Trivela 11 (jan/07)

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Ricardo Rocha alternativo, por Ubiratan Leal

N

A estranha história do novo técnico de

Cabo Verde Ricardo Rocha, que não é “aquele”, é o novo treinador da seleção africana. O que ele foi fazer por lá?

descarta essa hipótese. Até porque, em 15 de novembro, o estádio já entrou em reforma, bancada pela Fifa. Alfredo Gregor Delgado, equatoriano presidente da Mega Sport, diz não conhecer o motivo de a empresa estar envolvida na contratação de Ricardo Rocha para a seleção de Cabo Verde. “Ele nos representa em alguns negócios que fazemos no Brasil para a construção de estádios. Essa relação com Cabo Verde foi tomada no Brasil e não tenho muitas informações ainda”, comenta. No site da Mega Sport, Ricardo Rocha é identificado como representante da empresa em Camboriú e “mundialista de Brasil” (permitindo a confusão com o Ricardo Rocha famoso). Além disso, em eventos oficiais, a federação de futebol de Santa Catarina já se referiu ao técnico de Cabo Verde como agente de jogadores. Rocha diz que se tratar de uma confusão e que foi contratado como técnico por sua experiência em trabalhos em categorias de base e intercâmbio de jogadores. Um técnico mais conhecido por ser agente de jogadores. Uma federação de um país africano com pouca tradição no futebol. Uma empresa que constrói estádios e que não sabe bem de que maneira participa da operação. Tudo isso forma um quebra-cabeça com muitas perguntas e poucas respostas. Pelo menos explícitas.

Janeiro de 2007

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Ricardo Cordeiro da Rocha: técnico ou empresário de jogador?

Divulgação

o meio de novembro, a imprensa brasileira divulgou uma surpreendente notícia: Ricardo Rocha, ex-zagueiro do São Paulo e da Seleção de 1994, seria o novo técnico da seleção de Cabo Verde. Após uma rápida pesquisa, a notícia já não parecia tão quente assim: o Ricardo Rocha que treinaria a seleção africana não era aquele, mas sim Ricardo Cordeiro da Rocha, de 41 anos, ex-jogador com passagens por Vasco, Palmeiras, Santos, Lazio e Fiorentina, além de experiência como técnico na seleção de Santa Catarina e Figueirense. Seu salário seria pago por uma empresa, a Mega Sport. Pelo menos foi isso o que disse a federação local. “Fiz questão de ligar para o Ricardo Rocha e esclarecer qualquer dúvida. Nunca quis usar o nome dele”, afirmou à Trivela o novo técnico caboverdiano. Sobre seu currículo, informa: “Comecei nas categorias de base do Palmeiras e fiquei lá até os 15 anos, quando fui para o Vasco. Dois anos depois, fui para a Itália, onde defendi a Lazio e a Fiorentina, sempre nas categorias de base”. Como profissional, seu currículo seria mais discreto. “Passei em clubes pequenos da Itália, como a Lodigiani, antes de encerrar a carreira por contusão. Depois, fui para o Kuwait e fiz curso de técnico em 1997, quando iniciei a nova carreira. Trabalhei com times como a Camboriuense-SC e seleções sub-20 de Santa Catarina”. Para o presidente da entidade cabo-verdiana, Mário Semedo, o currículo como treinador foi convincente. “Contratamos o Ricardo Rocha pelas informações que recebemos de seu trabalho e porque vem com uma comissão técnica experiente”. O dirigente confirmou a informação de que Rocha atuou em Fiorentina e Lazio, mas não soube explicar qual o interesse da Mega Sport, que trabalha na construção de estádios, em patrocinar a comissão técnica de sua seleção. Pelo seu campo de atuação, a empresa poderia até pensar em reformar o Estádio da Várzea, o maior do país, mas a própria federação local

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