A vida de Veneza

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A VIDA DE VENEZA

“Se vocês não quiserem continuar a traduzir o Veneza II, vocês não são obrigados a continuarem. Vocês tem escolha ”-dizia André num pedido. André temia, por aquele livro, de alguma forma traumatizar os seus alunos. Eles optaram pela escolha de continuar a traduzir o Veneza II, afinal, segundo eles, estavam ali para estudos e ajudar no que puderem. Jamais iriam abalar-se por algo que dirigia-se a eles, pelo contrário, iria ajuda-los e muito, na descoberta do passado de sua famílias. Só tinham algo a ganhar. Prosseguiram enfrente com a tradução:

“A Vida de Veneza” “Veneza A Rainha das Águas-Vivas pertence a uma família extraordinária, quase todos os mitos que envolvem a sua família, são verdadeiros. Não se sabe ao certo e ao todo como a sua família surgiu. O que se sabe é que algum ancestral seu pertencia à raça humana. Uma metamorfose o desviou da espécie, que caminhava para o seu apogeu. Não se sabe ao certo o que provocou essa metamorfose extraordinária e ao mesmo tempo bizarra. O pequeno grupo que sofreu a metamorfose logo depois se espalhou por todo o mundo em terá, água e confins terrestre. Poderia surgir daí uma nova espécie que compartilharia o espaço terrestre com os humanos. Quem escolheu a água, encontrou um habitat propicio para o seu desenvolvimento, enquanto, outros, poucos, conseguiram adaptar-se ao novo habitar escolhido. Tinham tudo para sobreviver, mas, o destino foi mais cruel que a vida. Poucos sobreviveram, foram reduzidos aos extremos como o dodô. Se alguns desse hoje sobrevivem não passará de cinco, talvez. 38


A água propiciou o crescimento de sua família. A abundância de alimentos foi fundamental para o seu sucesso. Como em seu D.N. A existia genes humanos e genes modificados pela metamorfose, essa nova espécie continuou a evolução que começara como humanos. Os genes modificados também evoluíram conforme os genes humanos evoluíam. Só terminara quando atingiram o seu apogeu, mais ou menos na mesma época em eu os humanos atingiram a sua. Filha de uma espécie em extinção, Veneza nasceu em meio às águas do mundo. Correndo risco de sua raça desaparecer, sofreu em meio às conquistas humanas e terrores de raças bárbaras que sofreram a mesma evolução que a sua. A inteligência fez florescer reinos e impérios na espécie e crescer guerras e destruição entre as raças, que queriam dominar umas as outras e fazer crescer seus domínios aquáticos. Isso dizimou mais da metade de todas as raças, algumas chegaram aos extremos e entraram em colapso, extinguindo-se. Alguns indivíduos fizeram os seus reinos e impérios na superfície e desapareceram tempos depois misteriosamente, como o caso de Atlântida. E outros, sabemos o caso, como o de Veneza, que desapareceu sob as águas. Todos sempre prosperaram. Filha caçula, de treze irmãos, Veneza teve uma infância cheia de liberdades pelo mundo, e restrições impostas pelos bárbaros. ‘Não chegue perto de seus domínios, senão será morta ’-sempre lhes dizia os pais.”

Pés humanos da cor do mar esverdeado encontravam-se perambulando no interior da lancha, enquanto todos se encontravam na sala de comunicação traduzindo o Veneza II. Era Veneza, que escondida, procurava algo na lancha. Já havia procurado em todos os cantos, quando escutou pela escotilha Fábio traduzindo o seu livro:

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“O rei, seu pai, lhe ensinara todos os poderes que foram adquiridos pela metamorfose de seu ancestrais, tudo que aprendeu seria útil durante a sua vida. Seu sangue era azul, enquanto o de sua espécie era vermelho, isso era exceções que ocorriam em toda a espécie, era raro ocorrer um caso deste tipo.” -Que desgraçados! Eles encontraram o livro -pôs a cabeça no convés, escondida- Como ele consegue entender a minha língua? Há não ser que... Ele seja... - desceu desesperada- Não, eu não posso deixar isso acontecer. Transformou-se em água e desapareceu.

Siod ed açul de otolyac mor Ram Adriat, nas esidmak sol lagun, mor atoc od edelbra, cervus, italian. Pico piúna ou sam ein kol cassiopeia-andromeda. Ode alce lia sin embiruçu rase in carie, ixa mulungu elaphas kol erythrina, os ode beg omoc grandi. Ao elob bie fo vac shashuican, Veneza de adisep mor sam snowdon ed ochracea lia wo adisepeds, joao me ze. Soy sam speciosa ed bicebi me rope acho ed miceki lepus cio velutina mor harem, juba soy eo m tabebuia ed sula, europae mor chorisia m vellosoi ed cristatus, powo ed shah capra omoc fis wo ou grandiflorium. “Depois de adulta foi morar no Mar Adriático, mas precisamente numa laguna, na costa do país, hoje, italiano. Ali fundou o seu reino das águas-vivas. Não ficou contente por ter apenas um reino aquático, queria também acima da superfície, só não sabia como fazê-lo. Num belo dia essa proeza concretizou-se, Veneza foi pescada no seu sono de beleza por dois pescadores, João e Zé. Os seus cabelos de cobras e corpo cheio de enguias já era famoso na região, logo os dois a reconheceram de cara, poucos no passado a avistaram de longe, nunca de tão perto como esses dois a fizeram.

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Sempre nervosa fez a pergunta-chave: “quem mim acordou?” João diz que foi Zé. E Zé diz que foi João. Jogavam a culpa m em cima do outro, não aparecendo culpado. -Eu não quero saber de mais nada!-gritou. Calaram-se diante da fúria da majestade, pensando no que podia acontecer. Perguntou uma última vez quem a acordou. A resposta saiu: João a acordou, mas Zé, ajudou-o a puxa-la até a superfície. Uma mão lava a outra, disse Veneza jogando uma água-viva pelas costas. Como castigo, a rainha lhes deu a missão de construir uma cidade em cima da laguna, esta era a oportunidade que Veneza tanto quis, para o seu reino acima da superfície. Os dois não faziam ideia de como fazer isso. Ilhotas e bancos de areia apareceram na superfície, abaixo do barco, era ali que Veneza disse que iria localizar-se a sua cidade.”

-Desculpe interromper-diz Ariel-, mas, vocês não estão com fome? Já esta na hora do almoço, temos que nos abastecer de alimento, não só de leitura e tradução tudo mais... -Ariel tem razão, temos que descansar um pouco, pelo menos para o almoço-complementa Daniele. -Então, o que ainda estamos fazendo aqui?-pergunta José. Deixaram o Veneza II aberto em cima da banca, ao lado da futura cópia no livro digital. Pela escotilha descia a última pessoa que deixara o convés, entregue ao sol. Na cozinha, discutiam o que iriam almoçar frango assado ou peixe, como prato principal. Botaram algo no micro-ondas parecido com uma pílula, cinco segundos depois saia um frango no ponto, envolto por folhas de alface e rodelas de cenoura. 41


Veneza passava os dedos na margem do Veneza II, viu o livro digital ao seu lado resolveu abrir. As palavras apareceram sobre o livro, assustou-se com aquilo e resmungou: eu nunca vou entender a tecnologia. Fechou o livro com cuidado, como nunca o tivesse aberto antes, fechou o Veneza II, pegou-lhe nos braços, seguiu em direção ao convés e desapareceu como água.

Masayoshi apareceu na sala de comunicação antes de todos, para dar uma olhada no que foi escrito no livro digital. Sentou-se na banca, enfrente ao aparelho e nem sentiu falta do livro ao lado. Começou a observar os arquivos, quando Fábio chegou sentindo a sua falta, ao observar que o livro não se encontrava sobre a banca. -Cadê o livro que se encontrava aqui? -Você não o guardou? -Não. -Então José o guardou. -Também não. O livro ficou aqui, sobre a banca. -Eu não sei onde ele se encontra. Para mim vocês guardaram. -Masayoshi, você tem certeza que não o guardou? -Tenho. Pois eu nem guardei este aqui! José e William perguntaram o que aconteceu. ‘Onde está o livro?’pergunta José. ‘Sumiu’, respondeu Fábio. O quê?!-exclama André. “O livro desapareceu e ninguém sabe como. Quem poderia tê-lo pego se estamos envoltos por quilômetros de água?”-indaga Fábio. 42


-Ariel foi a última a sair daqui, quem sabe ela o guardou?-diz Masayoshi. -Eu vou saber com ela-disse William-, enquanto vocês vão procurando aí. Na sala, Ariel assistia um pouco de TV, depois do almoço, enquanto André chegava perguntando se ela tinha guardado o Veneza II. A resposta foi negativa, ela o viu em cima da banca quando saia da sala de comunicação. A notícia espalhou-se pelo restante da tripulação, que se espantou com aquilo. Como assim sumiu?-perguntava. -Sumindo. Ninguém viu ninguém sabe. Na sala de comunicação papéis voavam das mãos de Fábio, que olhava uma gaveta. O livro não se encontrava na sala de comunicação e em lugar algum da lancha. E agora?-disseram. -E agora vamos ter que começar do zero novamente-suspirou. –Tudo de novo. A chance de encontrar o livro principal da expedição simplesmente havia evaporado assim como a chance de Fábio e José entender o que poderia mudar as suas vidas para sempre. Mas nem tudo havia sido perdido, o arquivo do livro digital estava intacto, para eles nem havia sido aberto.

Raiane desabou em sua cama, morta de cansada, colocou o braço sobre os olhos e relaxou. Percebeu que estava deitada sobre algo que a incomodava. Retirou um aparelho redondo, de quatro centímetros, debaixo de si, pensando o que poderia ser aquele objeto. Reuniu todos na sala de comunicação, para anunciar o que achara no quarto. Segundo ela, podia ser alguma pista relacionada com o desaparecimento do livro. Colocou o Testamento no chão, como é chamado o aparelho bastante usado por pessoas antes de morrer, apertou o botão no centro, depois se afastou.

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-Saudações há Fábio, a José e a todos aqueles que se encontram nesta sala. Vocês devem não mim conhecer, mas já conhecem parcialmente um dos meus registros deixados por mim para toda a humanidade. Devem estar se perguntando como eu sei os seus nomes. Pois eu lhes direi. Meu nome é Sterphan Venezi, a mesma pessoa que relatou a trajetória dessa cidade, Veneza. Sei que vocês estão à procura deste livro, o Veneza I, algo tão precioso como ele que pode ser o caminho para o que querem. -Como assim, “pode ser” o caminho para o que procuramos?-pergunta Filipe. -Pergunta errada Filipe. Não posso respondê-la. Sterphan Venezi, um homem alto, aparentando ter uns trinta e poucos anos, era uma imagem holográfica produzida a partir do testamento localizado aos seus pés. Uma imagem tão real que parecia ser verdadeiro, de carne e osso, apenas com algumas poucas falhas de holograma, respondia apenas aquilo que estava arquivado, o que estava além, não respondia. -Enfim-continuou, - está na hora de vocês, Fábio e José, saberem o que vinheram fazer nesta expedição. Espero somente vocês e mais ninguém na Basílica de São Marcos, no dia 25/07, às 14horas. Tenho segredos a revelar que lhes dizem respeito, também indicarei onde poderão encontrar o caminho para o Veneza I. Há! Parabéns Daniele por seus 27 anos de idade amanhã, e que lindo filho será o seu. Meio espantada, diz obrigada. -Não esqueçam, espero somente vocês na Basílica da São Marcos. Mensagem encerrada. Sterphan desapareceu, a mensagem estava concluída. -Isso é loucura!-diz Jéssica. –Sterphan Venezi deve ter morrido há muito tempo.

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-Pra quem morreu há muito tempo ele parece estar bem vivo-fala Viviann. -Como isso é possível? Há não ser... Que ele tenha descoberto a fonte da juventude, isso revolucionaria de vez a ciência. É uma das poucas coisas que falta para a ciência descobrir; A VIDA ETERNA! -Eu não sei se queria viver eternamente não, Jéssica-indaga André. -Por quê? Viver eternamente, nunca morrer, nunca ficar doente, o corpo humano chegar a sua total perfeição! -A vida se tornaria chata. Não só para mim, mas, como para toda a humanidade! É o que eu acho, não sei os outros. -Bem, vocês não acham que é uma loucura, esse cara aparecer justo agora e logo atrás de José e Fábio-diz Filipe-, dizendo que lhes tem um segredo que os dizem respeito? Esse cara é maluco! Como ele viveu todo esse tempo? Como ele apareceu aqui? “São perguntas que irão ser respondidas com o tempo” - diz Fábio. -Para serem respondidas, temos que ir ao seu encontro-José diz. Fábio respondeu: -E quem disse que não vou? Se Fábio vai, José também iria, assim deixou bem claro. Recomendaram que fossem no mini submarino para estarem sempre em comunicação, já que iriam somente os dois, mais ninguém. Filipe comenta sobre o aniversário de Daniele que seria no dia seguinte, dizendo que ninguém lhe avisara sobre tal fato que ocorrerá no dia próximo. Os outros também não sabiam, com exceção de Raiane que esqueceu. Se pudessem fariam uma festa, só para não passar despercebido, mas, como estão no Mar Veneziano, não sabiam do aniversário de Daniele, o resultado foi apenas um: sem material necessário estavam para tal ocorrência. 45


-Daniele acorda! A lancha está pegando fogo!-foi como Raiane preferiu acordar Daniele. Atordoada levantou em meio a fumaça de um extintor de incêndio, que colocaram em sua cama e na de quem ainda dormia; Ariel, Viviann e Masayoshi. Dirigiu-se à cozinha para tomar café, quando, sem esperar, leva uma torta na cara. Surpresa! Feliz Aniversário Daniele!-grita Fábio aparecendo. -Bicho sem graça!- com ar de felicidade. –Hum, que gostoso!-provou. –De onde vocês tiraram isso? -Peguei lá em cima. Estava junto com um monte d comida de festa. Perguntou como, se estavam sem material. -Simplesmente estava lá hoje de manhã. Subiram até a sala de comunicação. O recheio da sala era impressionante, vários tipos de doces, salgados, comidas de festa em geral. -Como isso apareceu? -Quem quer saber disso quando se tem tudo isso para se comer?-diz José agarrando um doce. -Não vamos esquecer que isso dá para fazer a festa de aniversário de Daniele à mais tarde-lembra Jéssica. -Então não pode comer nenhum? -Nenhum! Abocanhou o doce e deu um sorriso à Jéssica. O dia passava devagar, enquanto esperava a noite chegar. Depois do céu escuro, a laguna estava em harmonia com o céu, totalmente negra, iluminada 46


apenas pelas estrelas longínquas e pelas luzes da lancha, refletindo a própria imagem na água. Laguna e céu misturavam-se numa só, na escuridão da noite. Festa badalada era a de Daniele na lancha, primeiro aniversário em Veneza. As moças punham os seus melhores vestidos à mostra, sem querer, cada uma colocou o seu melhor vestido na mala, quem sabe - em seus pensamentoseu posso ainda usá-lo. Um momento de descontração, um momento para esquecer por algumas horas os problemas dos últimos dias, um momento para tentar por a cabeça em ordem para começar uma nova procura a livro. Som alto, bebida, comida e cheiro de água por todos os cantos, uma verdadeira festa marítima, nauseante. Filipe paquerava Jéssica no convés, um possível romance poderia nascer entre esses dois a partir daí. O coração de Filipe já lhe estava entregue, só bastaria Jéssica aceitar-lhe como resposta ao seu amor. Os três estudantes encontravam-se perante o leme, em cima da sala de comunicação, observando-os. Para atrapalhar um pouco, só para diversão, os meninos puseram os holofotes em cima dos dois, encandeando-os. Que brincadeira é essa?-reclamou. Pediu para que retirassem o holofote de cima de si. Logo gritaram: -Namorando, hein? -Estamos só conversando-respondeu Jéssica. -Sabemos qual o tipo da conversa de Filipe- diz Raiane como acreditasse. André William aparece pedindo para que descessem até o deque inferior. No deque inferior, ele diz que deixassem o casal conversarem um pouco a sós, sossegados, pois, por holofotes em cima dos dois, não se faz. -E o que você sugere? – propõe Fábio. Reuniu os três e falou-lhes um plano bem baixinho, quase num sussurro.

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Passaram pela escotilha em direção a área de descanso, onde encontravam-se as comidas e o restante do pessoal. Na mesa, os três disfarçadamente comem um salgado, enquanto enchem a mão. Afastam-se um pouco, sempre disfarçando, aproximam-se sem dar bandeira à Filipe e a Jéssica, e gritaram: -Lá vai bomba!!! Salgados os atingiam cegos pelos holofotes não podiam esquivar-se das “bombas”. Gritavam pedindo que parassem. Ao termino do ataque, o holofote foi apagado. Agora é a minha vez – leu-se nos lábios de Filipe. Deu alguns passos antes de ficar cego novamente pelos holofotes, colocou a mão enfrente aos olhos e saiu andando na direção da mesa. Deixaram-no passar. Da mesa, começou a atirar-lhes comida, os outros três revidaram da mesa forma, até Ariel reclamar dizendo que a comida era para a festa de Daniele. Uma torta, de repente, estava em seu rosto. A fúria subiu-lhes a cabeça, pegou uma torta para revidar, subiu a mão e não desceu com a torta. Viviann havia segurado-lhe a mão e retirou-lhe a torta lembrando-a que era o aniversário de Daniele. Respirou fundo para acalmar-se e lembrou-se de suas palavras, concordando com Viviann. O bolo de aniversário saiu do deque inferior, para o convés nas mãos de Raiane. Um bolo enorme de três andares foi posto na área de descanso, apagaram-se as luzes parcialmente da lancha e acenderam as velas do bolo. -Parabéns pra você! Nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!!-cantaram. Vinte e sete anos de idade em Veneza. Vinte e sete velas que queimam feito estrela em cima do bolo. Vinte e anos de comemorações, de felicidades por parte de Daniele. Quase no final da festa, Daniele meio embriagada põe uma música frenética à tocar. Todos quase cansados, a maioria já desarrumada parcialmente, 48


alguns deles, começam a dançar no convés. Com o ritmo da batida, Daniele sobe na amurada e caminha sobre ela. A agitação aumentava à medida que o ritmo da música aumentava. Nem prestou atenção no que fazia, escorregou e caiu n’água. -Daniele!!! –gritou Raiane pavorosamente. Todas as atenções miraram-se à amurada e logo após na água. William acende os holofotes na água negra que nem o céu, apenas uma bolha de ar apareceu tribulando a superfície. Daniele! Daniele!-gritavam. Nem sinal de vida. Nem a água tribulava como esperança de encontrar Daniele. A cada minuto que passava, perdiam as esperanças de encontrar Daniele viva. No dia de seu vigésimo sétimo aniversário um acidente trágico aconteceu. Vinte e sete anos mal completos de uma jovem casada, mãe de um filho de cinco anos, profissional na área arqueológica, que se acabou de repente, em questões de segundo. Como ressarcir uma perda dessas para a equipe? Nenhum dinheiro no mundo jamais poderia pagar um prejuízo desses, para ninguém. Em meio aos prantos Raiane pensava como o marido de Daniele iria reagir ao receber a noticia de que Daniele morreu afogada no dia de seu aniversário, grávida de dois meses; e como o pequeno órfão ficaria sem a presença da mãe. -Daniele, grávida? -Sim, grávida. Contou-me hoje, depois de que teve a certeza disso. Estava com nove semanas de gravidez. Confirmou ontem à noite, teve certeza que as palavras de Sterphan não eram para o seu primeiro filho e sim para o que esperava. -Meu Deus!... -Mas, quem sabe, ele disse pensando no segundo, mas se referindo ao primeiro?-diz Masay. -Quem sabe... –respondeu ela.

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À noite foi em claro, pelo menos para os rapazes que esperaram algum sinal de, que, Daniele aparecesse à noite inteira. No dia seguinte o corpo não apareceu. O cansaço tomou de conta da tripulação, a festa tinha sido ‘proveitosa’ para causar uma indisposição geral. Mas uma vez seria impossível sair a procura do livro, por motivos óbvios. O clima na lancha não era um dos mais animadores do mundo, predominava a tristeza e o cansaço entre todos. Era assustador observar uma cena dessas, em que ninguém sentia animo algum, pelo menos para animar os outros. Era sexta-feira, seis dias que chegaram a Veneza e só tiveram prejuízo, o maior de todos fora a morte de Daniele na noite passada. O restante dava para correr atrás por algum tempo. Três horas da tarde eram quando procuravam Daniele com a sonda. Faziam o reconhecimento do local por meio de sondagem. Era pelo menos uma procura ao corpo. Receberam uma mensagem retorcida, parecendo muito com a figura de um corpo humano. Isso foi o suficiente, depois de muitos estudos, para fazer-lhes descer no mini submarino para pega-lo. -Estamos chegando perto do local aonde vimos o corpo-diz Jéssica no mini submarino a tripulação do Mercur. No mini submarino, além de Jéssica, encontravam-se Raiane e André William como tripulantes. Desciam perante os prédios venezianos submersos, chegando perto de onde viram o corpo pela sondagem. Iluminaram um prédio, a sonda de infravermelho, indicava que o corpo encontrava-se dentro do prédio. Jéssica saiu para pega-lo, com a certeza de que seria o de Daniele. Ao encontra-lo encostado na parede, no interior do prédio, tomou um susto. Um esqueleto meio sentado, meio deitado, com o braço esquerdo sobre o corpo e cabeça direcionada ao chão, dava-lhe um sorriso esquelético. Avisa que em vez de encontrar um cadáver encontrou um esqueleto, parecendo, muito recente. 50


-É possível fazer o exame de D.N. A nele? –pergunta Raiane. -Sim, claro que é possível. -Então, traga-o; vamos fazer o exame! Pegou o esqueleto com a maior naturalidade e cuidado. Levava-o para o mini submarino, quando o esqueleto foi puxado, algo o segurava pelo pé. -Algum problema Jéssica? -Nada de tão grave que não possa ser resolvido. Somente uma algamarinha como imprevisto. Jéssica puxava o esqueleto com força, pedindo que a alga-marinha o soltase. A perna esquerda caiu ao chão, sendo puxada pela alga-marinha que se recolhia ao seu esconderijo. A cena espantou a médica, que nunca presenciara algo daquela espécie. Retornou ao mini submarino com o esqueleto faltando uma perna. Jogou o esqueleto no chão, retirou a sua máscara e o ar comprimido das costas. Raiane arrepiou-se ao vê-lo. André comenta que no esqueleto faltava uma perna e brinca perguntando se era o Saci-Pererê à bordo do mini submarino. -Uma alga-marinha pegou a perna dele. -Uma alga-marinha? -É. Eu também não acreditei de imediato. Mas pode acreditar, foi uma alga-marinha que arrancou a perna que falta. -Com que propósito uma alga-marinha arrancaria a perna de um esqueleto? -Eu não sei. Não sou formada na área de Biologia Marinha e nem em Botânica Marinha moderna para saber a razão dessas circunstancias. -Agora, vamos voltar à lancha para realizar o exame-pediu Raiane. 51


O mini submarino KS200 emergiu ao interior da lancha. Ao saírem do mini submarino, retiraram o esqueleto num saco preto. Filipe tentou confirmar se esse era o corpo de Daniele, numa pergunta. Logo abre o saco preto sem esperar a resposta. Caiu no chão, afastando-se assustado. -O que é isso?-pergunta. -Possivelmente o corpo de Daniele-diz André. -Vamos fazer o exame de D.N. A para confirmação do corpo-fala Jéssica. Ariel, Viviann, José, Fábio e Masayoshi aproximaram-se do saco para melhor observar o que provocou o susto em Filipe. William explica que o corpo poderia ser o de Daniele. -De Daniele?-diz Masay-Quem fez uma coisa dessas com ela? -Quem sabe! Temos que descobrir. -Coitadinha de Daniele, foi reduzida à um monte de osso... William fecha o saco preto escondendo a caveira à mostra. Coloca-o no ombro e direciona-se ao laboratório escondido na sala. Joga o saco numa maca e diz a Jéssica que agora era por sua conta. -Agora-diz Jéssica-precisamos de uma amostra do D.N. A de Daniele para fazer o exame. -Como o quê?-pergunta Raiane. -Suor, saliva, fios de cabelo ou até mesmo o seu sangue-amostra uma seringa a ela. -O meu sangue? –assusta-se Raiane ao ver a seringa com a fina agulha nas mãos de Jéssica.

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-Não. Espere que vou procurar algum fio de cabelo dela para o exame. Meu sangue só quando não tiver material genético de Daniele disponíveldesapareceu como vapor no ar quente. Pegou a escova de pentear cabelos que Daniele usava contendo alguns fios de cabelos. Entregou-a Jéssica, com alivio em seu rosto e em sua voz. -Aqui estão, fios de cabelos de Daniele. Foi tudo que encontrei. -Agora me deixem sozinha, o resultado sairá amanhã pela tarde- trancou a porta branca, ocultando novamente o laboratório na sala.

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