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Banco Social

Com o objetivo de fomentar crédito e apoio técnico a micro e pequenos empreendimentos, surgiram em alguns lugares do mundo, sobretudo em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, os bancos sociais, como forma de facilitar o acesso de micro e pequenos negócios ao financiamento. Com a estrutura operacional desburocratizada e sem muitas barreiras de acesso ao crédito, essas instituições financeiras criaram mecanismos de aquecer os mercados locais concedendo crédito, gerando empregos e mantendo boas taxas de adimplência entre os seus tomadores de empréstimos.

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Os clientes dessas instituições de microfinanças são homens e mulheres com iniciativas empreendedoras, pessoas motivadas a fazer acontecer mediante a produção e vendas de produtos e serviços. São profissionais que participam ativamente da execução da entrega do resultado final de seu trabalho aos seus clientes. Essas pessoas precisam de quem as apoie financeiramente com o capital mínimo necessário para realizarem seus sonhos de empreender.

Conhecidos também como bancos comunitários ou bancos solidários, esses bancos são prestadores de serviços financeiros solidários, em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda na perspectiva de reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da economia solidária. Seu objetivo é promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda, pelo fomento à criação de redes locais de produção e consumo, baseado no apoio às iniciativas de economia solidária em seus diversos âmbitos, como: empreendimentos socioprodutivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização (bodegas, mercearias, mercadinhos, quiosques de lanches, profissionais autônomos, lojas e feiras solidárias, entre outros), organizações de consumidores e produtores.

No Estado do Ceará temos um exemplo pioneiro desse tipo de instituição, o Banco Palmas, que é o primeiro banco comunitário do Brasil. É uma organização financeira criada pela própria comunidade. Surgiu no conjunto habitacional Palmeiras, um bairro com mais de 32 mil habitantes, situado na periferia de Fortaleza, no Ceará, no Nordeste do Brasil. Nesta comunidade vivem hoje cerca de 5 mil famílias cuja renda, em 80% desses lares, fica abaixo de dois salários mínimos/mês e 70% da população não têm emprego formal.

Tudo começou quando os representantes da Associação de Moradores do Conjunto Palmeiras (Asmoconp) se questionaram por que eram pobres. A resposta que obtiveram não poderia ser mais óbvia – porque não tinham dinheiro. Então surgiu o segundo questionamento: “Por que não temos dinheiro aqui no Conjunto Palmeiras?”. E chegaram a uma resposta mais interessante que foi: “Porque deixamos o dinheiro em outros bairros, principalmente no bairro vizinho, na Messejana”. Em outras palavras, o consumo local é o que gera riqueza para a comunidade. Assim, criaram um banco com moeda própria, a palmas, indexada ao real. Um real vale uma palmas. Todos os empréstimos para consumo são concedidos em palmas para consumir na própria comunidade, até porque essa moeda só pode ser aceita na própria comunidade.

O Banco Palmas empresta até 15 mil reais para aqueles empreendedores que desejam produzir na comunidade e dispõe de uma linha de crédito para consumo local. Neste caso, o empréstimo é em palmas. O Banco trabalha com correspondentes bancários, pagamento móvel por meio de aplicativos próprios, microsseguro, educação profissional financeira, feiras, moeda digital, entre outros benefícios.

Vale ressaltar que hoje, devido à pandemia causada pela covid-19, o Banco Palmas só está trabalhando com monocrédito, realizando empréstimos para consumo no valor de 100 a 500 palmas, uma espécie de crédito de emergência. As concessões de empréstimos para produção estão sendo realizadas pela parceria com o Ceará Credi, modalidade que será abordada mais à frente.

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