A MISSÃO DO ESPANTALHO ANTÓNIO
T
um
comiam a seara. Então, à noite,
espantalho. O espantalho António
roubavam os vizinhos para que o seu
era, nem mais nem menos, um
patrão não desse por falta do cereal
espantalho como os outros. Morava
comido pelos pardais durante o dia e
numa seara com a sua esposa
os não castigasse.
Espalhafatosa e com os seus filhos:
- E qual é a nossa missão? – perguntou
Martinha, Tatiana, Fofinha, Pedrocas
a Fofinha, a mais medricas dos irmãos.
e Paulex, numa casa construída de
- É fácil. Durante a noite posicionais-
palha. A sua roupa era feita de calças
-vos nas entradas da nossa seara sem
velhas, muito remendadas, vestia uma
que ninguém vos veja. Sobre a cabeça
camisa muito usada e um casaco
colocais uma abóbora em forma
de meia manga. A cabeça era uma
de caveira. Dentro acendeis uma
bola de futebol, o nariz uma tampa
vela. Ficais quietos como estátuas.
de garrafão de detergente. Ah! Já
Assim
me esquecia de dizer que os olhos
Espalhafatosa, foi com eles até à seara.
odos
sabem
o
que
é
fizeram.
A
mãe,
a
Sra.
deste espantalho eram dois faróis de
Nunca mais assaltaram a seara do
bicicleta, de uma bicicleta antiga. As
patrão do espantalho António que
suas mãos eram luvas esburacadas
ficou
por onde saíam dedos de palha e
dar. - Que missão? – perguntou Paulex. - Ontem – prosseguiu o espantalho pai – o dono da seara pediu-me que fosse espantar os espantalhos vizinhos que, durante a noite, atacavam os nossos campos para roubarem espigas para os seus patrões. Como de dia ficavam a dormir à sombra do sol escaldante, não espantavam os pardais e estes
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seus
espantar.
Um dia, António adoeceu. Chamou os
morrer. Tenho uma missão para vos
dos
a missão para que foram criados –
chão, eram feitos de meias rotas.
- Estou muito doente. Nem sei se vou
orgulhoso
filhos. Os espantalhinhos cumpriram
os seus pés, que nunca tocavam no
seus filhos e disse-lhes:
muito
Avisou-os que tivessem muito cuidado
Turma NS3/4: Paulo Araújo
com o fogo, pois, como eram feitos de
Beatriz Castro
palha, podiam incendiar-se facilmente.
Francisca Magalhães,
Por volta da meia-noite chegaram
Maria Florbela
os espantalhos malvados. Quando
Helena Beatriz
viram
tantas
caveiras
iluminadas
Linda Sofia
com grandes dentes, grandes bocas
Sob a orientação do professor Luís Faria
e olhos assustadores, ficaram tão estarrecidos que fugiram a sete pés. Fizeram tanto barulho que partiram tudo à sua passagem. Até um raposo velho que sofria do coração e dormia sob o aconchego de umas favas secas teve de ser hospitalizado.