TCC arqurbuvv - FAVO CULTURAL: ARQUITETURA BIOMIMÉTICA APLICADA A UMA PROPOSTA DE PAVILHÃO

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UNIVERSIDADE VILA VELHA

FAVO CULTURAL: ARQUITETURA BIOMIMÉTICA APLICADA A UMA PROPOSTA DE PAVILHÃO FABIOLA PACHALIAN MACHADO 2020



FABIOLA PACHALIAN MACHADO

FAVO CULTURAL: ARQUITETURA BIOMIMÉTICA APLICADA À UMA PROPOSTA DE PAVILHÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como pré-requisito do programa de graduação em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da professora Cynthia Marconsini Loureiro Santos.

VILA VELHA 2020



FABIOLA PACHALIAN MACHADO

FAVO CULTURAL: ARQUITETURA BIOMIMÉTICA APLICADA À UMA PROPOSTA DE PAVILHÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como pré-requisito do programa de graduação em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da professora Cynthia Marconsini Loureiro Santos.

Vila Velha, 30 de junho de 2020.

BANCA EXAMINADORA

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Prof. Cynthia Marconsini Loureiro Santos Universidade Vila Velha Orientador

Matheus Stange Universidade Vila Velha Convidado Interno

________________________________________ Tamisa Grace Rosa e Silva Convidada Externa



AGRADECIMENTOS



AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me capacitado e sustentado em meio a tantos momentos de dificuldades. Pela sua abundante graça sobre minha vida, por tudo o que tens feito e pelo o que ainda irás fazer. Te agradeço. As pessoas mais importantes e essenciais na minha vida. A minha família, por terem sido meu alicerce durante esse tempo para a realização deste sonho. Sem vocês nada disso seria possível. Aos meus queridos amigos, sou grata por terem me proporcionado momentos especiais de muita alegria e por terem sido tão compreensivos nesta fase tão importante da minha vida, em meio a tanta ausência e ansiedade, me dando forças e lançando palavras de carinho. Guardo cada um em meu coração. Agradeço aos meus orientadores, por partilhar de grandes ensinamentos, em especial, Cynthia Marconsini pela forma tão paciente e atenciosa ao me orientar, contribuindo significamente para a realização dessa pesquisa. Certamente levarei com muito carinho por toda vida. A todos, a minha sincera gratidão por todo apoio e contribuição no processo deste sonho.



“Aqueles que olham para as leis da Natureza como um apoio para os seus novos trabalhos colaboram com o Criador." Antoni GaudĂ­


RESUMO

Biomimética é uma ciência aplicada que redireciona inspiração a soluções para problemas humanos através do estudo de projetos, sistemas e processos naturais. Esta monografia representa uma pesquisa, em nível de estudo preliminar, sobre Biomimética e inclui o desenvolvimento de um método de projeto baseado em princípios Biomiméticos aplicado ao projeto de estrutura altamente sustentável, um pavilhão temporário, com pouco impacto ambiental, exercendo facilidade de fabricação e construção em módulos. Será utilizado como referência a forma e estrutura dos favos de mel das abelhas, evidenciando o potencial e a contribuição da Biomimética na arquitetura. A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho se desenvolve através de três etapas: fundamentação teórica, estudos de caso e ensaio projetual. Buscou-se, por meio de pesquisas bibliográficas, compreender os processos e resultados obtidos pela transformação da natureza e os seres vivos nela presente, a fim de validar os benefícios construtivos na utilização das soluções aplicáveis aos projetos arquitetônicos. Compreender os princípios da Biomimética e desenvolver um estudo empírico sobre o tema são bases que norteiam para o desenvolvimento da sua aplicação. Portando, pretende-se que através dos estudos da Biomimética, se faça um olhar investigativo diante da natureza, para um melhor entendimento do sistema natural do qual fazemos parte, a fim de lançar-se à criação de produtos mais inteligentes, de forma estética, econômica e funcional.

Palavra-Chave: Biomimética, Sistemas Naturais, Arquitetura, Favo


ABSTRACT

Biomimicry is an applied science that redirects inspiration to solutions to human problems through the study of projects, systems and natural processes. This monograph represents research, at the level of preliminary study, on Biomimetics and includes the development of a design method based on Biomimetic principles applied to the design of a highly sustainable structure, a temporary pavilion, with little environmental impact, exercising ease of manufacture and construction in modules. It will be used as a reference the shape and structure of the honeycombs of bees, showing the potential and contribution of Biomimetics in architecture. The methodology used for the elaboration of the work is developed through three stages: theoretical foundation, case studies and project essay. It was sought, through bibliographic research, to understand the processes and results obtained by the transformation of nature and the living beings present in it, in order to validate the constructive benefits in the use of the solutions applicable to architectural projects. Understanding the principles of Biomimetics and developing an empirical study on the topic are the bases that guide the development of its application. Therefore, it is intended that through the studies of Biomimetics, an investigative look is made before nature, for a better understanding of the natural system of which we are part, in order to launch itself to the creation of more intelligent products, in an aesthetic way, economical and functional.

Keyword: Biomimetics, Natural Systems, Architecture, Honeycomb


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO. 09

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO / JUSTIFICATIVA. 09 1.2 OBJETIVO. 10 1.3 METODOLOGIA. 10 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO. 11 2. ARQUITETURA BIOMIMÉTICA. 12

2.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS. 12 2.2 ANALOGIAS. 18 3. APLICAÇÕES DA BIOMIMÉTICA. 23

3.1 INFORMAÇÕES GERAIS. 23 3.2 FREI OTTO. 23 3.3 SANTIAGO CALATRAVA. 26 3.4 ESTUDOS. 29


SUMÁRIO 4. ENSAIO PROJETUAL : FAVO CULTURAL. 44

4.1 ÁREA DE INTERVENÇÃO. 44 4.2 ENSAIO PROJETUAL. 54 4.2.1 Diretrizes. 54 4.2.2 Definição da estrutura e Biomimética. 55 4.2.3 O Pavilhão. 60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 77



INTRODUÇÃO



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1. INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO/JUSTIFICATIVA Biomimética é o nome que se dá ao processo de imitação da natureza. É a prática de analisar a natureza, com o objetivo de extrair dos organismos vivos, soluções que podem ser aplicadas em outras áreas de conhecimento. Nesse trabalho apresentaremos o conceito da Biomimética através de exemplos e diversos métodos de trabalho. A Biomimética na arquitetura, é um campo rico para a pesquisa de estruturas, formas, materiais, usos de energia, entre outros. A natureza é compreendida como referência para a concepção de diversos produtos e da arquitetura. ”O termo Biomimética foi criado por Otto Herbert Schmitt, engenheiro biomédico da Universidade de Minnesota, em 1957, a quem também se atribui sua formulação como teoria” (VINCENT, 2006). Buscas de aplicações da Biomimética na arquitetura foram levantadas para que se estabeleça um melhor entendimento e fundamento para o uso desta prática como soluções coerentes para um cenário de diversidade e sustentabilidade. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório que pretende compreender os métodos da Biomimética aplicada à arquitetura. Buscou-se, por meio de pesquisas bibliográficas, compreender os processos e resultados obtidos pela transformação da natureza e os seres vivos nela presente, a fim de validar os benefícios construtivos na utilização das soluções aplicáveis aos projetos arquitetônicos. A pesquisa apresenta uma investigação a respeito do tema, ainda pouco explorado na prática projetual, buscando assim, expor suas definições e conceitos através de pesquisadores, biólogos e arquitetos, tais como, Janine Benyus, Otto Schmitt, D’Arcy Thompson, Neri Oxman, John Pauline e Santiago Calatrava.


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Após a investigação teórica é proposto um ensaio projetual, em nível de estudo preliminar, a fim de experimentar os processos da Biomimética no projeto de arquitetura. Utilizaremos com referência a forma e estrutura em elementos da natureza, evidenciando o potencial e a contribuição da Biomimética na arquitetura.

1.2. OBJETIVO O objetivo principal da pesquisa consiste em desenvolver um ensaio projetual, em nível de estudo preliminar, de um pavilhão, inserido no bairro da Glória em Vila Velha, de modo a aplicar os princípios identificados de arquitetura Biomimética. Serão investigados estudos de casos como referencias projetuais da arquitetura Biomimética a fim de nortear a uma proposta de modelo final do presente trabalho, compreendendo o conceito e as estratégias da Biomimética.

1.3. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho se desenvolve através de três etapas: fundamentação teórica, estudos de caso e ensaio projetual. Na fundamentação teórica foi elaborada uma revisão bibliográfica de teses de doutorados, dissertações de mestrado, livros e artigos, objetivando compreender o conceito e os princípios norteadores de arquitetura Biomimética. Foram realizados estudos de caso de projetos que utilizaram princípios da Biomimética. Diagnósticos e estudos foram realizados por meio de análises de informações obtidas através dos documentos referenciais, de modo a incorporar as soluções projetuais identificadas. Por fim foi realizado um ensaio projetual, em nível de estudo preliminar, a fim de experimentar os processos da Biomimética no projeto de arquitetura. O ensaio foi dedicado à concepção de um pavilhão, inserido no bairro da Glória em Vila Velha, objetivandose a aplicar os princípios identificados de arquitetura Biomimética.


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1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO Estruturado por capítulos, o presente trabalho dispõe a seguinte divisão: Capítulo 1- apresentação do contexto, objetivo e metodologia; capítulo 2- conceituação e aplicações de arquitetura Biomimética; capítulo 3- referenciais projetuais; capítulo 4apresentação da proposta projetual e o ultimo capitulo conclui com as considerações finais. O capítulo 1, contextualiza o trabalho, justifica a escolha do tema, estabelece objetivos desejados e a respectiva metodologia adotada. O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica a respeito do tema abordado: arquitetura Biomimética, considerando suas definições e conceitos baseados em estudos e pesquisas. O capítulo 3 apresentará estudos de casos de projetos arquitetônicos que utilizaram a natureza como inspiração e aplicaram os princípios da Biomiética. O capítulo 4 apresenta o ensaio projetual, em nível de estudo preliminar, a fim de experimentar os processos da Biomimética no projeto de arquitetura.



ARQUITETURA BIOMIMÉTICA


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2. ARQUITETURA BIOMIMÉTICA 2.1. DEFINIÇÕES E CONCEITOS De acordo com Dias (2014), o arquiteto alemão Frei Otto, encontrava na biologia, os princípios da construção leve, a qual se dá ao uso mínimo de material e energia, levando a reflexões sobre como as relações de autodesenvolvimento ocorrem, sendo os processos da biologia fonte de inspiração para o desenvolvimento de projeto e construção, atrelado aos princípios ecológicos. “Trata do estudo da formação, estrutura ou função de substâncias e materiais biologicamente produzidos (como as enzimas ou a seda), e mecanismos e processos biológicos (como a sintetização de proteínas ou de fotossíntese) especialmente para os propósitos de sintetização de produtos similares por mecanismos artificiais que mimetizam os naturais” (OTTO, 1974, p.129 apud DIAS, 2014, p.47).

De acordo com Nascimento (2014) em sua dissertação, na década de 1980, o arquiteto Berthold Burkhardt, apresentou uma reflexão ampliada da Biomimética, indo além da imitação de algo: “Todos concordaram que o objetivo não era transferir os sistemas naturais ou formas em tecnologia ou arquitetura, mas descrever e identificar processos de emergência física em natureza viva e não-viva e em tecnologia. Isso também representava um certo distanciamento de outros grupos de trabalho, que usavam o termo biônica, cujo objetivo era traduzir os processos naturais e estruturas diretamente em tecnologia e, em parte, até mesmo para o lucro. Como as estruturas biológicas e técnicas, individualmente se assemelham, mas raramente tendem a ter processos estruturais ou processos emergentes comparáveis [...]. ” (BURKHARDT, 2009, p.93 apud NASCIMENTO, 2014, p.77).

Segundo Burkhardt, o objetivo de analisar a biologia em arquitetura vai muito além da reprodução idêntica de suas formas e características. Trata-se de compreende-las de modo a traduzir as suas informações buscando obter resultados coerentes e aplicáveis na arquitetura. Consiste na observação e aplicação aproximada das informações, das relações e dos processos que fizeram produzir aquela forma biológica nos processos de projeto de arquitetura.


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Anterior ao trabalho de Schimitt é o de D’Arcy Thompson, um grande biólogo e matemático que em 1917 lançou seu livro Sobre Crescimento e Forma. Seu livro procurou ilustrar e relacionar a conexão biológica com as formas mecânicas. Desde o seu lançamento, o livro serviu como uma riqueza de inspiração para biólogos, técnicos, artistas e matemáticos (O'CONNOR 2006). “Não existem formas orgânicas, exceto as que estão em forma com leis físicas e matemáticas ... A forma, então, de qualquer parte da matéria, seja viva ou morta, e as mudanças de forma que são evidentes em seus movimentos e em seu crescimento, pode em todos os casos ser descrito devido à ação da força. Em suma, o formulário de um objeto é um 'diagrama de forças” (THOMPSON, 1963, p11).

Conforme uma tese de mestrado de Panchuk (2006), o autor associou as formas de projeto arquitetônico com a natureza, em definição a Biomimética, trazendo as seguintes menções apresentadas no quadro 1 a seguir: Tabela 01 — Associações da forma arquitetônica em função à natureza FORMA FUNÇÃO Arquitetura “...exaltando a simples lei do senso comum - ou do super-senso se você prefere- determinando a forma por meio da natureza dos Orgânica materiais...” (PANCHUK, 2006, p.38, apud WRIGTH, 1939) “… um conjunto abrangente passando filosofia aplicada com base no estudo profundo dos processos da natureza, ismos, estruturas e materiais em uma infinidade de desde partículas subatômicas até as cinesiologia da anatomia animal e dos insetos, relações ecológicas dos habitats vivos e depois aplica esse conhecimento ao design e construção do nosso ambiente construído. ” (PANCHUK, 2006, p.38, apud TSUI, 2000) Arquitetura “… que procura responder à forma humana e necessidades humanas [onde] os edifícios devem aparecer em harmonia com a paisagem Antroposófica em que eles são construídos, tanto em relação à forma como rial ”. (PANCHUK, 2006, p.38, apud PEARSON, 2001, p.5) Fonte: Tese em Arquitetura e Urbanismo, PANCHUK (2006). Arquitetura Evolutiva

Segundo referenciais bibliográficas da tese em questão, enquanto houver um interesse maior entre arquitetos no que diz respeito à aplicação da Biomimética, seu entendimento será ampliado a uma perspectiva de integração além da sua forma e função, no que diz respeito a projeto holístico de construção. Assegurando assim, oferecer novos recursos de criação, mais satisfatório do que os mecanismos atuais de sistemas, pelos quais os edifícios respondem e interagem com seus usuários.


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Ainda assim, de acordo com Geoge Jeronimidis, da Universidade de arquitetos, o esforço em criar algo mais próximo da natureza é genuinamente biológico e não apenas um desejo romântico (ALDERSEY-WILLIAMS, 2003). Uma desejada forma pode ser criada a uma determinada função estrutural, no entanto, os requisitos do sistema estrutural podem influenciar e exigir mudanças consequentes à forma (PANCHUK, 2006). Pode-se dizer que o estudo da Biomimética vai muito além da forma, ela busca encontrar soluções através de princípios do design natural para o seu progresso em termos de eficiência. Mais tarde a pesquisadora americana Janine Benyus (1997) teve a responsabilidade da melhor definição e difusão do termo da Biomimética em seu livro “Biomimicry: Innovation Inspired by Nature”. Entende-se que a Biomimética é uma ciência nova, inspirada na natureza, que estuda os princípios criativos relacionados à natureza e tecnologia, biologia e inovação, vida e design, buscando adequar e integrar funcionalidade, estética e sustentabilidade, ao meio em que vivemos. De acordo com Benyus: “Essa respeitosa imitação é uma abordagem totalmente nova. Diferentemente da Revolução Industrial, a Revolução Biomimética inaugura uma era cujas bases assentam não naquilo que podemos extrair da natureza, mas no que podemos aprender com ela, tomar emprestado uma ideia para inspirar outras” (BENYUS, 1997, p.34).

A humanidade precisa urgentemente de uma mudança de princípios, pois o modo como nossa sociedade está organizada de forma insustentável pode acarretar consequências irreversíveis para a mesma, o que gera reflexões profundas compelidas sobre a necessidade de mudanças referentes a sustentabilidade (BENYUS, 2013). Segundo Janine Benyus (1997), Biomimética é uma ciência que age sob três princípios fundamentais: “Natureza como modelo. Biomimética é uma nova ciência que estuda a natureza de modelos e, em seguida, imita ou se inspira nestes projetos e processos para resolver problemas humanos, por exemplo, uma célula solar inspirada por uma folha. ”(BENYUS, 1997, p.42). “Natureza como medida. Biomimética usa um padrão ecológico para julgar a “justeza” das nossas inovações. Após 3,8 bilhões de anos de evolução, a natureza aprendeu o que funciona, o que é apropriado e o que dura mais. ”(BENYUS, 1997, p.42).


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“Natureza como um mentor. Biomimética é uma nova maneira de ver e valorizar a natureza. Ela introduz uma era baseada não no que podemos extrair do mundo natural, mas o que podemos aprender com ele. ” (BENYUS, 1997, p.42).

Em uma abordagem indireta, Benyus expõe 12 métodos pelos quais a natureza pode informar o desenvolvimento da tecnologia: Tabela 02 — Métodos que a Natureza pode Desenvolver da Tecnologia. MÉTODOS CONSIDERAÇÕES Automontagem A capacidade de um organismo coordenar dele, seu próprio meio de desenvolvimento. Química na Água

A natureza é capaz de produzir em um ambiente com suas condições normais sem a necessidade de temperaturas extremas ou produtos químicos. Muitos organismos reagem ativamente ao sol para maximizar sua absorção de energia.

Transformações Solares O Poder da Forma A natureza dispõe de muitas formas não ortogonais estruturalmente eficientes. Materiais como A natureza dispõe de diversas funções e proporções distintas em relação aos materiais e componentes envolvidos para funções Sistemas específicas. Seleção Natural Forças ambientais que atuam em um organismo, afetando e direcionando sua eficiência ao desenvolvimento de futuros organismos. como um motor Inovador Reciclagem de Criar estruturas usando materiais não tóxicos e que podem ser totalmente reciclados no final de sua vida útil. Materiais Ecossistemas que Sistemas criados que tenham um excedente líquido de pro-produção sem um desenho correspondente reduzindo de recursos Cultivam Alimentos ambientais. Movimentos e Sistemas de locomoção que se adaptaram para exigir um mínimo investimento de energia para a sua finalidade. Transportes Economizadores de Energia Resiliência e Cura Organismos vivos tem a capacidade de absorver e recuperar impactos e podem se recompor caso danos sejam provocados. Detectar e Uma série de sistemas de feedback dentro de um organismo para permitir sentir uma variedade de fatores importantes que atuam Responder sobre ele e para responder a estes de uma maneira adequada. A Vida Cria Os produtos residuais e diversos produtos de crescimento e sustento criam materiais que são benéficos para o crescimento de outros Condições organismos. Propícias à Vida Fonte: Adaptado por Fabiola Pachalian,( 2019).


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É certo que alguns princípios devem ser almejados pelo ser humano, tais como, a utilização de energias renováveis; a adaptação da forma à função; o equilíbrio do consumo de energia; a reciclagem de resíduos; a cooperação entre pessoas; a utilização de recursos locais; o fim dos excessos e desperdícios e a criação de limites. A Biomimética apresenta um caráter sobretudo ecológico, prezando valores éticos imprescindíveis ao ser humano, em contrapartida ao comportamento autodestrutivo e insustentável que estamos vivenciando na atual sociedade moderna, pós revolução industrial. De acordo com Santos (2010), a Biomimética colabora com a filosofia do design ambiental, que também tem a visão multidisciplinar onde muitos setores industriais podem substituir o método tradicional de projeto e produção dos bens de consumo pelo “método” da natureza que é bem mais equilibrado e menos oneroso para o ambiente. Estas considerações são evidenciadas por Benyus: “Desta vez, viemos não para aprender algo sobre a natureza, para que possamos enganá-la e controlá-la, mas para aprender algo com ela, de modo que possamos nos adaptar, de uma vez por todas e para o nosso bem, à vida na Terra, da qual surgimos. Temos um milhão de perguntas. Como deveríamos produzir alimentos? Como deveríamos fabricar nossos materiais? Como deveríamos realizar negócios de uma forma que respeite a natureza? À medida que formos descobrindo aquilo que a natureza já sabe, reconheceremos a sensação de fazer parte, e não de estarmos à parte, da genialidade que nos rodeia. ” (BENYUS ,1997, p.68).

É importante esclarecer que existem outros termos que também relacionam a natureza com as criações humanas. Biônica, Biodesign e Biomimética são facilmente confundíveis pois suas origens, conceitos, métodos e bases de investigação são muito semelhantes, embora existam algumas diferenças. Fernandes (2012) comenta que ambas as terminologias derivaram da palavra europeia Biotécnica que apareceu como referência no livro datado de 1877 da autoria do Reverendo John George Wood, “Natureʼs teachingʼs: Human Invention Articipated by Nature” e posteriormente em 1920 no livro de Raul Francé, “Die Planze als Erfinder” (As Plantas como Inventoras). Mais tarde a palavra sofreu uma derivação, surgindo o termo “Bionics” (Biônica) que se relaciona com a palavra “Bio” (vida) e “onics” de “tecnologics” (tecnologia).


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“Segundo Arruda (1993), esse termo foi oficialmente apresentado em 1960 num simpósio nos E.U.A, promovido pelas forças aéreas, onde foi utilizado pelo engenheiro e major Jack. E. Stelle que o definiu como: “Ciência dos sistemas cujo funcionamento se baseia em sistemas naturais, ou que apresentam analogias com estes” (FERNANDES, 2012, p.39).

Já Broeck (1989) explica sobre um novo termo, o Biodesign, cuja utilização é dita adequada por este autor, quando a Biônica é aplicada ao desenho industrial, sendo mais coerente com à atividade de projetos. Neste sentido, define-se Biodesign pelo estudo de sistemas e organismos naturais com o propósito de analisar e perceber soluções do tipo funcional, estrutural e formal, para aplicação em resolução de problemas humanos, através de criações tecnológicas, objetos ou sistemas de objetos. Tanto a Biônica, quanto o Biodesign estudam os princípios básicos da natureza, sendo eles construtivos, tecnológicos, formais, entre outros, para aplicação em soluções tecnológicas, e por isto se tornaram um campo interdisciplinar que combina a biologia com outras áreas. Enquanto a biônica trata da previsão, influencia e controle da natureza, a Biomimética inspira o sentimento de pertencimento e participação humana, o que constitui uma maior contribuição para os aspectos da sustentabilidade. Apesar das abordagens serem tão parecidas, existem diferenças entre as suas concepções, pois a Biomimética representa uma nova forma de observar e avaliar a natureza, introduzindo um novo pensamento baseado não só no que se pode extrair do mundo natural, mas no que se pode aprender com ele, e isto torna a sua abordagem mais abrangente.


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2.2. ANALOGIAS De acordo com pesquisas e dissertações sobre o assunto, ainda existem poucos estudos formulados para o procedimento de interpretação ou tradução da biologia para esta fase de criação. Normalmente o que se utiliza, seja na Biônica, Biomimética, Biodesign é o método empregado da analogia. Com o passar dos séculos, muitos nomes utilizaram a natureza para investigação e criação de produtos, o que resultou em acúmulo de conhecimento e aprimoramento de técnicas e métodos. A seguir, serão citados alguns tipos de analogias relacionadas ao assunto da Biomimética discutidos por Arruda (2002): Tabela 03 — Analogias relacionadas a Biomimética DENOMINAÇÃO CONSIDERAÇÕES Analogia Direta Descreve a verdadeira comparação de fatos, conhecimentos, objetos e organismos, que possuam algum grau de semelhança; se baseia na forma e estrutura. De forma empática, ocorre uma fusão imaginária entre a pessoa e o objeto ou situação, permitindo uma visão interna sobre os sentimentos, pensamentos e formas de atuação específicas para cada caso. (Se eu fosse um...me sentiria como?); Relacionada a uma palavra-chave em virtude de sua essência e aos significados descobertos; usa imagens objetivas e impessoais para Analogia descrever o problema por uma resposta poética; associação estabelecida entre elementos distintos sem a fidelidade das formas e Simbólica funções. Analogia Deixa de lado o pensamento lógico e racional. Partindo de um problema específico e conduzindo a soluções imaginárias que estão fora Fantástica do universo possível. Fonte: Arruda (2002), adaptado pela autora. Analogia Pessoal

Todas estas analogias de alguma forma se empenham em traduzir o mundo natural e contribuem por um melhor aproveitamento energético e de material, conservando assim, os princípios da Biomimética. Além destes, serão apresentados de maneira mais detalhada a seguir, três tipos básicos de analogia, morfológica, funcional e simbólica, que sintetizam melhor o método de analogia relacionado com a Biomimética.


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Pode-se dizer que a analogia morfológica comprova a eficiência das formas naturais, pois muitas delas se traduzem em ganhos além da estética, ou seja, também em performance, associando então a uma analogia direta de estudo. Refere-se a semelhança entre a estrutura e sua função. Neste sentido Versos (2010) traz um bom exemplo de analogia morfológica com o Trem-bala Shinkansen desenvolvido pelo engenheiro Eiji Nakatsu (Figura 1). O projeto tem como referência a forma do bico alongado do pássaro Martim-Pescador, que facilita o mergulho sem espirrar água em busca de sua refeição. Visando solucionar um dos grandes problemas do trem bala que é a vibração e o barulho, o engenheiro buscou inspiração no formato do bico deste pássaro, o que resultou numa melhora significativa com um trem-bala 10% mais rápido, consumindo 15% menos energia, e ainda, reduzindo a pressão do ar em 30% em relação ao modelo anterior (VERSOS,2010). Figura 01— Trem-bala shinkansen (Japão).

Fonte: VERSOS, (2010).


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Já a analogia funcional procura estudar sobre o funcionamento do sistema físico e mecânico natural tentando compreender quais funções desempenham (VERSOS,2010). Versos (2010), cita um exemplo de analogia funcional com a pesquisa das escamas da pele do tubarão, onde reside o segredo da sua alta performance em velocidade. Segundo especialistas, a água desliza através de micro ranhuras da pele do animal reduzindo a fricção. A aplicação deste estudo em roupas de natação da marca Speedo Fastskin (Figura 2) é utilizada por campeões olímpicos. A textura destas vestimentas baseada nos “dentículos” da pele de tubarão tem como vantagens: a redução da resistência passiva de cerca de 4% e também da vibração muscular, aumentando a velocidade e o desempenho dos atletas. Figura 02— Tecnologia FASTSKIN da marca Speedo (Austrália), roupa de banho para competição de natação que imita a função de eficiência hidrodinâmica da pele de tubarão, resultando na redução do atrito e consequente aumento de velocidade.

Fonte: VERSOS, (2010).


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Na analogia simbólica, estão os casos de imitação mais abstratos que não correspondem a fidelidade das formas nem necessariamente das funções (PEREIRA,2013). O Palácio de Cristal, situado em Londres/Inglaterra, construído em 1951 por Joseph Paxton para Exposição Universal é um exemplo de analogia simbólica que teve sua inspiração na estrutura da planta amazônica Vitória-régia (Figura 3). “Ele usou uma ilustração de uma das folhas durante uma palestra na Royal Society of Arts, em Londres, mostrando como apoiar uma estrutura de telhado curvo usando-a como uma referência para o projeto” (PEREIRA, 2013, p.69).

O grande e inovador avanço, foi a sua interpretação das nervuras no uso de vigas para a construção de edifícios leves, incorporando materiais como o ferro e o vidro. Figura 03 — Palácio de Cristal

Fonte: PEREIRA, (2013)


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A partir da revisão bibliográfica realizada, foi possível traçar um paralelo entre os principais conceitos sobre biomimética, apontados na tabela abaixo. Tabela 04 — Fundamentos da Biomimética CRITÉRIOS CONSIDERAÇÕES Estudo Principios Ecológicos: Uso mínimo de Biológico material e energia. Análise Analogia Natureza como mentor Forma Eficiência Fonte: Autora.

Compreender de modo a traduzir suas informações e aplicá-las. Oque podemos aprender com a natureza? Usá-la como inspiração. Ação da força. Função estrutural

AUTOR Schmitt Burkhardt Arruda Benyus

Thompson Panchuk


APLICAÇÕES DA BIOMIMÉTICA


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3. APLICAÇÕES DA BIOMIMÉTICA 3.1. INFORMAÇÕES GERAIS A arquitetura Biomimética busca soluções sustentáveis no meio ambiente, obedecendo uma série de princípios. O desafio está em como os arquitetos estão materializando e se de fato funcionam como os sistemas da natureza que os inspiram. O design biomimético pode efetivamente contribuir nas abordagens mecânicas-funcionais e estéticas-formais de artefatos, traduzindo nestes um maior apuro estético e ganho em eficiência. Na arquitetura existe muito empenho na busca por referências na natureza. Além dos já citados em analogia, Frei Otto e Santiago Calatrava merecem destaque pelo empenho em suas pesquisas e transposição de analogias biológicas com alto nível de qualidade, trabalhos que influenciaram e influenciam projetistas de várias gerações em todo o mundo.

3.2. FREI OTTO Frei Otto (1925), arquiteto, engenheiro, pesquisador e professor na Universidade de Stuttgart na Alemanha, buscava constantemente em suas obras, referenciar o mundo natural com o foco nas analogias funcionais. Em 1961 ele criou o “Grupo de Pesquisa em Biologia e Construção”, composto por uma equipe multidisciplinar de arquitetos, engenheiros civis, biólogos, filósofos, historiadores e físicos, e em 1964 fundou o Institut für Leichte Flächentragwerke (Instituto para estruturas Leves) onde desenvolveu fortes pesquisas no campo de membranas e estruturas bidimensionais flexíveis tensionáveis com o intuito de obter harmonia com o entorno através de “construções naturais” baseadas em estruturas leves (DIAS, 2014). Esses experimentos em laboratório se resumem a uma etapa bem importante das pesquisas de Frei Otto, entre eles, os modelos com películas de bolhas de sabão, aparelhos de rotação e torção usados para estudar a estabilidade de maquetes de tijolos, teias, superfícies pneumáticas, estruturas suspensas tensionadas e estruturas transformáveis, que depois refletiriam em muitas das suas obras.


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Seu trabalho mais conhecido é a cobertura do Complexo Olímpico de Munique para os jogos olímpicos de 1972 (Figura 4), em que criou para o escritório Günther Bernish & Partners, uma cobertura de painéis de acrílico transparente com juntas de neoprene suportadas por mastros e cabos de aço, que trouxe a beleza plástica e a resistência das teias de aranha, para solucionar o problema da cobertura do complexo (DIAS, 2014). Figura 04 — Complexo Olímpico de Munique: 1972, Alemanha, Frei Otto e Gunther Behnisch

Fonte: Site ArchDaily Brasil/ Acesso em outubro de 2019


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Outro trabalho primoroso são as coberturas conversíveis dos dois grandes pátios internos da Mesquita Sagrada do Profeta em Medina, na Arábia Saudita (Figura 5), com formato de 12 grandes “guarda-chuvas”, com 17m x 18m de área e 14m de altura. O projeto foi executado em 1991 e compõe um panorama com aspecto de “bosque” ou “jardim com flores brancas gigantes”, provavelmente inspirado em certas flores fotossensíveis que se abrem com a iluminação solar e se fecham com a sua ausência. A vantagem é que estas estruturas de “sombrinhas” proporcionam em apenas dois minutos, a formação de dois grandes salões que garantem sombra refrescante aos circundantes do local, além da visão relaxante das grandes flores formadas pelas estruturas, quando vistas abertas de baixo (DIAS, 2014). Figura 05 — Mesquita Sagrada (Medina)

Fonte: Site Pinterest/ Acesso em outubro de 2019


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3.3. SANTIAGO CALATRAVA Do mesmo modo, Santiago Calatrava (1951), é um dos arquitetos que frequentemente utiliza a forma da natureza como inspiração construtiva de suas obras. Artista, arquiteto e engenheiro espanhol que tem como característica marcante em sua obra a referência à dinâmica dos organismos vivos, principalmente nos esqueletos e na impressão de movimento que estes conferem às suas edificações, inclusive em suas obras estruturais é possível perceber essa rica imaginação da natureza, em particular de esqueletos animais através do uso de elementos metálicos e do cimento armado, intensificando o porte dessas estruturas (DIAS,2014). Calatrava desenvolveu vários trabalhos onde interpretou o uso de princípios naturalistas e sustentáveis, como no projeto do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que trouxe a utilização de recursos renováveis no local, como a água da Baía de Guanabara, sendo utilizada na climatização do interior do Museu e reutilizada no espelho d’água ao redor da construção. Em seu telhado, existem estruturas de metal que se movimentam como asas e têm a função de suportar as placas fotovoltaicas, que captam energia solar (DIAS,2014). O Pabellón Quadracci do Museu de Arte de Milwaukee (Figura 6), de Santiago Calatrava, foi executado com uma estrutura de aço e concreto armado a qual contém persianas de aço móveis, que se abrem e fecham em função da posição do sol, foi inspirado nas asas de um pássaro, trazendo sensação de movimento e mudança. O pavilhão de Calatrava em Milwaukee (USA) oferece um cenário simbólico expressivo podendo ser visto de qualquer ponto da cidade ou do lago próximo à obra. Simetricamente balançado com duas asas modeladas por cordas metálicas finas, presas a uma espécie de espinha dorsal; o edifício forma o que parece ser uma gigante estrutura cinética (DIAS,2014).


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Figura 06— Museu de Arte de Milwaukee, 2001, EUA, Santiago Calatrava

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019

No Brasil, mais precisamente na renovada Praça Mauá-Rio de Janeiro, em 2015 foi inaugurado o Museu do Amanhã (Figura7), Calatrava exibe sua obra inspirada, segundo o arquiteto, em uma flor de bromélia. O Museu do Amanhã é um dos equipamentos mais importantes da área cultural do projeto Porto Maravilha. O projeto possui um telhado em alavanca com suas grandes “asas” móveis com uma estrutura da fachada que se expande em quase todo o comprimento do cais, enfatizando a extensão para a Baía de Guanabara e minimizando a largura do edifício. Um espelho d’água rodeia o museu por fora e é usado para filtrar a água que está sendo bombeada da baía e liberada de volta no final do píer, o que dá aos visitantes a impressão de que o museu está flutuando, numa analogia a um animal marinho (DIAS,2014).


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Conectado com as abordagens sustentáveis da arquitetura contemporânea, o edifício funciona fazendo uso dos recursos naturais do entorno, como a água que vem da baía, bem como a energia solar coletada através de painéis fotovoltaicos, integrados às “asas” móveis do telhado, que podem se ajustar dinamicamente para o ângulo ideal do sol, alguns recursos que, segundo Calatrava, fornecem importantes valores educacionais (DIAS,2014). Figura 07— Museu do Amanhã (Rio de Janeiro), 2015, Santiago Calatrava

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


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3.4. ESTUDOS É possível constatar a aplicação de soluções da Biomimética em diferentes períodos da história da humanidade, e em diversas áreas tais como na ciência, tecnologia, arquitetura, arte, design, engenharia, medicina, entre outras que vem surgido a cada dia. Essa inspiração na natureza tem gerado uma série de invenções que tem possibilitado um grande número de inovações e de recursos no decorrer do tempo. Para se ter uma ideia da tamanha potencialidade de aprendizagem que os organismos na natureza nos apresentam, Benyus (1997) relembra que basta observar os feitos incríveis de algas bioluminescentes, que combinam substâncias para abastecer suas lanternas orgânicas; peixes e rãs das regiões árticas que se congelam e tornam a surgir para vida sem danos causados pelo gelo em seus órgãos; ursos pardos que hibernam em invernos inteiros sem se envenenarem com a própria ureia; ursos polares que se protegem do frio através de uma camada de pelos transparentes que funcionam como as vidraças de uma estufa; abelhas, tartarugas e pássaros que se locomovem sem mapas; baleias e pinguins que mergulham no fundo das águas sem equipamento de mergulho; libélulas que excedem a capacidade de manobra dos melhores helicópteros. ”Portanto, observando como a natureza opera na criação das suas espécies, sejam vegetais, animais ou minerais, pode-se transpor este mesmo método no desenvolvimento de produtos, sistemas, construções e até mesmo serviços, pois os 22 “critérios” observados nos seres vivos mais adaptados, podem servir de base para o desenvolvimento de soluções mais eficientes. ” (BENYUS, 1997, p.112).

Pesquisas de analogias naturais são feitas e aplicadas em pavilhões conceituais desenvolvidos pelo Instituto de Design Computacional (ICD) e o Instituto de Estruturas de Construção e Design Estrutural (ITKE) da Universidade de Stuttgard (ALE) sob a tutela do professor Achim Menges, através da construção de modelos projetados e realizados por estudantes e pesquisadores dentro de uma equipe multidisciplinar de arquitetos, engenheiros, biólogos e paleontólogos, com o objetivo de demonstrar a integração da capacidade performativa das estruturas biológicas na concepção arquitetônica com o uso de técnicas avançadas de fabricação através do uso, por exemplo, da robótica (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019).


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O primeiro deles é o ICD/ITKE Research Pavilion 2011 (Figura 8) em que durante a análise de diferentes estruturas biológicas, selecionou a morfologia do esqueleto da bolacha-do-mar (Echinoidea) como referência direta para a estrutura realizada. A concha esquelética do animal é um sistema modular de placas poligonais, que são ligadas entre si nas bordas por relevos de calcita em zig zag. A alta capacidade de carga é conseguida pela disposição geométrica particular das placas e seu sistema de junção. Sendo assim, foi identificado que serve como um modelo mais adequado para conchas feitas de elementos modulares pré-fabricados (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). O material escolhido foi a lâmina de madeira e da mesma forma as juntas em zig zag tipicamente usadas em marcenaria como elementos de conexão. O projeto também visava testar os sistemas espaciais e estruturais resultantes em grande escala, por isto focou no desenvolvimento de um sistema modular que permite um alto grau de adaptabilidade e desempenho devido à diferenciação geométrica de seus componentes através do uso de braços robóticos articulados na fabricação das peças (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Figura 08 — ICD/ITKE Research Pavilion 2011, Alemanha- Baseado na bolacha-do mar.

Fonte: University of Stuttgart / Acesso em setembro de 2019


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O ICD/ITKE Research Pavilion 2012 (Figura 9) é outro exemplo redirecionado aos princípios materiais e morfológicos do exoesqueleto (casca) da lagosta que possui 2 tipos de camadas: as individuais, que são laminadas em conjunto numa disposição em espiral e as unidirecionais, que foram incorporados na estrutura de invólucro fabricada roboticamente a partir de fibras de vidro e carbono saturadas com resina e colocadas de maneira contínua resultando numa estrutura de orientação personalizada (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Seis sequências de enrolamento de filamentos diferentes controlam a variação da camada e a orientação das fibras em cada ponto da casca para minimizar o consumo de material enquanto maximiza a rigidez da estrutura, resultando em significativa eficiência de material e leveza. O Pavilhão possui 8m de diâmetro e apenas 4mm de espessura de fibras de carbono e vidro (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Figura 09 — ICD/ITKE Research Pavilion 2012, Alemanha- Baseado na casca da Lagosta.

Fonte: University of Stuttgart / Acesso em setembro de 2019


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O ICD/ITKE Research Pavilion 2014-2015 (Figura 10) foi baseado no ninho subaquático da aranha d’água, que constrói uma bolha de ar dentro da água, reforçada sequencialmente por um arranjo hierárquico de fibras das teias dentro da estrutura, fazendo uma construção estável que pode suportar tensões mecânicas, como a mudança de correntes de água, garantindo um habitat seguro e estável para ela (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Este processo de produção natural mostra como as estratégias de fabricação adaptativas podem ser utilizadas para criar estruturas reforçadas com fibras eficientes. Através de um novo processo de fabricação robótica, uma cofragem pneumática inicialmente flexível é gradualmente reforçada com fibras de carbono a partir do interior. A concha compósita de fibra leve resultante forma um pavilhão com qualidades arquitetônicas singular, sendo ao mesmo tempo uma estrutura altamente eficiente em termos de material (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Figura 10 — ICD/ITKE Research Pavilion 2014-2015, Alemanha- Baseado no Ninho da Aranha d´água.

Fonte: University of Stuttgart / Acesso em setembro de 2019


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O ICD/ITKE Research Pavilion 2015-2016 (Figura11) foi o primeiro a empregar costura industrial em lâminas finas de compensado de madeira através da robótica em uma escala arquitetônica. A referência para isto foi o ouriço-do-mar em que se concluiu que a leveza do seu esqueleto depende também da geometria do sistema com articulações de zig zag, e isto desempenha um papel importante na manutenção da sua integridade durante exposição a forças externas e no seu crescimento. A introdução de métodos de amarração de fibras têxtil na construção de madeira permite cascos de madeira extremamente leves e com boa performance (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Figura 11— ICD/ITKE Research Pavilion 2015-2016, Alemanha- Baseado no Ouriço-do-mar.

Fonte: University of Stuttgart / Acesso em setembro de 2019


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De acordo com a pesquisa bibliográfica feita no website, o projeto HygroSkin - Meteorosensitive Pavilion (2013) (Figura 12), explora um novo modo de arquitetura sensível ao clima, usando apenas a capacidade de reação do próprio material, inspirado pelo movimento das pinhas. Ao contrário de outros movimentos de plantas que são produzidos por mudanças de pressão de célula ativa, este movimento ocorre através de uma resposta passiva às mudanças de umidade, portanto, não requer qualquer sistema sensorial ou função motora e é independente de qualquer função metabólica, portanto, não consome energia (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Dessa forma, a instabilidade da madeira em relação ao teor de umidade é empregada para construir uma pele arquitetônica sensível às condições climáticas que abre e fecha independentemente em resposta às mudanças de tempo, sem desperdício de energia nem qualquer tipo de controle mecânico ou eletrônico. Dentro da superfície côncava profunda de cada módulo fabricado roboticamente foi colocada uma abertura sensível ao tempo. A programação material do comportamento de resposta à umidade dessas aberturas abre a possibilidade de uma arquitetura de tamanha simplicidade, mas ecologicamente integrada com seu ambiente circundante (INSTITUTE FOR COMPUTACIONAL DESIGN AND CONSTRUCTION, acesso em setembro de 2019). Figura 12— Hygroskin- Meteorosensitive Pavilion, 2013, França.

Fonte: University of Stuttgart / Acesso em setembro de 2019


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Um exemplo de fachada inteligente mostrado no site do Biomimicry.org, é o projeto Solar Ivy (Figura 13) de captação de energia solar e eólica utilizado como revestimento de edificações. Foi desenvolvido pelos irmãos designers Samuel e Teresita Cochran durante um projeto acadêmico que mais tarde foi produzido pela Startup SMIT (Sustainably Minded Interactive Technology) montada pelos irmãos, no Brooklyn/NY. Trata-se de um sistema modular de geração de energia a partir da captação da luz solar (fotovoltaica) e energia eólica (gerador piezoelétrico flexível). Cada módulo tem 5 “folhas” solares que têm um gerador piezo muito flexível em sua haste que se parecem e se comportam como a planta Hera nas paredes, adornando qualquer superfície e sendo muito adaptáveis a todo tipo de edificação, além de facilmente substituíveis, facilitando a sua manutenção. Cada “folha” pode ser removida individualmente para reparos ou troca sem que se interrompa o funcionamento do sistema como um todo (BIOMIMICRY INSTITUTE, 30 de abril de 2012). Na natureza, a Hera é uma planta trepadeira que desenvolveu um processo adaptativo interessante, ao crescer verticalmente usando outra estrutura para suporte, ela recebe luz solar direta sem ter que competir com outras plantas. Este projeto soube tirar proveito desta característica de uso da verticalidade para se diferenciar dos painéis solares convencionais que geralmente ocupam muito espaço. O uso criativo de tecnologias de energia alternativa existentes e a incorporação intencional da ética do design sustentável, fazem com que esta analogia biológica simples se torne uma das tecnologias mais sustentáveis de energia solar e eólica do mercado (ASKNATURE TEAM, 1 de outubro de 2016). Figura 13 — Projeto Solar Ivy.

Fonte: Site Asknature/Acesso em Setembro de 2019


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Ainda relacionado a fachadas, outra grande obra arquitetônica, é o Centro aquático nacional de Pequim (Figura 14), projetado pelo arquiteto John Pauline, inspirado em um cubo de água. Ao olhar para cima, a sensação de quem entra no Centro Aquático Nacional é de estar debaixo d'água. Revestido de três mil gigantescas bolhas de plástico translúcidos e ultra-resistente, derivado do material estileno tetrafluoretileno. Seu sistema de iluminação, faz com que ele, sozinho, vire um espetáculo (FRANCO; ARCHDAILY BRASIL, 5 de dezembro de 2013). Figura 14 — Centro Aquático de Beijing, 2003, Pequim, John Pauiline

Fonte: Site ArchDaily Brasil/ Acesso em outubro de 2019


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Neri Oxman, arquiteta, designer e professora no Massachusetts Institute of Technology (MIT), de grande renome, incorpora arte e arquitetura inspirados na natureza e biologia. Em uma série de documentários originais de TV chamada Abstract: The Art of Design, Neri utiliza ecossistemas naturais como inspiração para um processo de produção de material que não produz desperdício. O que nos faz constatar, que temos uma quantidade infinita de conhecimento a ser adquirida do mundo natural que nos cerca. Uma de suas criações em estudo no MIT foi sobre o futuro dos edifícios de impressão 3D, como um novo tipo de arquitetura. Ela prevê edifícios com fachadas feitas de uma camada contínua de vidro impressa em 3D que controla a temperatura do interior e aproveita a energia solar, possibilitando assim, edifícios ambientalmente mais sustentáveis. Em um artigo sobre o assunto em questão Neri Oxman relata que essas tecnologias nos permitirão criar edifícios totalmente diferentes dos que habitamos hoje... o objetivo de imprimir edifícios não é uma questão de derramar “vinho novo em odres velhos”, mas sim de repensar toda a busca pela criação de habitat e expressão da forma... em vez de imitar a Natureza, agora podemos realmente projetar a Natureza” (OXMAN; ROSENFIELD; ARCHDAILY BRASIL, 29 de janeiro de 2013). O objetivo da Oxman é aumentar o relacionamento entre ambientes construídos, naturais e biológicos, empregando princípios de design inspirados e projetados pela Natureza e implementando-os na invenção de novas tecnologias de design. A aplicação da Biomimética no campo da arquitetura pode trazer grandes vantagens, pois, tanto os sistemas naturais como os diversos projetos arquitetônicos têm como objetivo desenvolver sistemas utilizando a mínima quantidade de recursos possíveis, de forma sustentável e respeitosa com o meio ambiente. Pode-se ter a percepção de que a Biomimética vai muito além de se inspirar somente em formas. O processo inicia com qual desafio de desempenho o projeto precisará cumprir a partir do contexto do projeto. Diante disso, foi realizado protótipos a fim de se observar e identificar quais desafios em cada projeto seriam resolvidos através da Biomimética. Dentre os projetos desenvolvidos, foram feitos estudos no Parque em Campos do Jordão, no Parque Ibirapuera, e em um terminal rodoviário (ARAUJO, et al., 2018).


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No caso do Parque em Campos do Jordão, uma cidade com clima predominantemente frio, encarou-se como desafio proporcionar conforto térmico aos visitantes e promover a integração dos atrativos do parque, facilitando o deslocamento entre eles. Para proporcionar conforto térmico aos visitantes, utilizou-se como fonte de inspiração o sistema circulatório dos homeotermos e o sistema circulatório do jacaré (Figura 15). A capacidade dos homeotermos de manter a temperatura do corpo acima do meio ambiente se relaciona com seu tipo de respiração e circulação, eles têm pulmões com grande área de trocas gasosas, circulação dupla e completa. Dessa forma, mantêm seus tecidos ricamente oxigenados, condição necessária para a manutenção da taxa metabólica elevada. No caso do jacaré, a regulação da temperatura corporal se dá pelo ambiente e por mecanismos comportamentais e fisiológicos. Um desses mecanismos é o aumento do fluxo sanguíneo da pele quando o clima está quente, para aumentar a absorção de calor (ARAUJO, et al., 2018). Para promover a integração entre os atrativos, considerou-se a estratégia das formigas (Figura 15) para otimizar o tempo da busca por alimento, demarcando os percursos mais curtos através da liberação de feromônios. Figura 15 — Esquema de Estudo

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


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A partir dos designs principles identificados, desenvolveu-se um sistema de distribuição de vapor (Figura 16 e 17) que mantém a temperatura ambiente do parque confortável que induz o fluxo de visitação. A liberação de vapor quente, considerado como mecanismo sensorial, tem o objetivo de tornar os caminhos entre os equipamentos do parque mais atraentes. Áreas de permanência do parque e mobiliário urbano também são aquecidas ou resfriadas pelo sistema de vapor, assim como as edificações. O sistema funciona de forma análoga ao sistema circulatório, promovendo a distribuição de vapor quente, que, após utilizado, é condensado e retorna à central de vaporização. As saídas de vapor ao longo do parque podem se tornar elementos lúdicos, que contribuem com os mecanismos sensoriais para demarcar as principais rotas (ARAUJO, et al., 2018). Figura 16 — Sistema de Vapor

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019

Figura 17— Esquema de Projeto


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Já no ensaio desenvolvido no Parque Ibirapuera, o desafio enfrentado era a redução dos poluentes do ar, considerando os altos índices de ozônio reportados pela CETESB. O ozônio produzido pelos veículos na capital paulista tem dois destinos: se extingue no próprio trânsito, reagindo com outros elementos químicos, ou segue pela atmosfera para regiões com baixa presença de moléculas de poluentes, a exemplo de parques e regiões distantes dos centros urbanos. A concentração de ozônio no Ibirapuera é mais alta justamente nos períodos de maior fluxo de visitação do parque, o que pode impactar os usuários. A alta concentração de ozônio é uma ameaça quando presente na troposfera, causando problemas respiratórios e, até mesmo, podendo danificar colheitas e edifícios (ARAUJO, et al., 2018). Com isso perguntou-se como a natureza faz para eliminar poluentes, coletar micropartículas e filtrar, na busca por soluções que possam reduzir o ozônio no Ibirapuera. Serviram como fonte de inspiração a Venus’ flower basket (esponja de vidro), peixes filtradores, como a Salpa marinha, plantas fitorremediadoras e wetlands. A partir desses organismos, foi proposta uma estratégia de filtragem do ar, utilizando os designs principles investigados (Figura 18) (ARAUJO, et al., 2018). Figura 18 — Design Principle- Estratégia de filtragem de ar.

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


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Para desempenhar as funções de cada etapa do processo de filtragem e renovação do ar foram propostos três elementos – a célula filtrante, a coluna de condensação e o dissipador. Buscou-se transpor as estratégias identificadas nos organismos para soluções arquitetônicas, desenvolvendo estruturas modulares capazes de efetuar essas funções e se combinar em diferentes arranjos. Com essas estruturas filtrantes, foram propostas áreas no parque com baixa concentração de ozônio, onde as pessoas podem desfrutar de um ar limpo (Figura19) (ARAUJO, et al., 2018). Figura 19 — Esquema das Estruturas Filtrantes..

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


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O desafio no projeto do terminal rodoviário era o excesso de calor e umidade do local. Buscou-se na natureza organismos capazes de reduzir a absorção térmica, regular a temperatura interna em ambientes muito quentes e controlar a umidade elevada. O Caramujo do deserto (Sphincterochila Boisseri) serviu como inspiração, pois a alta refletividade da superfície da concha, somada à lenta condução de calor pela presença de bolsas de ar no interior da sua estrutura, permitem que o caramujo mantenha uma temperatura corporal abaixo da temperatura externa. Outra fonte de inspiração foi o cactus, cuja forma apresenta diversas estratégias para proteger sua superfície do sol e minimizar a radiação de calor, como as nervuras verticais e os espinhos (Figura 20 e 21) (ARAUJO, et al., 2018). Figura 20 — Design Principle- Estratégia para absorção térmica.

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


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A partir da identificação das estratégias utilizadas pelos cactos e caramujos para superar o calor e a umidade, foi proposta uma cobertura que incorpora esses designs principles.

Figura 21— Design Principle- Estratégia para absorção térmica.

Fonte: Site ArchDaily Brasil / Acesso em outubro de 2019


ENSAIO PROJETUAL


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4. ENSAIO PROJETUAL: FAVO CULTURAL A proposta objetiva aplicar os conceitos e fundamentos teóricos explorados nos capítulos anteriores, buscando extrair as potencialidades pertinentes à arquitetura Biomimética. O ensaio projetual envolverá o estudo da forma e da estrutura de elementos inspirados da natureza e utilizará esse estudo no desenvolvimento de uma estrutura modular para um pavilhão multiuso. O ensaio projetual dedicou-se ao desenvolvimento de um pavilhão destinado à uma instalação temporária, que poderá ser eventualmente desmontado e levado para outro espaço da cidade. Destina-se a usos variados, com funções de usos diversos para a comunidade local.

4.1. ÁREA DE INTERVENÇÃO Buscou-se encontrar uma região carente de espaços públicos de uso livre, para a possível instalação temporária de um pavilhão que atenderia famílias, grupos e atividades de pequeno porte em um terreno ocioso. Para isso foi escolhido para a implantação do pavilhão um terreno situado no bairro de Jaburuna, na cidade de Vila Velha -ES que são predominantemente de uso residencial e comercial.

A região escolhida apresenta uma importância na preservação cultural e ambiental. A escolha do terreno levou em consideração as características que o local apresenta, bem como sua proximidade com áreas de preservação, no caso, o parque morro da manteigueira. Trata-se de um terreno amplo que se conecta a duas ruas paralelas, tendo como a principal, a Av. Jerônimo Monteiro e Travessa Pacoba. Possui dimensões consideráveis para acomodar instalações arquitetônicas, com área aproximada de 4.000m², 140m de extensão e uma largura de 39m com topografia plana e sem curvas de nível (Figura 22).


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Um dos objetivos será proporcionar uma relação harmoniosa com a vegetação e o contexto local existente. Atualmente o local está protegido por um muro de concreto em suas extremidades, separando assim das edificações existentes em seu entorno. O terreno é uma área de propriedade privada. Objetiva-se propor um benefício ao proprietário, como descontos em IPTU, enquanto o terreno estiver sendo usado para a instalação temporária, com a concessão da prefeitura, desde que esse terreno fosse concedido para atividades de uso público. Figura 22 — Localização do Terreno

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)


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De modo aéreo, a figura 23 exibe onde está inserido o terreno com relação as ruas principais de acesso. Enquanto as figuras 24 e 25 apresentam as vistas dos principais acessos entre as testadas do terreno, tanto para a avenida principal quanto para a rua local. Figura 23 — Ruas de Acesso ao Terreno.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)


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Figura 24 — Visuais do Terreno – Avenida Jerônimo Monteiro

Figura 25— Visuais do Terreno – Travessa Pacoba

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)

De acordo com o PDM de Vila Velha – Lei nº 4.575/07 – O terreno está inserido na zona de proteção do ambiente culturalZPAC 2 (Figura 26 e Tabela 04) que se constitui de áreas centrais destinadas à proteção do patrimônio ambiental, histórico e cultural, com o objetivo de garantir a preservação e proteção dos bens existentes. São classificados pelo PDM de Vila Velha como alguns objetivos: proteger os remanescentes florestais e afloramentos rochosos que integram a área urbana; garantir a ambiência dos cones visuais do Convento da Penha; incentivar a instalação de atividades complementares ao turismo em suas várias modalidades; introduzir novas dinâmicas urbanas.


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Figura 26— Mapa de Zoneamento demarcando a localização do terreno

Fonte: PDM de Vila Velha, adaptado pela autora (2020)

Tabela 05 — Índices Urbanísticos relativos a zoneamento do terreno COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO

AFASTAMENTO

ALTURA MÁXIMA

GABARITO

TAXA DE

TAXA DE

(CA)

FRONTAL

DAS EDIFICAÇÕES

MÁXIMO

OCUPAÇÃO

PERMEABILIDADE

MÍNIMO

(m)

(%)

(%)

50

10

ZONA

MÍNIMO

BÁSICO

MÁXIMO

(m) 12

ZPAC2

-

3

-

4m

Fonte: PDM de Vila Velha, adaptado pela autora. (2020)

40,50m

Pavimentos


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É necessário dar mais atenção aos pedestres para tornar o local com mais vitalidade, estimulando assim, novos usos com espaços públicos de qualidade, elevando a segurança do local. O bairro é carente de atrações e espaços públicos, mas em relação as atividades econômicas, o comércio próximo local é o forte, pois nele situa-se o polo de moda da glória e a fábrica de chocolates garoto. O bairro emprega de comércio, restaurantes, supermercado, e os serviços públicos oferecidos como escolas, posto de saúde, delegacia, entre outros (Figura 27). Figura 27 — Análise do entorno

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)


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O uso do solo se define principalmente por edificações residenciais com tipologias construtivas tradicionais e algumas contemporâneas. A maioria apresenta em média até 3 pavimentos, o que gerou o estudo da volumetria, em comparação aos gabaritos do entorno (Figura 28 e 29). Figura 28— Relação escala dos edifícios do entorno- Av. Jerônimo Monteiro

Figura 29— Relação escala dos edifícios do entorno- Tv. Pacoba

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)

O terreno possui localização privilegiada para os usuários pelo fato de estar na avenida principal de acesso e por ser um terreno de “passagem” que possibilita a ligação de duas vias, sendo elas, uma arterial (Av. Jerônimo Monteiro) e local (Tv. Pacoba). A pavimentação das vias é em geral asfaltada e encontra-se em bom estado de conservação, assim como as calçadas. Pode-se identificar em algumas vias locais, pavimentação de paralelepípedos em áreas de concentração residencial de baixo gabarito, que por consequência, os carros diminuem a velocidade, tornando o ambiente menos ruidoso e mais calmo. Diariamente, muitas pessoas fazem o percurso por diversos motivos sejam eles rotineiros ou esporádicos.


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Em relação ao fluxo de pessoas (Figura 30) e veículos, em frente ao terreno, a movimentação se dá pela ida e volta de moradores deste bairro à serviços próximos como o supermercado, escolas, comércios e passagem para bairros e cidades vizinhas, assim como também, turistas para visita à fábrica de chocolates garoto. Notou-se que o local é utilizado de forma mista pela população, abrangendo toda faixa etária, além do fluxo intenso de pessoas e de veículos em horário comercial. No entanto, de noite é pouco movimentado por pedestres, por não possuir nenhum atrativo de lazer, resultando assim, em um ambiente ermo e inseguro. Figura 30— Mapa de caminhabilidade

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)


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Identificar os ventos predominantes é um fator importante a ser considerado, devido ao emprego de estratégias bioclimáticas a serem adotadas para o conforto térmico da cobertura. Toda área receberá os ventos predominantes agregado juntamente com o sombreamento dinâmico da cobertura de brises. A temperatura média de 24º favorece o clima, mantendo o local agradável. Não existem muitos agentes poluidores, somente os ruídos dos carros quando passam na avenida principal. Outro aspecto relevante é a orientação solar, que é determinante para o conforto térmico no projeto (Figura 31 e 32). Figura 31— Contexto Ambiental

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora (2020)


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Figura 32 — Estudo de Insolação

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Após pesquisas e análises, foi possível definir os condicionantes essenciais do projeto. Portanto, considerando seu potencial, o projeto em estudo visa criar uma estrutura arquitetônica que se integre ao local de forma harmoniosa, atendendo as necessidades da comunidade, beneficiando a região e despertando a curiosidade e interesse sobre o tema em questão.


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4.2. ENSAIO PROJETUAL 4.2.1 Diretrizes Segundo Benyus (2013), são critérios Biomiméticos que podem ser aplicados: ✓ Usar resíduos como recursos; ✓ Diversificar e cooperar como forma de usar completamente o habitat; ✓ Assimilar e usar energia eficientemente; ✓ Aperfeiçoar no lugar de explorar ao máximo; ✓ Usar materiais parcimoniosamente; ✓ Não sujar sua morada; ✓ Não esgotar recursos; ✓ Manter-se em equilíbrio com a biosfera; ✓ Operar com base em informações; ✓ Consumir os recursos do próprio habitat.


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Com base no que foi apresentado sobre o tema e fazendo ligação com os aspectos sociourbanístico ambientais, temos a seguinte análise na tabela a seguir: Tabela 06 — Critérios sociourbanístico ambientais ASPECTOS CONSIDERAÇÕES Social Gera renda ou custo ao usuário? Urbano Ambiental

Gera melhoria na qualidade da arquitetura? Gera que tipo de impacto ao meio ambiente?

FATORES Eficiência energética. Modelos para serem aplicados à sociedade. Avanços de campos da ciência, que possibilitam a compreensão e utilização de tecnologias presentes nos seres vivos, para as construções. Compreensão de como a questão ambiental é uma emergência mundial, percepção a respeito da escassez de recursos e de suas consequências.

Fonte: Autora.

Para a realização do ensaio projetual foram estabelecidas algumas diretrizes para o partido arquitetônico: a) Conceber uma volumetria dinâmica e com uma escala compatível com o entorno. b) Utilização de materiais de baixo impacto ambiental como a madeira ambientalmente correta, de reflorestamento (Eucalipto), tratada e com proteção contra intempéries e incêndios. c) Definir fluxos e usos de acordo com a análise do terreno, como também o conforto ambiental possibilitando o controle da luz e sombreamento em relação a volumetria.

4.2.2 Definição da estrutura e Biomimética A concepção estrutural deste projeto parte de uma geometria hexagonal inspirada nos favos de mel, formadas pelas abelhas, que possuem estratégias biológicas eficientes das quais podemos tirar proveito. O calor corporal das abelhas ajuda a criar ângulos e tamanhos precisos nos favos de mel pela cera termoplástica, amolecendo e endurecendo como resultado do aumento e diminuição da temperatura (Figura 33). Ou seja, uma estrutura que corresponde as mudanças de temperatura no ambiente.


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A forma hexagonal é a melhor maneira de aproveitar bem os espaços. Outra particularidade estudada das colmeias é que sua estrutura se inicia pelos cantos e vão ao centro. Com isto, o pavilhão “Favo Cultural” proposto imita a função, forma e cor das estruturas dos favos de mel encontrados nos ninhos de abelhas e vespas. Um de seus conceitos principais, estudados da Biomimética, é a prática de analisar e imitar a vida, redesenhando uma forma treinada. Figura 33 — Favo de Mel

Fonte: Site Asknature / Acesso em Maio de 2020


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Partindo da análise da colmeia de abelha foram definidos os módulos que irão compor a estrutura do pavilhão. Projeto de montagem seca, intuitiva, dinâmica e simplificada. Suas peças puras e leves, compõe módulos em forma hexagonal com diâmetros de 2m, 3m, e 6m que serão encaixadas nos pilares, também em madeira maciça, por recortes feitos na madeira e fixadas por parafusos metálicos com proteção contra oxidação para sustentação da cobertura (Figura 34 e 35). Figura 34 — Detalhamento- Módulos

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 35 — Fixações

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Os módulos são compostos por três camadas de materiais, o principal deles é o forro de OSB (Oriented Strand Board) o famoso e conhecido Painel de Tiras de Madeira Orientada, em tradução livre. O OSB é uma placa composta por tiras de madeira de reflorestamento, logo apresenta um menor impacto ambiental, além de ser um produto resistente, estável e versátil. A estrutura deve oferecer uma alta relação resistência/peso dos materiais para aplicações de alto desempenho. Uma estrutura de escala pensada para o pedestre e a vegetação do local, a qual permite o crescimento e flexibilidade da planta, trabalhando assim, com duas medidas de altura para a cobertura (Figura 36). O padrão espacial, estrutural e bioclimático resulta de módulos mistos, formados por 2 módulos de hexágonos de bases fechadas com tamanhos distintos, 1 módulo de base aberta para o crescimento das árvores e 1 módulo de hexágono com brises. Ambos permitem repetição, flexibilidade e adaptação para cada obra que for inserida.


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Figura 36 — Vista Longitudinal - Escala do Pavilhão

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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4.2.3 O pavilhão O pavilhão está dividido em dois setores: Setor Colmeia e Setor Floresta. O espaço proposto em setorização permite um pavilhão de apoios estruturais e concentrações de jardins. Tal disponibilidade permite mesclar as diversas atividades (eventos comunitários, atividades físicas e recreativas, meditação, feiras de pequeno porte etc) e espaços de passagem e permanência com o jardim e o clima. (Figura 37 e 38) Figura 37 — Setorização

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 38 — Implantação.

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Os demais materiais que foram utilizados na composição do forro da estrutura, foi uma camada de isopor acima do OSB e a manta sintética de EVA (Acetato Vinilo de Etileno), um material de alta qualidade para vedação contra intempéries e proteção da estrutura de madeira. Materiais estes, pensados com a finalidade de manter-se em equilíbrio com a biosfera (Figura 39). Figura 39 — Detalhamento-Camadas da Estrutura

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 40 — Vista Longitudinal

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

O mobiliário elaborado em módulos, trazem o mesmo material e contexto da forma dos hexágonos de brises. Módulos eficientes, inteligentes e de formas puras e dinâmica pois possuem um redesenho a qual se possibilita ser encaixado entre os pilares, como também para ser deslocado e utilizado em outros cantos do pavilhão de acordo com as necessidades dos usuários. Sua forma em ripas de madeira permite que a água da chuva escorra entre as peças e não acumule água e sujeira em sua superfície, sendo assim auto-limpante. O mobiliário também possui em um dos módulos um encosto flexível, ao qual o próprio usuário poderá levantar e abaixar quando for necessário. Serão 3 módulos funcionais e didáticos que possuem uma variedade de encaixes e formas (Figura 41 e 42).


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Figura 41 — Detalhamento Mobiliårio

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 42 — Formas de encaixes

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Em relação ao paisagismo, o setor floresta dará ênfase as massas de vegetações em sua extensão, que além de conforto térmico e ambiental embeleza e traz mais vida ao pavilhão, melhorando a sua ambiência a partir de análises que verificam aspectos como ventilação, orientação solar, acessos e ruídos. Foram inseridas árvores de porte médio, arbustos e forrações para a área do pavilhão. O partido da escolha da paginação de piso destaca-se por suas formas puras e geométricas remetendo o mesmo contexto da estrutura e sua funcionalidade, que foram buscadas desde a primeira concepção do projeto. O material escolhido como técnica construtiva foi o piso drenante, que possui uma solução tecnológica sustentável para áreas externas, permitindo a absorção da água pelo solo, logo, são ecologicamente corretos e possuem bom isolamento térmico, pois reduzem a absorção de calor. (Figura 43 e 44) Figura 43 — Paginação de Piso

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 44 — Perspectiva paginação de Piso e paisagismo: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Existem diversas empresas que fabricam os pisos drenantes, assim como a matéria prima utilizada. Alguns dos materiais utilizados no processo de fabricação são provenientes de resíduos reciclados como grânulos de borracha de pneu, fios de garrafa pet, fibra de coco e borracha triturada e em outros casos apenas pedras brasileiras (INOVAT, 26 de fevereiro de 2015).


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Figura 45 — Vista do observador, exibindo a rua elevada e o Pavilhão em anexo: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 46 — Vista do observador, exibindo uma das extremidades do Pavilhão: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 47 — Vista do observador, exibindo espacialidade interna do Pavilhão e sua cobertura no setor colmeia : Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 48 — Vista do observador, exibindo espacialidade interna do Pavilhão e sua estrutura em brise no setor Floresta : Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 49 — Vista do observador, exibindo atividades ao Público: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 50 — Vista do observador, exibindo atividades de Feiras de pequeno porte e Lazer: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 51 — Vista do observador, exibindo uma das extremidades do Pavilhão: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).


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Figura 52 — Vista aérea do Projeto: Renderização 3D Lumion

Fonte: Elaborado pela autora (2020).



CONSIDERAÇÕES FINAIS



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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema deste trabalho – Arquitetura Biomimética – foi de grande valor no que se refere a realização de novas formas e práticas de projeto baseado na biologia, o que hoje ainda é pouco aprofundado e explorado em seu conceito. O estudo da Biomimética permite o aprendizado e a prática de uma ferramenta de projeto capaz de aprofundar o olhar investigativo diante da natureza, provendo contribuição técnica para um melhor entendimento do sistema natural do qual fazemos parte. Muitas vezes a solução projetual que buscamos pode vir de estratégias utilizadas por organismos vivos, com isto, precisamos ter a sensibilidade para observá-los de forma investigativa. O arquiteto pode e deve se apropriar desses princípios para lançar-se à criação de produtos mais inteligentes, que aliem estética, economia e funcionalidade. A Biomimética incentiva, portanto, uma perspectiva de inovação baseada na natureza. O estudo teórico acerca das aplicações da Biomimética no desenvolvimento de projetos arquitetônico reuniu métodos, conceitos e exemplos de aplicação que podem despertar a criatividade e, ao mesmo tempo, o pensamento crítico a respeito do resgate do equilíbrio entre a ação humana e a natureza. A inspiração Biomimética pode conscientizar-nos da necessidade de adotarmos os padrões e critérios de sobrevivência adaptada ao meio ambiente, pois a mesma, é uma solução sustentável para problemas reais que afligem o ser humano moderno, cujos valores éticos envolvendo o meio ambiente foram se desfazendo ao longo do tempo e que hoje devem ser retomados, a fim de preservar o mundo no qual pertencemos. Segundo Benyus (2013) alguns dos critérios a serem adotados para aplicação da Biomimética, seria a utilização de resíduos como recursos; Uso materiais econômicos; Consumo dos recursos do próprio habitat e manter a biosfera em equilíbrio. Diante disto, foi possível elaborar uma proposta projetual que atendesse aos critérios da Biomimética, contendo materiais de baixo impacto ambiental, utilização de recursos renováveis e a elaboração de uma estrutura que está em equilíbrio com a biosfera, compreendendo assim, o conceito e as estratégias da Biomimética.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO; Lima; Machado; Ximenes, A. (19 de 09 de 2018). Inspiração na natureza muito além da forma: a biomimética na arquitetura. Fonte: Archdaily: https://www.archdaily.com.br/br/902325/inspiracao-na-natureza-muito-alem-da-forma-a-biomimeticana-arquitetura

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