Revista Cidade Verde 170

Page 1


CLAU PUBLIC


UDINO CIDADE


Índice Capa

Os 100 anos do 25 BC

08

Páginas Verdes Italo Joffily

Área de deserto avança sobre o Piauí

05. Editorial

38. A energia que vem do sol

08. Páginas Verdes Italo Joffily concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

42. Teresinenses criam a primeira mão elétrica

14. Palavra do leitor 18. Projeto gera polêmica na zona leste 26. O governo que resta 36. Indústria

30

62. Empreendedorismo 66. Teresina faz há 45 anos o maior Festival de Violeiros do Brasil 70. Imagens que contam a história de Teresina 74. A lista dos sonhos

Articulistas 15

Jeane Melo

57

Zózimo Tavares

58

Descolamento de retina pode cegar

24. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa 45. Tecnologia Marcos Sávio

COLUNAS

48

64. Economia e Negócios Por Jordana Cury 80. Passeio Cultural Eneas Barros 84. Playlist Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel

61

Cecília Mendes


foto Manuel Soares

Um século de história A imagem que nós construímos do Exército, ao longo do tempo, sempre foi associada a combates em áreas de conflito. No entanto, a ação militar vai muito além das operações de guerra e de defesa das fronteiras do país. Ao pesquisarmos a história do 25 BC, que está completando cem anos aqui no Piauí, descobrimos que a atuação dos militares está presente também em várias ações sociais, como a operação carro-pipa, o combate ao mosquito da dengue, e até mesmo na guarda das provas do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. A presente edição da Revista Cidade Verde faz uma homenagem a esta instituição centenária de relevantes serviços prestados ao Piauí e ao mundo, como mostra a repórter Jordana Cury, ao relatar a participação de oficiais piauienses na missão realizada no Haiti. No início do ano, quando explodiram as rebeliões nos presídios do Rio Grande do Norte, o 25 BC também mandou seus homens para ajudar a restabelecer a paz naquele Estado. Não bastassem esses serviços, o Exército ainda é tido como uma oportunidade para jovens carentes da cidade que veem no serviço militar um caminho a ser seguido. As entrevistas colhidas na nossa reportagem mostram

que muitos deles escolhem a carreira militar como profissão. Sempre atenta aos problemas do Piauí, a Cidade Verde traz uma reportagem completa sobre um fenômeno que vem crescendo de forma assustadora no Estado: o processo de desertificação na região do semiárido. A degradação do solo está destruindo terras outrora férteis para cultivo. Em Picos, a desertificação já alcança a impressionante marca de 200 mil hectares, como mostra a reportagem da jornalista Caroline Oliveira. Em contrapartida, a boa notícia para o meio ambiente trata do investimento na energia solar fotovoltaica, que desperta mais interesse a cada dia. A matéria-prima para esse tipo de energia, o Piauí tem de sobra. Só precisa aproveitar melhor o potencial disponível na natureza. Felizmente, isso já começou a acontecer, embora ainda de forma tímida. Mas já é um progresso e, também, uma esperança para avançarmos em energia limpa e com bom retorno financeiro ao longo dos anos. Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE AGOSTO, 2017 | 5


HOUS PUBLIC


SE D1 CIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Italo Joffily

claudiabrandao@cidadeverde.com

O que muda com a nova gestão da água em Teresina A empresa Águas de Teresina assumiu a subconcessão dos serviços de água e esgoto da capital piauiense, no dia 7 de julho, com o compromisso de acabar com a falta de água constante que atormenta os moradores da cidade, especialmente nos meses mais quentes do ano. O contrato assinado com o governo do Estado é por trinta anos, mas dentro de cinco anos a empresa terá que oferecer água tratada a toda população. Para isso, vai construir mais de 250 km de novas redes. Com relação ao esgotamento sanitário, o prazo é um pouco mais elástico. Com uma nova filosofia de trabalho, o diretor-presidente da empresa, Italo Joffily pretende fazer uma parceria com a comunidade e pede um pouco de paciência nesses primeiros dias, mas garante que os teresinenses podem confiar que não haverá mais intermitência no fornecimento de água na cidade. Nessa entrevista à Revista Cidade Verde, ele fala sobre os planos e metas da empresa para os próximos anos e diz 8 | 20 DE AGOSTO, 2017 | REVISTA CIDADE VERDE

foto Wilson Filho

A direção da empresa que assumiu os serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário em Teresina promete trabalhar para acabar com a intermitência de água na capital.


o que os teresinenses podem esperar da nova administração.

RCV – Com a entrada da empresa em Teresina, o que muda, na prática, na vida do consumidor? IJ – Considerando que a empresa

Nossa emergência pontual é garantir água durante o BR-O-BRÓ.

é uma concessionária e a população é a base de clientes, não muda nada, absolutamente nada. A natureza da relação mantém-se exatamente a mesma, mas a capacidade de operar os serviços, essa sim, é muito diferente em relação à empresa que operava antes e a nossa companhia.

RCV – Havia um receio, por parte da população, de que o valor das tarifas aumentasse bastante. Existe esse risco? IJ – Primeiro, eu não vejo isso

como um risco porque nós não temos o arbítrio de tratar da tarifa individualmente. Segundo, nós temos que nos pautar, obrigatoriamente, dentro do contrato. E o contrato não permite, de forma unilateral, uma relação de oferta de serviço a um novo patamar de valor. Esse risco não existe objetivamente como é percebido pela população. Nós estamos fazendo um volume significativo de investimentos – já estamos há mais de 30 dias em operação – e vamos mudar a cara da cidade, vamos entregar esgoto (nós temos menos de 20% da cidade coletando, afastando e tratando esgoto), vamos eliminar a intermitência no fornecimento de água, vamos qualificar a distri-

buição de água, eliminar as perdas existentes, o que significa um volume enorme de investimentos.

RCV – Qual o valor total previsto para ser investido em Teresina? IJ - A proposta já vem com um

valor total. Nós iremos investir, ao longo de trinta anos, R$ 1,7 bilhão. Desse valor, R$ 650 milhões serão nos primeiros cinco anos e quase 80% desse valor é para esgoto. Quando a gente fala isso, ainda me reportando à sua primeira pergunta, a gente tem que entender que, uma vez que o serviço venha sendo prestado, nós precisamos atender à legislação de saneamento e à legislação das concessões públicas no Brasil. Nós temos que manter e construir o equilíbrio econômico e financeiro. Nós temos, em Teresina, uma das tarifas mais baixas do país e isso é também causa, não

única, do histórico de ineficiência da concessão anterior. Isso tudo posto, é uma equação que vai naturalmente se acomodando à luz de um serviço prestado. Primeiro, nós vamos prestar o serviço e, dentro dos mecanismos do contrato, que não somos nós que definimos, não somos nós que controlamos, é tudo regulado pelo poder público, será calculada a tarifa. A gente não cobra pela água. A água no Brasil não tem valor auferido, ela é gratuita. Nós temos os serviços que envolvem a coleta de água bruta, o tratamento e a distribuição para as pessoas. Isso demanda energia, produto químico, gente, veículos e processo para fazer tudo de forma controlada. Com o esgoto é a mesma coisa.

RCV – Quais foram as obras já feitas pela companhia em Teresina nesse primeiro mês de funcionamento? IJ – Nós ainda não fizemos obras

significativas porque o governo e a cidade nos mostraram que há uma emergência pontual, chamada BR-O-BRÓ. Essa é uma emergência histórica na cidade, com aumento da temperatura, aumento no consumo, e uma queda na oferta de água nos corpos hídricos que cercam Teresina. Então, nessa hora, as pessoas sofrem muito. Foi solicitado para nós um plano emergencial, por isso, antes de olharmos para as metas do contrato, nós começamos a nos preocupar com o BR-O-BRÓ. Elencamos catorze áreas REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE AGOSTO, 2017 | 9


em que iríamos fazer um ataque específico, mudando coisas razoavelmente simples. Fizemos ações pontuais no residencial Eduardo Costa, Orgulho do Piauí e Angelim, fizemos uma pequena adutora de 150 mm, que tinha 700 metros, que já regulou o fornecimento de água para sete mil pessoas. Nesse período, que está começando agora, a gente tem cortes de 30, 60, 90, 120 dias, dependendo das ações que a gente vai fazer. Vamos atingir, aproximadamente, 250 mil pessoas pensando no BR-O-BRÓ. São medidas que tratam da segurança de fornecimento, como, por exemplo, a substituição de quadros elétricos, a substituição de unidades bombeadoras, trazer para cá unidades bombeadoras reservas, que não existiam, mudar filtros de estação de tratamento de água, trocar válvulas de distribuição que estavam travadas, ou seja, são ações que, de uma forma ou de outra, já aumentam a oferta d’água.

RCV – A empresa também vai conter os vazamentos de água nas ruas? IJ – Num primeiro instante, nós

vamos perceber um acréscimo dos vazamentos de água nas ruas porque nós trabalhávamos com uma oferta de aproximadamente 10 a 11 mil metros cúbicos hora/água. Nós vamos subir isso para 13 mil metros cúbicos hora / água. Vamos elevar cerca de 25% do volume ofertado. Quando eu faço isso, eu aumento a pressão nas linhas para fazer chegar mais água a lugares mais longe. Em compensação, a 10 | 20 DE AGOSTO, 2017 | REVISTA CIDADE VERDE

Nós perdemos perto de 70% da água produzida em Teresina.

resgatar as ordens de serviço que estavam abertas. A gente não recebeu uma fotografia muito clara do que veio da Agespisa, como, os serviços que foram começados e não foram terminados, ruas que foram furadas e não foi feito o trabalho de recapeamento asfáltico, etc.

RCV - A Águas de Teresina vai resolver, de forma definitiva, o problema de falta de água em alguns bairros da cidade, especialmente os que ficam nas regiões mais altas? IJ - Sim, porque nós vamos aumen-

gente aumenta a pressão operacional, e daí surgem os vazamentos.

RCV – E em quanto tempo a empresa pretende dar a resposta, cada vez que for acionada pela população por causa de um vazamento? IJ - Pretendemos dar a resposta

imediatamente. A gente sabe que a população está adormecida porque achava que não havia capacidade de resposta, não havia eco na demanda. Agora, que a população já está sabendo que, quando fala com a gente, a gente dá a resposta e vai ao local, isso vai implicar um crescimento de demanda significativo nos primeiros seis meses, até que a gente comece a dar resposta e a equalizar o volume de ações que a gente faz por dia. A gente interfere na cidade aproximadamente 170 a 180 vezes por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. E a gente ainda tem que

tar a pressão média, mas, provavelmente, esse será o último patamar da gente. Isso tem que acontecer nos próximos três anos. Nós temos que eliminar a intermitência no fornecimento de água de Teresina. Vamos fazer um balanço hídrico na cidade, trazendo a intermitência para zero, ou seja, com a oferta de água durante 24 horas em todos os locais. Isso requer investimento, monitoramento e o apoio da população, porque teremos que combater o uso irresponsável da água e as ligações clandestinas, que sangram o sistema.

RCV - A empresa já conseguiu quantificar o volume de água desperdiçado em Teresina? IJ – No documento do contrato, o

termo de referência cita os números do Sistema Nacional de Informação do Saneamento, que apontam 51,2% de perda. Nós nunca acertamos uma vez nesse índice, os números são sempre piores no Brasil inteiro. Nós estimamos hoje que, de cada dez litros que nós produzimos, nós perdemos sete. Nós perdemos perto de


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.