Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia - nº 71 - Dermatologia em cães e gatos

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cular, além da face interna das membranas timpânica e das janelas coclear e vestibular, e como interna quando há comprometimento da cóclea e sistema vestibular4,5, 6. A otite externa é definitivamente mais comum, e embora a ruptura do tímpano, invariavelmente, resulte em progressão para otite média, as formas média e interna são menos freqüentes4,7. A otite externa possui etiologia multifatorial envolvendo causas primárias, fatores predisponentes e perpetuantes4,5,6,7,8,9, fundamental ao estabelecimento de um plano diagnóstico e terapêutico, para a prevenção de recorrências e cronificação do processo10,11.

Anatomia e fisiologia do ouvido externo A compreensão da anatomia e fisiologia do ouvido é fundamental para o desenvolvimento de planos de diagnóstico e terapêutico adequados7, 8. O ouvido pode ser dividido em três partes: externo, médio e interno. Em conjunto, estes três componentes permitem a identificação e localização de efeitos sonoros, detecção da posição e movimentos da cabeça4, 8. O ouvido externo é composto pelo pavilhão auricular (aurícula), o meato acústico externo (conduto auditivo ou canal externo) e a membrana timpânica4,7,8. O pavilhão auricular apresenta a forma irregular e auxilia na captação dos sons. O conduto auditivo externo

possui comprimento variável (5-10 cm) e lúmen com diâmetro de aproximadamente 0,5-1cm7, 8. Classicamente, o canal auditivo externo é dividido em duas porções: vertical e horizontal. O canal vertical origina-se da aurícula e estende-se na direção rostro-ventral antes de dobrar-se, medialmente, formando o canal horizontal, que estende-se até atingir a membrana timpânica7. A membrana timpânica é uma estrutura epitelial que separa o ouvido externo da cavidade do ouvido médio7,8. Normalmente, essa membrana pode ser observada no exame otoscópico, apresenta forma côncava e coloração clara e translúcida 7,8,12. A cartilagem auricular, em configuração de funil, proporciona suporte estrutural ao ouvido externo e mantém o conduto auditivo aberto é revestida por tecido epitelial estratificado escamoso, que de forma semelhante à pele, nas demais regiões do corpo, apresenta folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas apócrinas, que, no caso, são modificadas e denominadas glândulas ceruminosas1, 7,10. O cerúmen é uma emulsão que reveste todo o conduto auditivo externo, composto por secreções de glândulas sebáceas e ceruminosas, mas também por células de descamação. Acredita-se que o cerúmen seja um mecanismo de defesa contra infecções, considerando a formação natural de uma barreira física e a identificação de imunoglobulinas IgA, IgG e IgM, que contribuem para

Otite externa em cães

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