Hipertexto Janeiro/Fevereiro 2011

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lazer Fotos Joana Barboza/ JM

Hoje há corridas de cavalo apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, em Porto Alegre, quase sem nenhum registro na imprensa

Velho turfe ainda leva centenas de pessoas ao Hipódromo do Cristal

MODALIDADES DE APOSTAS

O esporte mais tradicional do mundo segue no páreo Por Joana Barboza Soa o primeiro alarme. É o sinal para os desavisados. Os cavalos, guiados por seus diminutos jóqueis, são posicionados nos boxes. Os expectadores das arquibancadas correm para perto da pista. A sirene toca mais uma vez; é dada a largada. Esse mesmo ritual acontece hoje apenas uma vez por semana no Hipódromo do Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. Antes havia mais corridas, as noturnas e nos fins de semana, como em complexos maiores, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, que acontecem páreos até quatro vezes por semana. Na capital gaúcha, o hipódromo tem duas pistas em circuito oval, uma por fora, de areia, e outra por dento, de grama. Apesar de ser considerado mais apreciado pela elite, o turfe é até bem democrático. Na arquibancada, pelos rostos que torcem pelo cavalo escolhido, é possível observar desde pessoas humildes até donos de haras. O presidente da comissão de

corridas do Jockey Clube da cidade de São Vicente, em São Paulo, Sílvio Senna, vê uma explicação para o fascínio ainda causado nas pessoas as corridas de cavalo. “O turfe é emocionante, não só pela beleza da disputa de um dos animais mais harmoniosos da natureza, mas também porque representa um desafio para quem aposta”, afirma o também responsável pelo Blog do Senna. No entanto, este esporte e lazer, um dos esportes mais tradicionais do mundo, luta para seguir no páreo. Pessoas continuam indo prestigiá-lo, porém não mais como antigamente. Em Porto Alegre, milhares adeptos lotavam o Hipódromo Cristal no Prêmio Bento Gonçalves e outros menos famosos. Hoje, apenas algumas centenas de pessoas ocupam as arquibancadas. Embora a atividade de criação seja tradicionalmente exercida por pessoas de classes abastadas, pelos altíssimos custos que requer, as apostas são efetuadas por turfistas de todas as classes, mesmo com pequenas quantias.

Tipo de apostas mais comuns: - Vencedor: também conhecida como ponta, é a aposta direta no cavalo ganhador. - Placê: vale se o cavalo apostado chegar em primeiro ou segundo lugar. - Dupla: o apostador deve selecionar dois animais, sendo que um deles deve chegar em primeiro e o outro em segundo lugar, independente da ordem. - Exata: também conhecida como dupla-exata, consiste em acertar o primeiro e o segundo colocados na ordem correta de chegada. - Trifeta: são os três primeiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples - Quadrifeta: são os quatro primeiros colocados na ordem correta. Pode-se fazer apostas simples.

Eles continuam fiéis ao esporte dos aristocratas

A mídia esqueceu o jóquei clube O espetáculo oferecido pelos jóqueis clubes do Brasil passa por uma fase turbulenta em sua história. A falta de divulgação resultante da inexistência de marketing das próprias entidades organizadoras de corridas, somadas à redução paulatina de público leitor, afastou as grandes mídias impressas, o que por sua vez fez com que o esporte não seja mais tão noticiado. Jornalista especializado, Senna acredita que essa crise dá-se,

também, devido “ao amadorismo da maioria dos gestores, do advento de muitas modalidades de apostas (loterias, bingos) e da falta de renovação de público (hoje a frequência é majoritariamente de pessoas com mais de 50 anos).” O proprietário Jornal do Turfe, Marcus Rizzon, afirma que o público só vai aos Grandes Prêmios. “O turfe decaiu nas últimas duas décadas, perdeu público, não teve renovação e perdeu espaço na

mídia aberta. Os criadores e proprietários resistem pela paixão. As pessoas confundem o esporte com jogo de azar. O que poucos sabem é que a promoção de corridas de cavalos e venda de apostas em território brasileiro é regida por lei federal”, destaca o jornalista que resiste contra a decadência dos jóqueis clubes, editando há 16 anos um semanário com tiragem de seis mil exemplares e distribuição gratuita.

Porto Alegre, janeiro-fevereiro 2011

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