa agora? Ele é casado. É feliz. Já superou o que sentia por mim, e mesmo que não tenha superado eu duvido que ele saltaria daquela foto perfeita de Natal para vir atrás de mim. A possibilidade de eu e Alex ficarmos juntos acabou desaparecendo, assim como aquelas nossas duas fotos antigas no medalhão de Katie. Segura: Ouça o que eu vou lhe dizer, Docinho. Você está certa em deixar a família em paz. FlorSilvestre: Mas ela o ama! E ele a ama! E todo mundo altera as fotos no Photoshop hoje em dia. Segura: Quantos anos você tem agora, Docinho? Quarenta e dois? Docinho: Sim. Segura: Certo. Ele escreveu a carta doze anos atrás, antes de se casar. Não é certo tocar no assunto agora. Ela acabaria destroçando vários coraçõezinhos se contasse a ele. FlorSilvestre: Não ouça o que ela diz, Docinho. Pegue um avião, vá encontrar Alex e diga


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