Revista Cidade Verde 198

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HOUS PUBLIC


SE D1 CIDADE


Índice 48

08

CAPA: Panela de pressão

Páginas Verdes

Gilberto Albuquerque

16 Ladrão da Visão

56

Verde que te quero verde

38. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

62. GERAL Se não economizar, pode faltar

42. Economia e Negócios Jordana Cury

22. ECONOMIA Oportunidades geradas na crise

66. SAÚDE Alerta vermelho

75. Tecnologia Marcos Sávio

26. ELEIÇÕES Palanque virtual

72. SAÚDE MD Codes: o queridinho do momento

08. Páginas Verdes Gilberto Albuquerque concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

32. SAÚDE Uma pedra no meio do caminho 44. INDÚSTRIA

78. GERAL Fim da aftosa gera lucros para a pecuária

76. Na Esportiva Fábio Lima 82. Passeio Cultural Eneas Barros 86. Perfil Péricles Mendel 90. Poesia Sempre Elias Paz e Silva

Articulistas 14

Jeane Melo

70

Zózimo Tavares

COLUNAS

56. MEIO AMBIENTE Verde que te quero verde

05. Editorial


Na batida certa do coração O coração é um dos órgãos mais cantados e festejados por poetas e compositores, mas, no dia a dia, nem todo mundo dá a ele a atenção necessária, até que seja surpreendido por uma intercorrência que ameace a própria vida. As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo inteiro. Por isso, bom mesmo é cuidar preventivamente do músculo que bombeia o sangue para o nosso corpo. Nesta edição temática sobre saúde, a reportagem de capa fala sobre os riscos da hipertensão, uma doença silenciosa, que não manda aviso, mas que pode desencadear uma série de problemas graves para o paciente. Nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de meio milhão de brasileiros morreram vítimas de complicações decorrentes da pressão alta. Apesar da incidência tão elevada, a doença é fácil de ser tratada. Basta apenas, mediante a constatação após uma visita ao médico, a adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de atividade física, uma dieta pobre em sal e gordura, o adeus ao tabagismo, o controle do peso e a moderação no consumo de bebidas alcoólicas. São medidas simples, no entanto, nem sempre incorporadas à vida da população, até porque boa parte das pessoas que sofrem de hipertensão desconhece o problema, embora seja facilmente diagnosticado com a aferição da pressão arterial. De fato, o brasileiro não costuma agir preventivamente, daí porque há tantas

complicações que podem acabar até mesmo comprometendo a vida do paciente. Nas Páginas Verdes, ainda falando de saúde, uma entrevista reveladora sobre a rotina do maior hospital de urgência do Piauí, o Hospital de Urgência de Teresina – HUT. O médico Gilberto Albuquerque, diretor da instituição desde 2013, revela como é o trabalho para salvar vidas em um hospital idealizado para 350 mil pessoas e que, hoje, atende a cerca de cinco milhões, somados os pacientes da capital, do interior do Piauí e, também, do Maranhão. Ainda assim, o hospital foi apontado como um dos três melhores hospitais públicos do país no atendimento a traumas. Uma prova de que, apesar das dificuldades, quando há boa vontade, dedicação e profissionalismo é possível realizar um bom trabalho. E como saúde e beleza devem andar sempre juntas, mostramos ainda os efeitos de um novo procedimento estético que está atraindo homens e mulheres desejosos de manter uma aparência mais jovem, sem a necessidade de uma cirurgia plástica tradicional. É o MD Codes, um tratamento já testado e aprovado por quem não abre mão de ficar bonito sem comprometer a saúde. Cláudia Brandão Editora-chefe

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CIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Gilberto Albuquerque

claudiabrandao@cidadeverde.com

“O HUT ainda vai quebrar Teresina”

foto Catarina Malheiros

A previsão é do diretor do hospital, Gilberto Albuquerque, ao revelar que o gasto mensal com o HUT chega a R$ 15 milhões.

É difícil separar a figura do médico Gilberto Albuquerque da imagem do Hospital de Urgência de Teresina. O cirurgião, que dirige o HUT desde 2013, passa praticamente o dia inteiro lá dentro, e divide o tempo entre as funções de gestor e médico. Ele costuma chegar bem cedo, antes das 7 da manhã, e só sai à noite, incluindo feriados e finais de semana.

Dr. Gilberto é servidor de carreira do município e, há cinco anos, comanda o hospital que se tornou um dos três melhores hospitais públicos do Brasil no atendimento de traumatologia. Com uma média de atendimentos que pode alcançar 250 por dia, o diretor diz que não há tempo sequer para respirar. “É como trocar o pneu com o carro andando”, compara. Em

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meio a uma atividade e outra, de uma rotina bastante atribulada, ele fez uma pequena pausa para conceder esta entrevista à Revista Cidade Verde.

RCV – Como é a rotina diária aqui no HUT? GA – Nós, diretores, chegamos bem

cedo, por volta das 6h45, e visitamos todos os setores do hospital, verifi-


camos logo algum problema que tenha ocorrido durante a noite e que possa ter a resolução antecipada. Eu passo na clínica cirúrgica e vejo todos os pacientes operados, medico grande parte deles; depois, venho para a diretoria. Quando eu chego aqui, a minha secretária já tem feito o andamento dos processos, então eu já pego esses documentos encaminhados para definir alguma coisa. A gente faz o atendimento do público, vê os processos que tem para despachar e eu entro no atendimento, nas reuniões externas, na parte judicial, que é muito forte no hospital. A judicialização da saúde, hoje, toma muito tempo da gente.

RCV – Quer dizer que, apesar do trabalho de gestão, o senhor não deixou de trabalhar como médico? GA – Eu trabalho todo dia como médico. Eu faço endoscopia, broncoscopia, tiro corpo estranho dos engasgados e sou plantonista, também. Tiro três plantões por semana.

RCV – Qual a média de cirurgias realizada pelo HUT? GA – Nós temos uma média de 1.200 a 1.400 cirurgias por mês, então, nós temos por volta de 45 a 50 cirurgias por dia. Isso oscila muito, tem dia que a gente faz 40, tem dia que a gente faz 70.

RCV – O número de atendimentos costuma aumentar nos finais de semana? GA – O que muda mais é o tipo de cirurgia. Durante a segunda, terça e

cada paciente, é diferente. Teresina responde com cerca de 40%; o interior do Piauí, com 50%; e 10% são de outros estados.

A despesa do HUT, hoje, varia entre 13 e 15 milhões de reais por mês. Daí, é que a gente faz uma previsão de que o HUT ainda vai quebrar o município de Teresina.

RCV – E qual a razão dessa diferença? GA – Você pega o paciente interna-

quarta, eu tenho aquelas cirurgias de quem já está internado; e, no final de semana, são aqueles casos mais graves que eu tenho que operar na hora que chega. Nos finais de semana, tem mais fratura exposta, acidentado, baleado e esfaqueado. Por exemplo, os casos de apendicite, abdômen agudo, não escolhem dia. A média desses pacientes por doença inflamatória é a mesma durante o ano inteiro, mas os casos de trauma variam de acordo com o dia da semana, até com o horário, período em que o povo recebe dinheiro, comemorações nacionais.

RCV – Qual a proporção entre pacientes de Teresina e de outras cidades? GA – Se você pegar o registro do hos-

pital, ele vai te dar uma informação diferente, porque vai dizer que 70% dos pacientes são de Teresina e 30%, de fora, incluindo o interior do Piauí, Maranhão e outros estados. Mas, se você pegar o dado real, coletado por uma pesquisa mensal realizada com

do e confere com o prontuário. Lá, o endereço dele consta como sendo de Teresina. Aí, você chega e pergunta onde ele mora. Como ele decorou o endereço direitinho, repete o mesmo que está no prontuário. Mas, quando você pergunta por alguma referência próxima da casa, ele não sabe responder e, se você fizer mais duas perguntas, ele confessa que não é daqui, e que deu o endereço de Teresina por acreditar que, assim, seria mais fácil obter o atendimento. Na verdade, não é dessa forma. Nós atendemos qualquer paciente, de qualquer lugar. Mas, ao fornecer o endereço errado, o paciente acaba atrapalhando nossos dados estatísticos, porque o dado real é um e o registrado é outro.

RCV – E o hospital tem conseguido a compensação financeira por esses pacientes que vêm de outro lugar? GA – A despesa do HUT, hoje, varia entre 13 e 15 milhões de reais por mês, sendo que os procedimentos que o SUS paga por tudo que nós fazemos giram em torno de R$ 2,5 milhões; o governo do estado coloca uma quantidade de servidores aqui, que corresponde a cerca de R$ 1 milhão. Então, os outros R$ 11,5 milhões é a Prefeitura que paga. É um investimento muito grande, daí é

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Dentre todos os hospitais públicos do Brasil, nós estamos entre os três mais rápidos para fazer o diagnóstico e o tratamento de trauma.

foi fruto de uma sensibilidade grande da Prefeitura, que nos autorizou a fazer algumas modificações no hospital, que nos levaram a transformar um ambiente aberto em um ambiente fechado, com equipe, cuidados, medicamentos, todos de UTI, e que, hoje, têm salvado muita gente. Nós chegamos a construir um ambiente de UTI aqui em dezessete dias para 16 pacientes. No HUT, a gente consegue modificar as coisas em tempo recorde.

RCV – Qual a capacidade de atendimento do HUT? GA – Nós atendemos 180 a 250 pa-

RCV – Como o HUT conseguiu acabar com aquelas filas de pacientes nos corredores do hospital? GA – Nós ampliamos o centro cirúr-

que a gente faz uma previsão de que o HUT ainda vai quebrar o município de Teresina, porque, veja bem, se você tem um investimento hoje, como nós temos na saúde, por volta de 10, 12 milhões por mês, durante o ano, daria para construir pontes, calçamento, esgoto, casas. É um valor grande que o município de Teresina paga por ter o HUT.

RCV – O senhor já disse, certa vez, que boa parte dos acidentados que chega aqui é vítima de motocicleta. Qual o custo deles para o hospital? GA – De todas as causas de acidentes

no HUT, 84% têm motocicleta envolvida e são os evitáveis. Porque uma apendicite ou uma doença inflamatória intestinal, por exemplo, são inevitáveis. Agora, cair de moto por causa de alta velocidade, falta de carteira, associação de bebida alcoólica, uso de celular, ausência de capacete, que são as cinco causas principais, é perfeitamente evitável. Esse paciente do trauma é muito mais caro para nós. A Prefeitura de Teresina gasta, em média, 8 a 10 milhões por mês, só com pacientes vítimas de motocicleta. Ou seja, são gastos que poderiam ser evitados, mas, para isso, nós teríamos que ter campanhas educativas e a parte de repressão às infrações. Nós sabemos que as campanhas levam tempo. Muitas dessas campanhas nem servem para nossa geração, vão servir para a geração seguinte, mas se você faz a repressão, o resultado é agora. O problema é que parte desses acidentes se dá em locais em que a blitz não tem nem acesso, são cidades do interior, veredas e estradas em que não há condição de tráfego para fiscalizar.

cientes por dia, porque, depois de 2016, quando nós implantamos o sistema de atendimento referenciado, diminuiu muito o número de pacientes de baixa complexidade. Então, hoje, nós atendemos pacientes de média para alta complexidade.

RCV – Um dos gargalos da rede pública de saúde é a disponibilidade dos leitos de UTI. Como está essa questão no HUT? GA – Esse é um caso de calamida-

de pública no Brasil e o Piauí não poderia ficar de fora. A necessidade de leitos de UTI que a gente tem no Piauí é ainda muito grande. O HUT, por uma pressão da necessidade, tem 26 leitos de UTI cadastrados junto ao SUS, mas, hoje, nós trabalhamos com quase noventa leitos. Esses leitos nem são cadastrados no SUS e o município não recebe nada por eles, mas é uma necessidade que o paciente tem. Esse acréscimo

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gico e implantamos o sistema de referenciamento de pacientes, porque nós tínhamos muitos pacientes de Teresina e do interior do estado que, por uma necessidade mínima, se dirigiam para cá. Quando chegavam aqui, os pacientes que realmente precisavam do atendimento do HUT encontravam um monte de casos mais simples na frente deles. E isso atrasava o atendimento e dificultava a equipe de prestar um bom trabalho. Em 2016, nós começamos a fazer aqui a regulação dos leitos com o referenciamento dos pacientes. Com isso, nós aumentamos o volume de cirurgias, diminuímos a entrada dos pacientes indevidos e demos uma melhoria muito grande na qualidade do atendimento daqueles que realmente precisam do HUT. Atualmente, nós somos o hospital que tem a maior agilidade no Piauí em casos de traumatologia. Dentre todos os hospitais públicos do Brasil, nós estamos entre


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