Revista Fantástika 451 #1 verão 2018

Page 18

hierarquia que rege a vida na nossa História real: há os dominadores e os dominados, os que trabalham — como o ex-marido de Juliana — e há os que os exploram. Tudo pode mudar, pode ser que, nos termos do romance, tenham ganho os Aliados ou o Eixo. Num certo sentido, tanto faz, desde que o sistema que sustenta as mutações dentro da permanência continue. É por conseguir sugerir uma figuração do irrepresentável — o sistema que a tudo organiza — que este livro cumpre sua função de mobilizar nossa consciência histórica e nos levar a encarar o fato de que uma mudança significativa tem que ser sistêmica, a não ser que queiramos fica repetindo o que temos. Resta perguntar com Williams: “e se?”. ●

Referências WILLIAMS, Raymond. Utopia and Science Fiction [1978]. In: Problems in Materialism and Culture. Londres: Verso, 1980, p. 196-212. WILLIAMS, Raymond. You Are a Marxist, Aren’t You? [1975]. In: Resources of Hope. Londres: Verso, 1989, p. 65-76. JAMESON, Fredric. Archaeologies of the Future: The Desire Called Utopia and Other Science Fictions. Londres: Verso, 2005. DICK, Philip K. The Man in the High Castle. Boston, MA: Mariner, 2011. [1. ed., 1962].

Maria Elisa Cevasco Mora em São Paulo e é professora titular no Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo. É especialista em crítica cultural materialista. Publicou vários artigos sobre expoentes dessa vertente crítica, como Fredric Jameson, Raymond Williams e Roberto Schwarz. É autora de “Para ler Raymond Williams” (Paz e Terra, 2001) e “Dez lições de estudos culturais” (Boitempo, 2003). 18


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.