Estrêlas no Chão - Chico Xavier

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Punha meu rosto na brasa. Todo o assunto, em andamento, Era simples zombaria; Cochicando, a meu respeito, O grupo falava e ria. O amigo Tonico Sales, Apontando-me a carcaça, Comentava que eu morrera, De tanto beber cachaça. O Adão dizia que eu, Andava sempre na “chuva”, Mas carregava nas costas, Muito choro de viúva. O guarda puxou-me o braço, Para eu deixar o velório, Mas eu disse ter receio, Do inferno e do purgatório. Ele, porém, me explicou, Alegre e calmo, sorrindo: - Avelar, do purgatório, Você hoje está saindo. Então, procurei a rua, E larguei os gritos meus: - Adeus, Terra!...Adeus, meu povo! Purgatório, adeus, adeus!

DESPEDIDA MATERNA Casimiro Cunha Recordo, filho meu... A tarde se enovela. Quase noite... Nós dois e a dor indefinida... Os soluços de mãe, na extrema despedida... Os soluços do filho ao separar-se dela. Crisântemos no chão e vozes na capela... Abraças-me na sombra... Abraço-te vencida, Arrasada de pranto... É a hora da partida... Sinto os braços de alguém, rente à cova singela. Quanto tempo se foi!... Hoje, volto a beijar-te, Filho do coração que vejo em toda parte...

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