Arte: Um instrumento transformador

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Arte: Um instrumento transformador HUMA: Proposta para um modelo de reinserção social incluso

muitos como uma linguagem universal. Talvez por isso, tem sido apontada como um eficaz meio de educação e vários intelectuais têm feito a apologia da arte como componente indispensável da educação: Read (2001), Santos (1989), Best (1996), entre outros. Em Portugal, Arquimedes da Silva Santos, um proeminente pedagogo da segunda metade do século XX, fez uma defesa enérgica da Educação pela Arte e, se bem que este se refira mais especificamente a jovens estudantes, as suas premissas extrapolam-se sem risco de equívocos para outros contextos pedagógicos. Segundo este pedagogo enveredar pelo caminho da educação pela arte “… decorre do encontro da pedagogia moderna com as novas experiencias artísticas, promove(rá) a formação humanística do indivíduo, pela integração e harmonia de experienciações e aquisições, facilitando mesmo o aproveitamento escolar… num equilíbrio físico e psíquico”. (Best, 1996, p.24). Herbert Read no seu livro Educação Pela Arte (2001) expôs a sua tese na qual a arte devia ser o alicerce do processo educativo. Aliás, a tese que ele defende não representa uma novidade; é uma questão com séculos que tem sido sustentada pelos mais brilhantes pensadores da história: Platão foi, talvez o primeiro, a mencionar a função que a arte podia ter na educação. Foi seguido por muitos que admitiram as virtudes que a arte possuía e que podiam ser aplicadas ao processo educativo, contudo “… os intelectuais têm jogado com a sua tese como com um brinquedo: reconheceram a sua beleza, a sua lógica, a sua perfeição; mas nem por um instante consideraram a sua exequibilidade”. (Read, 2001, p. 13). Hoje, como ontem, continuamos em Portugal presos a velhos modelos esgotados, sem ambição e sem perspectivas de mudança. Não se trata apenas de reformar o modelo educativo com o objectivo único de optimizar o aproveitamento individual de cada estudante; é muito mais do que isso - trata-se de escolher o tipo de sociedade que queremos desenvolver. Read (2001) refere-se ao dilema que representa escolher um modelo educativo e quais as suas consequências sociais. “A escolha será então entre a variedade e a uniformidade: entre uma concepção de sociedade como uma comunidade de pessoas que procuram o equilíbrio através do auxilio mútuo e uma concepção de sociedade como uma colecção de

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