Revista Cidade Verde 181

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CIDADE


Índice Capa

Como se forma um policial militar

05. Editorial 08. Páginas Verdes Paes Landim concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

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Páginas Verdes Paes Landim

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Vale a pena aderir à tarifa branca?

24. CNH na tela do celular 32. Calendário eleitoral 40. Devagar, quase parando

13. Cidadeverde.com Yala Sena

70. De volta às origens

30. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

78. Alegria e negócios no maior corso do mundo 83. TV Cidade Verde transmite jogos da Copa Nordeste

Cineas Santos

38. Economia e Negócios Jordana Cury 57. Tecnologia Marcos Sávio 84. Playlist Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel

Articulistas 27

Valei-me, São Benedito!

64. Com o que os jovens gastam seu dinheiro?

74. Pera, uva ou maçã?

14. Palavra do leitor

58

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Fonseca Neto

COLUNAS

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90

Tony Batista


foto Manuel Soares

Como se faz um policial O Piauí ainda está assustado diante dos recentes casos de assassinatos envolvendo policiais militares, homens admitidos no serviço público para defender a sociedade e garantir a ordem. A Polícia Militar do Piauí é uma instituição de relevantes serviços prestados e de fundamental importância para a manutenção da segurança em nosso estado. Ao longo dos anos, tem dado demonstrações inequívocas de dedicação e zelo para a preservação da paz. Em casos extremos, policiais militares pagaram com a própria vida o preço por defender a população da ação dos bandidos. Por isso mesmo, não é admissível que alguns policiais, inebriados pelo poder que a farda e o porte da arma lhes conferem, troquem de posição e passem a agredir, ao invés de proteger os cidadãos. Diante dos fatos ocorridos recentemente, surge o questionamento inevitável sobre como é a formação desses profissionais. De que maneira eles estão sendo preparados para enfrentar situações tão adversas do cotidiano?

na reportagem de capa desta edição, mostrando como é o trabalho de preparação de um soldado da polícia militar, bem como os transtornos que o acometem em função do peso da responsabilidade que a profissão exige. De olho no bolso dos consumidores, a Revista explica, detalhadamente, as vantagens e desvantagens de aderir à tarifa branca na cobrança da conta de energia elétrica. O que parece ser uma alternativa econômica, à primeira vista, pode ser desfavorável em alguns casos, dependendo do perfil do usuário. Com simulações e exemplos didáticos, o leitor vai poder escolher qual a melhor opção para sua casa ou negócio. Em outra reportagem, nossa equipe saiu a campo para descobrir o porquê da demora na recuperação da Igreja de São Benedito, um dos templos de grande significado para a religiosidade e a arquitetura de Teresina e que, até hoje, decorridos dezesseis meses desde o desabamento de parte do teto, continua fechado.

A atividade policial é considerada uma das mais arriscadas e estressantes e, justamente em razão desse fato, quem a exerce deve passar por rigorosa avaliação psicológica, não apenas durante o processo de seleção para admissão nos quadros da Polícia, mas também durante todo o exercício da profissão.

A Revista Cidade Verde procura ser um espelho do que acontece à nossa volta, trazendo para os leitores os assuntos de maior repercussão na vida dos piauienses. O nosso compromisso é mantê-lo atualizado com informações precisas e bem apuradas. Boa leitura!

Sempre atenta aos acontecimentos que repercutem em nosso meio, a Revista Cidade Verde aborda este assunto

Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 21 DE JANEIRO, 2018 | 5


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CIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Paes Landim

claudiabrandao@cidadeverde.com

Fake News são ameaça à democracia

foto Wilson Filho

As notícias falsas que circulam nas redes sociais são o mais novo obstáculo a ser enfrentado pela justiça eleitoral. O presidente do TRE-PI conclama os eleitores e a imprensa a combaterem os boatos que se espalham na rede mundial de computadores.

No próximo dia 7 de outubro, os eleitores vão às urnas para escolher, em eleições gerais, quem serão os futuros governantes do país 8 | 21 DE JANEIRO, 2018 | REVISTA CIDADE VERDE

e do estado, bem como os próximos deputados e senadores. Em uma eleição tão ampla quanta esta, os problemas também se multipli-

cam. Além do abuso do poder econômico, do uso da máquina pública e da propaganda fora de época, a Justiça Eleitoral está enfrentando


agora um novo desafio: combater as chamadas fake news, ou falsas notícias, que se espalham em uma velocidade assombrosa no mundo virtual para prejudicar ou favorecer determinado candidato. Como não há gente suficiente nos Tribunais Regionais para acompanhar as redes sociais, o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, Desembargador Francisco Paes Landim, faz um apelo à própria imprensa, e também aos eleitores, para ajudarem no combate à divulgação de fatos inverídicos que possam prejudicar a lisura do pleito.

RCV – Em sua opinião, a reforma política aprovada no ano passado tornou o processo eleitoral mais justo e equilibrado? PL – A justiça do processo eleitoral

não decorre tanto de uma reforma política. Eu penso que a equidade do processo decorre de fatores externos, mais do que de fatores normativos. O que pesam mais são os fatores econômicos, políticos e sociais. Na medida em que exista equilíbrio na atuação desses fatores, com certeza, o processo eleitoral se torna mais equitativo, mais justo e mais igualitário. A reforma política é só um norte que se deve seguir. A prática vai exigir, na verdade, um equilíbrio de natureza pragmática.

RCV – O fim do financiamento privado para as campanhas, a seu ver, inibe ou estimula a prática do Caixa 2? PL – Eu penso que inibe a utiliza-

As denúncias dependem de provas. Na medida em que elas vierem acompanhadas de provas concretas, com certeza, serão apuradas mais celeremente.

ção do Caixa 2, embora possamos até pensar que não seja a solução ideal para o caso ou que isso não venha a evitar por completo a existência de influências extraeleitorais. Mas a solução encontrada para o momento me parece razoável.

RCV – A Justiça Eleitoral tem como fiscalizar e inibir o abuso do poder econômico? PL – Não só a Justiça Eleitoral.

Nós temos que pensar nesse processo como uma coletividade. O processo eleitoral é coletivo. Nós estamos acostumados com processos individuais nos tribunais: de justiça, do trabalho, etc. O processo eleitoral foge completamente a essa concepção de processo entendido como um ato individual das partes ou para atender a interesses pessoais ou particulares. Neste caso, ele se compõe não apenas do magistrado, mas, sobretudo, do povo, do eleitor, e a justiça eleitoral é apenas uma partícula nesse processo coletivo, uma partícula importante, porque lhe compete con-

duzir. Mas, no momento em que nós pensamos em ter um processo eleitoral equilibrado, igualitário, justo, limpo, nós vamos precisar da participação do eleitor, porque é um dever que ele tem,um dever de todos aqueles que participam do processo. O dever da probidade, da denúncia, de combater a corrupção. Se nós pensarmos nestes termos, a justiça eleitoral, mais os eleitores, mais os partidos, mais as coligações, mais os órgãos estatais, nós teremos, sim, condições de combater o abuso econômico.

RCV – O TRE pretende, então, estimular o controle social para garantir uma eleição mais equilibrada? PL – Sem dúvida. E nós vamos, in-

clusive, promover seminários nos colégios eleitorais mais numerosos no Estado. Nós selecionamos catorze ou quinze desses colégios e vamos fazer diálogos públicos, para que nós possamos conversar com a população, com os líderes locais, para mostrar a importância de um processo eleitoral limpo, igualitário e justo.

RCV – A Advocacia Geral da União já publicou este ano uma cartilha, orientando os agentes públicos sobre as condutas vedadas durante este período pré-eleitoral. O abuso na utilização da máquina pública é hoje um dos maiores problemas na realização de eleições? REVISTA CIDADE VERDE | 21 DE JANEIRO, 2018 | 9


PL – Não digo que seja um dos

maiores, mas é, com certeza, um dos grandes problemas que o processo eleitoral tem que enfrentar. Em razão de interesses outros que possam desequilibrar a equidade do processo eleitoral, a administração pública, que é um poder, poderá, se não obedecer às regras, fluir de uma maneira nefasta, o que deve ser combatido de pronto.

RCV – Há casos de denúncias dessa natureza que chegam à Justiça Eleitoral,e que demoram tanto tempo para ser julgadas, que quase coincidem com o fim do mandato do acusado. É possível tornar esses julgamentos mais céleres? PL – As denúncias dependem de provas. Na medida em que elas vierem acompanhadas de provas concretas, com certeza, serão apuradas mais celeremente. Quando elas vêm desacompanhadas dessas provas, então, nós temos que acionar todo um aparelho policial e judiciário para que essas provas possam ser produzidas. E o processo é solene, não obstante seja impessoal, porque a coleta e a apuração dos votos, bem como a divulgação do resultado são eletrônicas. O que é solene no Direito é uma espécie de garantia, não é só uma formalidade pura e simples. Os processos de apuração de denúncias do cometimento de infrações eleitorais também são processos solenes e, por isso, são demorados.

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O combate a essas fake news deve partir mais da imprensa do que mesmo de um órgão de censura ou de controle.

RCV – As mudanças nas regras para a divulgação das pesquisas eleitorais, que já estão em vigor, podem ajudar a diminuir a influência dos candidatos sobre o eleitor? PL – Eu penso que sim. Inclusive,

as pesquisas devem ser registradas desde primeiro de janeiro, de acordo com a regra vigente. As pesquisas, na verdade, são apenas um termômetro de medição da opinião pública. E a opinião pública tem de ser crítica. Ela é tão antiga quanto a humanidade. Na verdade, os estudiosos da cidade dizem que a opinião pública nasceu na cidade medieval. Vamos admitir que sim. Mesmo assim, já faz bastante tempo que ela existe. Então, o que nós temos de incentivar é a observação crítica, que examina, que diverge. As pesquisas não intimidam essa opinião, qualquer que seja o resultado delas.

RCV – Qual a estrutura que o TRE do Piauí dispõe hoje para fiscalizar e inibir a propaganda eleitoral extemporânea?

PL – Nós temos uma comissão já

formada por três juízes que vão já, a partir do dia primeiro, trabalhar nesse sentido. Essa comissão não é um órgão coletivo, cada juiz funciona por si, individualmente, e eles, ao tomar conhecimento de ofício, de iniciativa própria, ou por meio de alguma denúncia, tomarão as providências para que a propaganda fora de época seja proibida.

RCV – E como monitorar as redes sociais em um universo tão veloz como o mundo virtual? PL – Isso está sendo discutido a

nível nacional, em sede do TSE, segundo eu leio na imprensa nacional. Foi constituída uma comissão para discutir exatamente esse controle sobre as redes sociais. No meu modo de pensar, as redes sociais são instrumento da opinião pública, sem problema. Mas quando nós pensamos em processo eleitoral, esses instrumentos da opinião pública têm que se adequar aos imperativos do processo, de tal maneira que, mesmo que o eleitor ou candidato venha a se utilizar das redes sociais, eles têm o dever da verdade. Assim, como a imprensa tem o dever da verdade, a qualquer tempo, as redes sociais que, muito embora socializem a mentira na vida privada, quando se trata de eleição, têm o dever da verdade. O combate a essas fake news deve partir mais da imprensa do que mesmo de um órgão de censura ou de controle. Na medida


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