Jornal Entreposto | Janeiro de 2015

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um jornal a serviรงo do agronegรณcio

ano 15 - nยบ 176 - janeiro de 2015

OS NOVOS DESAFIOS DA AGRICULTURA NACIONAL


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2015

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PESCADOS Apesar de saudável, muitas pessoas encontram diculdades para comprar e preparar peixes. O Anuário Entreposto de Pescados é a solução para este problema. Aqui você pode encontrar qualquer produto vendido pelos atacadistas da Ceagesp com recomendações e ideias de preparo. Um guia útil para todos que apreciam uma boa culinária e trabalham na comercialização destes alimentos.


editorial

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 3

CONTAS EM DIA

Finanças organizadas ajudam empresário a investir Planejamento orçamentário é a chave do sucesso empresarial

P

ara não iniciar o ano no vermelho e garantir o bom desempenho financeiro de pequenas e médias empresas (PMEs), os especialistas lembram que desafio maior do empresário é avaliar as contas. Segundo a Nibo, consultoria focada no desenvolvimento de plataformas de gestão financeira às PMEs e integração contábil para contadores, a primeira dica importante para o empreendedor é ter mais de uma conta bancária para separar o dinheiro da empresa e o pessoal. “Dessa forma, o empreendedor sabe qual é o limite de uso do dinheiro sem comprometer as finanças da empresa e vice-versa”, diz a vice-presidente de marketing da consultoria, Sabrina Gallier. Outras dicas importantes para

o empresário fazer sobrar dinheiro e planejar investimentos são analisar todas suas transações e gastos, acompanhar a contabilidade e usar softwares de gestão em vez de planilhas cansativas e complicadas.

Onde investir Em função da perspectiva de alta da taxa básica de juros da economia em 2015, os investimentos mais recomendados pelos especialistas para este ano são aqueles vinculados a juros pós-fixados. Entre esses investimentos, estão os fundos DI, Letras Financeiras do Tesouro (LFT), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Empresário com dívida pode recorrer ao fomento comercial As empresas de factoring, cuja atividade principal consiste na compra de títulos de crédito resultantes de vendas mercantis, oferecem diversos serviços às micro, pequenas e médias empresas com dificuldades financeiras. “Num ano de economia apertada, crédito escasso e mais de 70% das disponibilidades neste campo concentradas nas quatro maiores instituições financeiras do País, o fomento comercial tem sido uma alternativa interessan-

te”, ressalta Hamilton de Brito Junior, presidente do sindicato que representa as factorings paulistas (Sinfac-SP). “Ao invés de juros, o setor opera com um coeficiente denominado fator, que, embora seja em torno de 1% acima das taxas praticadas pelos bancos, é isento de tarifas e não submete o empreendedor às conhecidas reciprocidades bancárias, quase sempre de baixíssima rentabilidade”, acrescenta.

Mudança de rumo A chegada de uma liderança de peso do setor rural brasileiro ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é, de maneira geral, vista com bons olhos pelas cadeias produtivas do agronegócio, um dos mais importantes segmentos da economia nacional. Contudo, essa mudança de direção, por ora considerada positiva, causa grande incômodo entre militantes de facções partidárias situadas mais à esquerda, movimentos sociais e ambientalistas. Portanto, o primeiro grande desafio de Kátia Abreu será o de neutralizar o discurso negativo à sua nomeação pela presidente Dilma Rousseff com ações concretas para cumprir sua principal promessa, a de dobrar a classe média rural brasileira nos próximos quatro anos. Nesta primeira edição de 2015, em que o JE apresenta a seus leitores um novo projeto gráfico com uma abordagem editorial renovada dos temas

ligados à produção e distribuição dos produtos agrícolas brasileiros, os empreendedores das Centrais de Abastecimento (Ceasas) do País, transportadores, varejistas e demais agentes da imensa cadeia de frutas, hortaliças, flores e pescados notarão uma publicação com reportagens mais amplas e variadas sobre o setor. Além da cobertura da posse da primeira ministra a comandar uma das pastas de maior importância da administração federal, outro tema de grande relevância tratado nesta edição é o marketing rural, principalmente no segmento de alimentos frescos. Assuntos de natureza fiscal, tributária e econômica que interferem no dia a dia dos negócios e pautas internacionais complementam o cardápio editorial do primeiro número do ano no qual o JE celebra uma década e meia de história. Boa leitura a todos!

notas

Títulos do agronegócio aumentam na BM&FBovespa

Primeiro semesTre do Plano Safra 2014/2015 atinge R$ 15,2 bilhões

Agricultores familiares vendem mais de 7 milhões (Kg) em produtos em 2014

Agroquímicos devem faturar US$ 12,2 bilhões no Brasil em 2014

Valor de Produção fecha o ano com recorde de R$ 461,6 bilhões

Em 2014, o estoque de títulos do agronegócio registrados na BM&FBovespa totalizou R$ 112,41 bilhões, ante R$ 93,46 bilhões em 2013. O número representa aumento de 20,27% na comparação do total anual. O estoque de LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) totalizou R$ 107,46 bilhões, ante R$ 89,89 bilhões em 2013.

O valor das operações de crédito nos seis primeiros meses do ano agrícola 2014/2015 é recorde para o período. De julho a dezembro de 2014, o total aplicado pelos agricultores familiares brasileiros alcançou R$ 15,2 bilhões. Este valor é aproximadamente 23% acima do que foi contratado no mesmo período na safra 2013/2014.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquiriu mais de 7 milhões de quilos de produtos da agricultura familiar, por meio de chamadas públicas pela Compra Institucional, em 2014. Foram aplicados cerca de R$ 25 milhões na aquisição de arroz, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, flocos de milho, fubá, macarrão e leite em pó.

Os agroquímicos fitossanitários devem atingir faturamento de US$ 12,2 bilhões em 2014, conforme levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Com 6% acima do registrado em 2013, será a maior alta de todo o setor químico, representando o segundo maior faturamento da indústria de química fina.

O ano de 2014 se encerra com valor recorde no faturamento da agropecuária e também com a maior safra de grãos obtida no país. As estimativas do Valor Bruto da Produção Agropecuária para o ano, calculadas pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, é de R$ 461,6 bilhões, crescimento de 2,5% em relação a 2013, que foi de 450,3 bilhões.


4 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

agronegócio brasileiro pode cresCer 2,8% Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva. Diretor Comercial: José Felipe Gorinelli. Jornalista Responsável: Maria Ângela Ramos MTb 19.848. Edição: Paulo Fernando Costa / Carolina de Scicco/ Letícia Doriguelo Benetti / Paulo Cesar Rodrigues / Edson Freitas. Colaboradores: Anita Gutierrez, Manelão, Efraim Neto, Fábio Guedes, Zulmira Felício, Paulo Bernardino, Nando Costa. Periodicidae: Mensal Redação: Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946 Edsed ll - loja 14A CEP 053 14-000 Tel.: 11 3831.4875 E-mail: contato@jornalentreposto.com.br

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Mercado é favorável para marcas de alimentos frescos Cresce número de exportadores em 2014

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Agricultura familiar sofre com a maior seca em mais de 80 anos Os desafios da agricultura nacional: da pesca à produção familiar Kátia Abreu assume Agricultura e promete dobrar classe média rural Veja mais conteúdo no site: www.jornalentreposto.com.br

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CQH traça panorama do abastecimento de alimentos

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Rastreabilidade proporciona avanços na área de marketing rural

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Marketing na floricultura brasileira: desafios e oportunidades

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VEJA AS DICAS DE LEITURA

Os artigos e matérias assinadas não refletem necessariamente, o pensamento da direção deste jornal, sendo de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.

contatos úteis Coordenadoria de Comunicação e Marketing: (11) 3643-3945 - comunicacao@ceagesp.gov.br Departamento de Armazenagem: (11) 3832-0009 - depar@ceagesp.gov.br Departamento de Entreposto da Capital: (11) 3643-3907 - depec@ceagesp.gov.br

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Banco CEAGESP de Alimentos: (11) 3643-3832

FRUTAS Pavilhão

2ª feira

6h às 20h

MFE-A

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3ª a 5ª feira

6h às 21h

MFE-B/C

6h às 20h

6ª feira

Sábado

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6h às 20h

6h às 21h

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6h às 20h

HF’S

LEGUMES Pavilhão

2ª à 5ª feira

6ª feira

Sábado

AP’s

6h às 20h

6h às 21h

6h às 18h

VERDURAS Sábado

Pavilhão

2ª feira

3ª a 5ª feira

MLP

6h às 21h

12h30 às 21h 12h30 às 22h 14h às 21h

6ª feira

ABÓBORAS

AM

Pavilhão

2ª à Sábado

MSC

8h às 20h

BATATAS, CEBOLAS E DIVERSOS

BP

Pavilhão

2ª à 6ª feira

Sábado

AP

BP’s

6h às 20h

6h às 17h

MLP MSC HF MFE PESCADO

PESCADOS Pavilhão

3ª à Sábado

Pátio da Sardinha

2h às 6h

FLORES Pavilhão

2ª à 5ª feira

Praça da Batata

3ª e 6ª feira 5h às 10h30

MLP 2h às 14h


comércio exterior

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 5 AFNR/SHUTTERSTOCK

Brasil deficitário Balança comercial tem pior resultado em 15 anos e atinge o setor agrícola Fábio Guedes De São Paulo

O

s tímidos resultados colhidos pelo comércio exterior no decorrer de 2014 culminaram no primeiro déficit da balança comercial brasileira desde o ano 2000. O rombo de US$ 3,93 bilhões entre as importações e exportações já era esperado pelo governo federal, que atribuiu principalmente ao cenário externo o fechamento das contas no vermelho. Nenhum setor se livrou da retração econômica em relação a 2013. No grupo dos semifaturados, o déficit foi de 4,8%, após receita de US$ 29,066 bilhões, e os produtos básicos registraram baixa de 3,1%, com US$ 109,557 bilhões comercializados, o que representa quase metade das exportações nacionais. As vendas de produtos manufaturados foram as que sofreram a maior queda ao obter receita de US$ 80,211 bilhões, resultado 13,7% inferior ao do ano passado. Os grandes responsáveis pelo desempenho ruim foram os itens para extração de petróleo (-74,4%), automóveis para passageiros (-41,8%) e veículos de carga (-32,4%).

A crise econômica na Argentina é apontada como o fator preponderante para a brusca redução de exportações de bens industrializados. “O impacto das plataformas de petróleo estava incorporado às nossas previsões [porque os embarques estavam programados]. O que realmente interferiu na balança foi na demanda internacional”, argumentou Roberto Dantas, diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No que se refere às importações, o Brasil comprou 7,6% menos bens de capitais, como máquinas, equipamentos e utensílios de escritório. Houve queda também nas compras externas de bens de consumo (-5,2%), de matérias-primas e bens intermediários (-3,3%) e de combustíveis e lubrificantes (-2,4%).

Promoção do agronegócio Durante 2014, com o objetivo de promover as exportações brasileiras para mercados estratégicos, foram realizadas ações comerciais nos Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Canadá, África do Sul, Itália e Peru, que criaram oportunidades de negócio para

mais de vinte setores da agropecuária e agroindústria. No rol de produtos promovidos, estiveram carnes bovinas, suínas e de frango, pescados, café, mate, chás, refrigerantes, energéticos, arroz, lácteos, açúcar, frutas frescas, polpas e sucos de fruta, castanhas, água de coco, cachaça, cervejas, vinhos e espumantes, chocolate, doces e confeitos, massas, produtos de panificação, produtos apícolas, pratos congelados e outros produtos de conveniência, conservas, molhos, temperos e condimentos. Para 2015, o calendário preliminar de ações de promoção internacional do agronegócio prevê a continuidade e reforço dessas ações nos países-alvo, bem como a ampliação da atuação no Oriente Médio, além de ações de imagem que agreguem valor aos produtos brasileiros em mercados de referência, particularmente no Japão e União Europeia. Também está prevista a participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no pavilhão brasileiro da Expo Milão, exposição mundial que ocorrerá entre maio e outubro na Itália, e que terá como tema “Alimentando o Mundo, Energia para a Vida”. (Com informações da Agência Brasil e do Mapa).

Agronegócio tem superávit, mas perde espaço Apesar de os produtos do agronegócio registrarem superávit de US$ 80,13 bilhões entre janeiro e dezembro de 2014, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a contribuição do setor para a balança comercial brasileira deve cair cerca de 3% em 2015, em relação a 2014. A estimativa é da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), que leva em consideração ainda a expectativa de safra recorde superior a 200 milhões de toneladas no período 2014/2015. “Existem indicações de queda ou estagnação das exportações do setor, com retração dos preços médios dos produtos exportados. A equação pressupõe, ainda, que a produção brasileira de grãos seguirá a trajetória antecipada pelos primeiros levantamentos de safra”, afirma a SNA. “Provavelmente, teremos um pouco menos de exportações de soja e milho, em receita, e um pouco mais de carnes e café”, projeta Hélio Sirimarco, diretor da SNA. Com 95 milhões de toneladas, a soja deve ser o produto com maior desempenho no período, com 10% de crescimento em relação à safra anterior, segundo a entidade. “Podemos esperar um novo recorde de exportação, com algo próximo a 63,2 milhões de toneladas, das quais a soja em grão responderá por 48 milhões de toneladas, contra 46 milhões esperados para 2014”, prevê a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). (FG)


agroempresas

6 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Banco do Brasil aumenta valor liberado para crédito rural Inadimplência ficou em 0,6% no terceiro trimestre

Prazo para recolher contribuição rural encerra em 31 de janeiro

O

Banco do Brasil (BB) liberou R$ 34,1 bilhões em operações de crédito rural na safra 2014/2015 (de 1º de julho a 21 de novembro de 2014), volume que representa aumento de 27% em relação a igual período da safra anterior. O volume representa 41,8% da previsão para a safra 2014/2015 e a perspectiva é positiva para o restante do ano-safra, que vai até 30 de junho de 2015. “Temos o compromisso de desembolsar R$ 81,5 bilhões e confio que vamos superar isso”, disse o vice-presidente de Agronegócios e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias. Ele mostrou otimismo mesmo com a queda das commodities agrícolas. “O preço é remunerador ainda, tirando o sucroalcooleiro, não vejo setor (do agronegócio) em crise”,destacou. Na agricultura empresarial, foram aplicados R$ 20,3 bilhões, crescimento de 24% ante igual período do ciclo passado. Para agricultura familiar, o desembolso foi de R$ 8 bilhões, incremento de 36% na comparação anual. As operações por meio do Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores Rurais (Pronamp) somaram R$ 5,8 bilhões, 27% a mais do que em igual período da safra anterior. Os números foram divulgados pelo BB após assinatura do termo de cooperação mútua com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) para as iniciativas do programa Soja Plus. A ação conjunta é voltada às necessidades de uma gestão moderna, econômica, social e ambiental. O programa foi adotado há quatro anos em Mato Grosso, chegou a Mato Grosso do Sul em 2013 e agora está sendo aplicado em Minas Gerais e na Bahia. A expansão para outros Estados deve ocorrer nos próximos anos, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul estão na mira.

Tomada de crédito para investimento cresce 45% Do montante de crédito rural liberado, R$ 23,6 bilhões foram

artigo

Contribuintes que não arcarem com a obrigação podem sofrer multas e outras sanções previstas na CLT

Por Christian Menin e Bernardo Mattei de Cabane Oliveira*

para custeio e comercialização e R$ 10,5 bilhões para investimento na safra 2014/2015. Para investimento o valor é 45,4% superior ao que foi liberado entre 1º de julho e 21 de novembro de 2013, enquanto que para custeio o incremento foi de 19,9%. Segundo Dias, pode estar ocorrendo uma antecipação da tomada de recursos. “Se você olhar os dados de investimento, a desconfiança em relação ao futuro leva as pessoas a tomar o crédito nesse juro”, explica. Ele reafirmou, entretanto, que o volume de R$ 81,5 bilhões em desembolsos previstos para o Banco do Brasil para o ano-safra 2014/2015 está assegurado. “É normal quando temos sucessão de equipe econômica, com o anúncio de novas medidas para mudar o rumo da economia, que haja uma desconfiança, mas posso assegurar que estamos com nossas fontes

de recursos muito tranquilas”. Dias ressaltou que por ora não há preocupação com a inadimplência, que ficou em 0,6% para crédito rural no terceiro trimestre, mas explicou que ela depende do desempenho da economia. “Esse número de 0,6% significa que o produtor está pagando a conta de forma regular, e a gente confia que isso vai continuar acontecendo. Tanto confiamos que lançamos o custeio renovável, que era uma reivindicação antiga: o produtor assina o contrato por um ano e garante o crédito durante cinco. Agora, evidentemente existe sempre a preocupação se a economia vai piorar ou não vai piorar. O agronegócio não vive numa ilha, vive dentro de um país que tem de enfrentar esses problemas, mas também confio que esses problemas serão vencidos”, explicou.

Os agricultores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, devem se atentar para recolher a Contribuição Sindical Rural relativa ao exercício de 2015 até o dia 31 de janeiro. A cobrança é de competência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), prevista no Decreto-Lei n.º 1.166/1971, artigos 578 a 591 da CLT, bem como no artigo 217 do Código Tributário Nacional, derivada de um acordo com a Receita Federal. O cálculo do valor da Contribuição Sindical Rural deve observar as distinções de base de cálculo para cada tipo de contribuinte: para pessoa física, a contribuição é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) da propriedade, constante no cadastro da Secretaria da Receita Federal, utilizado para lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Para as pessoas jurídicas, é calculada com base na Parcela do Capital Social (PCS) atribuída ao imóvel. Para efeito de enquadramento sindical e de acordo com a legislação, considera-se “trabalhador rural” a pessoa física que presta serviço a empregador rural mediante remuneração de qualquer espécie; quem, proprietário ou não, trabalhe individualmente ou em regime de economia familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, ainda que com ajuda eventual de terceiros; e os proprietários de mais de um imóvel rural, desde que a soma de suas áreas seja superior a dois módulos rurais da respectiva região. Do mesmo modo, para efeitos de enquadramento sindical, considera-se “empresário ou em-

pregador rural” a pessoa física ou jurídica que tendo empregado, empreende, a qualquer título, atividade econômica rural; quem, proprietário ou não e mesmo sem empregado, em regime de economia familiar, explore imóvel rural que lhe absorva toda a força de trabalho e lhe garanta a subsistência e progresso social e econômico em área igual ou superior à dimensão do módulo rural da respectiva região; e os proprietários de mais de um imóvel rural, desde que a soma de suas áreas seja superior a dois módulos rurais da respectiva região. Contribuintes que deixam de arcar com a obrigação até o último dia de janeiro podem sofrer multas e outras sanções previstas na própria CLT. Nos primeiros trinta dias de atraso, a multa é de 10% do valor total da contribuição. Se o atraso persistir, há um adicional de 2% por cada mês contabilizado, mais incidência de juros de mora de 1% ao mês e atualização monetária. E, em caso de não pagamento, o sindicato promove a cobrança judicial da contribuição. Sem o comprovante de pagamento do imposto, o produtor rural fica impedido de participar de processos licitatórios e não obterá registro ou licença para funcionamento ou renovação de atividades para os estabelecimentos agropecuários, entre outros prejuízos. Na prática, de forma direta, a Contribuição Sindical Rural não traz benefícios ao produtor. Porém, de forma indireta, fortalece o Sistema Sindical Rural, a CNA, as federações dos estados, e, consequentemente, a representatividade das classes. *Os autores deste artigo são advogados da divisão de agronegócios do escritório A. Augusto Grellert Advogados Associados


escrituração digital

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 7

EMPRESAS DEVEM SE PREPARAR PARA O eSocial Mudanças oneram empreendedores, avalia permissionário da Ceagesp

Organização é o que você faz antes de fazer algo, de modo que quando você o faça, tudo não estará confuso.’’ A.A. Milne

Viva a rotina!

Zulmira Felício De São Paulo O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar o envio de informações das empresas em relação aos seus empregados. Também conhecido como folha de pagamento digital, tratase de um sistema que reúne em um ambiente online todas as informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas. Construído desde 2012, ele deve se tornar obrigatório primeiramente para as firmas que registraram faturamento maior de R$ 3,6 milhões em 2014. Já saiu o decreto oficializando a obrigação e, agora, todos aguardam a divulgação de um manual este ano, após o que haverá seis meses de prazo para o início do envio eletrônico dos dados requeridos. A nova plataforma exigirá que empregadores mantenham atualizados e digitalizados todos as informações referentes aos seus colaboradores, com ou sem vínculo empregatício, bem como as admissões, exames médicos, alterações contratuais, pagamentos, férias e rescisões, entre outros. São 44 obrigações sociais, entre as quais o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf ) e a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Todas as obrigações passarão a ser inseridas em um único sistema que, no longo prazo, vai facilitar a vida do empresário. Segundo cálculos da Receita Federal, 2,6 mil horas são desperdiçadas por ano com o pagamento e organização de impostos. Projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), o controverso eSocial promete causar grandes transformações nas relações entre empregadores, funcionários e governo. “Diferentemente da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o eSocial não criará novas leis, mas as consolidará digitalmente.

artigo

Os impactos do sistema serão tão grandes quanto os instituídos pela CLT, no governo de Getúlio Vargas”, aponta Roberto Dias Duarte, especialista em Sped e autor da série de livros Big Brother Fiscal. Neste sentido, o eSocial irá exigir demandas de todos os setores das empresas, não só do departamento de recursos humanos (RH), mas também do pessoal de compras, vendas, produção, financeiro, tecnologia da informação (TI) e contabilidade. Como é perfil do brasileiro deixar tudo para a última hora, é importante que as empresas comecem o processo o mais rápido possível, revisando as informações cadastrais dos empregados. Mesmo quem já utiliza um sistema para controle dessas obrigações, terá de se encaixar nos padrões previstos pela Receita Federal. É bom lembrar que a maior parte dos micro e pequenos negócios no Brasil ainda passam longe desse nível de profissionalismo de gestão. Daí a necessidade de um esforço maior dos contadores para que enviem as informações no prazo devido, evitando as penalidades previstas em lei.

Big Brother Contábil Instalada na Ceagesp há 45 anos, comercializando coco seco, alhos, cebolas e batatas, entre outros produtos, a Irmãos Tavares, que emprega 50 pessoas, optou pela terceirização dos serviços contábeis. Mesmo assim, terá a necessidade de implantar processos mais eficientes para a troca de informações com o escritório contábil contratado. Segundo Marco Tavares, diretor da empresa familiar, a partir da implantação do Sped, ele viu aumentar os valores pagos para o escritório contábil. “Essas mudanças acabam onerando os empresários. Nós produzimos,

zoom FOLHA DE PAGAMENTO Nova plataforma reúne em ambiente virtual todas as informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas dos empregados

De modo geral, vemos a rotina como algo ruim, sinônimo de repetição, monotonia e realização de trabalhos de modo mecânico. É verdade, mas a prática rotineira de algumas tarefas, dentro do negócio, pode trazer bons resultados. Num restaurante ou noutro ambiente onde haja manipulação de alimentos, tarefas como tomadas de temperatura, higienização de frutas, verduras e legumes, equipamentos, utensílios e identificação de produtos precisam ser realizadas todos os dias. Por isso, torná-las parte de uma rotina bem definida pode facilitar o controle das outras atividades no decorrer do dia.

Como fazer? geramos emprego, mas o governo está sempre aumentando os impostos e a burocracia”, desabafa. “Realmente, o ano de 2015 será muito difícil para as empresas, não só pelas dificuldades orçamentárias dos governos, mas pelo aumento do apetite tributário das administrações públicas, que certamente reduzirão investimentos para elevar a arrecadação de impostos, a fim de fechar suas contas”, acrescenta Duarte. O governo investe na criação desta plataforma não só para reduzir a burocracia, há também embutida a finalidade fiscalizadora. Uma vez com os dados centralizados das empresas, será mais fácil cruzar informações e identificar possíveis fraudes. O eSocial abrange cerca de 12 milhões de empregadores, 37 milhões de empregados com carteira assinada, 7 milhões de funcionários públicos, 6,5 milhões de empregados domésticos e 19 milhões de autônomos, entre outros.

Crie um cronograma de tarefas relacionando aquelas que deverão ser realizadas periodicamente. Determine: a atividade, como fazê-la, a freqüência

(diária – semanal – mensal), o responsável e o supervisor. Certifique-se de que o responsável foi bem orientado e possui o material necessário para realizar o trabalho. Trabalhar com planilhas ou tabelas pode facilitar a visualização e o controle do que foi feito. A rotina permitirá que tarefas importantes do dia a dia sejam realizadas de forma mecânica, assim como quando escovamos os dentes ao acordar, pela manhã.

E os resultados? Otimização do tempo, mais organização dentro do estabelecimento e aumento da agilidade dos colaboradores. Lembrem-se: o registro das observações realizadas durante os procedimentos de rotina também são muito importantes e permitem que as medidas corretivas sejam tomadas com rapidez.

Celia Alas Médica veterinária Consultora na empresa Alas & Oliveira Food Safety Especialização: Gestão da Qualidade em Alimentos celia@alaseoliveira.com.br


exportação

8 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Exportações de produtos orgânicos registram novo recorde

C

Cresce número de exportadores em 2014 Com a queda no preço das commodities em 2014, as exportações brasileiras deixaram de arrecadar US$ 12,9 bilhões

E

m 2014, o número de exportadores brasileiros cresceu pelo segundo ano consecutivo. De janeiro a dezembro do ano passado, 19.250 empresas brasileiras realizaram vendas ao exterior. Foram 441 a mais que em 2013 (18.809), um crescimento de 2,3%. O valor total exportado pelo Brasil em 2014 chegou a US$ 225,101 bilhões (média diária de US$ 889,7 milhões). Pela média, houve redução de 7% sobre as exportações de 2013 que totalizaram US$ 242,034 bilhões (média de US$ 956,7 milhões). As importações, no período, foram de US$ 229,031 bilhões (média de US$ 905,3 milhões), o que representa uma queda de 4,4% em relação à média diária do mesmo período anterior, quando as compras externas foram de US$ 239,650 bilhões (média de US$ 947,2 milhões). A corrente de comércio, soma de importações e exportações, foi de US$ 454,132 bilhões no ano (média de US$ 1,795 bilhão), com diminuição de 5,7% em relação à média de 2013 (US$ 1,903 bilhão). O saldo comercial em 2014 ficou negativo em US$ 3,93

bilhões. Na entrevista coletiva para comentar os dados de 2014, o secretário de Comércio Exterior Daniel Godinho explicou que o déficit da balança comercial representa 1,7% do total exportado no período. Godinho atribuiu o resultado negativo a três fatores principais: à queda no preço das commodities, ao cenário internacional desfavorável - com destaque para a recessão econômica argentina - e ao déficit na conta petróleo. Com a queda no preço das commodities em 2014, as exportações brasileiras deixaram de arrecadar US$ 12,9 bilhões a preços de 2013. “Chamo atenção que, apenas em relação ao minério de ferro, houve uma perda de US$ 8 bilhões em função da queda de preço”, disse. Em 2014, a queda do preço médio do minério de ferro foi de 47%, atingindo o menor nível desde 2009. As causas, segundo Godinho, foram o aumento da produção mundial e da demanda menos aquecida globalmente, principalmente da China. “Apesar do aumento de 15 milhões de toneladas na quantidade exportada, a queda de preço fez com que tivéssemos uma receita

20% inferior em relação à exportação deste produto”, detalhou. Sobre o cenário internacional, o secretário analisou que dos 15 principais mercados de destino das exportações brasileiras, dez registraram quedas nas suas importações totais do mundo. “Nos mercados em que houve crescimento, ele foi moderado e nos mercados em que houve queda, esta foi mais acentuada”, disse. O secretário ainda avaliou a retração das exportações para a Argentina. “Num cenário de redução de atividade econômica e consequente queda de renda, os produtos que mais têm seu consumo diminuído são justamente os manufaturados, que são os produtos da pauta de exportações brasileiras para a Argentina”, comentou. Em relação à conta petróleo, o déficit que era de US$ 5 bilhões, em 2012, passou para 20 bilhões em 2013, com produção e exportação menores e maiores importações. Em 2014, houve redução do déficit. “Conforme esperado, tivemos aumento de produção de petróleo no ano passado, e com isso aumentaram as exportações brasileiras em 13,9%. Houve redução nas importações de 1,5%,

mas o impacto na balança comercial ainda é expressivo com déficit de US$ 16,6 bilhões” disse. Um dos destaques positivos do ano foram os Estados Unidos que tornaram-se o principal destino dos produtos manufaturados brasileiros (US$ 13,7 bilhões) superando a Argentina (US$ 12,8 bilhões). “Temos uma gradual retomada do dinamismo econômico norte-americano com expansão de 3,4% de suas importações do mundo, mas o Brasil conseguiu avançar mais nas suas exportações para aquele mercado, registrando um crescimento de 9,8% em suas vendas para os EUA”, afirmou o secretário. Godinho também destacou que, dos dez principais produtos da pauta brasileira, sete tiveram recordes de exportações. Entre os destaques em 2014, estão a soja mesmo triturada, com US$ 23,2 bilhões (crescimento de 2% em relação a 2013), farelos e resíduos da extração do óleo de soja (US$ 7 bilhões; crescimento de 3,1%), carne bovina congelada, fresca ou refrigerada (US$ 5,7 bilhões; crescimento de 8,1%) e celulose (US$ 5,2 bilhões; crescimento de 2,2%).

riado com o objetivo de ampliar a participação de produtos orgânicos brasileiros no mercado externo, o Projeto Organics Brasil terminou 2014 com uma receita recorde em exportações. O faturamento de US$ 136 milhões foi distribuído entre 60 empresas associadas, mobilizando cadeias de alimentos, cosméticos, serviços e têxtil. A ação é organizada pelo Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Prestes a completar 10 anos em 2015, o projeto ainda tende a crescer, conforme os organizadores. Estima-se que em todo o mundo o negócio envolvendo produtos orgânicos movimente US$ 64 bilhões ao ano. Para que o Brasil consiga explorar esse potencial, a aposta é participar de feiras internacionais ligadas ao tema, bem como executar ações que promovam o apoio e a capacitação de pessoas interessadas neste mercado, avalia o coordenador executivo do projeto, Ming Liu. “A cadeia produtiva interna vem se capacitando, com muitos investimentos e lançamentos de produtos, atendendo o mercado consumidor em busca de produtos mais saudáveis, seguros e sustentáveis”, afirma. Conforme projeção dos organizadores do Projeto Organics Brasil, R$ 10 bilhões é o potencial esperado para o mercado brasileiro de orgânicos brasileiros em 2020. Atualmente o país exporta menos de 5% desse valor.


internacional

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 9

ESPREMIDA GLOBAL

Reino Unido pode ‘liderar o mundo’ na produção de alimentos, afirma secretária de Assuntos Rurais Técnicas de cultivo protegido ajudam a aumentar OFERTA de alimentos no país europeu Nando Costa Da redação

Crise e mudanças de hábitos de consumo reduzem produção de laranja Paulo Bernardino De São Paulo O mercado interno de suco de laranja consome apenas 2% da produção nacional da bebida industrializada. Dependente das exportações e das benesses governamentais, o setor vive um período de profundas transformações ocasionadas por diversos fatores, principalmente a redução da demanda na Europa, EUA e Japão. Podia parecer impensável há alguns anos, mas a realidade é que o produto tende a ficar raro nas mesas de café da manhã dos consumidores desses mercados. Nas principais regiões produtoras do Brasil e do mundo, as doenças que atacam a planta não param de evoluir nos pomares – só o greening, uma das mais temidas pelos agricultores, já chega a 14% das laranjeiras de São Paulo.

Segundo a Secretaria de Agricultura do estado, a bactéria deve atingir quase um quinto dos pés de laranja este ano. E diversas razões explicam esse surto mundial. Para muitos especialistas, a monocultura da fruta contribui para a destruição da biodiversidade, fato que deixa a produção exposta a micro-organismos e insetos que devem ser combatidos com a aplicação intensiva de agroquímicos. Esse ciclo vicioso, somado à estiagem prolongada e à concentração das indústrias de suco, afeta diretamente sua oferta e preço no mercado global. De julho a novembro do ano passado, as exportações brasileiras registraram queda de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de 476,2 mil toneladas para 433,2 mil toneladas no período, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), com base na movimentação do Porto de Santos. De acordo com o órgão governamental, a receita com as vendas do suco também registrou queda de ordem de 10% no período, ficando em US$ 890,6 milhões,

ante US$ 797,6 milhões. Segundo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR), a região com maior retração na demanda pelo suco brasileiro foi a Europa, com 11% de queda, cujo volume passou de 333,6 mil toneladas para 300,8 mil toneladas. A receita na região também sofreu queda de 13%, passando de US$ 638,1 milhões para US$ 556,5 milhões. Em 2003, os norte-americanos beberam cerca de 62 milhões de litros de suco e pagaram cerca de US$ 4,25 por galão. Dez anos depois, cerca de 39 milhões de litros foram vendidos por uma média de U$$ 6,19 por galão. “O consumo de suco de laranja nos EUA vai continuar existindo somente se o preço for acessível”, alerta Ben Albritton, ex-presidente da Comissão de Citrus da Flórida. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a colheita mundial na última safra foi de 1,89 milhão de toneladas. O valor foi menor que a demanda estimada de 1,96 milhão toneladas.

A secretária de Estado para o Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, Liz Truss, está otimista quanto ao futuro do setor agrícola no país britânico. Durante discurso proferido no dia 7 na Conferência Anual de Agropecuária de Oxford, ela lembrou que a agroindústria local está “bem posicionada” para aproveitar as oportunidades globais apresentadas por este mercado. “Nós temos a terra, a tecnologia, o espírito empresarial e, acima de tudo, alimentos fantásticos para liderar o mundo”, afirmou. “Nossos produtores de morango já suprem dois terços da demanda interna. Graças a modernas técnicas de cultivo protegido, essa fruta agora está nas prateleiras durante o inverno”, exemplificou Truss, ao ressaltar que os produtores de cereja também estão dobrando sua produção. Estudos conduzidos pelo governo mostram que a economia agrícola britânica, im-

pulsionada pela agricultura e pecuária, poderá ser tão produtiva quanto a economia urbana dentro de 10 anos. “Nossos fazendeiros estão trabalhando em conjunto com fabricantes, varejistas e cientistas numa cadeia de produção que gera mais de 100 bilhões de libras esterlinas [cerca de R$ 400 bilhões] para nossa economia”, disse. Para Truss, as oportunidades de expansão são claras. “A população mundial, que soma hoje 7,2 bilhões de pessoas, saltará para 9,6 bilhões em 2050. Em função do aumento da renda e da urbanização acelerada, a demanda por alimentos deve crescer 60% até lá”, salientou. “É claro que nós não vamos ser totalmente autossuficientes em alimentos, pois não temos sido há centenas de anos”, reconheceu. “Mas agora estamos produzindo pimentões que são exportados até para o Paquistão e México”, ponderou. WIKIMEDIA COMMONS - 29/01/13

Liz Truss: produtores britânicos trabalham em conjunto com pesquisadores, indústrias e varejo


estiagem

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Agricultura familiar sofre com a maior seca em mais de 80 anos Pequenos agricultores e consumidores sentem os efeitos da estiagem prolongada na terra e no bolso por caroline silva da age notícias

Há doze anos, a educadora física, Luciana Cristina Alves, de 50 anos, resolveu mudar de vida. Deu adeus à cidade e foi morar com o marido no sítio Ridelutha, em Santa Rosa do Viterbo. Na área, que tem cerca de cinco hectares, começou a criar galinhas, tirar leite de vaca e plantar hortaliças. “Quando eu vi, já estava em um sítio sem saber fazer nada e querendo aprender tudo”, afirma Luciana que já se considera uma produtora agrícola.

L

uciana e o marido, que hoje vivem da terra, são pequenos produtores, e fazem parte do que chamamos no país de agricultura familiar. De acordo com o especialista em agronegócio, José Carlos de Lima Junior, esse tipo de agricultura é uma definição que foi cunhada no Brasil. “Esse conceito foi criado principalmente para esses pequenos produtores que, primeiro, tem dificuldade de acesso ao crédito, e a mão de obra é predominantemente da própria família. Eles têm uma pequena propriedade de terra, de aproximadamente 10 hectares, e uma diversificação de produtos”, diz. 2014 foi escolhido pela ONU, Organizações das Nações Unidas, como o ano da agricultura familiar. No Brasil, esse setor engloba 4,3 milhões de unidades produtivas. E justamente neste ano, o Estado de São Paulo viveu a pior seca em mais de 80 anos. Em Ribeirão Preto, por exemplo, a chuva registrada nos três primeiros meses de 2014, não representou nem 60% do mesmo período, no ano anterior. Essa estiagem prolongada prejudicou a produção no campo, e principalmente a produção de verduras e legumes. O sítio de Lu-

ciana faz parte do universo de cerca de quatro milhões de unidades produtoras que sofreram com os prejuízos na plantação. “O tempo não estava úmido, e mesmo irrigando das 6h às 22h, o desenvolvimento das plantas ficou muito prejudicado”, afirma. A produtora ainda diz que as plantas não se desenvolveram como deveriam, ficaram mais rígidas e as pragas ganharam mais força. Com isso, ocorreu uma redução de um terço na produção mensal do sítio. “Normalmente nós produzimos 3 toneladas por mês, com a seca, a nossa produção ficou quase 2 toneladas mensais”. Essa queda, porém, não aconteceu somente com Luciana. Segundo dados da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 2011 o Brasil produziu 19,2 milhões de toneladas de hortaliças. Já em 2012, esse número caiu para 18,7 milhões. Agora em 2014, especialistas estimam que a produção de algumas culturas possa cair até 40%. Essa diminuição na produção pode estar diretamente relacionada às mudanças climáticas. De acordo com Lima Junior, nos últimos tempos esse tipo de problema foi constatado de forma muito intensa em algumas regiões do Brasil.

“No interior de São Paulo, por exemplo, nós tivemos situações atípicas nos últimos três anos. Em 2012, tivemos uma estiagem fora de época, que foi um frio exagerado em maio e junho. Em 2013, tivemos o excesso de chuva. E agora, em 2014, estamos com outro tipo de problema, a seca”, conta. No entanto, essa quebra na produção pode ser considerada muito mais grave para os pequenos produtores. Segundo Lima Junior, esse setor fica muito mais exposto quando se considera as incertezas de mercado. “O pequeno produtor retira um recurso do banco para ajudar na plantação, ele planta, e depois de seis meses, quando vem a safra, ele não tem

“Quando vem a seca os agricultores têm, na melhor das hipóteses, uma baixa produtividade no campo. O outro problema que pode acontecer, é ter uma quebra na produção, e o produtor ficar endividado”, fala José Carlos. garantia de produção”, diz. O especialista em agronegócio ainda afirma que com a seca os agricul-

tores, muitas vezes, acabam perdendo toda a produção e cria uma dívida com o banco. O consumidor já sente no bolso, e na mesa, as consequências da estiagem. Em Ribeirão Preto, por exemplo, as verduras e as frutas já estão custando o dobro do preço em relação ao mesmo período do ano passado. O último levantamento da Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, revela que no atacado os preços tiveram alta média de 2,67%. As maiores altas são notadas nas frutas como manga palmer (30%) e nos legumes como berinjela (19,3%). A assistente administrativa, Marta Alexandra Rodrigues, costuma comprar hortaliças em um hipermercado de Ribeirão Preto. Segundo ela, cada vez mais os preços estão aumentando e a qualidade diminuindo. “ Muitas vezes não tem na prateleira (do mercado) alface, rúcula, brócolis e quando encontro,a qualidade está péssima. Os pés de alface americana, por exemplo, diminuíram de tamanho e o preço está lá em cima! É lamentável”, diz. As hortaliças que Marta não consegue encontrar mais nos supermercados são as que mais sofreram com a seca, segundo

a produtora agrícola, Luciana. “Nós não estamos conseguindo plantar nem a metade que plantamos normalmente das culturas de inverno como a couve-flor e os brócolis, por conta das condições climáticas”, relata. Atualmente, o hortifrúti no Brasil é principalmente produzido pelo pequeno produtor. Culturas como soja e cana de açúcar precisam de uma grande área de terra para o agricultor ter uma rentabilidade mínima, pois o investimento é muito alto. Porém, outros tipos de cultura como os vegetais, frutas e folhas, não é preciso ter uma escala mínima de produção. “Os pequenos produtores são fundamentais em culturas que o tamanho da área não é tão importante e os agricultores conseguem ter uma alta produção em um espaço pequeno, como é o caso de hortifrúti, de granja, tabaco, amendoim, ovos”, afirma Lima Junior. O especialista ainda lembra a importância da agricultura familiar. “O Rio Grande do Sul, por exemplo, é o maior produtor de tabaco no Brasil. Essa cultura está em sexto lugar no ranking da balança do agronegócio brasileiro, e é produzido por pequenos produtores”, conclui.


JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 11

Estudiosos ainda buscam explicação para falta de chuvas no sudeste Dados do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, apontam que a precipitação pluvial de outubro de 2013 ao mesmo mês de 2014 foi muito reduzida, com valores abaixo do esperado. O levantamento do IAC foi realizado em 13 regiões representativas do Estado de São Paulo. Para se ter ideia, janeiro a março de 2014 foi o trimestre mais seco em 77 anos de análise em Ribeirão Preto. Campinas também registrou, de outubro de 2013 a março de 2014, o período com menor índice de chuva, desde 1891. O Jornal Entreposto conversou com o Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Afonso Nobre, para esclarecer as possíveis causas da falta de chuvas no estado. O meteorologista afirma que um raro fenômeno atmosférico pode ter sido responsável pela estiagem prolongada, mas que estudiosos ainda estão buscando explicações mais aprofundadas. Confira as declarações de Carlos Nobre.

BLOQUEIO ATMOSFÉRICO “A causa mais imediata dos acentuados déficits de chuvas no verão 2013-2014 em grande parte do Sudeste foi uma situação extremamente atípica e muito rara de um fenômeno atmosférico bastante comum, chamado “bloqueio atmosférico”, que normalmente dura alguns dias, ter durado mais de 45 dias, inibindo as chuvas em quase todo Sudeste. Estes bloqueios, com a presença de um sistema atmosférico de alta pressão sobre o Oceano Atlântico Subtropical e invadindo o continente sul-americano, impede a propagação de frentes frias causadoras de chuvas. Normalmente, estão associados aos conhecidos veranicos—períodos mais quentes e secos durante a estação chuvosa. As razões mais profundas de causalidade deste fenômeno raro ainda estão sendo buscadas pelos estudiosos e não há uma explicação trivial a primeira vista”.

CLIMA EM 2015 “Não é possível prever o clima com meses de antecedência,

de modo geral. A previsibilidade climática na escala de poucos meses não é factível na maior parte do planeta, pois a evolução da atmosfera torna-se imprevisível depois de cerca de duas semanas. Porém, há algumas poucas exceções a esta regra. A tendência climática de algumas regiões pode ser prevista com alguns meses de antecedência quando os sistemas meteorológicos que atuam na região respondem a lentas variações das condições oceânicas. Este é o caso da região semiárida do Nordeste do Brasil, onde as chuvas principais de fevereiro a maio respondem a condições oceânicas nos Oceanos Tropicais Pacífico e Atlântico. Também as temperaturas do Oceano Pacífico Equatorial, além do norte do Nordeste, afetam o sudeste da América do Sul, incluindo o sul do Brasil. Por exemplo, quando as águas estão mais quentes do que a média naquela região (fenômeno conhecido como El Niño), pode chover acima da média no sul do Brasil e abaixo da média no norte do Nordeste e norte e leste da Amazônia. Infelizmente, esta previsbilidade climática para chuvas é praticamente inexistente para o Sudeste e Centro-Oeste do país”.

CLIMA E AGRICULTURA “O clima é intrinsecamente variável em todas as escalas temporais e imprevisível praticamente além de duas semanas, exceto nos casos mencionados acima. Por outro lado, uma vez que uma seca severa se estabelece, ainda que dificilmente possa ter sido prevista com muita antecedência pelas razões expostas, torna-se possível muitas vezes indicar a duração do período de estio. Esta informação pode ser útil à mitigação dos impactos negativos das secas intensas. Deve-se levar em conta, por outro lado, que as mudanças climáticas em curso devido ao aquecimento global aumentam a variabilidade climática e também de seus extremos, que é o que mais afeta a agricultura. Os agricultores devem estar preparados para responder a este desafio de maior variabilidade e mesmo ocorrência de extremos, em relação ao clima do passado. Isso leva a várias estratégias de adaptação”.

DPaschoal inaugura indústria de recapagem em Atibaia zoom INMETRO Empresa conta com 11 indústrias recapadoras de pneus que atuam de acordo com as exigências do Inmetro. O novo estabelecimento vai beneficiar toda a Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista

Edson Freitas De Atibaia Foi realizada no mês passado a inauguração oficial de mais uma indústria de recapagem do grupo DPaschoal, desta vez na cidade de Atibaia – SP. Segundo os executivos da empresa, o objetivo é alcançar e beneficiar toda a Grande São Paulo, além das regiões de Jundiaí, Campinas, Vale do Paraíba e Baixada Santista. O grupo possui mais de 30 anos neste seguimento e durante este período já alcançou a marca de dois milhões de pneus recapados. “Com a inauguração desta loja, já são 11 indústrias recapadoras que trabalham de modo padronizado e com todas as certificações necessárias e estabelecidas pelo Inmetro”, destaca o gerente de recapagem André Teixeira, que tem 18 anos de experiência no ramo de pneus. “Os parâmetros do Inmetro são obrigatórios no setor de recapagem. Existem muitas recapadoras que ainda não tem o aval do Inmetro e na verdade elas não poderiam operar”, lembra o executivo. Segundo ele, isto garante ao cliente (caminhoneiro ou para o transportador) um padrão mínimo de qualidade. “A DPaschoal é pio-

neira neste ramo no Brasil. Temos alguns diferenciais de mercado, por exemplo, trabalhar com duas linhas de produtos: a dos desenhos originais Goodyear e uma banda de fabricação exclusiva para DPaschoal, chamada Recmaxx”, destaca. Para o presidente da DPaschoal, Roberto Szachnowicz, “é uma satisfação imensa inaugurar mais uma unidade de recapagem do grupo”. Segundo ele, os caminhoneiros da Ceagesp são clientes importantes já que trafegam em uma região muito relevante e há bastante tempo. “Eu garanto que a maioria deles são cadastrados e tem nosso cartão especial para caminhoneiro, em que ele recebe prêmios, viagens e até dinheiro. Por isto, não consigo descrever a felicidade em inaugurar esta unidade e poder atender estes clientes”, frisa o presidente. Szachnowicz complementa que a seriedade da DPaschoal é o que a diferencia de outras empresas. “Outra questão que também nos preocupa é a sustentabilidade. A DPaschoal tem um programa chamado Economia Verde, que existe há mais de 15 anos, que é uma ação que foca justamente na correta destinação dos resíduos e Atibaia é uma cidade que prima pela ecologia”, arremata.


perspectivas

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Os desafios da agricultura nacional: da pesca à produção familiar Em 2015, o consumo individual de pescados no Brasil passará dos atuais 9 kg para 13,8 kg por habitante; programa federal também deve fomentar produtores de açaí, banana, laranja e outras frutas Efraim Neto De Brasília O governo de Dilma Rousseff e sua equipe responsável pelos temas agropecuários começaram 2015 com muitos desafios. São questões que perpassam pela crise econômica, estresse hídrico, variações climáticas e mudanças que ocorreram nos cultivos nos últimos anos no País. Em relação à agricultura familiar, os desafios são ampliar os financiamentos, oferecer cada vez mais assistência técnica qualificada e mecanismos de segurança e proteção da produção e da renda. Nos últimos 12 anos, foram muitos os avanços neste setor. O crédito ofertado para a agricultura familiar aumentou 10 vezes, saltando de R$ 2,3 bilhões, na safra 2002/2003, para R$ 24,1 bilhões, em 2013/2014. Além das conquistas da última década, os mais de 4,8 milhões de pequenos agricultores terão, agora, novos benefícios. No novo governo, garantem seus representantes, a assistência técnica será ampliada, a fim de alavancar a produção de alimentos saudáveis. “O que buscamos com essas medidas é aumentar a produção de alimentos para o povo brasileiro. Nós queremos garantir a renda dos agricultores e queremos que com este aumento de produção possamos contribuir para a estabilidade de preços aos consumidores”, ressaltou o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, agora secretáriogeral da Presidência da República. A equipe de Dilma Rousseff contará com Helder Barbalho no Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Patrus Ananias no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e Kátia Abreu no Ministério da Agricultura (Mapa) para ampliar os ganhos sociais e econômicos do setor nos próximos quatro anos. Durante as suas respectivas posses, os ministros se comprometeram a aprofundar as ações em execução e a dar continuidade ao Plano Safra 2014/2015.

Em relação à pesca e aquicultura, Helder defendeu que o Plano Safra será o principal instrumento para o avanço do setor: “Com ele, lançaremos as bases e definiremos os caminhos para avanços na cadeia produtiva. Isso envolve aumentar a nossa capacidade de produção, modernizar as instalações, renovar a frota pesqueira (sem esquecer o subsídio para a compra de óleo diesel), adquirir máquinas e equipamentos, facilitar o acesso a linhas de crédito e, assim, ampliar a contribuição do setor na balança comercial brasileira.” Já Patrus se comprometeu com o “fortalecimento e expansão da agricultura familiar, o cooperativismo, os necessários avanços da reforma agrária, e a produção de alimentos saudáveis”. No plano mais macro da agricultura, Katia Abreu, primeira mulher a assumir a pasta, destacou que vai estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. “Hoje, o Brasil tem mais de 5 milhões de produtores, sendo que 70% estão nas classes D e E, 6% nas classes A e B, e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, na classe C”, disse. (Leia reportagem sobre a posse da ministra na página 13)

Pesca e Aquicultura Em suas primeiras palavras frente ao Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Helder Barbalho falou sobre os desafios prioritários de sua gestão como a geração de emprego e renda, direitos trabalhistas e a inclusão de pescadores por meio de programas sociais, garantindo o acesso à educação e saúde. Para isso, destacou que vai trabalhar em sintonia com outros ministérios. “Proponho desde já uma sinergia com os meus colegas ministros do Meio Ambiente, Trabalho, Saúde, Educação, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Ciência e Tecnologia”, ressaltou. O novo ministro visa transversalizar políticas e fortalecer o setor produtivo com base em pesqui-

MARCELO CAMARGO/ABr

Desenvolvimento Agrário

patrus ananias

“Vamos concluir a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.”

sas científicas. Dados estatísticos também serão fundamentais não só para nortear políticas públicas mais efetivas, mas também para se ter conhecimento da produção pesqueira nacional bem como conquistar os resultados que o país almeja e precisa. “Trabalhamos com uma meta: produzir 20 milhões de toneladas de pescado por ano até 2030. Capacidade para isso nós temos. O Brasil possui 8.500 quilômetros de costa marítima, o maior volume de água doce do planeta e potencial para ser um dos cinco principais produtores de pescado do mundo”, destacou. Para Helder, o Brasil necessita explorar ao máximo o pescado, aproveitando as carcaças, cabeças, caudas e restos de filetagem

para processo de beneficiamento, o que deverá aumentar a renda do produtor. Os resíduos de peixes, segundo experiência de outros países, podem ser matéria -prima de roupas, sapatos, bolsas e muito mais. O que gera mais empregos, mais renda e reduz o impacto ambiental no descarte. Em 2015, de acordo com pesquisa do MPA, o consumo brasileiro de pescado passará dos atuais 9 kg para 13,8 kg por habitante/ ano. Já o mercado mundial demandará pelo menos 100 milhões de toneladas adicionais de pescado até 2030, conforme prevê a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Esta conjuntura é favorável ao Brasil, que tem elevado potencial para a produção de pescado no continente e no mar.

O ano do novo ministro começou com a divulgação com a divulgação da lista de produtos com direito a bônus na agricultura familiar. No começo da semana, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou os 22 produtos que darão direito ao bônus para agricultores familiares com financiamento de custeio no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ). A bonificação é relativa às parcelas com vencimento entre 10 de janeiro e 9 de fevereiro de 2015. Prevista no Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar, a bonificação é concedida quando os valores praticados no mercado estiverem abaixo daqueles definidos a cada ano/safra. A referência para o preço de mercado e o valor do bônus é o mês de dezembro de 2014. Serão beneficiados produtores com culturas de açaí, babaçu (amêndoa), banana, borracha natural cultivada e natural extrativa, cacau (amêndoa), cana-de-açúcar, cebola, feijão, laranja, leite, manga, mangaba, maracujá, milho, pequi, piaçava (fibra), raiz de mandioca, sorgo, trigo, triticale e umbu. Em seu discurso de posse, Patrus assumiu o compromisso de ampliar a parceria com os pequenos agricultores, concluir a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural e ampliar os mecanismos de participação social, como conselhos populares e conferências regionais. Em janeiro, o MDA também autoriza o pagamento do Garantia-Safra, para 472.244 agricultores familiares. A medida atinge 459 municípios dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. A ação visa auxiliar agricultores familiares que se encontram em municípios do semiárido sujeitos a perdas de safra devido à seca ou ao excesso de chuvas.


política

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 13

Kátia Abreu assume Agricultura e promete dobrar classe média rural A nova ministra também defendeu a ampliação da infraestrutura logística com a construção de ferrovias e hidrovias Ao assumir no dia 5 de Janeiro o cargo de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu evitou tratar das polêmicas envolvendo declarações recentes de que não haveria mais latifúndio no Brasil e disse que recebeu da presidenta Dilma Rousseff a incumbência de dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. “Ela [Dilma] me pediu obstinação nessa tarefa. Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. Tem mais de 5 milhões de produtores rurais, sendo que 70% deles estão na classe D e E, 6% na classe A e B e apenas 15% na classe C”, disse a ministra que prometeu levar pelo menos 800 mil produtores para a classe C. Segundo ela, será feito um esforço para dotar esses produtores de capacitação técnica. Para isso, a nova ministra pretende envolver órgãos federais como a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), o Sistema S e as universidades. “Vamos de porteira em porteira atrás dessas pessoas buscando e levando uma revolução em tecnologia para que eles possam ascender socialmente e ter uma renda mais elevada”, disse. Kátia Abreu também falou

em diálogo com os movimentos sociais e ao ser perguntada sobre a declaração de que não haveria mais necessidade de uma reforma agrária ampla no Brasil, respondeu que o assunto é da competência de outro ministério . “O meu ministério não é responsável pela reforma agrária, essa competência é do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário], e eu pretendo respeitar essa competência”. A declaração de Kátia Abreu sobre latifúndio recebeu crítica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que, em nota, considerou a fala “descabida e desconectada da realidade do nosso país”. “Quem realmente conhece a história de nosso país sabe que não são os povos indígenas que saíram ou saem das florestas. São os agentes do latifúndio, do ruralismo, do agronegócio que invadem e derrubam as florestas, expulsam e assassinam as populações que nela vivem”, diz a nota. A nova ministra, no seu discurso, também defendeu a ampliação da infraestrutura logística com a construção de ferrovias e hidrovias. Segundo Kátia, um dos desafios do ministério será desbravar a fronteira agrícolas dos estados do Norte e Nordeste, em especial o Tocantins, Maranhão, Piauí e a Bahia. “É uma região

muito especial onde não ocorrerá desmatamento, pelo contrário, são áreas de pecuária que estão sendo transformadas em agricultura, e essa região precisará ter um crescimento sustentável do ponto de vista ambiental, da logística, da energia e da armazenagem”. Ela disse ainda que vai trabalhar para aumentar as exportações do agronegócio. “Nós temos um imenso mercado no exterior, e as

nossas empresas, as nossas agroindústrias, precisam estar preparadas para exportar para esse grande mercado consumidor, quer seja de carne em geral, quer sejam de outros produtos. A nossa obrigação como ministério é abrir as portas para que todas as empresas possam exportar”. A nova ministra também prometeu tratar da crise do setor sucroalcooleiro, decorrente do baixo

preço do petróleo e de questões climáticas. “O setor sucroalcooleiro não tem uma receita única, teremos que ter uma receita com vários conceitos, com variadas prioridades e soluções para que este assunto se resolva”, disse Katia Abreu que prometeu buscar uma solução para crise em reuniões com os ministérios da Fazenda, do Planejamento e com o Tesouro Nacional.


14 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Hetros se especializa em alimentos diferenciados Atacadista reúne os produtos mais exóticos do mercado da Ceagesp A distribuidora e atacadista de frutas e legumes, Hetros, se destaca no segmento por atuar com frutas exóticas, importadas e nacionais, que compõe a linha de produtos frescos contabilizando mais de 50 variedades. Criada em 1998, a companhia integra o Grupo Peg Pese, presente no mercado desde os anos 70. Com o objetivo de ser referência tanto na qualidade dos produtos oferecidos como nos serviços prestados, a empresa atinge uma cartela de clientes também diversificada, e abrange desde feiras livres e sacolões até escolas e rede hoteleira. Laercio Barbosa, vendedor, acredita que os consumidores devem voltar a comprar hortifrútis nas feiras livres. “Atualmente, os clientes preferem o conforto do supermercado, mas esquecem que nestes estabelecimentos não dá para barganhar. As feiras livres possuem os melhores produtos e é possível negociar com o feirante”, lembra. A Hetros produz abobrinha em Pilar do Sul, no interior de São Paulo. “Infelizmente, uma chuva de granizo que ocorreu no

fim do ano passado destruiu a plantação”, lamenta Laercio. Especializada em produtos diferenciados, a empresa busca constantemente adotar as técnicas do mínimo manuseio. Toda a mercadoria que chega é colocada sobre paletes e os funcionários são orientados nos cuidados com o alimento fresco. Há cerca de um ano, a Hetros começou a comercializar o famoso aspargo peruano, que já vem embalado. Além do aspargo, a Hetros comercializa beterraba, cenoura baby, endívia e mini cebola. Já entre as frutas exóticas encontram-se: physalis, pitaia amarela e vermelha, granadilla, mirtilo, amora, framboesa amarela e vermelha, tamarillo, feijoa, lulo, gulupa, curuba, figo da índia, kiwano. Há também importadas, como tâmara israelense e caqui espanhol e as nacionais, como goiaba, melão e melancia sem sementes. Hetros Pavilhão: APA – Box 1/ 2 Contato: (11) 3643 – 8282/ 8287 box01@hetrosfrutas.com.br

SSJ tem fornecedor exclusivo A atacadista SSJ (Sítio Santa Júlia) é especializada na produção e comercialização de berinjela. Com produção na cidade de Monte Alto, interior de São Paulo, a empresa uniu a experiência de mais de 70 anos de cultivo do fruto da planta Solanum melongena com parcerias por todo o Brasil. Sérgio Rogério Ianili, empresário, conta que o pai trabalha produzindo berinjela há mais de sete décadas. “Eu praticamente nasci sob um pé de berinjela”, brinca. “Meu pai ainda hoje trabalha no cultivo”, conta orgulhoso. Para Sérgio, a produtividade dos hortifrútis no ano passado foi abaixo do esperado. A falta de chuvas que assolou a região sudeste prejudicou o desenvolvimento dos frutos. “Para o setor de legumes, 2014 foi um ano muito difícil. Com o clima seco e a baixa umidade do ar, as culturas não

se desenvolvem perfeitamente e acaba gerando muitas pragas e insetos”, alerta. “Uma árvore de berinjela que produzia por seis meses, no ano passado produziu apenas dois, mas gerou as mesmas despesas”, lamenta. “Além disso, a falta de chuva causa grande oscilação de preços, desordenando o mercado”, complementa. Com o intuito de oferecer mercadorias de qualidade e com frequência, a SSJ conta com um distribuidor exclusivo de tomates, que fornece o produto apenas para ele e mais um outro atacadista. “Esta parceria já dura mais de 16 anos. Este tomate é um grande diferencial para nossa empresa”, frisa Ianili. SSJ Pavilhão: APA – Box 17 Contato: (11) 3644-5491

Consumo de melão pele-desapo cresce no Brasil Destinado ao mercado externo, sobretudo à Europa, fruta tem conquistado gradativamente o paladar dos brasileiros e incentivado a produção para abastecimento interno De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex -Brasil), a produção de melão no Brasil, em 2012, foi de 575,4 mil toneladas, gerando, aproximadamente, R$ 475 milhões para quase 220 mil produtores. Atualmente, cerca de 70% da produção nacional é destinada ao mercado externo. Contudo, a demanda interna também vem crescendo de forma gradativa nos últimos anos. Dentro deste mercado, a variedade pele-de-sapo representa, hoje em dia, de 15% a 18% da área plantada de melão no Brasil. Segundo o gerente de produtos da Sakata, Alexandre Mori, essa variedade ainda encontra um pouco de resistência por parte dos consumidores, pois é completamente diferente do fruto tradicional amarelo, devido à cor da casca – que dá a falsa impressão de estar verde –, além do próprio nome em si. “Entretanto, uma vez quebrada essa barreira inicial, o consumidor que prova gosta bastante do fruto e acaba voltando a comprá-lo, em função da sua alta qualidade e sabor”, comenta o gestor da multinacional japonesa que produz e comercializa sementes de hortaliças e flores. O melão pele-de-sapo pode ser encontrado nas capitais de todas as regiões do Brasil, especialmente em grandes redes de supermercados, sobretudo nesta época do ano, em que há um aumento da oferta, por causa do auge da produção localizada, principalmente, em Mossoró (RN) e em alguns pontos do Vale do São Francisco, região que abrange estados como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Embora possa ser produzido o ano todo, a colheita ocorre, principalmente, entre os meses de setembro e março. Seu preço, um pouco mais elevado quando comparado ao melão tradicional, se deve, basicamente, ao maior custo de produção. “Este tipo de melão exige um manejo nutricional muito mais apurado que outros tipos, além de consumir maior quantidade de adubo. O ciclo de produção é mais longo e é mais sensível às intempéries”, explica Mori. Em compensação, o melão tipo pelede-sapo é muito mais saboroso, doce, firme e uniforme, quando comparado ao tradicional.


artigo

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 15

CQH traça panorama do abastecimento de alimentos Anita de S. Dias Gutierrez Engenheira-agrônoma do Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

O desenvolvimento da agricultura é responsável pela evolução da humanidade. No princípio todas as pessoas estavam ocupadas na extração de alimentos da Natureza para a sobrevivência: a caça e a coleta de alimentos vegetais. Os primeiros indícios de início da agricultura e domesticação de animais foram encontrados pelos arqueólogos sete mil anos antes de Cristo. A produção de alimentos permitiu a especialização - que algumas pessoas se dedicassem a outras atividades. Surgiram as cidades, o comércio, a indústria, a globalização. O comércio de especiarias, exemplo de globalização, foi uma das causas do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral. Em 1798, Thomas Malthus, em seu livro “Essay on Population” assombrou o mundo com a sua afirmação: “A população cresce em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos aumenta em progressão aritmética. A solução para evitar epidemias, guerras e outras catástrofes provocadas pelo excesso de população, é a restrição dos programas assistenciais públicos de caráter caritativo e na abstinência sexual dos membros das camadas menos favorecidas da sociedade.” E o mundo cresceu e a agricultura provou que Malthus estava errado. Até o século XIX o crescimento da população mundial foi lento. Depois houve uma explosão demográfica: 1.850 - um bilhão, em 1.999 – 6 bilhões, em 2.006 – 6,8 bilhões de habitantes e previsão de 9 bilhões em 2050. No Brasil a população quase triplicou nos últimos 50 anos: 70 milhões em 1.960, 170 milhões em 2000 e hoje temos 195 milhões de habitantes. A agricultura continua abastecendo a população mundial. Podemos falar de má

distribuição em volume e em qualidade, mas não de escassez de alimentos no mundo. O abastecimento de alimentos de uma população crescente tem sido um grande desafio para a agricultura. O consumo de alimentos per capita no Brasil está crescendo com o desenvolvimento. A expectativa é de um grande aumento de consumo de calorias e de carne per capita nos países emergentes como a China e a Ín-

dia: de 2.900 calorias em 2000 para 3.300 calorias em 2040 e de 15 kg para 46 kg de carne per capita na China. A Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE – POF de 2008 mostra que a classe de renda mais alta consome cinco vezes mais frutas e três vezes mais hortaliças que a classe de menor renda. A produtividade agrícola aumenta a cada ano. Segundo a FAO – Food and Agricultural

Organization, setor que cuida da agricultura na ONU – Organização das Nações Unidas, hoje são necessários 0,30 hectares de agricultura para alimentar uma pessoa, vinte e cinco anos atrás eram necessários 0,50 hectares e trinta anos no futuro serão necessários apenas 0,15 hectares. Será que a agricultura conseguiu vencer definitivamente os maus presságios de Malthus? Os desafios são grandes. Entre

eles estão: a produção no mesmo local (exportação de nutrientes e crescimento do ataque de pragas e doenças), a urbanização crescente, o crescimento da população, a poluição urbana, as exigências que crescem todos os dias: saúde, meio ambiente, segurança alimentar, segurança e dignidade no trabalho agrícola, subsídios agrícolas dos países concorrentes, produtividade, eficiência. No Brasil a produtividade aumentou, a desnutrição diminuiu e a obesidade virou um problema nacional. Nos últimos 35 anos o Brasil se transformou de importador em um dos maiores exportadores de alimentos. As previsões da FAO são de crescimento de 20% na demanda mundial por alimentos e do Brasil como responsável por 40% da sua oferta. A área total do Brasil é de 851 milhões hectares. 254 milhões de hectares (29%) são utilizados na produção agropecuária, sendo 77 milhões para agricultura (9%) e 177 milhões (20%) para pecuária, segundo a EMBRAPA. O Produto Interno Bruto do Agronegócio corresponde a 25% do PIB nacional e o segmento é responsável por 37% da mão de obra empregada. Estudos da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária mostram que a produtividade brasileira mais que dobrou (2,5 vezes) entre 1976 e 2010. A área de grãos e oleaginosas cresceu 27% e a produção 213%. A produtividade das hortaliças, com grande participação da agricultura familiar, dobrou, entre 1980 e 2005, segundo o CNPH – Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da Embrapa. A tecnologia agronômica utilizada com respeito, obedecendo a boas práticas agrícolas, garante a preservação da natureza e o abastecimento da população com alimentos seguros.


entrevista

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Mercado é favorável para marcas de alimentos frescos Segundo especialista, a nova sociedade apresenta tendência para crescer substancialmente as vendas e branding de hortifrutícolas

O arranjo visual, a educação para o sabor, a educação para a saúde gostosa, a sustentabilidade e os valores sociais de quem produz frutas e vegetais tem, agora, na nova sociedade, uma tendência ascensional extremamente favorável para crescer substancialmente as vendas e a criação de marcas”

Estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam que, no próximo ano, o agronegócio brasileiro pode crescer 2,8%. Segundo o órgão, este pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, visto que indústria e serviços não conseguem evoluir. Apesar de representar 23% do PIB brasileiro e de governo e iniciativa privada utilizarem o agro nacional como propaganda de progresso econômico, pouco se aproveita do grande potencial financeiro que os produtos hortifrutícolas frescos têm a oferecer. Como não se trata de commodities agrícolas, toda a cadeia de abastecimento de frutas, verduras, legumes, pescados e flores parece desconectada do restante do setor. Especialistas comentam que a falta de investimentos em marketing rural desvaloriza a produção e o agricultor. Além disso, a escassez de informação e propaganda acaba deixando algumas áreas do agronegócio no escuro: o consumidor não sabe quem produziu e de onde vem aquele produto, muito menos conhecem sua importância para sua alimentação. Para José Luiz Tejon, diretor

do núcleo de Agronegócio da ESPM e diretor vice-presidente do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), a integração da cadeia de abastecimento de FLV é indispensável para o sucesso dos produtos hortifrutícolas. Em entrevista ao Jornal Entreposto, o especialista afirma que “a nova sociedade tem uma tendência ascensional extremamente favorável para crescer substancialmente as vendas e a criação de marcas de frutas e legumes”. Confira. Jornal Entreposto - Como o marketing pode alavancar o setor de frutas, verduras, legumes e pescados in natura no Brasil, visto que estes produtos não são commodities? José Luiz Tejon - Sim, estes produtos não são commodities. Aliás, o maior esforço que todo o setor do agronegócio precisa fazer está mesmo em “descommoditizar” sua cadeia de valor e para isso precisamos entender que o mundo é movido por emoções, e emoções forma percepções. Marketing significa a administração dos negócios com ou sem fins lucrativos, tomando como eixo decisivo e central a mente humana. Essa mente percebe

insights de valor, inspiracionais, onde a arte acessa zonas muito mais profundas e ainda não estudadas da educação humana. Desta forma a estética, o arranjo visual, a educação para o sabor, a educação para a saúde gostosa, a sustentabilidade e os valores sociais de quem produz frutas e vegetais tem, agora, na nova sociedade, uma tendência ascensional extremamente favorável para crescer substancialmente as vendas e a criação de marcas. JE - Como agregar mais valor à produção agrícola brasileira e o que os pequenos agricultores devem fazer para ter acesso às inovações do marketing no agronegócio? JLT - Pequenos produtores são a imensa maioria da produção no mundo inteiro e passarão a viver doravante uma expectativa muito positiva de sua valorização. Eles significam empreendedorismo, sustentabilidade, qualidade de vida, interiorização, saúde, e mesmo determinante contribuição para a segurança planetária. Precisam ter acesso à inovação, à tecnologia, à rastreabilidade para fins de gestão e segurança; precisam de acesso à moderna educação, e acima de tudo organização

e competência para o dialogo e a negociação. O pequeno produtor precisa de cooperativismo. Sem cooperativa não se faz verão. E no caso das frutas e legumes, concordo com a Dra Anita Gutierrez, uma nobre e digna especialista da Ceagesp, que ate já elaborou uma sugestão de lei, para criarmos no Brasil as comissões, no modelo americano das comissions, para todos os produtos, onde pesquisa, planejamento e marketing tomam parte central da promoção de cada produto. Precisamos ter narrativas, sobre o pimentão, a batata doce, o pêssego, e o alho nacional, o melão (vale aqui o case do Melão Rei), o legítimo e verdadeiro alho roxo nacional. Marketing significa preparar, realizar e saber contar belas histórias, e que essas histórias encontrem fundamentos tangíveis nas suas conclusões. JE - Mesmo sendo responsável por 23% do PIB do país, o setor agro brasileiro ainda não está devidamente consolidado. Em sua opinião, o que falta para que isto aconteça? JLT - O setor está consolidado. O que falta, exatamente, é a necessidade de ser trabalhado e revelado em políticas, estratégias e ações, de maneira integrada, envolvendo pesquisa, educação, agricultura, comércio, indústria e serviços agro alimentares energéticos e de fibras. A presidenta Dilma revelou ter uma forte expectativa de que a ministra Kátia Abreu e o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro (CNA e CNI) possam, reunidos e integrados ao Ministério da Fazenda, realizar o início desta “consolidação”. Tudo depende da inteligência e do esforço consciente dessas pessoas. E com o novo lema nacional: “Brasil, pátria educadora”, ficamos, então, com o educador Paulo Freire, que dizia ser essencial ter uma esperança radical, e assim espero eu: que a educação comece pelos mais altos mandatários do país, com uma pedagogia dialógica. JE - Quais foram as inovações em agromarketing que se destacaram em 2014 no Brasil e no mundo? JLT - Admiro os Estados Unidos nesse campo da inteligência inovadora e no uso do marketing para FLV. Basta ver exemplos, e

lá existem diversos. Eles conseguiram bastante êxito, por exemplo, na promoção da batata doce americana. De uma quase ignorância passou-se a atingir pontos elevados no consumo deste produto. O valor dos produtos feios, promovidos na França e Portugal, eu acho genial. No Brasil, iniciativas como o programa RAMA, de rastreabilidade e monitoramento de alimentos, com a Abras e a PariPassu, podemos considerar um início e, se for tratado de maneira educadora, pode ser um ponto importante para dar visibilidade aos produtores rurais. Além disso, imagino papéis importantíssimos para o sistema todo das Ceasas. Ali ocorre o encontro dessas forças, que ainda são muito anônimas e sem a visibilidade que suas importâncias mereceriam ter. É preciso levar o consumidor para dentro dessas centrais, que ali exista formação e educação para que o comércio seja transparente e que ocorra cada vez mais fair trade e integração entre produtores, comerciantes, distribuidoras, pesquisa, educação e promoção. Isso, sem dúvida, é uma dessas esperanças radicais positivas para 2015. JE – Como o senhor avalia a cadeia de abastecimento de produtos hortifrutícolas frescos? JLT – Necessitamos de um sistema educativo e formador de qualidade alimentar, valorização da fruta e dos legumes, não apenas pela estética, mas por sua qualidade intrínseca, onde os feios não sejam simplesmente jogados fora, aumentando a terrível estatística dos 30% de comida mundial que vai para o lixo. Líderes fazem toda a diferença e quando olhamos para os líderes, vemos essa possibilidade no diálogo que pode e deve haver, envolvendo órgãos como a Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e as Ceasas. Além disso, é necessário chamar a atenção da mídia para revelar avanços e estímulos positivos. Podemos adicionar a isto tudo o moderno e indispensável papel da governança de redes sociais. Quer dizer, o futuro a Deus e a sociedade organizada e inteligente pertencem, ambos precisam um do outro.


marketing rural

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Rastreabilidade proporciona avanços na área de marketing rural Especialista da PariPassu explica que o controle no sistema de abastecimento gera a construção da identidade de uma marca

CAROLINA DE SCICCO DE SÃO PAULO Rastrear as frutas, verduras e legumes, desde a germinação da semente até a venda no varejo, proporciona muito mais do que segurança alimentar. Esta ação pode gerar a fixação da marca junto aos clientes e colocar o alimento fresco no mesmo patamar dos produtos industrializados, já que passa a ser identificado ao longo de toda a cadeia. Para a PariPassu, empresa que desenvolve soluções para a rastreabilidade dos alimentos, o distanciamento entre produtores e consumidores ainda é muito grande. A falta de ações específicas de marketing e de incentivo para consumo contribui para que este quadro não sofra uma mudança efetiva. Segundo Giampaolo Buso, diretor comercial da PariPassu, “a grande dificuldade em colocar em prática ações de marketing no setor hortifrutícola deve-se ao fato de que este tipo de produção é muito pulverizada no território nacional, em geral formada por produtores de pequeno e médio porte que atendem mercados locais”. Segundo o profissional, sozinhos, os produtores, muitas vezes, não têm força e nem recursos

para implantar ações estratégicas aos consumidores”, acredita o de comunicação sobre sua ativi- executivo. A PariPassu atende dade e seus produtos, permane- 180 empresas de abastecimento cendo no anonimato. de FLV espalhadas pelas Ceasas Buso frisa que é importante do Brasil. Na Ceagesp, cerca de lembrar o movimento constante 50 permissionários utilizam seus existente no mercado para cons- sistemas de rastreamento. A protrução de uma identidade de dutora e atacadista de frutas L.A. marca. “Um caso recente é o que Ferretti, por exemplo, usufrui os ocorreu com as carnes da JBS. serviços da empresa desde 2008, O marketing realizado sugere sendo uma das primeiras do meruma marca para a carne, Friboi, cado a aderir à rastreabilidade. atribuindo valores de quaGiampaolo lembra que lidade e confiança o produtor pode, de para um produto maneira indivique até então dualizada, adonão possuía uma tar estratégias ‘cara’”, explirelacionadas à ATACADISTAS DAS CEASAS ca. “No caso etiquetagem do DO BRASIL, UTILIZAM O da produção de produto. “A etiSISTEMA DA PARIPASSU hortifrutis, visto queta é a forma suas dificuldades física de levar ao em termos de escala, consumidor o coeste movimento podenhecimento que deseja ria ser liderado por cooperatransmitir. Neste contexto, etitivas de produtores. A união de quetas que valorizam o produto produtores traz a força e condi- e sua história (rastreabilidade) ções necessárias para organizar podem ser uma ótima forma de um plano de comunicação e promovê-lo”, sinaliza. marketing focado no setor. DesPara o diretor, “é preciso que ta maneira, todos os participan- frutas, legumes, verduras e detes da cadeia podem repartir os mais hortifrutis também tenham investimentos e beneficiar-se em ‘uma cara’, uma marca pela qual conjunto dos resultados junto o consumidor irá procurar, e

180

para isso é necessário que a base produtiva entenda a importância do marketing em seus negócios”. A seguir, Giampaolo Buso apresenta algumas soluções disponíveis para o setor hortifrutícola e menciona as novidades da empresa para 2015. BUSCA RASTRO O processo de rastreabilidade é responsável pela facilitação da comunicação. Ao rastrear, os agricultores, distribuidores e varejos dispõem de etiquetas que contém um código identificador único para cada lote de produto. Este código carrega as informações dos pontos de passagem dos alimentos. Os produtos etiquetados, uma vez na gôndola, podem ter os códigos consultados pelo consumidor que por sua vez tem acesso ao site do Busca Rastro. O Busca Rastro exibe a história do produto com informações sobre a origem deste alimento, fotos e descrições fornecidas pelos próprios produtores. É a maneira do produtor diferenciar seus produto e interagir com o consumidor final. Alguns varejos já promovem em suas redes a valorização

desta rastreabilidade buscando a transparência e confiança na relação com seus consumidores. Eles destacam junto aos preços dos produtos os códigos de rastreamento, para evidenciar a preocupação e o controle da origem dos alimentos que disponibilizam para consumo em suas gôndolas. CADERNO DE CAMPO ELETRÔNICO E APLICATIVO CONTROLE DE QUALIDADE Em 2015, a PariPassu continua o trabalho de esclarecimento sobre a importância da rastreabilidade junto ao mercado de frutas, legumes e verduras. Além do Sistema Rastreador, a empresa realiza um intenso trabalho no Caderno de Campo Eletrônico orientado para o produtor. Além do mais, atua na expansão do Aplicativo Controle de Qualidade que associa inspeções de qualidade à rastreabilidade, ou seja, com a origem do produto conectando todos os envolvidos no processo. E por fim, a empresa conta com um protótipo de Aplicativo para interação entre os Produtores e Distribuidores com o Consumidor Final.


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18 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Do alho roxo nacional ao agronegócio brasileiro, sem o bom marketing tudo fica sem sal O bom marketing exige que as cadeias produtivas se organizem inteligentemente no sentido vertical. Sem inovação e tecnologia não temos competitividade na produção de qualquer bem rural

José Luiz Tejon Megido O que é marketing? O reino das percepções humanas. Se a China produz alho branquinho e mais barato, e na gôndola do supermercado ele ainda aparece com “status” de importado, coitadinho do nosso muito melhor e legítimo alho roxo. O alhão vira um “alhinho”. Sim, falta marketing no nosso agronegócio. Marketing com certeza não é nada do que recebemos como exemplos tenebrosos da propaganda política. Isso não é marketing. Marketing também não é apenas o aspecto comunicacional. O ato da venda, da publicidade, das feiras e eventos, da embalagem. Isso consideramos como a “ativação” de um planejamento estratégico de marketing. No agronegócio, tudo hoje é fundamentado e valorado a partir da ciência e da tecnologia, marketing já nasce embutido na perspectiva do geneticista, do químico, do engenheiro mecânico, dos pesquisadores da nanotecnologia, do plasma.O nutricionista ao imaginar a arte do “food design”, está inovando e ingressando na “disruption era”. O “gene design”, dos próximos 10 anos, irá definindo tendências de consumo alimentar, fibras, energias renováveis, empreendedorismo de “nichefication” com especialidades, o que irá viabilizar micros e pequenos produtores globalizados. A rastreabilidade dos produtos originados no campo até o “pós consumo”, contabilizando a marcha da guerra contra o desperdício de quase 30% da comida mundial indo para o lixo, cruzando a nova área da “análise sensorial”, investigando como os “neurônios comem e bebem”, todo esse armazém de fatos e coisas compõem o “patchwork” da inteligência de marketing. Analisamos os fatores incontroláveis, como clima, economia, política, consumo, concorrência; adaptamos as estruturas e os planos a partir dos aspectos contro-

láveis, quantificação da produção todo o agronegócio brasileiro, agropecuária, crédito, logística, onde sob o “brand” Brasil, troarmazenamento, diversificação picalidade, mistura de raças, aleda produção, projetos de sus- gria, qualidade, sustentabilidade tentabilidade, regionalização, e patrimônio do “tropical belt” recursos humanos, produtores planetário, com histórias justas rurais, educação, processamento e bem construídas para contar, agroindustrial, agregação de va- vamos inspirar clientes e consulor; ativamos tudo isso, ai sim, midores de todos os cantos nessa com a propaganda, os pontos de fascinante obra da saúde animal, venda, a publicidade, os eventos, vegetal, humana, ambiental e de o merchandising, as redes sociais, empreendedorismo de base rupromoção e vendas; e avaliamos ral. isso tudo com métricas, controle, O bom marketing é exemplar feedback, pesquisa perceptual do na Associação dos Cafeicultores mercado. Colombianos, por exemplo. O marketing no agronegócio Orquestrados verticalmente imexige toda uma profundidade a pactam as mentes, corações e a partir desse esboço acima. E o opinião pública mundial com o que é agronegócio? A somatória símbolo de um típico cafeiculde todas as cadeias produtivas, tor das montanhas da Colômbia a partir das matérias-primas – Juan Valdez. Podemos desenoriginadas na agropecuária, in- volver e criar dezenas de segcluindo o antes da porteira (in- mentações e da venda não apesumos, máquinas,etc), o dentro nas de um Café do Brasil, mas da porteira (os produtores de distintos Cafés do Brasil, rurais) e o pós-porteira desde o Cerrado, com das fazendas (disdenominação de tribuição, agroinorigem, de Vitódustrialização, ria da Conquista varejo, serviços na Bahia, do EsDOS CIDADÃOS BRASILEIROS da alimentação, pírito Santo, do CONSIDERAM O e agregação de Sul de Minas. AGRONEGÓCIO MUITO valor sobre todos Podemos IMPORTANTE os produtos origiampliar o consunados no campo). mo e o valor estiIsso significa dizer mativo do arroz gaúque o bom marketing exige, cho, do arroz do litoral do por exemplo, que em primeiro Rio Grande. A carne brasileira lugar as cadeias produtivas se dos Pampas, os novilhos precoorganizem inteligentemente, no ces do Mato Grosso do Sul; a lasentido vertical. Ou seja, sem ranja e o puro suco cítrico;a soja inovação e tecnologia não tere- e o milho plantados a partir do mos competitividade na produ- plantio direto, técnica conservação de qualquer bem rural; sem cionista exemplificadas em legítiprodutores educados e prote- mas agrossociedades como Lucas gidos do risco, com assistência do Rio Verde no Mato Grosso, e estímulo para competir; sem Rio Verde em Goiás, Correntina clientes, agroindústrias, ou con- na Bahia etc. sumidores finais apaixonados A cevada e o malte brasileiro pelas categorias e segmentos des- de Entre Rios, no Paraná. O coosa cadeia produtiva, não forma- perativismo exemplar mantendo remos a base ética vital para um famílias com qualidade de vida plano de marketing em agribusi- em Chapecó (SC) com a Aurora; ness. em Carlos Barbosa (RS) com o Depois da orquestração ver- leite da Santa Clara; em Campo tical, a conjugação das distintas Mourão, com a Coamo; a Cocacadeias produtivas do país, po- mar em Maringá; a Comigo em dem e devem gerar um macro Goiás; alta tecnologia na Cotrijal planejamento de marketing de de Não me Toque (RS), e tantas

90%

outras fontes de imensas possibilidades de visibilidade com valor em marketing de originação. Nas pesquisas que realizamos pela ESPM e a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) – levantando a percepção do eleitor brasileiro e o agronegócio, obtivemos uma acentuada elevação positiva da percepção do típico cidadão brasileiro das grandes cidades sobre o agronegócio: mais de 90% consideram o agronegócio muito importante para o Brasil. Cerca de 91,9% dos entrevistados consideram que o agronegócio gera ainda muito emprego para as próprias cidades. O cidadão sabe que portos antigos e mal administrados prejudicam o agronegócio (86,3%), outros 86,4% afirmam que as estradas mal conservadas do interior aumentam os custos dos alimentos. E 89,9% dos eleitores afirmam que o Brasil precisa usar mais a energia renovável que vem da agricultura, como o etanol e biodiesel. Fora isso, ainda 89,9% afirmam que o agronegócio brasileiro pode alimentar o mundo e também significa uma vital fonte de renda para o Brasil. Num mundo onde nos próximos anos cerca de 1 bilhão de pessoas deixará o campo indo para as cidades, dependeremos extraordinariamente de um ético e competente marketing para criar condições de estancar o êxodo rural e, ainda, atrair jovens para a sucessão das propriedades rurais existentes, além de criar oportunidades em múltiplos nichos de hortifruticultura, e do que já se chama: “nutricêutica”, agricultura vertical nas grandes cidades, e um retorno ao campo, a um desejo instalado na alma humana de “natureza”. E vamos precisar vender muito alho roxo, batata doce, alcachofra, dendê, mandioca e caliandra - a flor do Cerrado. Marketing representa interpretar sonhos, desejos, vontades, necessidades humanas e traduzir isso em ofertas reais e concretas, atuando sob um fundamento de capitalismo e consumo conscientes. Não há mais


agromarketing

“plantations”, ou exploração antiga dos recursos naturais, ou ausência de inovação e tecnologia, como possibilidade de qualquer agente manter-se na atividade para os próximos 20 anos no mundo. O talento e a competência para essa gestão, que inspira mentes e neurônios, que pratica educação e agrossociedade, que forma pesquisadores, produtores e toda uma rede humana a serviço da sintropia, tendo como órgão fundamental a terra e a natureza, não sobreviverão apenas com o visível da coisa. Irá demandar o segredo da arte: tornar visível o invisível. Não venderemos grãos de soja ou milho, venderemos partes de proteínas, energia, de Omega3. Venderemos o quanto a nutrição e a saúde de um vegetal carrega, disponibiliza e permite, acessibilidade de suas vitaminas para um ser humano. Isso é marketing. Quando o irreal pode ser sentido e percebido a partir do “real”. O Brasil pode crescer o seu valor estimativo como nação, povo, e ser valorado no mundo inteiro,

com aquele que não faz a guerra. Aquele que faz a paz. E paz no mundo dependerá de alimentos, água, preservação do planeta e empreendedorismo ético. A Embrapa mantém uma riqueza de conhecimentos, um ativo de valores e autoestima nacional para alavancarmos a imagem do país, indo além do agronegócio, uma bela plataforma para o conteúdo de marketing, com uma OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), na capilaridade sociológica desse inexorável empreendedorismo sustentável. Sem marketing somos importantes, mas apenas agro. Com marketing seremos agrossociedade global e valores humanos em cada grão, fruta, legume, biocombustível, fibra, carne produzida. Isso é arte! E viva o alho roxo. José Luiz Tejon Megido Diretor do Núcleo de Agronegócio da ESPM de São Paulo - Diretor vice-presidente de Comunicação do CCAS – Conselho Científico para a Agricultura Sustentável

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 19

FORNECEDORA DE ABACATES INSTALA PONTOS DE DEGUSTAÇÃO DA FRUTA EM HIPERMERCADOS COMO O PÃO DE AÇUCAR

Atacadista aposta em ações de mercadologia para promover FLV Há alguns anos, a atacadista L.A. Ferretti passou por reestruturação em diversas áreas e ações de marketing para promover o abacate foram colocadas em prática. Grande produtora, A L.A. Ferretti oferece diferentes variedades da fruta: Fortuna, Quintal, Geada, Campinas, Breda e Margarida, além do “abacate baby” - o avocado hass, originário do México. Fornecedora de abacate para grandes hipermercados – como Pão de Açúcar, Extra e Zaffari – a atacadista escolheu atingir diretamente o mercado varejista e instalou pontos de degustação em mais de 40 locais. Consumidores da capital paulista e de Campinas puderam apreciar um delicioso creme feito com abacates selecionados. “Notamos que as pessoas ficaram surpresas, pois não é mui-

to comum ocorrer degustação de alimentos preparados com frutas in natura e sim de produtos industrializados”, relata Jonas Octávio, gerente da L.A. Ferretti. Já para incentivar o consumo de abacate entre as crianças, a produtora lançou uma revista de atividades chamada “A Turma do Abacate”. Com palavras cruzadas, caça-palavras, desenhos para colorir e diversas outras tarefas, a publicação diverte a garotada, ajuda a desenvolver diversas habilidades e aproxima o público infantil de alimentos saudáveis. Outra publicação criada pela L.A. Ferretti é o livro “Receitas: Saúde Para Você”. Nele, o consumidor pode encontrar informações nutricionais, benefícios à saúde e variadas receitas que incluem abacate e limão como ingredientes principais.


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20JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Marketing na floricultura brasileira: desafios e oportunidades Antonio Hélio Junqueira * Marcia da Silva Peetz**

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floricultura comercial brasileira, entendida como a atividade profissional e empresarial de produção, de comércio e de distribuição de flores e plantas cultivadas com finalidade ornamental, representa um dos mais promissores segmentos do agronegócio brasileiro contemporâneo. Estima-se que tenha movimentado, no ano de 2014, valores globais de venda da ordem de R$ 5,6 bilhões em nível de consumidor final, o que equivaleu a um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 1,6 bilhão. Concentrada essencialmente no mercado de consumo interno, para o qual direciona 96,5% de todo o valor comercializado, a Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil ocupa, segundo levantamentos de campo da empresa de inteligência de mercado, Hórtica Consultoria e Treinamento, realizados em 2014, uma área de 13.468 hectares, sendo 78,0% deles cultivados a céu aberto, 19,3% sob a proteção de estufas e 2,7% em telados de sombreamento. Explora cerca de 350 espécies e cultivares nativas e exóticas adaptadas, em um potencial total de mais de 3.300 plantas conhecidas no País. A atividade agrega 7,8 mil produtores, em propriedades cujo tamanho médio é de 1,73 hectare. O nível médio de empregos diretos gerados está estimado em 3,5 por hectare cultivado, sendo 18,7% de origem familiar e 81,3% de mão de obra contratada. O consumo médio per capita brasileiro de flores e plantas ornamentais está atualmente estimado em R$ 26,27, sendo as plantas ornamentais para paisagismo e jardinagem responsáveis por 41,6% desse valor, seguidas pelas flores e folhagens de corte (34,3%), flores e plantas envasadas (24,1%) e folhagens de corte (1,5%). Esses índices são considerados ainda baixos frente aos observados em grande parte dos países com mercados mais desenvolvidos e, assim, sinalizam para um importante potencial de expansão futura do mercado consumidor.

Uma das características dos compradores de flores e plantas ornamentais no Brasil é a de concentrar fortemente as suas demandas em poucas datas específicas ao longo do ano, com grande destaque para Dia das Mães (no segundo domingo do mês de maio), Dia dos Namorados (12 de junho), Natal (25 de dezembro) e Réveillon (31 de dezembro), Dia Internacional da Mulher (8 de março), Dia da Secretária (30 de setembro) e Dia dos Pais (segundo domingo do mês de agosto), entre poucas outras oportunidades. Tal fenômeno evidentemente agrega aspectos gerenciais, operacionais e logísticos prejudiciais ao fluxo dos negócios setoriais, impondo fortes necessidades de planejamento tanto da produção, quanto do uso e disponibilidade sazonal da mão de obra, realização de vendas, concentração dos ingressos financeiros e distribuição das despesas ao longo de todo o ano. Esforços vêm sendo crescentemente despendidos pelas lideranças e empresas setoriais, na realização de campanhas nacionais de marketing e incentivo ao consumo, as quais visam essencialmente à diversificação e à res-

significação cultural dos hábitos e à inclusão de novas motivações, datas e oportunidades de consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil. Um dos exemplos mais arrojados desta iniciativa constituiu-se no Projeto +Flores, cujas primeiras etapas foram realizadas, sob coordenação do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), nas cidades de Campinas, Porto Alegre e Brasília, nos anos de 2008 e 2009. Ainda que com resultados fortemente positivos contabilizados nestas primeiras iniciativas, que apontaram crescimento de vendas de até 20% nas cidades alvo, o projeto não teve continuidade significativa e merece ser oportunamente revisitado. Além de campanhas de marketing como esta já mencionada – que visa essencialmente criar oportunidades cotidianas de consumo especialmente no âmbito do usufruto pessoal, minimizando o efeito sazonal das datas consagradas e resumidas ao ato de presentear – muitas outras oportunidades encontram-se latentes no mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais e podem ser brevemente aqui enumeradas. Entre elas, deve-se destacar a valorização permanen-

te das flores e plantas como expoentes significativos da qualidade de vida, bem estar e harmonia do ser humano consigo próprio, com seus semelhantes nos contextos profissional e doméstico e com o meio ambiente. Inúmeras são já as pesquisas com credibilidades acadêmica e científica que atestam os resultados altamente compensadores da inclusão das flores e plantas e da prática da jardinagem amadora no cotidiano das pessoas. Essas informações precisam ser constante e abundantemente postas em circulação na mídia, nas escolas, hospitais e empresas, favorecendo o conhecimento social dos benefícios destes vegetais para a vida humana. No mesmo sentido, as vantagens das áreas verdes e da arborização urbana na construção de cidades mais saudáveis, protegidas e agradáveis merecem ser objeto de debates e de políticas públicas consistentes. No setor supermercadista, as flores e plantas ornamentais já vêm se beneficiando de um conjunto de conhecimentos e saberes mercadológicos oriundos da experiência e da prática adquiridas no setor de FLV em geral. Entre esses, se destacam a localização estratégica do setor na entrada das

lojas, a organização e a segmentação da exposição por finalidades, usos e cores, a agregação de itens de conveniência, o cross-merchandising, o gerenciamento de categorias e as campanhas promocionais periódicas. No âmbito das iniciativas empresariais específicas para o marketing de determinados produtos, temos assistido e acompanhado, nos últimos anos, projetos muito bem sucedidos, especialmente no tocante à criação de novos valores e imagens associados a produtos tradicionais, visando à diferenciação, à descommoditização e à suplantação de desgastes culturais da moda e da excessiva vulgarização do consumo dessas mercadorias, como no caso dos gladíolos e dos crisântemos, entre outras espécies. E, no setor produtivo, o uso de embalagens especiais, de rotulagens com informações sobre o produtor, as técnicas de produção e cuidados de manutenção, bem como de marcas privadas e coletivas já está se tornando mais presente e profissionalizado, como no caso recente da Associação dos Agricultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta (Afloralta), em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio de Janeiro, que conquistou, no final de 2014, o direito do uso exploração de marca coletiva registrada para as suas flores junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Porém, as mais importantes iniciativas para a totalidade da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil serão aquelas que trabalharem o marketing institucional do setor, favorecendo indistintamente, assim, o conjunto de espécies e cultivares produzidas de Norte a Sul do País, por micro, pequenos e médios produtores profissionalizados. *Engenheiro Agrônomo, Doutor Em Ciências Da Comunicação (Eca/Usp), Mestre Em Comunicação E Práticas De Consumo (Espm), Pós-Graduado Em Desenvolvimento Rural E Abastecimento Alimentar Urbano (Fao/Pnud/Cepal/ Ipardes), Professor Da Espm E Sócio Proprietário Da Hórtica Consultoria E Treinamento. **Economista Sênior, Pós-Graduada Em Comercialização Agrícola E Abastecimento Alimentar Urbano, Sócia-Administradora Da Hórtica Consultoria E Treinamento.


ceasas

JANEIRO / 2015 i JORNAL ENTREPOSTO 21

CeasaMinas avança na organização do trânsito com três novas obras

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Ceasa adere à Rede de Solidariedade do Programa Mesa Brasil Sesc A rede nacional de solidariedade Mesa Brasil Sesc ganha um importante aliado no Rio Grande do Sul. Foi assinado, em Porto Alegre, no início deste mês, o termo de cooperação entre o Sistema Fecomércio-RS/ Sesc e a Ceasa/RS (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul), que compreende a parceria entre os Programas Mesa Brasil Sesc e Ceasa Mais Cuidada - que, entre outras ações, visa a segurança alimentar e nutricional através do Banco de Alimentos, efetuando a doação de alimentos excedentes às mais de 200 entidades cadastradas -, visando à administração da centralização de doações de alimentos e a devida distribuição a entidades sociais cadastradas na Capital e Região Metropolitana, assim como o desenvolvimento de ações educativas. Segundo o diretor regional

do Sesc/RS, Luiz Tadeu Piva, os esforços e a potencialização de recursos beneficiarão ainda mais pessoas. “Atualmente, somente em Porto Alegre e Região Metropolitana, o Mesa Brasil atende 250 entidades sociais. A partir da parceria firmada com a Ceasa, nossas ações beneficiarão mais de 350 entidades”, explica o dirigente. O Mesa Brasil Sesc é uma rede permanente de solidariedade, que atua desde novembro de 2003 no Rio Grande do Sul com o objetivo de evitar o desperdício de alimentos e diminuir as carências nutricionais da população. Para alcançar essas metas, conta com o apoio de empresas, entidades sociais e voluntários. Conforme o diretor-presidente da Ceasa/RS, Paulino Olívio Donatti, o Banco de Alimentos tem papel preponderante junto às pessoas beneficiadas e com a par-

ceria firmada com o Mesa Brasil essa atuação será intensificada. A parceria tem como objetivo a cooperação entre os programas Mesa Brasil/Sesc e Ceasa Mais Cuidada/Banco de Alimentos, visando a administração da centralização de doações de alimentos para a democrática distribuição dos gêneros às entidades e programas do município de Porto Alegre e Região Metropolitana, buscando combater o desperdício, organizando as coletas, estimulando a nutrição sustentável, fomentando e difundindo os princípios da Segurança Alimentar e Nutricional, bem como o Direito Humano à Alimentação Adequada. Caberá ao Sesc manter um nutricionista e um motorista no programa; manter um veículo Sprinter refrigerado, bem como os equipamentos (caixa box, car-

rinho de armazém, freezer e caixas plásticas) e desenvolver ações educativas junto ás instituições receptoras, funcionários, voluntários, usuários e seus familiares, equipe do Banco de Alimentos, produtores e atacadistas; coletar e efetuar as entregas dos alimentos nas entidades cadastradas no Programa Mesa Brasil e vigentes no cadastro do Banco de Alimentos da Ceasa. Compete à Ceasa doar os alimentos excedentes e oriundos do Programa Ceasa Mais Cuidada; garantir a separação de alimentos próprios para consumo; identificar o público que será beneficiado pelas ações educativas que contemplarão os produtores e atacadistas. Os cadastros das entidades receptoras também serão unificados, podendo assim outras entidades passarem a receber as doações.

rês obras realizadas no entreposto de Contagem da CeasaMinas vão contribuir com a organização do trânsito do mercado. A primeira delas, já finalizada, é a criação de 22 vagas exclusivas para caminhões e cavalos mecânicos no Estacionamento do Triângulo, entre os setores azul e violeta. Foi criada uma entrada e uma saída independentes para esses tipos de veículos. Já está em andamento a criação de um estacionamento exclusivo para caminhões próximo ao Banco de Caixas, ao lado do Pavilhão X. O local terá 45 vagas e será uma alternativa para os motoristas que utilizavam o estacionamento entre os pavilhões U e X, que foi interditado para a construção do Pavilhão V. A obra começou há um mês e está prevista para terminar em janeiro, dependendo da incidência de chuvas. A última intervenção será a retirada dos canteiros centrais em frente ao Pavilhão 4. Como a licitação para a realização desta obra foi deserta, a CeasaMinas já está providenciando a contratação direta da empresa que irá fazer o trabalho. A retirada desse largo canteiro central facilitará a manobra dos caminhões. A licença ambiental para a retirada das árvores do canteiro já foi concedida à CeasaMinas. Juntas, as três obras somam um investimento de quase R$ 1 milhão.

Nossa Turma deseja bom ano para a família ceagespiana MANELÃO Acabou 2014 e apesar das dificuldades a família brasileira, reunida à mesa após as orações, agradece ao ano que terminou e pede ao criador que 2015 traga saúde, água para a nossa agricultura e que todos possam sabore-

ar uma receita gostosa, elaborada com abóbora brasileira. Outro dia ganhamos brotos da rama da abóbora na Nossa Turma. A galera da cozinha ficou espantada, sem saber o que fazer com a iguaria. Fui chamado, olhei e aí contei uma história de 50 anos atrás: morávamos na cidade

de Bebedouro, a família numerosa, tínhamos algumas galinhas e quando alguma cantava, tinha que correr e recolher o ovo, se não as próprias galinhas o comiam. Era a época das “vacas magras”. No bairro da Vila Cruzeiro haviam vários terrenos baldios onde cresciam pés de abóbora e nossa

mãe, Amélia, mandava a gente colher as pontas da rama dos pés de abóbora, a popular, cambuquira. E aquele ovo que foi salvo do canibalismo, misturado com as folhas tendas da rama da abóbora, transformava-se em uma mistura deliciosa, que era apreciada pela família. A cozinheira da escolinha

preparou e a garotada gostou. As crianças da Nossa Turma ficaram felizes com os presentes que foram doados através do apadrinhamento do kit de natal. E eu, Manelão, desejo de coração, que todos tenham um 2015 com muita saúde, solidariedade e prosperidade.


22 JORNAL ENTREPOSTO i JANEIRO / 2015

Enciclopédias disponíveis no Entreposto do Livro

legumes da época Chef Diogo Ferreira de Araújo

Brasileira até no nome Este mês falaremos de um ingrediente tão brasileiro que o é até no nome: a abobrinha brasileira. Muito semelhante a sua “irmã” italiana, a zucchini, possui o corpo delgado no início e redondo no final, sendo mais rajada que a italiana, e não é laranja na casca como a caipira. Como as outras, são amplamente consumidas em todo o Brasil. Elas são plantadas de agosto a fevereiro ao sul de São

Paulo. Nos demais estados e regiões, durante o ano inteiro. Com pouquíssimas calorias, é rica em vitamina C, betacaroteno e vitamina A. Sem dúvida uma opção saudável e versátil, conforme veremos. A abobrinha brasileira tem o teor de água um pouco maior do que a italiana, o que a limita para o uso em frituras, no entanto seu uso pode ser feito em saladas, grelhadas, sopas, purés, escondi-

dinhos, risotos e uma infinidade de usos, e seu sabor é bem aceito por crianças em papinhas e até por adultos que não gostam muito de vegetais. A receita deste mês replica a simplicidade e a versatilidade do ingrediente. Farei uma lasanha de abobrinha brasileira, com mozzarella de búfala, tomates secos, azeitonas pretas. Uma lasanha de verão para quem não quer abrir mão de algo leve.

Receita

Lasanha de Verão Ingredientes: • 2 abobrinhas brasileiras • 250 g de mozarella de búfala em fatias finas • 150 g de azeitonas pretas • 200 g de tomate seco picado • ½ maço de salsa picada • 150 g cebola picada • 25g alho picado • 1 ramo de alecrim picado (somente folhas) • Azeite, sal e pimenta quanto baste.

Modo de Preparo: • Corte as abobrinhas em lâminas com ajuda de uma mandolina ou uma faca bem afiada e branqueie (cozinhe em água fervente) por dois minutos. Reserve.

• Misture todos os ingredientes picados com azeite, ajuste sal e pimenta, e reserve.

Tesouro da Juventude O Tesouro da Juventude é uma enciclopédia voltada para jovens e crianças, publicada inicialmente na década de 1920 e reeditada em 1958. Editado por W. M. Jackson, com sede em São Paulo, ficou famoso por “entreter os meninos que viviam na época em que foi lançado.

O Mundo da Ciência e da Tecnologia A produção científica brasileira começou efetivamente, segundo a obra acima nas primeiras décadas do século XIX, quando a Família Real Portuguesa, chefiada por Dom João VI, chegou ao Rio de Janeiro, fugindo da invasão do exército de Napoleão em Portugal, em 1807.

Globerama Tesouro de Conhecimentos Ilustrados Enciclopédico. Biologia. A vida em seu meio. A vida social da natureza. A continuidade da vida. O pensamento do homem e a preocupação intelectual, a investigação e o desejo de saber, tem a mesma idade sobre a terra.

Ciência ilustrada Em 1969, a Abril Cultural, então uma divisão da Abril, lançou mais uma enciclopédia composta por fascículos semanais vendidos em bancas de jornal. Eles eram colecionados e encadernados à medida que se completasse cada um dos 13 volumes.

Montagem: Em um refratário médio untado com um pouco de azeite, arrume as lâminas de abobrinha até cobrir o fundo e espalhe os ingredientes picados. Finalmente, cubra com o queijo. Repita a operação até chegar ao topo do refratário, terminando obrigatoriamente com o queijo. Com o forno pré-aquecido a 200°C, asse por 20 minutos, ou por 15 nas micro-ondas em potência sete. Bom apetite!

Programas exigidos por lei: Programa de Controle de Saúde Médico Ocupacional - PCMSO Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP Exames médicos: Admissão, Periódico, Retorno ao trabalho, Demisssionais. Dra. Ana Maria Alencar (Diretora Médica) Entre em contato com nossos representantes Fábio (11) 3832.4049 / 3835.9576 / 7871.2644 End. Edsed II sala 37(em cima da padaria Nativa)

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