Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia - nº 71 - Dermatologia em cães e gatos

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nuição do conteúdo lipídico do cerúmen predispõem o animal à infecções secundárias2.

Exame otoscópico Qualquer sinal clínico de otite justifica a exploração otoscópica11,12. A otoscopia é uma ferramenta semiológica importante que consiste na investigação, com otoscópio apropriado para animais, do meato acústico externo e membrana timpânica que, além de auxiliar no diagnóstico, fornece informações importantes que condicionam o protocolo terapêutico a ser seguido, conforme as lesões identificadas8,12,14. Trata-se de um procedimento pouco invasivo que deve ser realizado após o exame físico e dermatológico. A investigação deve-se iniciar no pavilhão auricular, pesquisando-se a presença de crostas, eritema, edema, alteração na quantidade e/ou na coloração da secreção, erosão, ulceração, fibrose ou calcificação, presença de ectoparasitas, hiperplasia, nódulos, pólipos, corpos estranhos. Em casos onde a suspeita seja de otite unilateral, ambos os ouvidos devem ser avaliados, iniciando-se pelo menos acometido. Diferentes cânulas devem ser utilizadas em cada ouvido para não haver risco de contaminação14.

Exame citológico A citologia do ouvido é utilizada na clínica de pequenos animais para o diagnóstico e definição do tratamento 58

mais adequado em pacientes com otite, representando o terceiro passo no diagnóstico das otites15. A coleta de amostras de secreções auriculares é facilmente realizada com o auxílio de hastes de algodão (“swabs”). Após a coleta, a haste de algodão é rolada delicadamente sobre uma lâmina de vidro limpa e seca. O material é fixado ao ar e a coloração, frequentemente, utilizada é a de Romanowski (Panótico)16. Na microscopia, as amostras devem ser avaliadas quanto à presença, número e características celulares, para que então seja feita a pesquisa de agentes infecciosos e parasitários15. No ouvido normal não devem estar presentes leucócitos, macrófagos, piócitos ou qualquer célula inflamatória, ou, ainda, eritrócitos, que indicam um componente hemorrágico observado em ulcerações epidérmicas17. A camada mais externa da epiderme do conduto do ouvido é constituída por células anucleadas de morfologia irregular, ditas queratinócitos e as mais internas por células nucleadas, chamadas epiteliócitos. No conduto auditivo externo normal é detectada uma pequena quantidade de células epiteliais anucleadas. Nos casos de otite externa crônica, ocorre aumento dos queratinócitos e epiteliócitos, verificando-se a inflamação neutrofílica14,16. As bactérias são encontradas, ocasionalmente, em condutos auditivos de cães clinicamente saudáveis, no entanto,

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 71 - dezembro de 2013


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