Admiravel mundo novo

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pria perversidade. — Sim, mas o que foi, precisamente...? Quero dizer, ainda há pouco, você estava... — Agora estou purificado — retorquiu o Selvagem. — Tomei mostarda com água morna. Os dois fitaram-no assombrados. — Quer dizer que fez isso de propósito? — perguntou Bernard. — É assim que os índios sempre se purificam. — O Selvagem sentou-se e, suspirando, passou a mão pela testa. — Vou repousar alguns minutos. Estou um pouco cansado. — Bem, isso não me surpreende — disse Helmholtz. Depois de um silêncio, acrescentou em outro tom: - Nós viemos despedir-nos; partimos amanhã pela manhã. — Sim, nós partimos amanhã pela manhã — confirmou Bernard, em cujo rosto o Selvagem notou uma expressão nova de decisão resignada. — E, a propósito, John — continuou ele, inclinando-se para diante na cadeira e pousando a mão no joelho do Selvagem — eu queria dizer-lhe quanto lamento o que se passou ontem. — Corou. — Quanto estou envergonhado — prosseguiu, apesar do tremor de sua voz - quanto, na verdade... O Selvagem interrompeu-o e, tomando-lhe a mão, apertou-a afetuosamente. — Helmholtz, foi extremamente bondoso comigo — recomeçou Bernard, depois de pequena pausa. — Se não fosse ele... — Ora, vamos — protestou Helmholtz. Houve um silêncio. Apesar da sua tristeza — por cau-


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