Alguns anos julianna costa

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por mim. - eu não sorri e ele parou de brincar - Foi sério mesmo, não é? - Preciso ficar por aqui um dia ou dois e isso não é nem o começo de todos os favores que eu preciso. - avisei. - Tudo bem. Eu lido bem com coisas complicadas e inusitadas. - apertou meu ombro amigavelmente, fazendo uma referência descontraída a um dos casos em que atuei com sua advogada. Stow trabalhava para uma das maiores empresas pornográficas do planeta e era o único cliente que eu já tive que me enfiava em causas criminais com direito a tráfico de seres humanos e asfixia erótica. - E não vou poder te explicar porque estou fazendo nada disso. - Tudo bem. Eu lido bem com situações que exigem discrição também. - piscou um olho brincalhão - Vem, vamos te levar lá pra casa. A mansão tem muita gente, lá é mais discreto. Pegou o carrinho com minhas malas e o empurrou para o estacionamento. Havia uma voz bem no fundo da minha consciência que me perguntava se eu tinha certeza do que eu estava fazendo, mas a resposta era sempre a mesma: não, eu não tinha a mínima certeza. Tudo que eu podia fazer era lembrar dois fatos inquestionáveis: Eleanor queria me matar e eu tinha que proteger o meu filho. Esse pensamento simples era a única coisa que me mantinha flutuando... escapando da espiral de loucura e desespero que me aguardava que se eu começasse a filosofar sobre a complexidade da minha situação. Oliver pediu que eu sentasse e trouxe uma garrafa de vinho para a sala. - Aqui. - levantou a garrafa no ar - Seja lá qual for a história que você vai contar, algo me diz que vai precisar disso. - Não é exatamente uma história. - aceitei a taça que ele serviu - É mais uma lista de favores. - Tudo bem, Thoen! - sorriu, simpático - Faça sua lista. - Vou precisar sumir por um tempo, Oliver. - deslizei o dedo pela borda da taça enquanto tentava organizar meus pensamentos. - Pode ficar aqui pelo tempo que quiser, Dom. - Não... Não posso ficar aqui. Tenho que ir para outro lugar. Sair do país. Oliver piscou os olhos em um misto de admiração e incredulidade. - Está fugindo da polícia, Thoen? - Não. - dessa vez eu tive que rir - Achei que já nós conhecíamos há tempo o suficiente para você saber que é a polícia que foge de mim. - Verdade. - levantou a taça em um brinde de concordância - Tem algum país em mente? - Eu falo francês bem. - levantei um ombro - E italiano. - Capital ou interior? Mordi o lábio. Se eu tivesse que me mudar para uma cidade pequena, iria morrer. Sempre fui urbana. Muito urbana. Mas talvez um lugar pequeno fosse melhor diante das circunstâncias. - Se você tivesse que se esconder para onde iria? Ele balançou a cabeça uma vez, concordando em dar sua sugestão.


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