Agora / Ágora - Criação e Transgressão em Rede

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Fragmentos do aqui e agora ANGÉLICA DE MORAES

A ideia central do projeto Agora/Ágora: Criação e Transgressão em Rede e da exposição Instantâneo Simultâneo é espelhar, questionar e celebrar, em dois planos de ação (físico e virtual), a mudança de percepção do tempo ocorrida na contemporaneidade. Celebrar e questionar o modo cada vez mais veloz do nosso estar no mundo hoje. Porque o indivíduo contemporâneo não mais vive em uma única dimensão. Ele é real e virtual. Tudo ao mesmo tempo. Sabemos, até a mais funda angústia ou o mais delirante maravilhamento, a impossibilidade de abarcarmos em uma única existência a enorme expansão espaço-temporal da produção e acúmulo do conhecimento. Admirável Mundo Novo (Brave new world), como bem definiu Aldous Huxley. Nossa noção de mundo não mais se estabelece pela narrativa ou pela análise lógica de causa e efeito, que herdamos da filosofia grega. Ela se faz do aqui e agora, da justaposição e da articulação possível, em determinado instante, de noções fragmentárias de um universo de informações cada vez mais expandido e mutável. À síntese aristotélica se sobrepõe a noção do rizoma (Deleuze e Guattari) (1), das raízes que se multiplicam em infinitos desdobramentos e fluxos de idéias, em cartografias do provisório. A temática do tempo está enfatizada ao longo de todo o percurso da mostra Simultâneo Instantâneo pela imbricação e coexistência de opostos e complementares. O elenco reúne 14 artistas nacionais e internacionais em torno da passagem rápida do tempo sobre as coisas e o resultado disso para o entendimento do nosso mundo atual. Todas as obras escolhidas, mesmo nas mídias tradicionais (pintura, escultura e desenho), envolvem esse tema ou foram feitas em meios expressivos que utilizam o tempo (filme, vídeo, fotografia, videoinstalação).


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