Revista Cidade Verde 195

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CIDADE


Páginas Verdes Dirceu Andrade

05. Editorial 08. Páginas Verdes Dirceu Andrade concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 15. ESPECIAL Educação premiada 23. ESPECIAL Teresina Digital 34. ESPECIAL Saúde de ponta

15

Educação premiada

23

34

Teresina Digital

52. ESPECIAL Passear pela cidade faz um bem danado!

Saúde de ponta

30. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

48. Economia e Negócios Jordana Cury

62. ESPECIAL Mandando bem na cozinha

86. Perfil Péricles Mendel

66. ESPECIAL Teresina solidária 71. ESPECIAL A matéria-prima das medalhas 76. ESPECIAL A vida sobre duas rodas

Articulistas 14

Jeane Melo

28

Cineas Santos

COLUNAS

08

74

Fonseca Neto

90

Tony Batista


Teresina faz muito bem! A cidade de Teresina, que completa 166 anos no próximo 16 de agosto, faz bem e faz bem feito. Bem pra quem mora aqui e tem a oportunidade de viver em um lugar de intensa luz, de dois rios que se unem em um abraço rumo ao mar, e de forte sentimento de fraternidade. Bem para os que chegam de fora em busca de oportunidades de uma vida melhor e encontram uma cidade acolhedora, disposta a recebê-los de forma calorosa, na pele e na alma. Entre os orgulhos da jovem capital, está o seu papel de promover educação de qualidade, incentivando talentos e promovendo o conhecimento desde a educação infantil até a pós-graduação. Os exemplos de alunos teresinenses que ganham medalhas olímpicas de matemática, física e outras disciplinas se multiplicam a cada ano. Assim como os candidatos daqui que se destacam nos concursos públicos realizados em todo o país. Todos os anos, nossas escolas despontam no ranking nacional entre as melhores do Brasil, provando a excelência e a seriedade com que a educação é tratada entre nós. Com novas faculdades abertas, aumenta o leque de possibilidades para os estudantes que desejam cursar uma graduação. E, com isso, a cidade vai recebendo, generosamente, estudantes de diferentes municípios que recorrem à Teresina à procura do saber.

De posse do conhecimento, e com os olhos voltados para o futuro, os teresinenses passaram a se destacar também na área da tecnologia. O chamado setor da economia digital vem se consolidando, com especial destaque na criação de startups e no desenvolvimento de games e projetos voltados para melhorar a vida das pessoas. Somos, sim, uma cidade tecnológica. E o que dizer da saúde promovida na terra conhecida como Cidade Verde? Profissionais capacitados e reconhecidos internacionalmente realizam uma medicina de excelente qualidade, fazendo uso de recursos modernos e de um atendimento de ponta, que atraem pacientes de vários estados do país. Nesta edição comemorativa ao aniversário da cidade, trazemos ao leitor uma exaltação do que Teresina faz de melhor, mostrando que, apesar das mazelas próprias de uma metrópole, há setores e pessoas trabalhando com dedicação para transformar a capital piauiense em um lugar de prosperidade e qualidade de vida. Esta é a nossa forma de festejar a aniversariante.

Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 5 DE AGOSTO, 2018 | 5


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CIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Dirceu Andrade

claudiabrandao@cidadeverde.com

Rir Faz Bem O humorista Dirceu Andrade tornou-se uma das caras mais conhecidas de Teresina. Embora nascido em Piripiri, o humorista mora na capital piauiense há mais de trinta anos, desde que veio para cá, em 1987, para dar segmento aos estudos. O primeiro endereço na capital foi a Casa do Estudante, onde começou a observar os hábitos e o cotidiano do teresinense. Mas a carreira artística só desabrochou em 1992, quando iniciou no Grupo Harém de Teatro, que lhe serviu como porta de acesso ao universo humorístico. Hoje, com mais de duas décadas de humor afiado, Dirceu já acumula na bagagem apresentações em várias capitais brasileiras e até em Lisboa – Portugal - onde passou uma temporada. O título de cidadão teresinense, recebido na Câmara Municipal, só veio confirmar uma paixão já antiga pela cidade que o acolheu de braços abertos e que ri com ele a cada nova piada ou personagem. Alguns desses personagens, aliás, o acompanham até hoje por onde anda. É o caso do famoso Zé Bandeira, protagonizado por ele du8 | 5 DE AGOSTO, 2018 | REVISTA CIDADE VERDE

foto Wilson Filho

Se as coisas não vão tão bem, é melhor rir do que chorar. Esta é a opinião do humorista Dirceu Andrade, que completou 23 anos de carreira dedicada a levar alegria às pessoas.


rante a Copa de 94 para uma campanha da empresa Jelta. Dirceu segue rindo e fazendo os outros sorrirem porque, como ele mesmo diz, este ainda é o melhor remédio.

RCV – Por que rir é o melhor remédio? DA – Eu acho que isso já é comprovado. Na medicina chinesa, que é anterior à nossa, já era uma coisa atestada e, também, eu já vi em um livro chamado “Por que adoecemos?”, que fala sobre isso. Então, eu fui estudar um pouco sobre a serotonina e o cortisol, para entender como a primeira combate o cortisol e como consegue destruir doenças. Isso é real. Sorrir é o melhor remédio mesmo para qualquer problema.

RCV – O teresinense é bem-humorado? DA – Só não no trânsito. Eu não sei

por quê (risos). Mas, de uma maneira geral, sim. O teresinense é muito bem-humorado, ele vai de espírito aberto para os shows de humor, por exemplo. E, quando eu chego a um local aberto, como praças, para um show de graça, a população está espalhada, um aqui, outro acolá, e, logo, junta todo mundo para ficar mais de uma hora em pé. São pessoas que gostam de sorrir, com certeza.

RCV – O que o faz rir em Teresina? DA – Tanta coisa. No próprio noti-

ciário, a gente vê tanta coisa engraçada. O jeito, o caminhado, o tipo caboclo. As coisas do dia a dia. Eu

O teresinense é muito bem-humorado. Só não no trânsito. Eu não entendo por quê.

tenho brincado ultimamente com o pensamento violento das pessoas, gente que fica irritada por pouca coisa.

RCV – Rir da própria tragédia ajuda a diminuir a dor? DA – Ajuda, mas isso no momen-

to exato da tragédia é difícil, o que é até compreensível. No Nordeste brasileiro, como um todo, se você fizer piada da tragédia está fadado ao fracasso. Mas, se demorar um pouco mais, tudo bem. Eu já vi uma palestra muito boa de um humorista português sobre isso, que diz que tragédia + tempo = comédia. É só uma questão de tempo. Eu já fiz piada com um assalto que eu sofri. Eu estava na Barão de Gurgueia, parando o carro em uma farmácia, em um dia de domingo. Eu vinha com dinheiro no bolso porque estava chegando de um show, quando dois rapazes me abordaram com um revólver. Pensei logo que ia morrer. Quando ele disse: ‘sai, sai, sai’ , eu saí na mesma hora, e ainda tive tempo de dizer;

‘Vai desculpando aí’. Eu fiquei tão nervoso que ainda pedi desculpa por estar sendo assaltado. Até o ladrão sorriu.

RCV – A atuação do Neymar na Copa do Mundo gerou muitos memes. O humorista não perdoa falhas? DA – Eu não vou para o lugar co-

mum, a não ser os lugares comuns que o humor já ocupou durante muito tempo, como os estereótipos. Mas o Neymar também se diverte, a gente pode até tirar brincadeira com ele, que não é bullying, porque ele se diverte, embora eu não ache que seja justo. Por exemplo, eu vi um jogo dele aqui em que um repórter, com uma barriga muito maior do que a minha, perguntou: ‘Você hoje não está bem, o que houve?’. O Neymar olhou para a própria barriga e, depois, para a do repórter e respondeu: ‘Eu não estou bem? Quem não está bem é você.’ Aí, sorriu. Ele tem o couro grosso.

RCV – Alguma personalidade caracterizada em seu show já se sentiu ofendida? DA – Já. Hoje eu nem trato mais

disso porque foi uma coisa que eu aprendi: assim como o humor é o melhor remédio, e eu trato o humor mesmo como uma terapia para quem vai assistir ao meu show, eu não vou usar esse remédio mais para afrontar ninguém. O que eu fiz em um dado momento foi afrontar uma pessoa e não foi legal. Eu me arrependo e não faço mais. REVISTA CIDADE VERDE | 5 DE AGOSTO, 2018 | 9


RCV – Há alguém em Teresina que você goste de imitar, sem qualquer constrangimento? DA – Eu gosto de imitar o cabe-

leireiro Mariano Marques. O carnavalesco Milton Cunha, que tem postado muitos vídeos sobre positividade, também gosto de imitar. Eu começo a ver a pessoa e acabo incorporando os trejeitos. Assim como há casos em que eu tento imitar e não consigo como, por exemplo, o Alberto Silva. Eu tentei e não consegui.

RCV – É mais fácil fazer piada com pessoas ou com fatos? DA – Com fatos. Com pessoas é

mais complicado, já gerou até processo contra mim. Aí não é legal nem pra mim, nem pra pessoa. Agora, eu estou em um momento para não brigar, eu não quero nada que me gere confusão. Isso termina sendo uma autocensura.

RCV – Então, você não é do tipo que perde o amigo, mas não perde a piada? DA – Não. Eu nunca fui assim, mas hoje eu não perco mais ninguém nesse sentido, porque eu não era amigo da pessoa quando fiz piadas assim, mas, hoje, nem com os que não são tão próximos, eu não faço nada que agrida.

RCV – Alguns personagens marcam tanto o humorista que as pessoas não dissociam mais um do outro. Foi assim com o Zé Bandeira? 10 | 5 DE AGOSTO, 2018 | REVISTA CIDADE VERDE

Tragédia + tempo = comédia. É só uma questão de tempo. Eu já fiz piada com um assalto que sofri.

DA – Por muito tempo, e até hoje,

as pessoas me confundem com o Zé Bandeira. Principalmente os idosos, mas também pessoas da minha idade que curtiam o personagem chegam para mim e falam sobre ele. Alguns perguntam: ‘Você é o famoso Zé Bandeira?’ E na época fez muita fama mesmo, foi uma coisa que marcou. Tem gente que ainda pede para eu voltar a fazer. Nessa Copa mesmo, uma empresa me procurou para fazer e eu adiantei que o personagem não me pertencia. Mas o Zé Bandeira, realmente, foi um dos personagens que eu mais gostei de fazer, ele e a Mundica Fuçura.

RCV – Em quê você está trabalhando no momento? DA – Eu vou lançar o DVD ‘Alegria

de Pobre’, que eu gravei ainda em 2014, e é o meu quarto DVD. Estou fechando com os patrocinadores.

RCV – Conta pra gente, então, qual é a alegria de pobre? DA – Acho que é o dia que sai o déci-

mo terceiro salário (risos) e dinheiro achado em calçada alta, de preferência, porque não precisa nem se abaixar. Mas tem muitas outras alegrias retratadas no show, como o famoso ‘passeio’ em uma cachoeira. Eles dizem que estão indo para um banho. E, quando chegam, vão logo anunciando: ‘Cheguemo vivo’. Tem muita coisa que eu próprio vivi e que muita gente também viveu.

RCV – O que mais tem chamado a sua atenção no cotidiano da cidade, atualmente? DA – Uma das coisas que mais têm

chamado a atenção é a questão da mobilidade urbana, do trânsito. Esse novo formato do transporte público. É o caso dos retornos que foram fechados na cidade. Eu conto que encontrei com o prefeito Firmino, no meio do passeio da Avenida Dom Severino, e perguntei para ele: ‘Amigo, eu tou querendo voltar. Onde é o retorno?’ E ele respondeu: ‘Volta mais, não. Teresina é daqui pra frente’. Piadas com políticos, o povo gosta e pede sempre nos shows. Às vezes, eu até quero tirar os políticos do meu show, mas o povo pede.

RCV – É o tipo de piada que mais atrai o interesse do público teresinense? DA – Aqui, sim. Aqui os políticos são celebridades. Alguém já disse isso, a frase não é minha, mas é a pura verdade. Eu vi, em uma mesma semana, um político ser levado nos braços e um humorista ser vaiado. Eu acho isso muito estranho.


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