Falando de Axé 4ª Edição - Setembro de 2011

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Falando de Axé “TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”. ANO 1 — Edição 04 ÒRÌSÀ DO MÊS: Ìbejì — A Divinização dos Gêmeos em terras Iorubás SANTO DO MÊS: São Cosme e São Damião — Os Santos Gêmeos ERÊS — A Alegria que contagia a Umbanda FALANDO DE AXÉ com Bàbá Olóòjè Àpésì (Rasaki Sàlámì Sàláwu)

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Setembro de 2011


EDITORIAL

No mundo, sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo, por isso, seja sempre você mesmo!!!

Depois de nossa ultima edição, o Especial sobre Ìyámi, cá estamos nós de novo, com mais uma edição, repleta de novidades e mais uma vez trabalhando em prol da divulgação cultural e religiosa afro e afro-brasileira. Nesta edição falaremos de Ìbejì, de São Cosme e São Damião, nossos alegres Erês e muito mais, esperamos estar indo de agrado aos nossos leitores e ficamos nós, no aguardo de sugestões. Nosso intuito é publicar o que vocês leitores desejam ler, por isso entrem em contato conosco e dêem sua sugestões. Pedimos desculpas por alguma coisa. Até breve e uma ótima Leitura... Wúre fún o (Boa sorte para você)!!!

Hérick Lechinski - O Editor

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Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O meu Criador. Ilè Ògéré Ìbà - Terra, cujo poder se espalha por todo o Universo, Saudações. Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente saúdo Èsù, o Poderoso Venerável. Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!!

ÍNDICE Ìbejì – A Divinização dos Gêmeos em terras Iorubás Pág. 04 Santo do Mês: São Cosme e São Damião – Os Santos Gêmeos Pág. 08 Erês – A Alegria que contagia a Umbanda Pág. 11 Folha do Mês: Òdúndún – O Pai que espalha calma sobre a Terra Pág. 15 A música Africana e sua influência Pág. 17 Entrevista do Mês: Falando de Axé com o Bàbá Olóòjè Àpésì Pág. 19 Personalidades Negras: Wangari Maathai Pág. 22 História da Capoeira

Pág. 24

Àwon Odù – Os signos de Ifá

Pág. 27

Livro do Mês: Exu e a ordem do Universo Pág. 29 3


Ìbejì – A Divinização dos Gêmeos em terras Iorubás

Ìbejì (Ibedí), termo que em yorùbá (dialeto africano falado na Nigéria) literalmente quer dizer “Nascimento Duplo”, é como são chamados os gêmeos em terras iorubá (Nigéria). Grande confusão existe em relação a este tema no Brasil. E com a ajuda do sincretismo religioso afro-católico, mais confuso se tornou... O que são Ìbejì? Quem são os Ìbejì? Divindade protetora das crianças? Divindade protetora dos Gêmeos? Ìbejì e Erê (espíritos infantis cultuados na Umbanda) são as mesmas coisas? Essas e inúmeras outras perguntas são feitas pelos adeptos de religiões africanas, como o Èsìn Yorùbá ou religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e o Batuque, ou até mesmo dentro da Umbanda, por adeptos que ainda não conhecem com mais profundidade “este culto”. Começamos dizendo que, Ìbejì não é um Òrìsà (divindade primordial), não são os espíritos (Erês) infantis que incorporam e são cultuados na Umbanda, muito menos o estado de transe infantil, pelo qual passam alguns adeptos do Candomblé. Não são santos... Ìbejì é a Divinização dos Gêmeos em terras iorubás. Não é um orixá (divindade) que entra em transe, não possui filhos (omorìsà) e nem é “raspado” na cabeça de ninguém, ou seja, não há Igbèrè (iniciação) em Ìbejì. Ìbejì são seres espirituais que vivem em uma sociedade espiritual no Céu e também em alguns bosques na Terra. Nos primórdios da Terra, também se reuniam em sociedades, assim como as Ìyámi Eleyé (feiticeiras), os Abíkú (espíritos natimortos) e outras sociedades nigerianas... 4


Acredita-se que a origem do Culto a Ìbejì, seja Ìsòkún, cidade que hoje está agrupada a cidade de Òyó – Estado de Òyó na Nigéria. Foi nessa cidade, que Ìbejì veio a Terra (Àiyé) pela primeira vez, uns dizem que foi através da mulher de um fazendeiro pobre de Ìsòkún, outros dizem que foi através da mulher de um Rei de Ìsòkún.

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O Iorubás acreditam que cada pessoa que nasce na Terra, deixa um duplo no Céu – Enikéjì, que fica na espera daquele que veio a Terra voltar. E é por este motivo, que por muito tempo acreditaram que o nascimento de gêmeos não era algo bom, já que, os dois (a pessoa e o duplo) vinham do Céu para a Terra. Era algo negativo, desequilibrado, etc. E por esse motivo, os gêmeos passaram a serem sacrificados, inicialmente os dois, depois apenas um, com a crença de que mandariam

de volta para o Òrun (Céu) assim nasce o CULTO A aquele que veio pra Àiyé ÌBEJÌ/EJÌRE (Gêmeos), em (Terra), mas deveria ter fica- terras iorubás. do por lá. Acreditando que uma Conta um Ìtàn pessoa que nasce duplamen(História Sagrada do Corpo te, é dona de grande força Oral de Ifá), que na época axé, os Ìbejì passaram a ser em que os ìbejì (gêmeos) e- considerados pelos iorubas ram sacrificados, em Ìsòkún, como DIVINDADES VIum casal dá a luz a gêmeos VAS, que merecem todo cul(Ìbejì), mas por amarem to e respeito. muito suas crianças e não desejarem sacrificá-las, busMas deixamos claro cam então Ifá (oráculo sa- que, Ìbejì não é uma divingrado), para darem um me- dade que re-encarna, ou seja, lhor caminho aos seus filhos, que teve (tem) passagens na que não a morte, o sacrifício. Terra como Obàtálá, Òsun, O Sábio Òrúnmìlà, Divinda- Sàngó, Èsù, etc. E sim, espíde que é a Testemunha de ritos que habitam em dois todos os Destinos, declara corpos e se completam, posque as crianças não deveri- suindo pleno equilíbrio. Emam ser sacrificadas, nem elas bora, há pessoas que acredie mais nem um outro Ìbejì tam que são dois espíritos que viesse a nascer no Mun- que vivem juntos no céu do, declarando então, que o (Òrun) e vem para a terra duplo nascimento, ou seja, o (Àiyé), outros, acreditam nascimento de gêmeos, não que é a vinda da pessoa e de deveria ser um motivo de seu enikéjì (seu duplo) para tristeza e de má sorte, pelo a Terra. contrário, deveria ser um orgulho, uma honra e uma eMas o importante norme alegria para os pais mesmo é a família que é ados gêmeos e para seus fa- bençoada com o nascimento miliares, pois, significava a de gêmeos buscarem a mavinda de seres de muita sor- neira correta de cultuá-los, te, bom axé – Ejìre (Duas alegrias, alegria dupla) para o âmbito familiar. E determinou que os pais dos gêmeos devessem festejar o nascimento deles por toda a cidade, tratá-los muito bem, com muito amor, carinho e mimos e toda pessoa que cruzasse com os Ìbejì (gêmeos) deveriam presentear-lhes. E


para que possam receber todas as dádivas É costume ioruba, quando no decorque esses espíritos são capazes de propor- rer da Vida um dos gêmeos vem a falecer cionar a família que escolhem nascer. “vai ao mercado”, o gêmeo sobrevivente e até mesmo a família deste, continuar cultuando-o através de uma estatueta – Ère Ìbejì, dando parte do que recebe ao mesmo.

No Brasil, nas casas de Candomblé, Ìbejì passou a ser considerado uma Divindade, assim como as outras, filho de Sàngó com Oya, outras vezes filho de Sàngó com Òsun. Tendo seu sincretismo afro-católico (por necessidade, na época da escravatura) com os Santos Cosme e Damião e também passou a ser sincretizado com o Nkisi Wunje (Divindade bem distinta dos Gêmeos). Na Umbanda, Ìbejì passou a ser sinônimo de Erê (espírito infantil, ou que assume essa forma). No Batuque tornou-se uma “qualidade” de Sàngó = Xangô Ibeje. Até pessoas iniciadas (raspadas, feitas) de Ìbejì podemos encontrar no Brasil, mesmo respeitando as tradições de cada casa, digo que isso é algo errado, já que, o Culto a Ìbejì não tem Igbèrè – Iniciações.

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O culto a Ìbejì é realizado através de pactos (imulè) com Èsù (Ìdòwú) e com a Egbé Òrun Ìbejì (a Comunidade Espiritual dos Gêmeos), montamos Ojúbo (altar) aos mesmos, com representações feitas através de estatuetas de madeira e outros símbolos.


Os iorubas também possuem o hábito de dar nomes específicos aos gêmeos, por exemplo: - Táíwò para o primeiro dos gêmeos a nascer, que literalmente quer dizer “Vai experimentar a Vida”, é considerado o espírito mais novo, que chega primeiro a Terra, para abrir caminho para seu irmão mais velho, que nasce como o caçula dos gêmeos. Táíwò é saudado com a expressão Táyé Lólú Ejìre. - Kéhìndé para o segundo dos gêmeos ao nascer, que literalmente quer dizer “O ultimo a chegar”, considerado o espírito mais velho. Ter filhos gêmeos é algo tão maravilhoso para os iorubas, que eles utilizam-se da expressão Ejìre Òkín, referindo-se que a beleza de possuir gêmeos é tão qual a de um Pavão (Òkín) Mas não podemos falar de Ìbejì sem falar de Ìdòwú, o tão conhecido DOUM, que muitos vêem entre São Cosme e São Damião, mas nem sabe quem é. Ìdòwú é como os iorubas chamam a criança que nasce logo após os gêmeos (Ìbejì), que literalmente quer dizer “Aquele que equilibra os gêmeos”, Ìdòwú nada mais é do que um aspecto de Èsù, que é cultuado para que as bênçãos de Ìbejì recaiam sobre aquela família. Não tem como cultuar Ìbejì, sem cultuar Ìdòwú (Èsù). Na época da escravatura no Brasil, com o sincretismo afro-católico, os nigerianos escravos que cultuavam Ìbejì, cultuavam também Ìdòwú, como o passar do tempo, surgiu então Doum (Ìdòwú) e ficou São Cosme, São Damião e Doum, podemos ver claramente, que Doum é menor que Cosme e Damião, ou seja, representa a criança que nasce após os gêmeos. Sabemos também que, a Igreja Católica e a História não conhece Doum e assim podemos ter total certeza que Doum é o Sincretismo Católico de Ìdòwú. O mesmo não é e nunca foi irmão de Cosme e Damião. E para finalizar esta matéria, falarei um pouco sobre os Edun Oròòkun (Colobo polykomos), o Colobo Real, macacos africanos de pelagem preta com detalhes brancos, animais associados aos Ìbejì, já que, foram os primeiros animais a gerar gêmeos (ìbejì). Seres completamente admiráveis, pelo hábito que possuem de ao amanhecer ficarem em silêncio na copa das árvores em orações. São considerados mensageiros dos Deuses e escutados por Eles. A fêmea Colobo, ao parir afasta-se do bando, retornando no dia seguinte com sua cria. Cria esta, considerada re-encarnação de espíritos Ìbejì que ficam vagando pelas florestas. São animais sagrados dentro do Culto Ìbejì. Caros leitores, espero ter contribuído com algo para o entendimento de vocês sobre o Culto a Ìbejì. Gostaria de aproveitar e render minhas homenagens ao Ìbejì Táíwò Aláyésolà, Omorìsà (filho de santo) da Grande Ìyálóòrìsà Beata de Yèmoja, um grande divulgador do culto a Ìbejì e uma das pessoas que posso considerar como fonte deste artigo. Wúre fún àwa – Boa Sorte para nós.

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Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


SANTO DO MÊS São Cosme e São Damião – Os Santos Gêmeos

Nigeriana). Pelo ano 303 d.C. na cidade de Egéia, na Arábia, nasceram os gêmeos Cosme e Damião, filhos de nobres árabes; Dona Teodata, mulher piedosa e de grandes virtudes, transmite aos filhos os vivos sentimentos de fé, esperança e caridade. O nome Cosme vem de “Cosmos” – no grego: Puro, e Damião – “Damianus”: “Mão do Senhor” segundo a tradição. Nossos gêmeos foram educados e instruídos pelos grandes mestres da Síria e lá especializaram-se nas ciências e na medicina. Os ensinamentos cristãos de sua Mãe, aliados a arte de curar e de aliviar os sofrimentos alheios, fizeram de nossos jovens médicos, um testemunho de amor e dedicação aos irmãos. Os gêmeos médicos eram muito requisitados pelas pessoas, que neles encontravam um sopro de esperança e um alento nos sofrimentos. Cosme e Damião não perdiam a oportunidade de falar de Jesus Cristo, o Médico dos Médicos, e de seu evangelho, assim aliavam a cura do corpo e da alma.

A admiração das pessoas crescia ainda mais, vendo que os médicos Cristãos, não aceitavam a mínima gratificação, eram outras No mês de Setembro comemoramos os as riquezas que atraiam: “Almas para Deus.” Santos Católicos - São Cosme e São Damião. Dia 26 de setembro da Igreja Católica, dia 27 de I n co n t á ve i s c o n ve r s õ e s foram setembro nos Templos de Religiões Afro- testemunhadas, graças ao empenho e a brasileiras (Candomblé e Batuque) e dedicação de Cosme e Damião. As curas Umbandistas e no dia 1º de novembro das aconteciam de várias formas sendo até mesmo Igrejas Cristãs Ortodoxas. de formas extraordinárias, era o poder de Jesus Protetores dos Médicos e sendo manifestado através de seus servos Farmacêuticos, Santos Gêmeos que são fiéis. sincretizados dentro das religiões afrobrasileiras com os Òrìsà Ìbejì (a Divinização dos Gêmeos). E na Umbanda (Religião Brasileira com grande influência Afro) são cultuados a através da Legião de São Cosme e São Damião, uma das sete legiões da Linha de Oxalá, composta por espíritos infantis ou que assumem essa forma espiritual. Ao contrário do que muitos pensam, não são Santos Crianças e sim, protetores das crianças e também não possuem nenhuma 8 ligação com Doum (Ìdòwú, de origem iorubá,


Durante muitos anos viveram os médicos como missionários na Cilícia. O empenho e a fama dos dois chamaram a atenção de autoridades, e uma das primeiras medidas do governador Lígias, quando chegou a Cilícia, foi ordenar a prisão dos gêmeos, que lhe foram indicados como inimigos das divindades cultuadas na época. O então governador Lígias dizia cumprir ordens do imperador Diocleciano que nutria um ódio mortal contra os Cristãos. Citados perante o tribunal de Lígías, este os interpelou sobre o exercício da profissão e sobre algumas denúncias maldosas de prática de feitiçaria. Cosme e Damião estavam sendo acusados de exercer a medicina gratuitamente, e isto, estava causando incômodo a alguns mercenários da medicina. Responderam as acusações dizendo: - Curamos as doenças – mais em nome do Senhor Jesus Cristo, do que pelo valor de nossos conhecimentos e ciência. Lígias respondeu furioso: - É preciso que adoreis aos Deuses, sob pena de cruel tortura! Novamente responderam eles: - Teus deuses não tem poder nenhum; nós adoramos o criador do céu e da terra, e nele depositamos nossa confiança. Então, eles foram submetidos aos cruéis tormentos para fazê-los negar a fé e renegar a Jesus Cristo. Vendo o governador que nada os fazia mudar de idéia, ordenou que fossem decapitados, e assim martirizados os médicos da gratuidade, os gêmeos da bondade e da caridade. Os corpos Cosme e Damião, foram carregados por uma centena de amigos, pacientes e admiradores que por eles nutriam grande respeito e veneração. Depois de algum tempo, os restos mortais foram levados para a Síria, numa cidade chamada Cyra, e lá construíram uma Igreja em homenagem aos dois. Em Constantinopla foi construída outra Igreja em honra aos mártires, por determinação do Imperador Justiniano I, que por eles foi favorecido em grave doença. Parte das relíquias de dos santos encontram-se em Roma e parte em Munique, no altar da Igreja de São Miguel. O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século 5, que relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis. Aqui no Brasil, a devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixásgêmos (Ibejis) da tradição africana iorubá. São Cosme e São Damião, os santos mabaças ou gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27. No dia 27 as crianças saem às ruas para pedir doces e esmolas em nome dos santos e, as famílias aproveitam para fazer um grande almoço, servindo a comida típica da data: o chamado caruru dos meninos. Mas deixamos claro que, mesmo com o famoso sincretismo afro-católico existente no Brasil, São Cosme e São Damião são santos Católicos cultuados em Igrejas Cristãs, Templos de Umbanda e em algumas Casas (Ilé Àse) de Candomblé e Ìbejì, são os gêmeos considerados divindades vivas dentro da tradição africana iorubá, cultuados também em casas de Camdomblé Kétu no Brasil.

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Texto readaptado por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


Oração a São Cosme e São Damião Amados São Cosme e São Damião, Em nome do Todo-Poderoso, Eu busco em vós a bênção e o amor. Com a capacidade de renovar e regenerar, Com o poder de aniquilar qualquer efeito negativo, De causas decorrentes, Do passado e presente, Imploro pela perfeita reparação, Do meu corpo e Dos meus filhos (...............................................) nome dos filhos E de minha família.

Por Mônica Buonfiglio 10

Agora e sempre, Desejando que a luz dos santos gêmeos, Esteja em meu coração! Vitalize meu lar, A cada dia, Trazendo-me paz, saúde e tranqüilidade. Amados São Cosme e Damião, Eu prometo que, Alcançando a graça, Não os esquecerei jamais! Assim seja, Salve São Cosme e Damião, Amém! *Ao alcançar a graça, fazer um bolo ou oferecer uma festa às crianças de rua, orfanatos ou creches.


Erês - A Alegria que contagia a Umbanda

Consoante ensinamento de guias e protetores, elevados na escala espiritual, a alma, ao desencarnar, conserva os traços característicos que possuía na Terra. Aliás,vão mais longe até. Afirmam que os espíritos libertos do corpo físico, podem, por sua vontade, materializarem-se segundo a forma desejada. Suponhamos que um casal haja tido um filho morto, digamos, com a idade de 10 anos. Ao se invocar o seu espírito, comparecerá ele materializado ou incorporado no médium, sob a forma de um menino, tal qual o era quando ele faleceu. Esta faculdade de apresentar-se e agir como criança, não quer dizer seja um espírito-criança. Pode ser, talvez, até mais velho que seus pais. Ele vem com aspecto ou forma infantil, porque lhe é conveniente vir assim, pois, do contrário, dificilmente seria reconhecido. A infância do espírito é um estado de desenvolvimento psíquico, de cujo estágio raramente se recorda. O ente humano, ou melhor, sua condição de humanidade é adquirida somente após passar pelas formas mineral, vegetal e animal, nas quais vai-lhe desabrochando a consciência individual, até ingressar na fase humana, já com certo entendimento e conhecimento de si mesmo. O cachorro, por exemplo, é um dos animais que se encontram mais próximo do período humano. Eis que já possui princípios rudimentares de inteligência e acentuado sentimento de humanidade: É fiel, amoroso, fraterno, sentimental, chegando a chorar e a sentir a falta e a morte de seu dono, como se percebe desta passagem verídica: “...Contam os biógrafos de Mozart, que o compositor morreu sozinho com a esposa, que estava doente. Ao seu enterro não foi um só dos amigos. Chovia. Quatro gatos pingados seguram por desencargo de consciência e alça do caixão. O seu cão o acompanhou longe. Depois que os coveiros se afastaram, deitou-se sobre a sepultura e ali ficou sem comer, uivando e uivando, até que morreu. Dias depois, a viúva de Mozart procurou a sepultura do marido e ninguém soube informar onde era. 11


Havia um cão morto sobre ela, disseram. Mas o cão tinha sido atirado ao lixo, ou enterrado, ninguém sabia. Desse modo, não se soube jamais onde havia sido enterrado o grande músico. Tudo porque, comentou um dos seus biógrafos, um cão mostrou sensibilidade humana, quando cada amigo procedeu como um cão...” Mas, voltemos aos erês. Ora, como espírito toma a forma que deseja, deduz-se daí, não ser erê (criança) uma alma em desenvolvimento, uma criança espiritual no sentido restrito da palavra, mas um espírito evoluído, que se apresenta como tal nos terreiros, mantendo o psiquismo infantil e portando-se dessa maneira, porque gosta e essa situação ser-lhe agradável e conforme o temperamento. Vindo nesse estado, naturalmente, conserva os mesmo gostos da criança: adora balas, doces, refrigerantes, brinquedos, moedas, flores, bonecas, carrinhos, que lhes satisfaçam prazerosamente a condição própria da personalidade temporariamente modelada. Como querem e gostam de brincar, quais crianças, devemos respeitar-lhes a vontade, tratando-os como tais. É um estado passageiro. Há crianças brancas, índias, negras e orientais, de acordo com a inclinação de cada um. Quando vêm aos terreiros, fazem traquinices, comem doces, chupam balas, bebem refrigerantes, lambuzam-se, rolam pelo chão, brincam com carrinhos ou bonecas, tratam os adultos de tios, pedindo-lhes moedas e brinquedos. Seus trabalhos todavia, são sérios. Querem um exemplo? Pois aí vai: “ Por ocasião das festas de Cosme e Damião, um casal foi a uma tenda de Umbanda, a convite, a fim de assistir às festividades em louvor aos erês. Durante a sessão, na qual as crianças brincavam, rolavam pelo chão e faziam traquinices, comendo doces e chupando balas, Joãozinho, um dos erês, aproximou-se do marido e pediu: - Tio, me dá bolinhas de gude. - Não tenho - disse o homem – eu não trouxe. - Ah tio, que pena! Lamentou a criança. - Espere – confidenciou o marido – se você me solucionar um negócio complicado que não consigo resolver, trar-lhe-ei bastante bolinhas de vidro. Você é capaz de resolvêlo? - Tá tio – afiançou o erê – eu vou resolver dentro de três dias. Mas, o senhor promete que traz minhas bolinhas? - Oh! Sim, na outra festa que houver eu trago. Certo? - Tá, tio, benção! – pediu a mão do homem e a beijou. Terminada a festa, o casal se retirou. No caminho, o marido comentou com a esposa: - Que achou da festa? Palhaçada, não? - É verdade – concordou a mulher – homens e mulheres já velhos, rolando pelo chão, lambuzando-se, chupando os dedos e bancando crianças... Onde já se viu isso! A festa foi esquecida e os erês também. Três dias depois, o homem resolveu o negócio encrencado, que há muito lhe constituía problema. Resolvido o caso, começou a prosperar na vida e nem se lembrava das festas de Come e Damião e a elas não mais 12voltou.


Certo dia, ao calçar o sapato, sentiu uma dor aguda no calcanhar. Percebeu que não podia andar. Tirou o sapato, examinou-o e nada viu que o impedisse de andar ou pisar no solo. Calçou outro par. A mesma dor. Experimentou outros, a mesma coisa. Comprou sapatos novos e macios, não podia calçá-los. Admirado, chamou o médico. Este examinou-lhe o pé. Aperta aqui, aperta ali e nada constatou. - O senhor não tem nada.. Só dói quando calça os sapatos? - Sim – explicou – inclusive chinelos e somente no calcâneo. - Esquisito. O pé está bom. Mas, vamos tirar radiografias. Feitos os exames de raios x, nada se constatou de anormal. Mas a dor persistia. Fez outros exames, todos negativos. Ao calçar o sapato a dor continuava. Consultou vários especialistas e nada! Nenhuma causa patológica foi encontrada. Passou a usar chinelos; contudo, a dor teimava em lhe não deixar andar. Gastou rios de dinheiro com médicos e benzedeiras sem qualquer resultado. Despedido do emprego, que lhe dava boa remuneração, por impossibilidade de andar calçado, não conseguiu outro, pois tinha de andar descalço. Assim caiu na pobreza total. Desanimado e abatido, jogou-se no monte humano dos inúteis. Entretanto, por coincidência ou capricho do destino, quis a sorte que fosse convidado por um amigo para assistir a festa de Cosme e Damião, na mesma tenda onde estivera há dois anos atrás. Como não tinha nada a fazer neste dia, foi. Lá chegando, pé no chão, tristonho e desalento, ficou a um canto do terreiro até baixar a linha de criança. Em meio a algazarras e brincadeiras das entidades, ouviu uma voz infantil que lhe era dirigida, reclamando: - Tio! O senhor trouxe as minhas bolinhas? Olhou. Era o Joãozinho, o mesmo da vez anterior, do qual não recordava. Sorriu: - Não. Eu não trouxe. Mas... que bolinhas? - Ah tio, o senhor me prometeu! Lembra? O homem ficou pensativo, com os olhos fixos nos do menino, procurou lembrar. - Puxa, tio! – Lamentou Joãozinho, tristonho e magoado – o senhor disse que se eu re13solvesse aquele negócio, o tio me trazia bolinhas de gude... Lembra? E eu resolvi...


O sujeito acordou. Lembrou-se do fato. Desajeitadamente justificou: - Ah sim, agora me lembro. Mas esqueci de trazê-las. - Esqueceu?! Mas, como?! – zangou-se o menino e aborrecido acrescentou – Puxa! E eu todo dia lembrava o tio, colocando uma bolinha de vidro no sapato que o senhor calçava...

Fonte: Livro Conheça a Umbanda De: J. Edson Orphanake

“Papai me mande um balão, com todas as crianças que têm lá no céu. “Papai me mande um balão, com todas as crianças que têm lá no céu. Tem doce Papai, tem doce papai, tem doce lá no Jardim...” *Ponto Cantado de Erês na Umbanda e algumas das fotos, são pinturas de Donal Zolan. 14


FOLHA DO MÊS

Òdúndún – O Pai que espalha calma sobre a Terra Nome Yorùbá: Òdúndún, Elétí. Nome Popular: Folha da costa, saião, folha grossa, paratudo, erva grossa. Nome Científico: Kalanchoe brasilienses. Òdúndún é uma folha de origem brasileira, encontrada praticamente em todo o território nacional. Mas hoje, também já encontramos Òdúndún (Folha da costa) em diversas áreas tropicais de outros continentes. Muito confundida com Àbámodá (Folha da fortuna), o Òdúndún é uma folha (ewé) Èrò (de apaziguamento), feminina, ligada ao elemento água e a todas as divindades da Criação – Òrìsà funfun. É utilizada tanto no Brasil, quanto na África (Nigéria), onde é conhecida pelo nome yorùbá de Elétí, em iniciações (Igbèrè) e em medicinas (Oògùn). No Brasil, nas Casas de Candomblé da Nação Kétu, a mesma é uma das principais folhas utilizadas no Àgbo (composição de elementos vegetais, animais e minerais, utilizado para a sacralização do corpo do iniciado e seus pertences ritualísticos). É também utilizada em oferendas à Obàtálá ( Òsàlá ) e no sacrifício de animais como o Pombo (Eyelé), a Galinha de angola (Etù) e o Caramujo (Ìgbín). Utiliza-se também o Òdúndún, junto a outras ervas, para “lavar as vistas” e os búzios (Owó eyo), dos sacerdotes que utilizam-se do oráculo Mérìndínlógún 15

Ifá (Jogo de Búzios).


Na Nigéria, o Òdúndún é uma das folhas que compõe um omièrò utilizado pelos Bàbálawo e Iniciados em Ifá (Awo ’ fá) para lavarem suas vistas antes de abrirem Igbádù (a Cabaça da Deusa Òdù), para que assim possam cultuar a mesma, sem maiores danos para suas vistas e vidas. Também é utilizada juntamente a outras folhas, em um àgbo específico para serem lavados os símbolos ritualísticos de Obàtálá e sua esposa Yèmowó, após os sacrifícios. Na Medicina e na Fitoterapia, o Saião (Òdúndún) é utilizado no combate a doenças pulmonares, porém, seu consumo excessivo gera pleurisia (inflamação das pleuras pulmonares - Empiema). O saião é cicatrizante, alivia a dor e ajuda a desinchar áreas magoadas, machucadas. Aquecida em azeite de oliva, ajuda furúnculos virem a furo. Seu sumo quando ingerido, ajuda no combate a úlceras e distúrbios estomacais. Òdúndún é uma folha que acalma, apazigua, traz saúde, paz e vida longa – Àláàfíààaaaaaa. Assim como diz uma de suas cantigas:

Òdúndún Bàbá T’èrò‘lè Òdúndún Bàbá T’èrò‘lè Bàbá T’èrò’lè Imalè T’érò’lè Òdúndún Bàbá T’èrò‘lè Òdúndún, Pai, espalhe a calma sobre a terra. Òdúndún, Pai, espalhe a calma sobre a terra. Pai espalhe a calma sobre a terra. Divindade espalhe a calma sobre a terra. Òdúndún, Pai, espalhe a calma sobre a terra.

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Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


A Música Africana e sua Influência A música africana exerceu grande influência sobre outras manifestações musicais no mundo. Toda a gente conhece os espirituais negros, cantados pelos escravos africanos levados para a América. E s s e s c â nt i c o s manifestavam a realidade quotidiana que eles viviam e era uma habilidade para a s s e g u r a r e m a sobrevivência cultural. Constituía uma fonte de conselhos e de valores comportamentais; uma afirmação da própria identidade étnica e cultural para quem vivia uma profunda tensão entre a esperança e a resignação, entre a alegria e a dor. A idéia-base dos espirituais é

que a escravidão é uma the blues”, que significa afronta a Deus, é a negação “estar dominado pela da Sua vontade. melancolia”, pelo desespero. Foram Também os calls c o n h e c i d o s como a (chamamentos) e os cries “música do Diabo”, porque (gritos) do Sul dos Estados os cantores manifestavam o Unidos são uma herança seu mal-estar, atribuindo-o africana. Há canções de ao Diabo ou à má sorte. O protesto, de crítica social, cantor fala sempre daquilo outras que recordam que não tem e nunca virá a episódios da v i d a ter. Não se nota neles uma quotidiana e f e i t o s atitude de revolta nem de históricos. Há cantigas desafio. O autor lamenta-se tristes e alegres, amargas e e procura unicamente sofrer plenas de humor. Todas o menos possível. elas se encontram relacionadas com o ritmo do Também o jazz é um trabalho. Os calls que tipo de música que contém ressoavam nas plantações uma saudade da África. Não de algodão e de cana-de- é música africana, mas não açúcar, nos portos e nos existiria sem a África. É locais de labor serviam para resultado do encontro entre comunicar mensagens ou o “branco” e o “negro” no manifestar uma emoção. Sul dos Estados Unidos. No início, foi criado por Os blues eram os músicos negros e era cânticos dos Negros do c ons i de ra do c om o a Norte estadunidense. Para expressão de uma minoria. os Brancos, os escravos Este gênero de música negros eram apenas um c a r a c t e r i z a - s e pela nadinha, superiores aos improvisação e ritmo animais. Nos cânticos deles sincopado. É uma derivação descobre-se a influência dos espirituais e dos blues. das canções do Sul. Os Hoje, o jazz inspira muito da blues, cânticos trágicos da música moderna. dor humana, provavelmente retiraram o nome da expressão inglesa to “have

A música africana exerceu grande influência sobre outras manifestações musicais no mundo.

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O famigerado banjo é a versão norte-americana de um tradicional instrumento africano de três cordas chamado akonting (ou ekonting, como é conhecido no Senegal). É um instrumento tradicional do povo jola (ou diola, de acordo com a grafia em francês), utilizado pelos griots (classe de músicos itinerantes do Norte da África, algo semelhante ao trovador europeu), e de acordo com a tradição oral do mesmo povo, o instrumento teria surgido na vila de Kanjanka, onde hoje é a região de Casamança, no Sul do Senegal. Aliás, o nome dado à afinação mais comum do instrumento relembra tal tradição, pois recebe o nome de kan (como é chamado o som da corda de acompanhamento), jan (o som da segunda corda) e ka (o da terceira), ao invés do convencional rés o l - f á , n a t r a d i ç ã o o c i d e n t a l . A partir de Casamança, o instrumento tornou-se parte da tradição musical da Guiné-Bissau e também da Gâmbia (mesmo porque os Jola estão distribuídos entre os três países, como convém à arbitrária e exploratória partilha da África feita pelos colonizadores europeus no final do século XIX). É bem semelhante ao banjo moderno, só que de dimensões maiores. O corpo é feito de uma grande cabaça recoberta com pele animal, sendo que o “braço” do instrumento consiste de uma larga vara que atravessa a cabaça. Possui três cordas, como já foi dito, dando uma o acompanhamento (assim como no banjo comum, de cinco cordas) e as outras duas, a melodia. Onde está a ligação com o banjo? É só observar o formato do instrumento, o modo como é construído, a técnica usada para tocá-lo (a técnica designada o´teck assemelha-se bastante à mais antiga forma de se tocar banjo), o sistema de cordas de acompanhamento e coisas do gênero. A ligação com a lusofonia? Casamança fez parte da Guiné-Bissau até 1886, quando foi incorporada no Senegal francês. Até hoje, a influência portuguesa é grande na área, havendo muitos Câmaras, Oliveiras, (o “Kamarrá” e o “Oliverrá”, ambos jogadores da seleção francesa, são n a t u r a i s d e l á ) . Há ainda o dialeto crioulo, o mesmo da Guiné-Bissau, que lá também se usa como “língua franca”, além de tradições européias e da religião católica, bem como nomes de localidades (Ziguinchor, a capital de Casamança e maior cidade, alegadamente deve o seu nome à expressão em português «cheguei e choram», fazendo referência aos africanos temerosos de estarem presenciando a sua vez de serem atirados para os t e m í v e i s n a v i o s n e g r e i r o s p o r t u g u e s e s . Em acréscimo, o akonting deu origem a instrumentos similares em toda a região da população jola (na Guiné-Bissau e na Gâmbia, onde boa parte da população fala crioulo); há o buchundu, instrumento do povo manjaco (Guiné-Bissau e Gâmbia), o busunde (do povo papel, da Guiné-Bissau), e ainda o kisinta, dos Balantas, também da GuinéBissau. Na verdade, todos estes instrumentos são creditados como ancestrais do banjo, aparecendo o akonting como o instrumento que mais se assemelha aos primeiros banjos norte-americanos, sendo por isso uma espécie de “elo perdido” na história musical dos Estados Unidos. Apesar de o banjo ter surgido na parte norte da África Ocidental, certo é que os colonizadores portugueses, à semelhança dos donos de escravos norteamericanos, começaram a apelidar o instrumento de “banjo”, designação proveniente da palavra m´banza, que em quimbundo (a língua do segundo maior grupo étnico de Angola) significa “lar”, “cidade”, como provável referência ao “banzo” que os escravos negros deviam sentir ao apoiar os seus lamentos nas cordas do instrumento… 18

Texto de Maria Bijóias e Foto por Vikki Gregory's Flickr


ENTREVISTA DO MÊS

Falando de Axé com Bàbá Olóòjè Àpésì (Rasaki Sàlámì Sàláwu) Bàbá Rasaki é Africano, de origem Egbá, nasceu em Abéòkúta, Estado de Ògún-Nigéria. Filho espiritual da Saudosa Ìyá Obìmonure Àsàbí. É Sacerdote de Òrìsà, principalmente das Divindades Ògún, Egúngún, Òsayìn e Ògbóni. Residindo no Brasil já alguns anos, mais precisamente em São Paulo, Capital. Sacerdote principal do Templo de Culto a Òrìsà – Ilé Àse Àpésì Olóòjè - São Paulo-SP. Falando de Axé Com alguns anos já no Brasil, o que o senhor acha da forma como os Orixás são cultuados aqui no Brasil? Bàbá Rasaki Eu tenho certeza, é maravilhoso, brasileiro ama orixá e acredita muito em orixá, assim como nós Nigerianos. Pessoas que não respeitam os Òrìsà e a Religião existe em todos os lugares, mas também existem muitos brasileiros que levam a sério, que respeitam e não brincam com o Culto! Todo mundo tem seu conhecimento, ninguém sabe tudo, quem sabe tudo é Òrìsà e Deus, por isso, cada pessoa deve ser respeitada pelo aprendizado que possui e o há muitos brasileiros que conhecem muito de Òrìsà! Falando de Axé Qual é seu sonho dentro da religião? Bàbá Rasaki Meu sonho é bom, é maravilhoso! É transmitir o conhecimento que possuo dentro de minha tradição (Abéòkúta – Ògún State), para aqueles que desejarem aprender um pouco mais, contribuindo assim para que os Orixás sejam cada vez mais e melhor cultuados!

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Falando de Axé Sabemos que o senhor é de Ògún, o que essa maravilhosa Divindade representa em sua vida? Bàbá Rasaki Eu acredito muito em Ògún, ele me ajudou muito em minha vida, me dá caminhos, me proporciona novas buscas de crescimento! Falando de Axé O que o Senhor pode nos falar de Ògún? Bàbá Rasaki Ògún abre os caminhos, Ògún é bom, mas como todos os orixás, Ògún é melindroso e não gosta de ser enganado, tanto que na minha terra quando juramos, juramos por Ògún, com uma faca na boca, e se a pessoa mentir poderá ter sérios problemas! Falando de Axé Bàbá, Egúngún é uma das Divindades (Ancestrais) mais mal interpretada pelos brasileiros, o senhor como Olóòjè (Sacerdote de Egúngún), poderia nos falar um pouco sobre esta Divindade? Por exemplo, Egúngún pode abraçar as pessoas? Bàbá Rasaki Pode abraçar sim. Egúngún é um orixá, como os demais, o tratamento é diferenciado, como cada orixá tem seu tratamento. E no momento do abraço pode pedir tudo o que quiser, e Egúngún dará, pode pedir filhos, saúde e vida longa! Talvez, um dos motivos pelo qual foi criado este mito de não poder abraçar o ancestral, seja pela ilusão que alguns querem manter viva, de que não há uma pessoa em baixo da roupa. Mas, de fato há, e o importante é a energia e o axé que a roupa possui. Assim como o ferro é importante para Ògún, a água para Òsun e Yèmoja, e etc... Falando de Axé Sabemos que um dos projetos do seu Templo, é o de levar pessoas para a Nigéria, qual seria o motivo Bàbá?

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Bàbá Rasaki Cada orixá tem sua cidade de origem, por exemplo; Òsun é de Òsogbo; Ifá e Odùdúwà de Ilé Ifè; Sàngó de Òyó; Ògún de Ìré, etc., o objetivo é que cada pessoa conheça a terra de seu orixá, conheça como os orixás são cultuados lá. Pois assim como Jerusalém está para os Judeus, como o Vaticano está para os Católicos, a Nigéria e o Benin com suas cidades sagradas, berço de determinados orixás, está para os devotos de orixá. Todos os devotos de orixá deveriam conhecer as cidades Iorubanas, na Nigéria e no Benin. Falando de Axé Bàbá, gostaríamos que o senhor deixa-se uma mensagem para os devotos e cultuadores de orixá: Bàbá Rasaki Respeitar as diferenças de culto, seja no Brasil ou na Nigéria, é dever do ser humano (cultuador). Buscar conhecimentos e adequá-los a sua realidade. Devem evoluir e adquirir sabedoria, sem deixar de respeitar os outros. Todas as pessoas de orixá são meus irmãos, são de minha família e desejo que os orixás abençoe à todos! Bàbá Àpésì (Rasaki) e Bàbá Òsàálásínà (Zarcel) trabalham juntos com um mesmo objetivo, ajudar as pessoas a se aproximarem da tradição yorùbá, pois ela não é tão complicada como alguns querem demonstrar e nem tão simples quanto outros fazem. Respeitando as diversas tradições já existentes no Brasil queremos apenas contribuir para o desenvolvimento cultural e espiritual dos devotos de orixá no Brasil. Ire fun gbogbo àwa! (Felicidades para todos nós)!

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AXÉ


PERSONALINADES NEGRAS

Wangari Maathai Wangari Muta Maathai nasceu em 1º de Abril de 1940 em Nyeri, no Quênia. Licenciou-se em Biologia no Kansas, um feito raro para as raparigas oriundas das áreas rurais do Quênia. De regresso ao seu país trabalhou em investigação na medicina veterinária na Universidade de Nairobi. Apesar de todo o cepticismo e oposição alcançou a direção da faculdade de veterinária. Em 1970, o seu marido concorreu ao Parlamento e Maathai envolveu-se num projeto de apoio aos pobres, tornando-se mais tarde numa organização de apoio ao ambiente. Este projeto tornou-se num significante avanço contra a des-florestação no Quênia. Em 1989, fundou o Movimento Cinto Verde, com o qual mobilizou mulheres pobres a plantar 30 milhões de árvores. Esta campanha viria a ser copiada por outros países, tais como a Tanzânia, Uganda, Malawi, Lesoto, Etiópia, Zimbabwe, etc. O objetivo de Wangari era produzir, de forma sustentável, madeira para combustível e combater a erosão do solo. Em entrevista à BBC, a queniana disse que a campanha não contou com apoio popular quando foi lançada. “Levei muitos dias e noites para convencer as pessoas de que as mulheres poderiam melhorar o meio ambiente, mesmo 22

sem muita tecnologia ou financeiros”, disse Wangari.

recursos

O Movimento do Cinto Verde lutou (luta) também pela educação, contra a fome e outros assuntos importantes para as mulheres e para a sociedade no geral. No final da década de 80, tornou-se uma opositora famosa da construção de um arranha-céus planeado para ser erguido no meio do principal parque da capital do Quênia. Wangari tornou-se uma vilã para o governo queniano da época, mas a campanha foi bem-sucedida e o projeto, abandonado. Em 1991, foi presa tendo sido libertada com a ajuda da Anistia Internacional. Posteriormente foi novamente presa por diversas vezes pelo governo do presidente queniano Daniel Moi. Em 1997, concorreu às presidenciais do Quênia, apesar do seu partido ter retirado a sua candidatura alguns dias antes das eleições, sem o seu conhecimento. Em Dezembro de 2002, Mwai Kibaki, o principal candidato da oposição, ganhou as presidenciais no Quênia, pondo fim a 24 anos de liderança do presidente Daniel Arap Moi, permitindo a entrada de Maathai no Parlamento. Em Dezembro de 2003, Kibaki nomeou -a assistente do ministro do Ambiente. Maathai permaneceu corajosamente contra o antigo regime opressivo no Quênia e serviu de inspiração a muitas pessoas na luta pelos direitos democráticos.


Em 2004 o Comitê Nobel da Noruega decidiu atribuir o Prêmio Nobel da Paz a Wangari Maathai pelo seu contributo para o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz. “A paz na terra depende da nossa habilidade em defender o nosso ambiente vivo.” Maathai ergue-se na frente da luta para promover o desenvolvimento social, econômico e cultural ecologicamente viáveis no Quénia e na África. Ela fez uma abordagem ao desenvolvimento sustentável que abraça a democracia, os direitos do homem e os direitos da mulher em particular. Pensa globalmente e age localmente, lê-se na decisão do Comitê Nobel da Noruega. Maathai causou controvérsia na comunicação social internacional, quando numa conferência de imprensa, após o anúncio da conquista do Prêmio Nobel da Paz, disse que o " vírus HIV era um produto criado pelo homem através de bio-engenharia, e foi introduzido em África por cientistas ocidentais não-identificados como uma arma de destruição em massa para “punir os negros”. Desde então tem fugido a tomar uma posição definitiva, alegando que “Eu não sei qual é a origem do vírus da SIDA, mas espero que um dia saibamos, porque isso é algo que obviamente todos queremos saber, de onde vem a doença”. Wangari Maathai foi a primeira mulher africana a ser laureada com um Prêmio Nobel.

Fonte: http://grandefabrica.blogspot.com/2006/04/wangarimaathai.html 23


História da Capoeira

O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar os oceanos como animais, em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico. Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu -se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formado. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira. Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência. Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos freqüentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha, que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros. 24


Elementos da Capoeira Angola Já dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta." Mas atualmente a Capoeira é normalmente praticada como um esporte ou simplesmente folclore para preservar as tradições.

por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-domato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau, instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior.

É claro que entre os praticantes sérios, em seus treinos, os golpes são apenas simulados e a Capoeira torna-se um exercício físico e mental. A violência dos seus golpes, no entanto, não deixa espaço para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para valer', com as suas sérias conseqüências ou apenas simula-se um jogo. A possibilidade de enquadrála em regras esportivas é inexistente; quem assim o O Berimbau, um insfaz está sendo leviano ou trumento usado inicialmente não conhece de fato a Capo- por vendedores ambulantes eira. para atrair fregueses, tornou -se instrumento símbolo da Os Golpes Capoeira, conduzindo o jogo com o seu timbre peculiA Capoeira Angola ar. Os ritmos são em comtem um número relativa- passo binário e os andamente pequeno de golpes mentos - lento, moderado e que podem, no entanto, a- rápido são indicados pelos tingir uma harmoniosa com- toques do Berimbau. Entre plexidade através de suas os mais conhecidos estão o variações. Assim como a São Bento Grande, o São música tem apenas sete no- Bento Pequeno (mais rápitas. do), Angola, Santa Maria, o Os seus principais golpes toque de Cavalaria (que sersão: Cabeçada, Rasteira, via para avisar a chegada da Rabo de Arraia, Chapa de polícia), o Amazonas e o IuFrente, Chapa de Costas, na. Meia Lua e Cutilada de Mão. Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico A Música completo é composto por: A Capoeira é a única três berimbaus (um grave modalidade de luta marcial Gunga; um médio e um agu25que se faz acompanhada do - Viola); dois pandeiros;

um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.

O Jogo "Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois capoeiristas se benzem ao pé do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda.

A Malícia Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia ou mandinga a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando.


Mestres

Vicente Ferreira Pastinha (1889-1982) - Mestre Pastinha, "mestre da Capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda a sua picardia, é um dos seus ilustres, um de seus obás, de seus chefes. É o primeiro em sua arte; senhor da agilidade e da coragem..." Jorge Amado. Baiano de Salvador, do Pelourinho, Pastinha foi o grande mestre da Capoeira Angola, aperfeiçoando a arte centenária dos escravos. Ele organizou uma escola, estabeleceu um método de ensino com base nas antigas tradições e ainda escreveu o primeiro livro do gênero, onde expõe a sua concepção filosófica. Foi com o Mestre Pastinha que foram instituídas as cores amarelo e preto para o uniforme dos angoleiros e a constituição da bateria composta por três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um reco-reco e um agogô. "Capoeira é tudo o que a boca come", dizia ele na sua singular filosofia. Formou capoeiristas como João Grande, João Pequeno, Curió e tantos outros. Antônio Carlos Moraes - Mestre Caiçara. Uma das lendas da Capoeira; sua 26história mais parece tirada

de livros de ficção. Numa viajou para África, Europa e época em que o Pelourinho América do Norte, onde ennão tinha o glamour de hoje. sina atualmente, em sua academia na cidade de New York.

Mestre Caiçara ditava as regras num território de prostitutas e cafetões; de traficantes e malandros. Todos tinham que pedir a sua benção. Gravou um dos principais discos da Capoeira Angola onde exemplifica os diversos toques de berimbau, além de cantar ladainhas e sambas de roda. Faleceu em agosto de 1997.

De lá ele continua mantendo o intercâmbio com a Bahia e acompanhando a movimentação da Associação Brasileira de Capoeira Angola.

João Pereira dos Santos - Mestre João Pequeno. Aluno do Mestre Pastinha e um dos mais antigos e importantes mestres da Capoeira Angola em atividade. Pela academia do Mestre João Pequeno, no Centro Histórico de Salvador, passaram alguns dos principais angoleiros da nova geração. É possível vê-lo quase todas as noites jogando e ensinando a tradicional arte da Capoeira. Academia de Capoeira Angola de Mestre João Pequeno Centro de Cultura Popular Forte de Santo Antônio - Santo Antônio além do Carmo Salvador – Bahia. João Oliveira dos Santos - Mestre João Grande. Phd Honoris Causa. Um dos principais discípulos do mestre Pastinha. Por mais de 40 anos o Mestre João Grande tem praticado e ensinado Capoeira Angola. Ele

Fonte : http:// www.abrasoffa.org.b r/folclore/danfesfol/ capoeira.htm


Àwon Odù – Os Signos de Ifá Nos dias de hoje, muita confusão ainda existe em relação aos Odús. Para melhor esclarecimento dos leitores, a Falando de Axé cria esta coluna mensal – Àwon Odù, e em cada mês apresentará um resumo sobre cada um dos 256 Odù, para que assim, nossos leitores possam aprender mais sobre esses sagrados signos universais. Mas o que é Odù??? Odús não são Orixás, embora sejam considerados divindades por alguns, mas não são assentados e nem cultuados, como muitos pensam e fazem. Odús são signos oráculares e também ―Capítulos‖ do Corpus Oral de Ifá, detentores de todos os segredos da Cultura e Religiosidade Iorubá – Nigeriana. É baseando-se nos Odús, que os Iorubás (povos nigerianos) seguem sua vida, cultura, sociedade, moral e religião e é sobre esses Odús, que mensalmente iremos falar. _____________________________________________________________________________

Èjì ogbè/Ogbè méjì/Ogbè wèyìn/Èjì onílè O Odù da Vida

o principio masculino no Universo (Òrun) e na Terra (Àiyé). Rege a vida dos seres humanos, animais e vegetais. A conservação do Planeta, a renovação e a evolução do mesmo. Èjì onílè fala sobre o fluxo dos rios, o fluxo das chuvas, sobre o Mar, as Montanhas e a terra firme. Rege o dia, as horas diurnas e a abóbada celeste. Rege também a cabeça dos seres humanos e animais.

Governa o Erín (Elefante), o Ajá (Cachorro), o Lékeléke (Garça VaqueiÈjì ogbè é o primeiro (1º) Odù na ra), o Eyelé (Pombo doméstico), o Igún ordem de Ifá, fala no Mérìndínlógún Ifá (Abutre) e o Ìgbín (Caramujo). (Jogo de Búzios) com oito (8) búzios abertos e oito (8) búzios fechados. É um Estão também sobre a regência odù de natureza masculina, ligado ao edeste Odù os brancos, albinos e sararás. lemento ar e regente do Leste. Odù que rege o chumbo, o estaÈjì ogbè (Èjì onílè) é o respeitável nho, a prata e todos os metais brancos. pai e também chefe de todos os Odù ÀgTambém o efun (argila branca), o marbà (Odús antigos, primários). Rege o fim, o diamante e todas as pedras branSol, a Luz, a Vida, o Oriente. Representa cas. 27


- Àwon Òrìsà que falam neste Odù = lia, que conduz a família, deve cuidar da Obàtálá, Òrúnmìlà, Èlà, Orí, Odùdúwà, família sempre, direcionar os familiares. Òsàlúfón, Òsàgiyán (Akínjolé), Olóòkè. Os familiares dependem da pessoa. *Religiosidade = Pessoa espiritualizada, - Suas cores = Rege o branco, mas por com grande caminho sacerdotal, deve culsua qualidade de pai e chefe de todos os tuar Orí e escutar a intuição. Possui granOdús, rege também todas as outras cores. de proteção espiritual e é muito evoluída espiritualmente. Deve vestir-se de branco - Suas folhas = As principais folhas regi- sempre e cultuar Obàtálá. das por Èjì ogbè são o Òdúndún *Inimigos = Vitórias sobre os inimigos (Kalanchoe brasiliensis = Folha da costa, com a ajuda de amigos e Obàtálá. O bom saião, folha grossa, paratudo, erva gros- caráter deve imperar sempre. Não deve sa), Tètè (Amarunthus viridis = Caruru, subestimar os inimigos. bredo, caruru de mancha, caruru de porco, caruru de soldado) e Ìronje. - Odù em Ibi – Negativo - Corpo Humano = Rege a cabeça, o maxilar inferior, a coluna vertebral, os ossos (sustentáculo do corpo), os vasos sanguíneos (excluindo o sangue) e a respiração. - Os filhos deste Odù = As pessoas nascidas sob a regência deste odù (signo) são pessoas valentes, decididas, trabalhadoras, sábias e intelectuais. São de pouca conversa, porém são curiosos e gostam muito de viajar. Seu principal defeito é a teimosia e o hábito de muitas vezes não cumprir determinações. - Èwò’s (interditos) deste Odù = As pessoas deste odù (signo) não podem comer àkàsà (èko enrolado em folha de bananeira), carne de àkùko (galo), não podem matar ratos, não podem usar roupas pretas, vermelhas e escuras, não podem beber èmu (vinho de palma) e viverem embriagadas. - Odù em Ire – Positivo *Pessoal = Fala de uma pessoa inteligente, sábia, intuitiva, espiritualizada e honesta. *Saúde = Saúde boa, vida longa e cura de doenças. *Financeiro = Caminhos abertos, vitórias e conquistas no ambiente profissional, acúmulo de fortunas. Profissões ideais, sacerdote, padre, professor, militar. Profissões em que exerça chefia. *Amoroso = União ou futura união espirituosa. *Família = Pessoa que é a base da famí-

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*Pessoal = Pessoa estúpida, teimosa, irracional, confusa, agressiva. E que deve evitar vícios como bebidas, drogas e jogos. *Saúde = Mostra problemas na área neurológica – Cabeça (interna e externa). Loucura, esquizofrenia, dores de cabeça. Cuidar da arcaria dentária inferior, problemas de ossos (osteoporose), coluna vértebra e fraturas. Problemas respiratórios. *Financeiro = Problemas financeiros, pessoas que perdem dinheiro com vícios e jogos. Ações impensadas dentro do ambiente de trabalho que podem gerar confusões, demissão do trabalho. *Amoroso = Relacionamento terminado por motivos de ciúmes, possessão, agressão. Aventura extra-conjugal que terá um final desastroso. Adultério. *Família = Mostra problemas em casa, problemas com pai, doenças em casa. *Religiosidade = Pessoa desequilibrada mentalmente, por necessidade de dar Eborí. Pessoa com problemas de saúde, por necessidade de cultuar Obàtálá. Pessoa fanática, que mesmo tendo uma forte religiosidade, está padecendo por fanatismo. Se a pessoa for de Obàtálá, deve evitar usar roupas pretas, vermelhas, beber até se embriagar, sujar-se de carvão e azeite de dendê. *Inimigos = Inimigos poderosos que podem vencer por teimosia e irracionalidade da pessoa.

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)


Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei . 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena”.

Livro do Mês Após um longo tempo de espera, cerca de duas décadas, Dr. Síkírù Sàlámì (King) e a Drª Ìyákèmi Ribeiro entregam ao público leitor, para serem compartilhados, alguns conhecimentos sobre o Orixá Exú, a Primeira Estrela a ser Criada. O livro trata sobre a Divindade Exú e não sobre os Exús, espíritos cultuados na Umbanda. Falam, sim, da Divindade primordial, a partir de conhecimentos preservados no âmbito da tradição oral ioruba, mais precisamente, no corpus literário de Ifá: em odus, orikís, cantigas, rezas, saudações e evocações.

E a ordem do Universo

A coleta de informações junto a Babalaôs nigerianos e outras fontes fidedignas, demandou muitas viagens ao território ioruba, viagens essas realizadas pelo autor principal desta obra, Síkírù Sàlámì (King), doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, fundador e líder espiritual do Oduduwa Templo dos Orixás, espaço de ensinamentos e práticas da Religião Tradicional Iorubá, em Monagaguá-SP, Brasil.

Dr. Profº Síkírù Sàlámì (Bàbálóòrìsà King) Drª Ìyákèmi Ribeiro

1º livro brasileiro, que fala desta Majestosa Divindade, com coerência e através de fontes fidedignas, verdadeiras, livro completo e que o leitor pode confiar...

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