Filme A Cabana - Análise de Bilheteria

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CORREIO POPULAR Campinas, quinta-feira, 25 de maio de 2017 Divulgação

MILAGRE NAS BILHETERIAS A partir da esq., os atores Avraham Aviv Alush, Sam Worthington, Octavia Spencer e Sumire Matsubara em cena de A Cabana

/ CINEMA / Há sete semanas em cartaz, A Cabana arrecadou R$ 68,6 milhões no Brasil, o equivalente a nada menos que 65% do faturamento mundial do filme Fábio Trindade DA AGÊNCIA ANHANGUERA

fabio.silveira@rac.com.br

Talvez Deus seja mesmo brasileiro. Essa seria uma boa explicação para o sucesso desenfreado e praticamente inexplicável que o filme A Cabana está fazendo no País. No último final de semana, por exemplo, o longa terminou em terceiro lugar em bilheteria, apesar de estar há sete semanas em cartaz por aqui, com R$ 3.042 milhões arrecadados. Ficou à frente

‘Me coloquei no lugar do pai’, afirma espectadora A Cabana conta a história de um homem religioso que, após ter a filha pequena sequestrada e morta, perde a fé em Deus — ele o culpa pelo o ocorrido. Para tentar mudar a opinião do homem e dar uma outra visão sobre a história, o próprio Deus (vivido por Octavia Spencer) o convida para um encontro na mesma cabana a que o assassino levou a menina. “É um filme que nos faz refletir sobre muitas coisas. Por ser uma história com base em pre-

de blockbusters como Alien: Covenant (que estreou há duas semanas), Velozes e Furiosos 8 (em cartaz há seis semanas) e Corra! (que chegou aos cinemas quinta passada).

SAIBA MAIS - Arrecadação de A Cabana no Brasil

Desempenho do longa no País surpreendeu estúdio e distribuidora

Semana 1 - 6/4: 941.605 espectadores Semana 2 - 13/4: 916.965 espectadores Semana 3 - 20/4: 900.364 espectadores Semana 4 - 27/4: 736.393 espectadores Semana 5 - 4/5: 549.753 espectadores Semana 6 - 11/5: 404.361 espectadores Semana 7 - até 22/5: 208.616 espectadores Total: 4.658.047 espectadores

Com o resultado, A Cabana acumula só no Brasil a impressionante quantia de R$ 68,6 milhões, o que representa nada menos que 65% da bilheteria mundial do filme (sem contar Estados Unidos). Isso mesmo, dos US$ 31 milhões arrecadados pelos quatro cantos do planeta (mais uma vez, com exceção dos EUA), mais de US$ 20 milhões foram em terra tupiniquins. Para efeito de comparação, o segundo lugar no ranking mundial é o México, onde a adaptação do livro de William P. Young faturou US$ 2,6 milhões. Ou seja, 13% do montante brasileiro. Fora isso, só outros dois países bateram a marca de US$ 1 milhão: Alemanha (US$ 2 milhões) e Polônia (US$ 1,3

milhão). O que todos esses números querem dizer? Que A Cabana é um fenômeno que nem mesmo o estúdio do filme, Lionsgate, e a distribuidora brasileira, Paris Filmes, sequer poderiam prever nos mais profundos sonhos. “Eles (os gringos) nos perguntam: ‘Onde vai parar?’ E respondemos: ‘Não sabemos’. Ninguém sabe. Todos os filmes já morreram com sete semanas em cartaz, inclusive os blockbusters. E nós continuamos em terceiro, isso quando não estávamos em segundo”, confessa Gabriel Gurman, diretor de Marketing da Paris Filmes. O fato de o livro ter vendido quatro milhões de exemplares no Brasil sempre foi

ceitos religiosos, acaba servindo como uma autoajuda nos momentos difíceis. O homem tem muitos questionamentos sobre Deus e as diferentes religiões trazem diferentes explicações. E o filme depende dos olhos de quem vê, da crença de cada um”, diz a empresária Elaine Melo, de 40 anos, fã tanto do livro quanto do filme. “No começo, a história parece uma visão espírita, mas depois fui percebendo que não, é uma mistura de crenças graças a uma visão particular do autor. Me coloquei no lugar daquele pai retratado, e me pus a pensar: Meu Deus, se fosse um filho meu, será que conseguiria perdoar?”, se questiona Elaine, mãe de dois filhos. “É muito difícil esse perdão que a história tanto prega. Quando Deus diz:

esse homem que fez mal à sua filha também é meu filho, você sente que Deus se sacrificou por nós da mesma forma. É difícil perdoar em uma situação como essa, mas nós temos uma tendência a julgar sem conhecer as origens”, completa. Já para a estudante Erika Frazão, de 26 anos, o fato de tratar sobre religião de uma forma simples e mostrar Deus como uma pessoa normal, faz o filme “parecer muito real, com coisas do cotidiano presentes na vida de qualquer pessoa”, diz. “Fala de perdão, conciliação, de forma muito forte, emocionante, com cenas que fazem chorar, outras que fazem repensar. Eu senti que o filme me fez querer ser uma pessoa melhor. E por isso entrou para a minha lista de filmes favoritos.” (FT/AAN)

(variação de -2,62%) (variação de -1,81%) (variação de -18,21%) (variação de -25,35% (variação de -26.45%) (variação de -48,4%)

um grande indício de que o filme faria sucesso por aqui. Tanto que a Paris Filmes trouxe a estrela de A Cabana, a vencedora do Oscar Octavia Spencer, para o Rio de Janeiro para divulgar o filme. Na época, a atriz chegou a conceder entrevista exclusiva ao Caderno C. Algo que não aconteceu em outros lugares. O filme já havia estreado nos Estados Unidos, tinha ido apenas OK nas bilheterias (o total arrecadado foi de US$ 57,3 milhões, para um orçamento de US$ 20 milhões, sem as verbas de divulgação) e massacrado pela crítica especializada. “Mas nós batemos no peito, bancamos que faria sucesso, mesmo com toda a desconfiança que eles estavam

lá fora, porque sabíamos que o filme emplacaria no Brasil”, diz Gurman. “Todos nós da Paris já tínhamos visto o filme, então desconsideramos as críticas e focamos no tipo de história que ele contava, uma história muito bonita que as pessoas queriam ver, ainda mais nesses tempos sombrios que passamos aqui. Sem contar os números de vendas dos livros, também impressionantes”, completa. Além das contas

Mas fazer sucesso é uma coisa. Ser um filme pequeno, segmentado (fala sobre religião) e ainda assim levar mais de 4,6 milhões de pessoas ao cinema (e contando, já que este número é até a última segunda-feira e o filme ainda vai muito bem, obrigado), batendo de frente com obras de orçamentos astronômicos, é praticamente um milagre — com perdão do trocadilho. Melhor prova é que, depois do último final de semana, A Cabana ultrapassou Cinquenta Tons Mais Escuros — longa também derivado de um best-seller, mas que custou quase duas vezes

mais que A Cabana — e já é o quinto filme mais visto em 2017. “É totalmente incomum o que está acontecendo. Nós fizemos uma campanha agressiva, monitoramos as redes sociais para saber o que o público queria, tínhamos as nossas metas e expectativas, mas tudo foi superado. Tanto que tivemos que aumentar o número de salas e levar para cidades que normalmente ou não entramos com força ou nem estreamos”, afirma o diretor de marketing da Paris. Como exemplo, ele cita as cidades de Americana e Indaiatuba, na região de Campinas, que tiveram mais salas que o normal para filmes como A Cabana. Para se ter ideia, no País de forma geral, em 6 de abril o longa estreou em 671 salas. Até ontem, estava em cartaz em 470. Mais do que isso, da primeira para a segunda semana de exibição, o filme teve uma queda de 2,62% na arrecadação, e de mais 1,81 para a terceira. “Muitos blockbusters chegam a cair mais de 50% da semana de estreia para a segunda”, exemplifica Gurman.


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