TransMissão n.º13

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A fechar a mesa-redonda, o Prof. João Silva, urologista no CHUSJ e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, incidiu na transplantação renal, particularmente na preservação de rins com recurso a máquinas de perfusão, uma tecnologia que ainda não é utilizada em Portugal. «As máquinas de perfusão hipotérmicas são utilizadas há mais de uma década, com bons resultados. As últimas meta-análises demonstram uma diminuição da taxa de função tardia, uma melhor taxa de funcionamento de aloenxertos e uma série de potencialidades, como a administração de fármacos. É um mundo novo por descobrir», afiançou o urologista. Na sua apresentação, João Silva falou ainda das máquinas de perfusão normotérmicas, que começam a ser utilizadas no Reino Unido e que trazem mais vantagens em termos de preservação do órgão e da administração de fármacos. «Estas máquinas permitem recuperar rins rejeitados, tornando-os viáveis. Numa época de escassez, resgatar órgãos que estariam condenados é uma vantagem fantástica», rematou. Dr.ª Susana Sampaio, Prof. Paulo Dinis, Dr. Domingos Machado, Dr.ª Margarida Ivo, Dr. Paulo Calvinho, Prof. Arnaldo Figueiredo, Dr. José Pedro Neves, Prof. João Silva e Dr. João Santos Coelho

de insuficiência hepática no pós-operatório, daí a importância de o recetor estar clinicamente apto para tolerar este problema. Já a colangiopatia isquémica coloca desafios na sobrevida dos recetores, sendo a principal causa de retransplante e de mortalidade.» Apesar dos riscos, o cirurgião é perentório relativamente à importância do transplante hepático com dadores em paragem cardiocirculatória: «há sempre risco ao transplantarmos com este tipo de dadores marginais, mas também há o perigo de os doentes morrerem em lista ativa no caso de não transplantarmos. Tomamos as decisões em função da avaliação do dador e do recetor disponíveis, para bem dos doentes.» Por seu lado, o Dr. Paulo Calvinho debruçou-se sobre o transplante pulmonar com dadores em paragem cardiocirculatória, uma opção que está a começar a dar os primeiros passos em Portugal. «Num estudo internacional que apresentei, num hospital onde se registaram cerca de 800 óbitos, entre 30 a 70 poderiam ser aproveitados como dadores multiórgãos, entre os quais 30 pulmões. Não teremos logística para obter estes números nos hospitais nacionais, mas esperamos incrementar cerca de 5% ou 10% a nossa pool de dadores», adiantou o cirurgião cardiotorácico. Para tal, acrescentou, é fundamental a tecnologia ex vivo, utilizada para avaliar e recondicionar pulmões. «Esta tecnologia permite recuperar pulmões com edema e reaproveitar mais pulmões que, em outras circunstâncias, seriam recusados, pois estamos salvaguardados com a tecnologia descrita, bem como criar protolocos de investigação básica e translacional. Estamos a começar a utilizar tecnologia e esperamos demonstrar em breve o trabalho desenvolvido», adiantou. O transplante cardíaco esteve em análise pelo Dr. José Pedro Neves, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do CHLO/HSC. Começando por ressalvar que «o coração tem características muito diferentes dos outros órgãos, nomeadamente o tempo de tolerância à isquemia», o especialista sublinha que o transplante de dador em paragem cardiocirculatória e, inclusive, a possível introdução de dadores de categoria III de Maastricht (não permitida pela legislação atual), não são tão vantajosos na transplantação cardíaca como na de outros órgãos, por exemplo, o rim. A necessidade de aumentar o número de dadores, contudo, mantém-se, estando a taxa de aproveitamento nacional abaixo da média europeia. «Normalmente, temos cerca de 200 dadores por ano, com uma taxa aproveitamento de cerca de 12%, enquanto outros países têm entre 25% a 30%. Como podemos melhorar? É a pergunta de um milhão de dólares», lamentou José Pedro Neves.

BOLSAS ATRIBUÍDAS NA REUNIÃO (REFERENTES A 2018)

Bolsas de Apoio à Publicação de Artigos Científicos SPT/ /Novartis (500 euros cada) «Seleção do par dador-recetor em transplante renal: resultados comparativos de uma simulação» – Dr. Bruno Alves Lima (Oficina de Bioestatística, Ermesinde) e Dr.ª Helena Alves (Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Porto); «Evaluation of the Portuguese kidney transplant allocation system: comparative results from a simulation» – Dr. Bruno Alves Lima e Dr.ª Helena Alves (na foto, à direita, acompanhada pelas Dr.as Susana Sampaio e Cristina Jorge); «Pancreas outcomes between living and deceased kidney donor in pancreas after kidney transplantation patients» – Dr. Pedro Ventura Aguiar (Hospital Clínic, Barcelona), et al. Bolsa de Investigação Dr. António Morais Sarmento (10 000 euros, em várias tranches) «Estratégias combinadas de preservação hepática dinâmica: estudos da atividade bioenergética e da função mitocondrial» – Prof. Rui Miguel Martins (Instituto Português de Oncologia de Coimbra), et al.

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