Revista Cidade Verde 180

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HOUS PUBLIC


SE D1 CIDADE


Índice

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Capa

20 ideias para o Piauí

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Páginas Verdes A corrida para acabar João Paulo Carvalho com o analfabetismo

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Esporte e lazer como terapia

05. Editorial

30. A falta que eles fazem

06. Páginas Verdes João Paulo Carvalho concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

36. Comércio Piauí 38. O novo mercado velho

22. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

18. Um suspiro na crise

76. Voos longos exigem cuidados com a saúde

44. Economia e Negócios Jordana Cury

26. 2018, o ano da Porca

80. História traduzida em cores

29. A Copa do Nordeste é nossa!

11. Cidadeverde.com Yala Sena

COLUNAS

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84. Passeio Cultural Eneas Barros 86. Perfil Péricles Mendel 90. Chão Batido Cineas Santos

Articulistas 21

Zózimo Tavares

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Cecília Mendes


foto Manuel Soares

Nossa contribuição para um Piauí melhor em 2018 Ano novo é sempre um tempo oportuno para renovar metas, estabelecer planos e manifestar desejos para uma vida melhor. Aqui, na Revista Cidade Verde, nós também pensamos sobre como o Piauí poderia avançar em desenvolvimento para oferecer mais qualidade de vida aos seus 3,195 milhões de habitantes.

sobre as lendas e curiosidades da política local. Para começar, vamos contar a origem da expressão “a porca comeu”. Você vai conhecer fatos pitorescos e bem humorados que envolvem este animal e por que ele se transformou em um mito temido pelos políticos de todos os partidos.

Para isso, convidamos vinte personalidades de diferentes áreas, e com experiência profissional destacada, para dar a sua contribuição com ideias e sugestões que possibilitem ao nosso estado o crescimento com justiça social, oferecendo mais oportunidades aos cidadãos.

Exemplos positivos também nos enchem de orgulho e nos fazem acreditar em um mundo melhor. E, dentre estes, está o trabalho feito por um grupo de voluntários que estão utilizando a equitação como forma de ajudar crianças com algum tipo de dificuldade física, psíquica ou social. Eles já fazem muito, mas sonham em fazer muito mais e, com esse propósito, já têm pronto o projeto para implantar um centro de equoterapia no Parque de Exposição Dirceu Arcoverde.

O resultado você confere a partir da página 48, por meio de uma série de opiniões que reúnem as mais diversificadas colaborações, incluindo propostas que vão desde o investimento em energias renováveis, à construção de novas rodovias e ferrovias, aumento da arrecadação, conclusão da Transcerrados, entre outras. Uma leitura que nos faz pensar sobre o futuro que queremos para o estado. Como 2018 é um ano de eleições gerais, a partir desta edição traremos uma sequência de reportagens

É assim, com energia renovada, que iniciamos 2018, desejando a todos os leitores e leitoras um ano realmente novo, cheio de realizações e excelentes notícias. Cláudia Brandão Editora-chefe

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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

João Paulo Carvalho

claudiabrandao@cidadeverde.com

Como chegar aos 100 anos com saúde A cada novo ano, envelhecemos um pouco mais. Mas isso não precisa ser, necessariamente, uma coisa ruim. Hoje, estamos vivendo bem mais do que há algumas décadas.De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa de vida dos brasileiros atualmente é de 75,8 anos. Só para se ter uma ideia, em 1940, essa expectativa era de apenas 45,5. E a previsão é de que, em pouco tempo, graças aos avanços da medicina e à mudança de hábitos, nós estejamos vivendo até os 100 anos. O grande desafio é completar um século de existência com qualidade e sem abrir mão dos prazeres que tornam a vida mais interessante. Para isso, os cuidados devem começar bem cedo, de preferência ainda na infância. É o que nos diz o médico geriatra João Paulo Carvalho nesta entrevista.

RCV – Quais são os fatores indispensáveis para se alcançar uma vida longa e saudável? JP – Um dos principais fatores é

o genético. Os grandes idosos, ou “velhos olds”, como a gente chama, têm uma genética muito boa. Mas, 6 | 7 DE JANEIRO, 2018 | REVISTA CIDADE VERDE

foto Wilson Filho

A longevidade está cada vez mais ao alcance da população. A escolha de hábitos de vida saudáveis é fundamental para quem quer viver mais e melhor.


associado a isso, vem a prática de atividade física e a alimentação saudável. Esses são os três fatores principais para atingir a longevidade com qualidade de vida. O que se pode observar atualmente é que estamos vivendo mais, mas muitos não têm qualidade, porque estão acamados ou com deficiência, possuem artrose, depressão e outras doenças, como Alzheimer.

Genética, prática de atividade física e alimentação saudável são essenciais para atingir a longevidade com qualidade de vida.

RCV – A partir de qual idade a pessoa deve começar a se preparar para a velhice? JP – A partir da infância. E a gen-

te já observa uma mudança de padrão alimentar das crianças. Já não se dá mais açúcar para elas, por exemplo, pelo menos até os dois anos de idade. Há também uma restrição com relação ao sal. Esses cuidados devem começar na infância, perpetuarem-se na adolescência e fase adulta, para chegar ao envelhecimento saudável. Mas eu acredito que, por decisão própria, a gente deva começar na adolescência a praticar atividade física e a comer alimentos saudáveis.

RCV – Os que não praticaram atividade física, quando jovens, ainda podem recuperar o tempo perdido durante a terceira idade? JP – Podem, sim. E eles devem correr atrás do tempo perdido. O ideal é fazer desde o começo, e a geriatria aponta muito para isso. Nós tratamos a doença do idoso e também cuidamos de uma área chamada promoção da saúde, na

qual vamos tentar ver os hábitos que podem ajudar aquele idoso a ter um envelhecimento saudável. Por exemplo, o idoso que é obeso e tem osteoartrose precisa perder peso para evitar as dores que o limitam a sair de casa para ir ao cinema ou a outros lugares. Se ele fizer uma hidroginástica, que é uma atividade física resistida para ganhar força muscular na articulação, ou uma fisioterapia localizada, vai recuperar a funcionalidade que tinha antes. Mas tudo é individualizado porque cada idoso tem a sua história de vida, suas doenças, que nós precisamos tratar de forma diferenciada.

RCV – Quais são os exames preventivos indispensáveis e a partir de quando eles devem começar a ser feitos? JP – Os exames específicos da geriatria começam aos 60 anos. Podemos falar na mamografia para

as mulheres, que na verdade deve começar a ser feita bem antes dos 60, e ainda: a densitometria óssea para detectar a osteoporose (que causa fraturas e muita incapacidade no idoso), o PSA e o toque retal para os homens, além de, claro, os cuidados em aferir a pressão arterial regularmente e fazer os testes de glicemia para detectar diabetes. O Ministério da Saúde também recomenda o exame de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia para a prevenção do câncer de cólon. O mais importante, no entanto, é ter um acompanhamento médico regular.

RCV – Qual a importância de um convívio social ativo para a obtenção de uma melhor qualidade de vida entre os idosos? JP – É essencial. Nós percebemos

que muitos idosos ficam um pouco isolados da sociedade, até porque houve uma mudança social muito grande, com o uso de smartphones e outros equipamentos que não existiam no tempo deles. Então, a mudança cultural foi muito forte. Por isso, é muito importante para a saúde mental que o idoso tenha um convívio social, e nós até recomendamos aos pacientes que vão ao nosso consultório para fazerem parte de grupos de igreja, ou do que desperte o interesse deles. Por exemplo, se ele gosta de esportes, pode fazer parte de grupos de caminhada. Qualquer atividade que ele venha a fazer, se for feita em grupo, é bem melhor. Nós observamos REVISTA CIDADE VERDE | 7 DE JANEIRO, 2018 | 7


isso até mesmo na alimentação. Se o idoso se alimenta sozinho, geralmente ele come 30% menos do que comeria se estivesse acompanhado. A socialização é essencial.

RCV – E de que forma é possível tirar proveito dos recursos tecnológicos para melhorar a vida das pessoas mais velhas? JP – O idoso sempre tem um pou-

co mais de dificuldade em lidar com novas tecnologias, diferente dos jovens, que já nascem em contato com esses recursos. Mas seria interessante que eles aprendessem a lidar com grupos de conversas no celular para entrar em contato com os parentes e enviar mensagens de áudio, porque isso ajuda na socialização. Claro, sempre com o cuidado de não esquecer o convívio real. Existem também vários aplicativos para ajudar os idosos, como os de medicações. O aplicativo avisa o paciente na hora em que ele tem de tomar o remédio, ou beber água, fazer atividade física. O aplicativo, na verdade, ajuda até a nós, médicos, porque nos dá a segurança de que não vai haver erro na administração da medicação, o que é muito comum entre idosos. A tecnologia está vindo e nós temos que nos adaptar e adaptar a família, também, para ajudar o idoso. Outro tipo de tecnologia já bastante comum é a utilizada para quem tem alguma demência, um grau de Alzheimer, e se perde nas ruas. Já existem relógios com GPS, telefones com um botão para apertar e chamar ajuda, sensores instalados nas casas para detectar uma queda do idoso e avisar aos familiares, etc. 8 | 7 DE JANEIRO, 2018 | REVISTA CIDADE VERDE

A pessoa que trabalha e se mantém ativa durante mais tempo é também mais saudável. Muitos idosos, ao se aposentarem, entram em depressão.

RCV – Aprender novos conhecimentos, línguas ou outras habilidades ajuda a manter o cérebro ativo e lúcido? JP – Ajuda, sim. Nós não podemos

dizer que isso previne algum tipo de doença, mas ajuda a manter o idoso funcional por muito mais tempo. Ele consegue ficar mais ativo e evita a depressão. O aprendizado estimula a cognição e evita doenças da saúde mental.

RCV – Na adolescência, ainda não é comum que haja a preocupação com uma alimentação saudável. Quais os prejuízos que o consumo exagerado de fast-food ou de enlatados, na juventude, pode trazer no futuro? JP – O principal prejuízo, e isso

é muito debatido nos congressos internacionais, é a obesidade. Se você consome alimentos industrializados ou fast-food, a chance de você ficar obeso é muito maior.

O consumo de alimentos de alta caloria, com baixo valor nutritivo, pode levar a outros tipos de problemas, como a diabetes ou a hipertensão, já que esses alimentos possuem um alto teor de sódio. Nós sabemos também que a ingestão desses alimentos está associada ainda ao câncer intestinal. As recomendações são para que não se consuma grande quantidade de carne vermelha, dando preferência a peixes e frangos. Na verdade, isso deve começar desde a infância.

RCV – O consumo de suplementos vitamínicos é recomendado pela medicina? JP – Essa é uma questão bem de-

licada. Nós sabemos que os suplementos vitamínicos não são indicados para os idosos por conta da individualização do tratamento de que eu falei antes. Você não pode pegar uma fórmula pronta com várias vitaminas, muitas vezes em doses altas, e dar para o idoso para tentar sanar uma carência alimentar que ele tem. O certo é encaminhar ele para um nutricionista para que seja feita uma alimentação balanceada, na qual ele obtenha todas essas vitaminas contidas nos suplementos. Em vez do suplemento, o que nós indicamos é uma mudança de hábito. Algumas vitaminas, cuja deficiência é detectada, nós podemos prescrever como complementação específica, individual, a exemplo da vitamina D. Como hoje nós nos protegemos muito do sol, com roupas e protetor solar, a incidência da falta dessa vitamina é alta. A vitamina


B12, que é associada à memória, também pode ser receitada, mas sempre de forma individual e com acompanhamento médico.

RCV – É verdade que as mulheres vivem mais do que os homens? JP – É. A diferença pode chegar

até a sete anos. Por isso, há tantas viúvas. Além de, normalmente, elas casarem com homens mais velhos, eles ainda morrem mais cedo. A longevidade feminina está muito associada a dois fatores, sendo que o principal deles é hormonal. A mulher possui um fator hormonal que serve como protetor contra doenças cardiovasculares. Tanto que, após a menopausa, a incidência de mortes por esse tipo de doença começa a se igualar entre os dois sexos porque, a partir daí, ela perde a proteção hormonal. Além disso, a mulher procura mais, e mais cedo, a assistência à saúde, então, ela começa a se tratar mais cedo. É uma questão cultural. Sem falar nos fatores de risco de causas externas, como violência e acidentes de trânsito, que costumam atingir mais os homens.

RCV – Com as novas regras da previdência, o brasileiro vai ter que trabalhar mais antes de se aposentar. Manter-se por mais tempo em uma atividade profissional é um fator positivo? JP – Sim, é um fator positivo. A pessoa que trabalha e se mantém ativa durante mais tempo é também mais saudável. Muitos ido-

O idoso não pode se sentir um peso. Ao contrário, ele tem de perceber que é essencial para a família.

sos, ao se aposentarem, entram em depressão. Quando eles nos procuram no consultório dizendo que vão se aposentar, nós já fazemos uma preparação. Tipo: se você vai deixar a sua atividade profissional, qual a outra atividade que você pretende abraçar? Uma ação voluntária de caridade, ou de qualquer outra natureza, é muito importante, porque se ele ficar só em casa, parado, ele vai ficar sedentário, com mais chance de depressão e de evoluir para um quadro de perda de memória, porque ele começa a ficar mais isolado, e isso traz vários fatores que podem prejudicar a saúde dele.

RCV – Diante de tantos avanços da medicina, é possível prever, em um futuro próximo, mais brasileiros chegando aos 100 anos? JP – Com certeza. Cada vez mais,

a população idosa vai crescer no

Brasil e o número dos “muito idosos”, como a gente chama, deve crescer. Quando eu fiz minha residência médica em São Paulo, a diferença do número de idosos de lá para cá era gritante. Nós tratávamos muitos pacientes acima de 80 anos. E estudávamos os seus casos para tentar entender porque eles viviam mais. E nós constatamos que essas pessoas tinham uma genética boa, mas também faziam atividade física e eram ativas na sociedade. É importante que os idosos realizem atividades que lhes deem prazer.

RCV – A partir de qual idade as pessoas devem começar a procurar o geriatra? JP – Quanto antes, melhor. O geriatra é também um clínico, aquele médico que agrega, que tenta fazer um atendimento conjunto. Se o paciente tem vários médicos, ele tenta coordenar isso para que não haja choque de prescrição, por exemplo. Eu recomendo que a procura inicie a partir dos 30 anos de idade.

RCV – Para finalizar, qual a sua recomendação para quem tem idosos em casa? JP – Tenham atenção especial

com o idoso. Nós sabemos que a vida atual é corrida e que nós passamos a maior parte do tempo fora de casa. Mas, ao chegar, conversem, perguntem como ele está, tentem levá-lo para lugares novos. Ele não pode se sentir um peso. Ao contrário, ele tem de perceber que é essencial para a família. REVISTA CIDADE VERDE | 7 DE JANEIRO, 2018 | 9


A Revista Cidade Verde é um periódico quinzenal da Editora Cidade Verde Ltda. A Cidade Verde, não necessariamente, se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra através de qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotografado ou gravado sem a permissão da Editora Cidade Verde.

PRESIDENTE Jesus Tajra Filho Conselho Editorial: Jesus Tajra (presidente) José Tajra Sobrinho (vice-presidente) Diretoria da Editora Cidade Verde: Elisa Tajra Diretoria de Assinaturas e Circulação: Clayton Nobre Riedel Filho Diretoria Comercial: Marina Lima Diretoria de Publicidade e Marketing: Jeane Melo, Caroline Silveira, Rafael Solano e Itallo Holanda Editora-Chefe: Cláudia Brandão - DRT/PI 914 Chefe de redação: Arlinda Monteiro Repórteres: Caroline Oliveira e Jordana Cury Repórter fotográfico: Wilson Filho e Roberta Aline Redação (articulistas): Cecília Mendes, Cineas Santos, Eneas Barros, Elivaldo Barbosa, Fonseca Neto, Marcos Sávio, Péricles Mendel, Pe. Tony Batista, Rayldo Pereira e Zózimo Tavares Colaboradores desta edição: Ascom Sesc, Fábio Lima e Fenelon Rocha Editor de Arte/Diagramador: Airlon Pereira Souza Revisão: Ananda Sampaio Impressão: Halley S.A. Gráfica e Editora

Revista Cidade Verde e Editora Cidade Verde Ltda Rua Godofredo Freire, nº 1642 / sala 35 / Monte Castelo Teresina, Piauí CEP: 64.016-830 CNPJ - 13284727/0001-90 email: revista@cidadeverde.com fone: (86) 3131.1750

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