Arquitetura digital Tecnologia tridimensional surge como uma opção mais sustentável para a construção civil
H
oje, o panorama de evolução do mercado é de grande pressão competitiva em busca de novas possibilidades para atender a novas exigências, reduzindo os riscos, o tempo e os custos, com soluções sustentáveis que possam garantir entregas pontuais e agilidade em todos os segmentos. A construção civil tem procurado soluções que simplifiquem e aperfeiçoem o processo de planejamento arquitetônico, possibilitando rápida aprovação de projetos e melhor gerenciamento da obra. Com o desenvolvimento dos softwares, vieram novos métodos para usar, de forma diferenciada, o que já está no mercado. A tecnologia Building lnformation Modeling (BIM), um modelo tridimensional com parâmetros de projeto, apareceu em favor disso como uma solução atual que já está sendo aplicada na indústria da construção. Para falar sobre o BIM, a FEA-FUMEC convidou Bernardo Farkasvõlgyi, sócio-diretor da Farkasvõlgyi Arquitetura e arquiteto e urbanista há 25 anos, para uma palestra com alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo. Ele falou, entre outras coisas, sobre o grande volume de entulho que é descartado de forma inadequada. "O cenário que temos hoje, no mundo, em relação ao desperdício de materiais das obras é insatisfatório", alerta o arquiteto, dizendo que, no Brasil, temos 30% de desperdício com relação aos custos de construção e é preciso ficar atento ao que está sendo gasto com a produção e ao que termina no lixo. "É como se mais de 10% do entulho de uma empresa de grande porte do País fosse descartado", conta. Bernardo acredita que investir em projetos arquitetônicos eficientes é uma solução para minimizar os altos índices de desperdício que ocorrem na parte construtiva, atendendo às atuais exigências, como a necessidade de uma inovação constante para conseguir realizar obras cada ·~ vez maiores em um tempo menor, considerando os as- m, ~ pectos dos inegáveis pontos de sustentabilidade. i5
3D Nos últimos anos, a indústria vem trabalhando de forma ampla e concisa, pensando e projetando em três dimensões. Bernardo explica que a diferença do modelo tridimensional é que, dependendo do andamento da projeto, todos os elementos podem ser representados, não somente a estrutura e as instalações, mas também aquilo que é importante para a arquitetura, que são todos os dados relativos ao empreendimento. "Os setores de arquitetura e construção que colocam em prática as especificidades do BIM têm benefícios em termos de qualidade dos produtos e soluções construtivas que vão ao encontro da possibilidade de poder concretizar formas mais completas", argumenta. Oarquiteto fala, ainda, que o BIM não é um software, mas uma forma de se projetar. "Podemos usar, por exemplo, o AutoCAD ou o Revit, que trabalham e sincronizam com a plataforma BIM", conta , completando que o projeto em 3D, no caso do BIM, funciona como uma via de informação, como uma ressonância magnética, no desenvolvimento de um projeto arquitetõnico com um diagnóstico muito mais preciso e moderno, permitindo tirar infinitas seções, como as paralelas às plantas. "Tudo que quiser enxergar, você aperta um botão e já está enxergando", afirma Bernardo. Existem resistências ao BIM no mercado, visto que, raramente, os clientes conhecem os benefícios da plataforma e nem sempre estão dispostos a custear a qualidade superior oferecida ou, até mesmo, entender que a metodologia e o tempo do projeto são diferentes do processo convencional. "Todas as informações no BIM vêm desde o começo, diferentemente do processo convencional, em que é preciso completar", conta Bernardo. "O ideal é que o projeto já nasça compatibilizado com todas as disciplinas. No processo convencional, criam-se os desenhos em estatura própria, mas interferências podem acontecer na obra, e o arquiteto precisa estar in loco para resolver. No BIM, as interferências podem chegar a zero no final da obra." Mas, apesar das resistências de mercado, a plataforma veio com o propósito de aperfeiçoar os processos de modelagem arquitetônica, e os seus benefícios são visivelmente maiores. "Acreditamos na capacidade de re inventar a maneira de se pensar a arquitetura e os processos construtivos ", diz Bernardo, que crê na capacidade que a arquitetura tem de adaptar o seu custo e o seu desempenho para melhorar, ainda mais, o planejamento da gestão de obras. •
1