Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia - nº 69 - Neurologia em Cães e Gatos

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penetração na barreira hematoencefálica, heterogenicidade de tipos celulares nos tumores e necessidade de doses extremamente tóxicas para se atingir o tumor. Agentes citotóxicos alquilantes da classe das nitrosuréias, com destaque para a carmustina e lomustina, apresentam elevada solubilidade lipídica, com razoável penetração na barreira hematoencefálica. Estes fármacos provocam danos diretos nas moléculas de DNA e RNA e são considerados, portanto, ciclo-celular-não-específicos. Ambos os fármacos resultaram em redução do tamanho tumoral e dos sinais clínicos em cães portadores de gliomas inoperáveis18. O elevado custo de implantação da radioterapia é extremamente limitante para a sua utilização na rotina clínica. No entanto, os benefícios desta modalidade terapêutica encontram-se bem estabelecidos para os cães e gatos com neoplasias intracranianas19. A escolha da dose e da técnica de administração deve-se basear no tipo tumoral, localização e tolerância dos tecidos adjacentes não acometidos pela neoplasia1,20. A neurocirurgia se desenvolveu em função da disponibilidade da tomografia computadorizada e ressonância magnética, mas só foi possível pela ampliação das técnicas de anestesia e cuidados intensivos 1,17,21,22. Dentre as opções de tratamento, a cirurgia é sempre considerada, seja para excisão completa ou parcial do tumor, ou mesmo

para biópsia e diagnóstico histopatológico21,22. A excisão cirúrgica completa, no entanto, só é possível para neoplasias extra-axiais, como os meningiomas, principalmente, na espécie felina, se ponderarmos a menor invasividade local. O pós-operatório é o momento crítico para o sucesso cirúrgico, visto que diversas complicações como aumento da PIC e a pneumonia por aspiração ocorrem e são limitantes à vida do paciente3. Com isso é de extrema importância à manutenção desses pacientes, em unidades de terapia intensiva, para que as complicações possam ser minimizadas e controladas. Prognóstico O prognóstico para as neoplasias intracranianas de cães e gatos é extremamente variável com o tamanho, tipo e localização anatômica do tumor, mas, de uma forma geral, é considerado desfavorável, principalmente, para os pacientes que recebem apenas tratamento paliativo3. Os resultados de diversos estudos confirmam que o prognóstico pode ser significativamente alterado a partir do tratamento com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, utilizados isoladamente ou em combinação1,21. A sobrevida média para cães, tratados apenas com glicocorticoides e antiepilépticos, é de dois a quatro meses9. A utilização da radioterapia, como primeira linha, demonstra resultados promissores com sobrevida média de

Neoplasias do sistema nervoso central em cães e gatos

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