Revista Cidade Verde 182

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foto Manuel Soares

Nunca foi uma simples brincadeira O início do ano letivo costuma trazer muitas expectativas para os alunos. A descoberta de novos colegas e conhecimentos faz com que o retorno às aulas seja desejado com um misto de satisfação e ansiedade. Mas esse mesmo ambiente do convívio escolar, que deve ser de alegria e contentamento, pode esconder também um lado doloroso, manifestado pelo bullying, uma realidade, infelizmente, ainda presente nas salas de aula. O bullying caracteriza-se por um comportamento agressivo, e até mesmo perverso, desenvolvido contra um colega. Diferente do que muitos costumam dizer, não se trata de simples brincadeira, vez que esta última deve ser vista como algo saudável e divertido. Com o bullying, é diferente. Ele maltrata, humilha e afeta seriamente a autoestima da vítima, podendo causar transtornos psíquicos graves, que comprometem o desempenho escolar e até mesmo o relacionamento social. Se o bullying ainda não foi banido da vida escolar, a boa notícia é que ele já começa a chamar atenção, não apenas de professores e diretores, mas também das autoridades públicas brasileiras. Prova disso é a cartilha lançada pelo Senado Federal para jogar uma luz sobre o problema e orientar as pessoas que, de uma forma ou de outra, estão envolvidas com o assunto. A Revista Cidade Verde também entrou na discussão e ouviu vários especialistas, assim como pessoas que foram marcadas por esse tipo de agressão, em uma reportagem que começa na página 48. Nosso propósito é tirar esse tipo de violência da sombra que costuma

cercá-la e tratar a questão de forma clara e transparente para que ela deixe de existir. Esta edição trata ainda de dois temas polêmicos e atuais no Brasil. Um deles é a legalização dos jogos de azar, cujo Projeto de Lei que prevê a sua regulamentação já foi aprovado em várias comissões e está prestes a ser votado na Câmara e no Senado. Quais seriam os benefícios e desvantagens da regularização desses jogos, atualmente proibidos no Brasil? O que eles podem trazer a reboque? Há uma série de questões a serem abordadas, que a Revista Cidade Verde traz para que seus leitores possam formar sua própria opinião a respeito. Outro assunto que merece nossa atenção é o auxílio-moradia, no valor de R$ 4,377 mil, pago aos magistrados, promotores e conselheiros de todo o Brasil. Esse valor, criado teoricamente para custear as despesas com moradia dos juízes que trabalham fora da sua cidade, acabou sendo estendido a várias categorias e, atualmente, é pago para muitos servidores públicos. Na verdade, funciona como mais um “penduricalho” no contracheque, e é pago justamente a quem recebe os maiores salários do serviço público, aumentando ainda mais o fosso existente entre o topo e a base da pirâmide econômica. São as contradições de um país que, em vez de combater as desigualdades sociais e econômicas, as mantém com o carimbo da legalidade para beneficiar justamente os que devem zelar pela justiça social. Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 4 DE FEVEREIRO, 2018 | 5


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