Revista & 004

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SOCIAL&EDUCAÇÃO

lógicas que muitas vezes organizam obras de História, sob uma suposta “didatização” da compreensão pelo leitor, sugerir a este a interligação intimamente existente entre as discussões que animaram segmentos inteiros de gonçalenses, embalados pela noção de pertencimento e participação, tão atualmente esquecidos (mas aparentemente em estado de renovação, a julgar pelas reivindicações populares que também se manifestam em São Gonçalo) na vida cívica de nossa cidade. 5-A publicação está sendo apontada como uma espécie de resgate histórico de São Gonçalo. Qual é a importância disso para a cidade? R: Em minha opinião, a obra contribui de duas formas: a primeira, como mencionei, para a consolidação de uma forma acadêmica de abordagem, que preconiza métodos de pesquisa e de comunicação que instigam, sem dúvida, à pesquisa histórica os estudantes de diversos níveis de ensino. Naturalmente, os estudantes que desejam se profissionalizar na área têm mais a ganhar, na medida em que podem ter a obra como uma sugestão – mas não um parâmetro, já que o fazer histórico é plural e diverso em sua constituição – de como e onde pesquisar e produzir histórias de São Gonçalo. A outra, mais abrangente e profunda, é a popularização de passagens de nossa história, resgatadas e enriquecidas pelos profissionais, por intermédio do rigor de suas análises. Tal popularização tem o mérito de se estender aos leigos e interessados em geral, fazendo de lugares (como na importância conferida pelo professor

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Rogério Fernandes à Praça dos Ex-Combatentes, pelos professores Henrique Mendonça e Rui Aniceto à Ilha das Flores e ao bairro de onde se originou o ex-governador Geremias Fontes, tão bem caracterizado pelo professor José Pedro de Assis), símbolos (como na discussão da importância do monumento ao ex-prefeito Joaquim Lavoura, do professor Renato Freire, e dos brasões, hino e bandeira, resgatados pelo jornalista Jorge Nunes) e instituições (como na pesquisa sobre o então Hospital de São Gonçalo e do protagonismo de Luiz Palmier, personalidade cujo nome rebatizou o hospital, presente na minha própria pesquisa) referências reconhecidas pelos moradores da cidade e, quem sabe, fatores de sua maior identificação como gonçalenses. 6-”São Gonçalo em Perspectiva” é, sem dúvidas, um marco cultural para a cidade. Como você avalia a “cultura” hoje em São Gonçalo? R: Por ocasião do lançamento da obra, em abril, recebemos o apoio da Secretaria de Cultura, na pessoa do secretário Michel Portugal, que nos forneceu o coffee break. Lembro isso não somente para agradecer publicamente àquele gestor, mas também porque, com esse incentivo, houve certamente a compreensão da importância da obra para uma leitura repensada de nossa história. Nesse sentido, penso que a cultura de São Gonçalo padece de espaços culturais, que ao mesmo tempo divulguem, formem público e aproximem o cidadão comum das realizações artísticas, da chamada cultura popular e, sobretudo, dos fazeres dos nossos próprios concidadãos, construtores destes bens


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