TCC Valorização da Dança e dos Espaços Culturais Através da Arquitetura

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E MIL LY D O S S ANT O S F ALC Ã O

VALORIZAÇÃO DA DANÇA E DOS ESPAÇOS CULTURAIS ATRAVÉS DA ARQUITETURA

V ila Ve lh a 2020



EMILLY DOS SANTOS FALCÃO

A VALORIZAÇÃO DA DANÇA E DOS ESPAÇOS CULTURAIS ATRAVÉS DA ARQUITETURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador: Prof. Drª. Melissa Ramos da Silva Oliveira

VILA VELHA - ES 2020


EMILLY DOS SANTOS FALCÃO

A VALORIZAÇÃO DA DANÇA E DOS ESPAÇOS CULTURAIS ATRAVÉS DA ARQUITETURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo. A p r ova d o e m

de

de 2 02 0.

C O M I S S Ã O E XAM INADO RA

Prof. Drª. Melissa R. da S. Oliveira Universidade Vila Velha Orientador

Msc. Simone Neiva L. Gonçalves Universidade Vila Velha Examinadora Interna

Arquiteta Rubiene Callegario Convidada Externa


AGRADECIMENTOS Quero agradecer primeiramente a minha mãe, por me apoiar e me oferecer tantas oportunidades, obrigada por tudo, te amo. Agradeço a minha pessoa preferida, Fernanda, que esteve comigo em todos os momentos, me apoiou desde o início e me ajudou até o fim, não tenho palavras para descrever tudo que já passamos juntas, tanto no curso, quanto na vida, amo você. Minhas amigas lindas, Ana Luiza e Cynthia, por todo apoio, por estarem do meu lado desde quando tudo começou e caminhamos juntas nessa trajetória. À Sarina, por todo apoio e incentivo, em relação ao tema do tcc. E por ela e minha amiga Marina, participarem da entrevista. Às 70 pessoas que se disponibilizaram em responder o questionário parte da minha pesquisa de campo. À todos colegas e amigos de arquitetura que sempre se disponibilizaram em me ajudar quando precisei, não só no tcc, como no curso.

À todos meus lindos amigos que torceram por mim, que tiveram paciência com minha ausência e continuaram me apoiando, amo todos vocês. Agradeço a minha orientadora, prof. Drª Melissa Ramos que aceitou essa proposta de braços abertos e me ajudou em todas etapas do projeto, me incentivou e foi compreensiva, principalmente nos momentos mais difíceis. E agradeço também, as contribuições da minha coorientadora Simone Neiva.


I don’t think that architecture is only about shelter, is only about a very simple enclosure. It should be able to excite you, to calm you, to make you think. – Zaha Hadid


RESUMO Este trabalho visa a valorização da dança através da arquitetura e das expressões culturais, buscando oferecer um espaço adequado para essas atividades de forma que sejam integradas, reconhecendo a diversidade de manifestações artísticas no cenário capixaba. A proposta é de um estúdio de dança associado à um espaço cultural, localizado no Sitio Histórico da Prainha, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, relacionado ao contexto urbano e seu entorno, integrando esses espaços dinâmicos à sociedade, como prática de inclusão social e atividade multidisciplinar, por meio de um Projeto Arquitetônico a nível de anteprojeto. Para tal, foram realizados estudos de conceitos, por meio de literatura, pesquisa de campo com aplicação de questionários e entrevistas, produção de mapas e diagnóstico da região. Por fim, no desenvolvimento desse trabalho foi possível perceber a importância de um espaço com infraestrutura adequada voltado a valorização da dança e dos espaços culturais através da arquitetura, inserido em um contexto urbano já consolidado. Palavras-chave: Arquitetura. Dança. Cultura. Prainha. Vila Velha.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Grupo de Dançarinos, Bhimbetka, Raisen, Madhya Pradesh, Índia Central................................................................20 Figura 2 - Dança Panathenaeac, por volta do século IV a.C......20 Figura 3 - Le Palais de Cristal.....................................................24 Figura 4 - Dança Contemporânea............................................... 25 Figura 5 - Grupo de Dança Urbana de Brooklyn.........................26 Figura 6 - Apresentação do Jongo Capixaba..............................28 Figura 7 - Grupo de Kpop Blackpink............................................30 Figura 8 - Grupo de Kpop BTS....................................................31 Figura 9 - Coletivo Bandaloop.....................................................34 Figura 10 - Coletivo Bandaloop...................................................35 Figura 11 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo.........................................................................37 Figura 12 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo.........................................................................37 Figura 13 - Universidade de Música e Dança de Cologne, Alemanha..............................................................................................41 Figura 14 - Fachada....................................................................42 Figura 15 – Corte e Detalhe da Fachada....................................42 Figura 16 – Escada Aberta e Pele de Alumínio Perfurado..........43 Figura 17 – Planta Baixa Pavimento Térreo - Setorização.........43 Figura 18 – Planta Baixa Pavimento Térreo - Fluxos.................44 Figura 19 - Complexo Cultural Luz, São Paulo..........................45 Figura 20 - Complexo Cultural Luz, São Paulo..........................45 Figura 21 - Pátio Interno.......................................................46 Figura 22 - Complexo Cultural Luz, São Paulo.....................46 Figura 23 - Praça das Artes, São Paulo................................47 Figura 24 – Sala de Dança e Grandes Vãos.........................48 Figura 25 – Diagrama de Usos.............................................48 Figura 26 - Planta Baixa Pavimento Térreo - Setorização....49 Figura 27 - Planta Baixa Pavimento Térreo - Fluxos............49

Figura 28 – Croqui – Relação com o Entorno.......................49 Figura 29 – Fachada e Esquadrias.......................................50 Figura 30 – Localização da Área de Intervenção..................54 Figura 31 - Mapa de Limite do Sítio Histórico.......................55 Figura 32 - Sítio Histórico da Prainha....................................56 Figura 33 - Mapa de Bens Culturais......................................57 Figura 34 - Mapa de Fluxos...................................................59 Figura 35 - Sistema binário nas ruas Antônio Ataíde e Luciano das Neves........................................................................61 Figura 36 - Mapa do Sistema Viário......................................62 Figura 37 - Perfil Topográfico.................................................63 Figura 38 - Corte Esquemático..............................................63 Figura 39 - Mapa de Condicionantes Físicas e Ambientais..64 Figura 40 - Mapa de Concentração de Pessoas...................66 Figura 41 - Mapa de Potencialidades....................................67 Figura 42 - Mapa de Uso do Solo.........................................71 Figura 43 - Mapa de Gabaritos....................................................72 Figura 44 - Casa com 1 gabarito.................................................73 Figura 45 - Casa com 2 gabaritos................................................73 Figura 46 - Casa com 3 gabaritos................................................73 Figura 47 - Antigo Fórum de Vila Velha.............................................73 Figura 48 - Correios Prainha.......................................................74 Figura 49 - Paleta de Materiais....................................................78 Figura 50 - Laje Steel Deck.........................................................79 Figura 51 - Corte Esquemático....................................................79 Figura 52 - Planta Baixa Primeiro Pavimento – Ventos Predominantes e Incidência Solar.............................................................80 Figura 53 - Planta Baixa Pavimento Térreo – Acessos e Fluxos...............................................................................................81 Figura 54 - Planta Baixa Pavimento Térreo – Acessos e Setores..............................................................................................82 Figura 55 - Planta Baixa Primeiro Pavimento – Acessos e Setores..............................................................................................83


Figura 56 - Plana de Implantação.................................................88 Figura 57 - Planta Biaxa Térreo..................................................90 Figura 58 - Planta Biaxa Primeiro Pavimento .............................91 Figura 59 - Planta Baixa de Cobertura........................................92 Figura 60 - Cortes........................................................................93 Figura 61 - Fachadas...................................................................98 Figura 62 - Fachada Principal......................................................98 Figura 63 - Fachadas Externas...................................................98 Figura 64 - Fachadas Externas...................................................99 Figura 65 - Fachadas Externas...................................................100 Figura 66 - Fachadas Externas...................................................101 Figura 67 - Recepção.................................................................102 Figura 68 - Recepção.................................................................103 Figura 69 - Escada.....................................................................104 Figura 70 - Loja..........................................................................105 Figura 71 - Cafeteria...................................................................106 Figura 72 - Deck Cafeteria..........................................................107 Figura 73 - Galeria......................................................................108 Figura 74 - Galeria......................................................................109 Figura 75 - Pátio Interno e Jardim...............................................110 Figura 76 - Pátio Interno e Jardim...............................................111 Figura 77 - Pátio Interno e Jardim...............................................112 Figura 78 - Circulação Social.....................................................113 Figura 79 - Sala de Dança B......................................................114 Figura 80 - Sala de Dança B......................................................115 Figura 81 - Sala de Dança K......................................................116 Figura 82 - Sala de Dança K......................................................117 Figura 83 - Sala de Música........................................................118 Figura 84 - Sala de Mídia...........................................................119 Figura 85 - Sala de Pintura........................................................120 Figura 86 - Sala de Pintura........................................................120

LISTA DE SIGLAS

Kpop – Música popular coreana............................................26 PIB – Produto Interno Bruto..................................................27 IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.........................................................................................57

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - O crescimento do Produto Interno Bruto da Coreia do Sul de 1911 até 2008...................................................................29 Gráfico 2 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo.........................................................................35 Gráfico 3 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo.........................................................................36 Gráfico 4 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo.............................................................36 Gráfico 5 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo............................................................36 Gráfico 6 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo............................................................36 Gráfico 7 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo............................................................37 Gráfico 8 - Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo............................................................38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Potencialidades x Fragilidades............................74 Tabela 2 – Programa de Necessidades.................................83


INTRODUÇÃO

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ESTUDOS DE CASO

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2.1 University of Music and Dance

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2.2 Complexo Cultural Luz

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2.3 Praça das Artes

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Cologne, Alemanha

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São Paulo, Brasil

São Paulo, Brasil

CONTEXTUALIZAÇÃO

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1.1 A História da Dança 1.2 Centros Culturais 1.3 Música 1.4 Estilos de Dança

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1.4.1 Ballet Clássico 1.4.2 Dança Contemporânea 1.4.3 Dança Urbana 1.4.4 Danças Regionais

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1.5 Cenário do Kpop e Coreografias 28 1.6 Arquitetura e Dança 32 1.7 Arquitetura e Dança na Região 35 Metropolitana de Vitória


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ÁREA DE INTERVENÇÃO

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4.1 Zoneamento 4.2 Uso e Ocupação do Solo 4.3 Gabarito 4.4 Requalificação 4.5 Síntese

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LEVANTAMENTOS

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PROPOSTA

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3.1 Histórico Geral 3.2 Caracterização Geral 3.3 Patrimônio 3.4 Diagnóstico

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3.4.1 Fluxos 3.4.2 Sistema Viário 3.4.3 Condicionantes Físicas e Ambientais 3.4.4 Concentração de Pessoas 3.4.5 Potencialidades

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5.1 O Projeto 5.2 Conceito 5.3 Materialidades 5.4 Estrutura 5.5 Condiconantes Ambientais 5.6 Fluxos 5.7 Programas de Necessidades 5.8 Planta de Setorização 5.9 Paisagismo

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VOLUMETRIA

PRANCHAS TÉCNICAS

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6.1 Implantação 6.2 Planta Baixa Térreo 6.3 Planta Baixa 1o Pavimento 6.4 Planta de Cobertura 6.5 Cortes 6.6 Fachadas

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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APÊNDICES

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Tema e Contextualização A dança explora a relação de espaço e tempo com o corpo, é uma arte de expressão simbólica, atribuída de significados e emoções que se estabelecem através de manifestações artísticas. Como uma manifestação cultural, pode expressar a história da sociedade, transmitir seus significados a partir de manifestações simbólicas, bem como desenvolver seus conhecimentos e atividades em relação a vida. A Arquitetura e a dança lidam com o corpo e com a forma – sempre em constante movimento - para buscar a maneira como ambas se articulam no espaço e a imagem causada por esses movimentos, onde cada pequeno momento se relaciona c vpletamente ção da dança e da cultura, como prática de inclusão social e atividade multidisciplinar, integrando esses espaços dinâmicos à sociedade, por meio de um Projeto Arquitetônico a nível de anteprojeto. O projeto proposto se localiza no Sitio Histórico da Prainha, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, que é uma área de grande potencial recreativo, esportivo e principalmente cultural e religioso. Dotado de muitas riquezas à serem preservadas, o Sítio Histórico anseia pela valorização e pelo reconhecimento da cultura que

carrega. Além de ser benéfico para os moradores, o projeto poderá ser um atrativo para os turistas que desejam conhecer e aprender mais sobre a cultura local e de várias outras culturas pelo mundo, através de exposições artísticas, performances, workshops, apresentações teatrais e musicais, bem como, a disseminação do ensino de arte, dança e cultura. O público alvo contempla a população em geral, de forma que haja uma diversidade de usuários interessados no exercício da dança, nos conhecimentos sobre essa forma de expressão e nas manifestações culturais com forte enfoque no cenário existente, para atender a atual demanda do estado do Espírito Santo. Além dos apaixonados pela dança, pode atrair ainda profissionais da área, artistas, músicos, cineastas, produtores de audiovisual, bailarinos, coreógrafos, associações culturais, que podem ser difusores de conhecimento.

Justificativa e Problemática Há espaços com boa infraestrutura, voltados para os diferentes tipos de expressões de cultura e atividades físicas, que atendam a demanda do público existente, atualmente no Espírito Santo? A dança é uma forma popular e agradável de se exerci-

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tar, que melhora o condicionamento físico e incentiva um estilo de vida mais saudável. Estudos e pesquisas mostram que a dança diminui a ansiedade, aumenta a autoestima, melhora o bem-estar psicológico, promove melhoria na capacidade aeróbica e física de trabalho. Além de ser o fator principal na melhoria do humor, socialização, autoconfiança e escapismo do cotidiano estressante. Aliada as expressões artísticas, a cultura é uma ferramenta de transformação do indivíduo e da sociedade. Segundo o site da (UNESCO, s.d.), através da reflexão, o homem discerne valores e procura novas significações. Os espaços culturais de uma cidade são de grande importância para o desenvolvimento cultural e de inclusão social das pessoas, facilita o acesso à informação, viabiliza um ambiente de conhecimento e formação de agentes culturais, permite a criação, preservação, de expressões culturais e manifestações artísticas, através de atividades atrativas ao público. Atividades essas, que podem atrair pessoas de diversos lugares sendo um potencial turístico, beneficiando a economia local. Além disso, favorece o acesso a todas as classes sociais, oferece plena acessibilidade, de livre acesso a todos.

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Atualmente no estado do Espírito Santo, há poucos locais que oferecem espaços adequados para que aconteçam essas atividades, principalmente de forma que se integrem entre si, valorizando a diversidade de manifestações artísticas crescentes no cenário capixaba, como é possível verificar na pesquisa feita neste trabalho.

Objetivos Contextualizar a história da dança e dos centros culturais, para compreender o panorama geral e sua importância na sociedade, a fim de descrever seus benefícios para a qualidade de vida dos cidadãos, despertar interesse na prática de atividades físicas e disseminação da cultura, promovendo a diversidade através da inclusão social e interação de diferentes culturas e expressões artísticas. Propor um espaço de dança e cultura para a cidade, que se relacione com o contexto urbano e seu entorno, qualifique o meio urbano e sua infraestrutura, garanta a acessibilidade, a integração das atividades, espaços e pessoas. Além de gerar economia para a cidade e qualidade sociocultural, inserindo a edificação e espaço público de livre acesso à população.


Por fim, a proposta de um espaço que atenda as demandas de um público existente no estado, que cresce cada vez mais, que fortaleça o cenário nacional de dança e a importância dessa forma de expressão corporal na sociedade, e de todas manifestações artísticas, de modo que permita uma ambiência agradável, com amplos espaços favoráveis para trocas de experiências culturais.

Metodologia Para o desenvolvimento desse trabalho, a pesquisa foi dividida em 4 partes: I) Revisão de literatura e conceitos Entendimento dos concei tos de dança, arquitetura, espaços culturais pautados em autores como Bailey (2015), Cabral Filho (2007), Neves (2013), Sara (2019), Schroeder (2000) e Siqueira (2006).

as necessidades do usuário e os tipos de atribuições que seriam desejadas e indesejados ao projeto; Realização de entrevistas abertas e semiestruturadas para chegar a respostas mais precisas de valiosas informações contextuais para conhecer as necessidades locais e o desejo da população. Ao longo do texto, optou-se por usar as letras iniciais dos entrevistados, associado sua idade, no momento da transcrição das respostas das respostas das entrevistas de campo; Levantamento fotográfico: coleta de imagens para auxiliar o diagnóstico do entorno. III) Elaboração de representações gráficas Elaboração de mapas, utilizando softwares como o Arcgis, para diagnóstico do entorno e do terreno escolhido. IV) Execução do projeto

II) Pesquisa de campo

Concepção arquitetônica e projetual no software Revit;

Aplicação de questionários à dançarinos de diversas modalidades de dança e simpatizantes de dança em geral, ambos moradores da região metropolitana de Vitória. Utilizou-se a aplicação da plataforma google forms para enviar às questões por meio das redes sociais como Instagram, Whatsapp. O objetivo dessa etapa foi coletar a opinião pública, para compreender

Estudo do Histórico e Caracterização geral do Sítio Hist órico e do conhecimento sobre patrimônio; Estudo e análise dos fluxos, sistema viário, concentração de pessoas, condicionantes físicas e ambientais, potencialidades, uso e ocupação do solo e gabarito.

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1.1 A História da Dança Não é possível identificar com precisão exata quando a dança se tornou parte da cultura humana, devido à dificuldade de catalogação por ser imaterial, uma forma de expressão do corpo humano, diferente de artefatos antigos. Há muitos anos, a dança tem sido uma parte importante de cerimônias, rituais, celebrações e entretenimento desde antes do nascimento das primeiras civilizações humanas. O homem primitivo lidava com o mundo dos espíritos e não se contentava apenas com rituais ou oferendas para os espíritos. Segundo (JANSON, 1996), o homem desse período Precisava representar suas relações com o mundo dos espíritos através de danças e cerimônias dramáticas semelhantes, nas quais ele próprio podia assumir temporariamente o papel de armadilha do espírito disfarçando-se com máscara e vestes de confecção elaborada (JANSON, 1996, pág. 18 e 19).

E ainda, segundo (PROENÇA, Graça, 2010), no período Neolítico, houve a necessidade dos povos de representar a vida coletiva e então, o novo desafio passou a ser como representar movimento através de uma imagem fixa. “...o artista do Neolítico conseguiu isso de uma maneira eficiente, como se pode

notar nas pinturas de cenas de danças coletivas, possivelmente ligadas ao trabalho de plantio e colheita.” A arqueologia oferece vestígios de dança desde os tempos pré-históricos, como as pinturas rupestres de Bhimbetka, com 30 mil anos, abrigam pinturas na Índia e pinturas em túmulos egípcios que mostram figuras dançantes de c. 3300 aC. Muitas formas de dança contemporânea remontam a danças históricas, tradicionais, cerimoniais e étnicas do período antigo. Todas essas antigas danças evoluíram, eventualmente se transformando em uma grande variedade de danças medievais romanas e europeias, danças tradicionais chinesas, hindi, entre outras (GUTENBERG, 2005). Segundo o autor, a dança pode ter sido usada como uma ferramenta de interação social que promoveu a cooperação essencial para a sobrevivência entre os seres humanos primitivos. Podemos dizer que os dançarinos também são ótimos comunicadores sociais, devido a dança ser usada como meio de comunicação social e interação entre as pessoas, como celebrações folclóricas, em rituais religiosos, cerimônias, método de cura, forma de expressão.

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Figura 1 – Grupo de Dançarinos, Bhimbetka, Raisen, Madhya Pradesh, Índia Central | Fonte: Chakravarty, Bednarik, Saṅgrahālaya, 1997.

expressar maneiras, paixões e ações. Os escultores gregos mais eminentes estudaram a atitude dos dançarinos por sua arte de imitar a paixão (JUDY, 2009). Além disso, os gregos antigos tinham suas próprias ideias sobre dança, assim como as sociedades em todo o mundo. Estilos e padrões mudam, mas as pessoas usam o meio da dança para celebrar e se expressar há séculos. As pessoas dançam em casamentos e funerais. Eles dançam em festivais religiosos e antes de entrar em batalha. Com o tempo, a dança evoluiu para uma forma de arte distinta (BAILEY, 2015).

Os primeiros gregos transformaram a arte de dançar em um sistema, expressivo de todas as diferentes paixões. Por exemplo, a dança das Fúrias, assim representada, criaria terror completo entre aqueles que as testemunharam. O filósofo grego Aristóteles classificou a dança com a poesia e disse que certos dançarinos, com ritmo aplicado ao gesto, podiam

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Figura 2 – Dança Panathenaeac, Século IV a.C. Fonte: Gutenberg, 2005.

E desde então, a dança continuou evoluindo nas diferentes épocas da história, se manifestou nas sociedades de diversas formas em cada cultura, religião, expressando uma linguagem do corpo. Sendo assim, a dança pode ser entendida como um conjunto de decisões que foram feitas ou, no caso da improvisação, que estão sendo feitas no momento da apresentação: de-


cisões sobre como compor o corpo, investigar as capacidades do corpo para significar identidades e conectar um corpo com outro. Segundo (SIQUEIRA, 2006) a dança é uma manifestação social, fenômeno estético, cultural e simbólico que expressa e constrói sentidos através dos movimentos corporais. Para ela, pensar na dança implica refletir sobre um campo que é cultural, estético, técnico, lúdico, linguístico. Ainda afirma que, a dança pode ser considerada linguagem na medida em que expressa valores coletivos e elementos individuais, estando em constante mudança.

1.2 Centros Culturais Para entender o segundo enfoque principal do objeto de estudo, que são os centros culturais, faz-se necessário compreender seu conceito, suas características, e sua importância na sociedade. Um centro cultural é definido como um espaço arquitetônico destinado à apresentação de manifestações culturais das mais diversas modalidades. Os centros culturais são instituições criadas com o objetivo de se produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, obtendo o status de local privilegiado para práticas informacionais que dão subsídios às ações culturais. São espaços para se fazer cultura viva, por

meio de obra de arte, com informação, em um processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico. (NEVES, 2013, pág. 2).

O arquiteto Pedro Mendes da Rocha discute a evolução do conceito de museu/centro cultural, o papel da arquitetura quanto aos centros culturais ao redor do mundo, sua relação necessária com o espaço urbano e a reciclagem de edifícios de interesse histórico para outros fins. (CULTURAL, ITAÚ, 2014) Segundo o arquiteto, os museus começaram com a ideia de guarda e evoluíram para a de exposição de obras de arte, de acervos que não necessariamente estão guardados no edifício, de artes visuais, de escultura, nos moldes mais tradicionais. Com os centros culturais incorporam essa série de atividades, inclusive no aspecto da convivência, do encontro das pessoas, de um lazer. Os espaços culturais são de grande importância para o desenvolvimento cultural e de inclusão social das pessoas, facilita o acesso à informação, viabiliza um ambiente de conhecimento e formação de agentes culturais, permite a criação, preservação, de expressões culturais e manifestações artísticas, através de atividades atrativas ao público. Além disso, se trata de uma economia criativa, as

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atividades do setor cultural agora contam com 6,1% da economia mundial, gerando uma renda anual de US$ 2,25 bilhões e quase 30 milhões de empregos no mundo. As indústrias culturais e criativas se tornaram essenciais para o crescimento econômico inclusivo, reduzindo as desigualdades e colaborando para o desenvolvimento sustentável, estando entre os setores que mais crescem no mundo. (UNESCO, s.d.) Por fim, conclui-se que as atividades realizadas nos centros culturais, geralmente envolvem artes visuais, artes cênicas, cinema, literatura, música e dança e atualmente, há uma necessidade de incluir novas formas de arte e cultura em expansão, como a arte do cosplay e dos jogos digitais. Exemplo desse cenário são os eventos que aconteceram e acontecem no estado, como os eventos de anime Anime Island, Anime Dark, Anime Connection, Anime Fest, Vitória Anime Club, etc. A prática cosplay faz sucesso no Espírito Santo, e conquista mais fãs da cultura oriental, segundo (GSHOW, 2017). Assim como, o maior evento de E-sports já realizado no Espírito Santo, que esperava reunir mais de 4 mil fãs, no Ginásio do Tancredão, em Vitória (GAZETA, 2017).

1.3 Música A dança não pode ficar sem música, da mesma forma

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que a dança expressa e sente a música, elas se conectam para criar muitos tipos de dança e fazer performances de diferentes estilos. Antigamente, a dança era expressa por simples movimentos dinâmicos do ser humano, a música era apenas o som produzido pela colisão entre pedaços de madeira ou outros objetos simples. A partir das percepções de (NGUYEN, 2017), podemos entender música e dança andam juntas e se desenvolvem juntas até hoje, a partir dos instrumentos musicais rudimentares, as pessoas inventaram muitos outros tipos de instrumentos musicais que podem produzir muitos sons diferentes. Com esses tipos de sons, os dançarinos sentem a música e criam movimentos, que passam a ser coreografias, podem estar ligadas a subjetividade, à experiência de vida e ao estilo individual e outras infinitas possibilidades criativas, podemos dizer que a música é a inspiração da dança. Portanto, a dança não pode ficar sem música. A música é como um diretor que está dizendo aos dançarinos o que fazer, quando e quando parar. Não apenas como um diretor, a música também dá aos dançarinos os sentimentos quando eles estão se apresentando. Com a conexão entre a música e os movimentos, trará ao público um sentimento sobre a dança (NGUYEN, 2017, pág. 2).

Ainda segundo o autor, a origem da música foi senso-


rial e vocal. Se observarmos o percurso que a relação entre dança e música fizeram, segundo o prisma da história da dança, vemos dois grandes marcos que estabelecem esta relação nos moldes que temos hoje. O primeiro é a contribuição de Jean-Georges Noverre com suas cartas e criações que buscavam dar autonomia ao espetáculo de dança e à própria dança. O segundo marco refere-se às criações de Merce Cunningham, que são declarações de autonomia e independência da dança, especialmente em relação à música. A dança e música são artes independentes, consideradas por muitos estudiosos como manifestações artísticas muito próximas, ainda que distintas Quando mencionamos o uso da música na dança, não sugerimos que uma seja necessária à existência e/ou desenvolvimento da outra. Na visão de (SCHROEDER, 2000), considerar ou não a música indispensável à dança é mera opção pessoal que não influi na legitimidade da criação coreográfica. Segundo o autor, existem bailarinos e coreógrafos que consideram a dança como concretização da música, entretanto, o fato de darem enfoque à música em seus trabalhos criativos não os fazem menos dan-

çarinos e nem isto desqualifica suas coreografias. E ainda é importante destacar que, não podemos discutir música e dança sem abordar o corpo, produtor de saberes, pensamentos e comunicação (VIEIRA, 2013).Podemos ver então, que a música e a dança se complementam, e até os dias de hoje, existe um impacto muito forte nessa interação. Segundo a dançarina e coreógrafa Parris Goebel: A dança é o futuro da música e está controlando as paradas - se uma música está se tornando viral nas paradas de dança, está no topo das paradas musicais. ...O mundo da música está começando a ver que a dança é como você pode realmente fazer sua música atingir o pico. Os artistas estão pagando coreógrafos para usar suas músicas. O legal da dança é que não importa de onde você é, as pessoas gostam de assistir. É enorme (LORE, de Clare, 2018).

1.4 Estilos de Dança Para alcançar um público diverso na área da dança e suas necessidades, é necessário entender sua diversidade, a partir da contextualização e característica de alguns estilos de dança durante a história, em épocas, locais e culturas diferentes.

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1.4.1 Ballet Clássico É costume atribuir a invenção do balé, como a invenção de todo o resto, aos egípcios, que em suas danças personificavam os movimentos de estrelas e planetas; Os gregos às vezes dizem ser os criadores do balé; os Hyporchemes, danças graciosas realizadas por todo o coro ou por alguns danos escolhidos por sua proficiência, ações imitadas e personificados eventos mitológicos ou diários; não foi dado nada, mas os movimentos e figuras se adaptaram à poesia recitada. A bela representação grega das Horas de Dança no Museu de Paris pode servir como uma forma típica de movimentos de salão. Muitos atribuem a origem do balé às pantomimas romanas, e pode haver alguma verdade em todas essas afirmações; mas a verdadeira essência do balé foi a Itália, e daí foi desenvolvido e aperfeiçoado na França (SIQUEIRA, 2006). Iniciou-se assim, no século XVI, na Renascença italiana, tinha o objetivo de entreter as pessoas na corte e permitir que a realeza impressionasse os outros. Dentro de algumas décadas, o balé mudou-se para teatros profissionais e evoluiu para que as performances contassem histórias. Enquanto isso, a nobreza ainda desejava entretenimento, então as danças de salão envolvendo ca-

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sais surgiram como uma nova forma de dança. Pela leitura da autora, é possível compreender que se trata de um estilo equilibrado de dança, que incorpora técnicas fundamentais, tem uma linguagem própria, a partir de uma série de movimentos e posições convencionais pré-estabelecidos, ensino rígido e harmonia (SIQUEIRA, 2006).

Figura 3 - Le Palais de Cristal Fonte: Poupeney, 2014.

1.4.2 Dança Contemporânea Uma das modalidades dentro das manifestações


A partir do século XVII, a dança cênica começou a seguir a profissionalização, e assim, novas danças e técnicas começaram a surgir. As coreografias expressam valores sociais e conteúdos simbólicos que são base para interação social e mostram sua importância (SIQUEIRA, 2006). Além disso, a autora mostra que a dança contemporânea se constitui de elementos de outras modalidades de dança, como o balé clássico e a dança moderna, buscando construir novas linguagens. Uma das características da dança contemporânea é buscar a diversidade e a desconstrução estética, a autonomia, liberdade e desejo por propor novos parâmetros, diálogos, reflexões e significados.

Figura 4 – Dança ContemporâneaFonte: Andrade, 2016.

da arte cênica da dança, é uma arte simbólica, que carrega significados, história, cultura, que é atribuída por valores e preconceitos, uma manifestação social complexa que busca trazer significados a partir do movimento do corpo. Um dos fatores que refletem na organização social de sociedades. Distingue-se das manifestações expressivas espontâneas por seu caráter de organização. É um fenômeno urbano que constitui uma rede de relações culturais.

1.4.3 Danças Urbanas O estilo conhecido como dança urbana, é uma integração de vários estilos urbanos, que surgiram em locais informais e não deixam de ser tão importantes quanto os outros, a expressão dos movimentos dessas danças representam a linguagem e realidade social e cultural de muitas pessoas e entender seus

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conceitos se faz importante para os estudos desse projeto e inclusão de um maior número de usuários.

1.4.4 Danças Regionais No Espírito Santo, as danças regionais são as danças folclóricas, o estado recebeu imigrantes de diversas partes da Europa, principalmente da Alemanha e da Itália que, junto com os portugueses, africanos e indígenas aqui residentes deram os traços principais da cultura capixaba.

O termo street dance (dança de rua) é usado para apresentar as diferentes danças, da seguinte forma cronológica: Funk, Locking, Popping, Breaking, Hip Hop Freestyle (video dance) e as atuais danças urbanas (GOMES-DA-SILVA, CAMINHA, 2017).

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Figura 5 – Grupo de Dança Urbana de Brooklyn Fonte: Scherr, 2019.

Segundo o autor, as danças urbanas receberam essa nomenclatura pelo fato de ser um gênero de dança que não veio do meio acadêmico, ou seja, de escola ou academias de danças, mas sim surgiu em meio ao povo, nas festas dos bairros americanos (COLOMBERO, 2011). Exemplo das atuais danças urbanas: House Dance, Krump, Dance hall, Wacking dance, Stiletto dance.

Os costumes e tradições do povo europeu estão presentes nas montanhas do interior do Espírito Santo nas danças italianas, pomeranas, alemãs, holandesas e polonesas que resistem ao tempo, são transmitidas de geração em geração e renovam-se. Elas foram incorporadas à cultura popular capixaba e suas apresentações são demonstrações de pura alegria. Muitas danças exigem pares, outras são executadas em roda, às vezes se colocam em fileiras. Embora as danças folclóricas sejam preservadas pela tradição, elas sofrem alteração com o tempo, mas os passos básicos e a música são sempre semelhantes ao estilo original. Dentro dessas tradições, é possível encontrar o Jongo, que envolve canto, dança e percussão de tambores. De origem africana, chegou ao Brasil através dos negros escravos. Se encontra nos municípios de São Mateus, Conceição da Barra, Cachoeiro de Itapemi-


rim, Anchieta e Presidente Kennedy. Considerado a raiz mais primitiva do samba, difundiu-se nas regiões cafeicultoras, fato que explica a sua existência quase que exclusiva no sudeste do país. Doze mulheres, vestindo blusa branca, saia e lenço azul na cabeça são componentes do Jongo. Fazem parte também três homens, que tocam tambores e um reco-reco. Influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o samba. A palavra “jongo” é vinda do termo quimbundo jihungu, uma dança bastante divertida. Como uma expressão da religião, mantém, como um traço essencial de sua linguagem, a presença de símbolos que possuem função supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita, fenômenos mágicos. Desse modo, o fogo serve para afinar os instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados; os tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus “pontos” e cujo sentido permanece inacessível para os não jongueiros (GOVERN O ES, s.d.).

Se identifica também, uma dança típica chamada Ticumbi que é encontrada em Conceição da Barra, situada no extremo norte do Espírito Santo, na fronteira deste Estado com a Bahia, próximo à capital de Vitória. Os lugares onde a dança sobrevive fortemente como manifestação cultural típica, além de Conceição da Barra, sede do município do mesmo nome, são: povoação de Santana, pela zona chamada de “sapê”, localidades de Campinas e Barreiras, povoados situados às margens do rio Cricaré. Há também uma expansão do ritual na vila de Itaúnas, onde ocorre a famosa Festa de São Benedito e São Sebastião. Manifestação capixaba, étnica e ritualística, o Ticumbi mantém e reelabora elementos básicos da negritude, transmitindo valores capazes de atuar como expressões da cultura de um grupo. E, ao contrário do que julgam alguns, não é uma reprodução simbólica das guerras religiosas dos brancos. Não se trata de uma representação que põe um rei cristão contra um rei mouro ou pagão. Na verdade, é um modelo dramatizado das guerras étnicas tão freqüentes entre os povos da África. Nesse sentido, no Ticumbi é contada a história da contenda entre o rei de Congo e o rei de Bamba, seu tradicional inimigo. Manifestação capixaba, étnica e ritualística, o Ti-

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Sendo assim, as danças regionais pertencentes ao cenário do folclore capixaba se conectam com o público-alvo e o local histórico e cultural que é a Prainha, sendo significativas para a concepção do projeto, assim como os outros estilos.

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Fonte: Governo do Estado do Espírito Santo, 2017.

Figura 6 – Apresentação de Jongo Capixaba

cumbi A existência do Ticumbi se confirma desde os primórdios da instalação de escravos africanos na região de Conceição da Barra, fixados ali quer em trabalhos de fazendas e afazeres domésticos, quer em quilombos formados pela inacessibilidade e aspereza daquelas paragens. Representa as lutas entre o rei do Congo, considerado um rei a serviço dos portugueses na África, e o Mani Bamba, senhor da província africana de Bamba. A origem banta do Ticumbi se evidencia, ainda, pela permanência de palavras e prefixos bantos, bem como de alusão a divindades supremas de Angola e do Congo, em seus “cantes” (cantos) e “embaixadas”. Também era considerado apenas uma parte específica da coreografia, que, depois, passou a designar todo o ritual, anteriormente denominado genericamente de “baile de congos” ou de “brincadeira de São Benedito” (LYRA, 2011).

1.5 Cenário do Kpop e Coreografias Para compreender um dos maiores cenários atuais em relação a música, dança e cultura, é necessário o conhecimento sobre a história e características do pop coreano, mais conhecido como kpop. É importante entender que o kpop não é um estilo de dança, e sim um estilo musical, mas que é completamente ligado à dança e se insere no contexto de manifestação cultural, sendo peça chave na relação com o pú-


Em 1984, as músicas coreanas eram de caráter patriota, e esse era o cenário do pop dos anos 80 na Coreia do Sul, imposta pelo ditador Park Chung Hee, uma época em que o governo controlava as emissoras de TV que tinham programas musicais de sucesso, com apenas três canais de TV, se tornando difícil expandir a cultura coreana. Em 1992, esse cenário mudou com a apresentação do grupo Seo Taiji & Boys, num show de talentos da Coreia do Sul, eles faziam rap, usavam roupas largas, e dançavam como b-boys, trazendo a moda do hip-hop americano para a Coreia, essa apresentação representou um ponto crucial para mostrar que era possível haver progresso cultural na Coreia, se tornaram um símbolo cultural, transformando completamente o atual cenário coreano até a década de 90. Havia na época anterior, uma visão negativa sobre a dança. Em 1960, a Coreia era um país pobre e 38 anos depois, sua economia havia se desenvolvido tanto que passou a ser o 11° país mais rico do mundo. O empreendedor Lee Soo Man viu esse cenário como uma oportunidade de investimento, então come-

çou a comercializar a música como uma mercadoria cultural. E assim, surgiram os primeiros grupos, como o H.O.T, além de cantar, eles dançavam coreografias que captavam toda atenção do público. Em 1997, quando houve uma crise econômica na Ásia, o governo da Coreia do Sul teve a mesma ideia, que a cultura poderia ser a nova indústria de exportação do país. O país ainda havia uma lei aprovada que promovia a arte e prometia dedicar 1% do orçamento estatal à cultura. E foi assim que três empresas se aproveitaram da oportunidade de crescimento, SM Entertainment, fundada por Lee Soo Man em 1995, YG Entertainment fundada por Yang Hyun Suk, ex-membro do Seo Taiji & Boys em 1996 e JYP Entertainment, fundada por Park Jin Young em 1997. Essas três empresas criaram a fórmula do kpop que existe até os dias de hoje. Gráfico 1 - O crescimento do PIB da Coreia do Sul de 1911 até 2008 | Fonte: Wikipedia, 2010.

blico-alvo jovem capixaba no cenário da dança, que compõe uma parte essencial do público para o projeto. Por isso, começamos por conhecer sua história.

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Kpop então, é um termo para korean pop, ou seja, música popular coreana, uma indústria musical de 4,7

sical coreano era o 29° maior do mundo, em 2016 já era o 8°. Mas somente veio a se tornar um fenômeno mundial e ser aceito, principalmente nos Estados Unidos, com a chegada do grupo BTS, formado pela empresa BigHit Entertainment, sendo o primeiro grupo a estreiar na TV americana no American Music Awards, em 2017 e conquistaram o troféu Top Social Artist do Billboard

bilhões de dólares (16 bilhões de reais), no país eles chamam de “idol groups” onde passam por um processo bem específico, primeiro audições e recrutamento, depois treinamento para canto, dança e atuação, e assim juntam-se grupos com integrantes incríveis e harmônicos entre si. Método que já era usado em grupos nos Estados Unidos, e muitas das influências do kpop vem da América. Frequentemente eles produzem músicas em outros idiomas, como japonês e chinês, estratégia para expandir cada vez mais a cultura. Combinam a arte visual (figurinos, cabelos, lentes, e produção visual dos vídeos, cenário), a arte musical (produção da mesma música em diferentes idiomas, sempre inserindo trechos em inglês nas músicas, e principalmente a mixagem de diferentes gêneros musicais) e a arte da dança (coreografias bem elaboradas e atrativas).

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Figura 7 – Grupo de Kpop Blackpink Fonte: Vincent, 2019.

Em 2011, as três grandes empresas fizeram as primeiras turnês fora da Ásia, expandindo a cultura e conquistando a audiência internacional. Em 2012, o hit que viria a ser um marco na história internacional do kpop: Gangnam Style do artista PSY, sendo o primeiro a atingir 1 bilhão de visualizações no youtube, tornando o kpop assim, uma sensação mundial. Em 2005, o mercado mu-

Music Awards. A Coreia do Sul se tornou uma potência da cultura pop, e abriu portas para o mundo interno conhecer mais de sua cultura através do kpop.


Figura 8 – Grupo de Kpop BTS Fonte: Zimbio, 2017.

membros apresentam rotinas complicadas em sincronia completa, as coreografias se tornaram inseparáveis do kpop. Embora toda a dança seja uma forma de expressão, no kpop, a coreografia está mais ligada com a letra da música. A coreógrafa May J. Lee da 1MILLION DANCE STUDIO explica:

Para a dançarina e coreógrafa coreana May J. Lee, de 1MILLION Dance Studio, a dança kpop é uma mistura de recursos conflitantes. Segundo ela, a coreografia de kpop pode ser complexa, onde incorpora diferentes estilos de dança, dependendo do conceito utilizado pelo grupo, mas ainda é simples o suficiente para ser cativante. Do galope de “Gangnam Style”, Psy, que é fácil de seguir, para as performances vigorosas de BTS, onde os

“Ao criar uma dança, começamos a atuar diretamente com as palavras, em uma espécie de moda unidimensional. Esses movimentos são desenvolvidos em movimentos maiores” (PAPO COREIA, 2018). Ela ainda diz que quando solicita uma música, os coreógrafos analisam as letras repetidamente e criam movimentos para as partes que os inspiram e que esse processo pode ser bem complicado. Criar movimentos originais é um desafio e os dançarinos passam horas na frente do espelho para encontrar o gesto perfeito. É difícil categorizar a dança do kpop, diz May J. Lee. Como a música, a dança inspira-se em vários gêneros que variam do latino ao Hip-Hop, e todos estilos de dança podem ser vistos em uma coreografia kpop. Devido repercussão internacional, o kpop ganhou maior visibilidade no Brasil, se difundindo por todos estados, inclusive o Espírito Santo, atualmente existe um público que cresce cada vez mais no estado, e assim, eles se reú-

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nem para compartilhar experiências da cultura coreana, dança, costumes, esporte, culinária, artes, entre outros. A cidade de Vila Velha tem recebido festivais coreanos como a 2ª Mostra Cultural Coreana promovida pela Associação Capixaba Coreana, com campeonatos de kpop, workshop de dança, apresentações de taekwondo, exposições de artes da cultura coreana, vestimenta e culinária. O último festival marcou o aniversário de anos do reconhecimento da Independência da Coreia do Sul, o Brasil foi o primeiro a reconhecer o país. Para o presidente da Associação Coreana, Sam Youl Cho, a ideia do festival é mostrar aos capixabas a diversidade da cultura coreana (MAIA, 2019). Desse modo, percebemos que o cenário do kpop se expandiu pelo mundo chegando ao Brasil e se consolidou em diversos estados, como no Espírito Santo, em forma de manifestação cultural que envolve dança, música e cultura coreana, se enquadrando no público-alvo do projeto.

1.6 Arquitetura e Dança Há uma relação entre a arquitetura e dança? Como se relacionam esses campos de artes distintas, a arte de projetar espaços para pes-

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soas

e

arte

do

próprio

movimento

do

corpo?

Arquitetura e dança são formas de arte visual baseadas em um desenho tridimensional; criam vocabulários no espaço a fim de expressarem ou comunicarem; são altamente colaborativos – na arquitetura, há o casamento entre local e estrutura e, na dança, entre música e movimento; são sujeitas à gravidade, à expressão e à estrutura; seus componentes são refletidos nas decisões do criador (MATTINGLY, 1999). De imediato nos vêm à mente o fato de que ambos, arquitetura e dança, lidam com o corpo, ou para ser mais preciso, lidam com o corpo em movimento no espaço. Nesse sentido lidam também com a imagem desse Podemos dizer que o corpo, o espaço e o tempo sempre foram tópicos centrais no desenvolvimento da dança e da arquitetura e não é difícil levantar uma série de similaridades entre os dois campos. corpo que se movimenta pelo espaço. Também lidam com a questão da força da gravidade como um problema a ser equacionado: a gravidade como algo essencial que tem que ser levado em conta, quer seja para aceitá-la ou para desafiá-la. O desafio do salto se assemelha ao desafio do concreto que vence um grande vão. Assim se na dança temos


as danças aéreas (como os balés da tradição ocidental) contrapostas às danças telúricas (como as danças de origem africana), na arquitetura temos a leveza lírica (como nas obras de Niemeyer) contraposta a um ideal de peso dramático (como nas obras de Le Corbusier) (CABRAL FILHO, 2007, n.p.).

A partir das relações estabelecidas pelo autor, se de um lado temos uma dança mais estruturada e arquitetônica, do outro encontramos uma arquitetura mais movimentada e mais dançante. Essa inversão aparece no intenso uso da geometria como base da dança por coreógrafos como Forsyth e o abandono da geometria pelos arquitetos contemporâneos como o holandês Lars Spuybroek. Há na verdade um encontro entre arquitetura e dança, que acontece com as manifestações chamadas site specific, que poderíamos dizer ser a exploração radical da relação entre corpo e lugar. Nestas ações específicas, dirigidas a um lugar específico, temos na verdade um jogo que transcende a funcionalidade do lugar e a estetização associadas ao espetáculo e apresenta uma exploração da arquitetura e da dança em seu potencial de construção e criação, em que é considerado de forma incisiva o tempo como uma flecha irreversível (CABRAL FILHO, 2007, n.p.).

Diversos filósofos e teóricos da arquitetura abordaram durante muito tempo a questão da arquitetura não se tratar simplesmente de um conjunto de concreto, aço e vidro pronto para proteger seus usuários, mas que dela ser, também, todas as ações que abriga, todos os corpos, o conjunto de respirações e movimentos. Isso foi sendo cada vez mais reforçado a partir de diferentes teorias que abordam o corpo como ator e lugar; as teorias do corpo na arquitetura não são tão raras como imaginamos, posto que vários esforços como a consolidação da ergonomia e o modular de Le Corbusier tentaram entender sua relação com a arquitetura e com os objetos com os quais nos relacionamos todos os dias. A forma como nos movemos pelas cidades nos fala de uma cultura específica em diversas situações urbanas. Segundo a filósofa Marina Garcés: “O corpo já não é aquilo que nos amarra ao lugar, mas é a condição para todo lugar. É o ponto zero de todas as espacialidades que podemos experienciar e, ao mesmo tempo, de todos os vínculos que nos constroem, material e psiquicamente” (ARELLANO, 2018, n.p.)

E para ilustrar a relação da arquitetura com a dança, como exemplo, vamos explorar o trabalho realizado por um coletivo.

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Fonte: Bandaloop, 2017.

Fundada por Amelia Rudolph, Bandaloop reinterpreta a dança, ativa os espaços públicos e inspira espanto e imaginação do público em apresentações no mundo todo. A companhia treina bailarinos e jovens residentes e já se apresentou para milhões de pessoas em mais de 22 países na Europa, África, Oriente Médio, Américas e Ásia, assim como em filmes e meios digitais (BANDALOOP, 2017).

Figura 9 – Coletivo Bandaloop

Derivada destas experiências que buscam saber como e por que nos movemos pelo mundo, surge a dança vertical, uma modalidade relativamente nova que se baseia em diversas disciplinas, como a dança aérea. Bandaloop é um coletivo reconhecido como o pioneiro da área e homenageia a natureza, a comunidade e o espírito humano através de uma dança em perspectiva criada por meio de exercícios que tecem de forma dinâmica a corporalidade e a arquitetura, a coreografia e a tecnologia de escalada, para deixar de lado a pista de dança.

O Bandaloop atuou em marcos arquitetônicos e arranha-céus de todo o mundo, incluindo São Paulo, Mumbai, Seul, Soweto, Verona, Lisboa, Mascvate, Atlanta, Houston, Nova York e outros centros urbanos.

É um coletivo que rompe as fronteiras entre dança e arquitetura como é vista nos dias de hoje. Em di-

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ferentes percepções, como arquiteto ou como dançarino, pode-se questionar sob re o quão interessante pode ser experimentar o mundo a partir de outras perspectivas, trazendo novas sensações.

1.7 Arquitetura e Dança na Região Metro politana de Vitória

Figura 10 - Coletivo Bandaloop Fonte: Bandaloop, 2017

Para conhecer o público alvo da região metropolitana de Vitória, ou seja, identificar entre o público geral, quem dança, participa de eventos e atividades culturais ou não frequenta esses espaços no estado e os tipos de eventos mais preferidos entre os que participam, realizou-se uma pesquisa de campo para coletar informações junto ao público alvo. Por meio de um questionário online (google forms) elaborado pela autora, entre 54 pessoas, é possível saber o público que dança, participa de atividades culturais no estado, a faixa etária, os estilos de dança preferidos, que ti pos de eventos culturais são mais atrativos, o que sentem falta nesses espaços e o que gostariam que fosse diferente.

Assim, é possível identificar o vínculo existente entre dança e arquitetura, relação que será aplicada ao projeto a fim de trazer outros aspectos ao edifício.

Gráfico 2 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

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Fonte: autora, 2019.

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Gráfico 3 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Gráfico 5 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Gráfico 4 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Gráfico 6 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.


Gráfico 7 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Figura 11 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Figura 12 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

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de coreografia kpop, danças urbanas e danças aeróbicas como zumba e fit dance. Além disso, a maioria participa de eventos culturais e as preferências entre esses eventos são referentes a dança, música e cinema. Em relação aos anseios e sugestões sobre os eventos ocorridos no estado se referiam a questão de infraestrutura, assim como eventos que fizessem a integração das diversidades culturais. E o lugar para um projeto com preferência nos Municípios de Vitória e Vila Velha. Gráfico 8 – Questionário: Cenário de Dança e Eventos Culturais no Espírito Santo Fonte: Autora, 2019.

Além disso, foi possível verificar quais anseios e sugestões essas pessoas tinham em relação aos eventos culturais ocorridos no estado do Espírito Santo, que foram definidos a partir de programas culturais oferecidos pelo Sesc Espírito Santo, que busca desenvolver ações que promovam o bem estar físico, mental e social da comunidade capixaba de um modo geral, sendo a cultura um dos meios de atuação.

Segundo as respostas do questionário, a maioria se identifica como mulher, de 18 a 25 anos, a maioria dança e houve maior manifestação pelos estilos de dança

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Percebe-se então, através das pesquisas de campo e entrevistas, que há sim uma demanda por espaços de dança e eventos culturais no estado do Espírito Santo. Existe um interesse por espaços mais adequados, eventos bem divulgados, que contemplam diversas atividades culturais e de diferentes regiões do mundo, oportunidades de aprimorar o estudo e a prática da dança de forma inclusiva e acessível, valorizando os movimentos artísticos. Sendo assim, houve a necessidade de promover uma infraestrutura adequada para atender profissionais da dança, jovens e adultos interessados em aprender e praticar essa forma de expressão artística, sediar eventos, workshops, palestras, ensaios, aulas, feiras culturais e troca de conhecimento. Um local multiuso, no intuito de promover a dança, cultura e bem-estar das pessoas, uti-


lizando parâmetros de conforto, diversificando os usos da cidade, que estimule a circulação e presença de pessoas, melhorando a segurança e trazendo vitalidade urbana. Dessa forma, o uso proposto gera uma diversidade de usos na cidade, trazendo uma nova dinâmica, um espaço com qualidade cultural, econômica e social. Outra forma de entender esse cenário na região metropolitana de Vitória, foi a partir de entrevistas em campo, foram feitas três perguntas para análise das informações, que se encontram no apêndice. Vale ressaltar que esse questionário foi realizado a partir das possibilidades da autora, sendo compartilhado para pessoas via mídias sociais, para resultados mais precisos e diversificados, precisaria de um canal público maior e que atingisse a maior parte dos capixabas, o que não foi possível nesse caso, mas o intuito é válido e enriquece a pesquisa, além de qualificar melhor o público do projeto.

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Para melhor desenvolvimento do tema proposto, é impor-

2.1 University of Music and Dance - Cologne, Alemanha

tante estudos e análises projetuais através de estudos de caso, para auxiliar no processo de construção do progra-

O primeiro caso a ser analisado é um campus para estudos modernos de música e dança. Localizado perto da estação ferroviária no Kunibertsviertel de Cologne, na Alemanha. O autor do projeto é o escritório HPP Architects e a construção é prevista para 2018. A HPP Architects venceu um concurso para ampliar o campus da Universidade de Música e Dança de Cologne.

ma de necessidades, fluxograma, relação com o entorno e materialidade contribuindo para a produção do proje-

Figura 13 – Universidade de Música e Dança de Cologne, Alemanha Fonte: Rosenfield, 2015.

to arquitetônico do estúdio de dança e espaço cultural.

Escolhido por mais de 13 aplicações, o design vencedor incluirá um local no Kunibertsviertel, perto da estação ferroviária de Cologne, e o transformará em uma área urbana “atraente”. O plano, considerado pelo júri como um “exemplo claro de um remédio urbano bem-sucedido” (ROSENFIELD, 2015), também exige a conversão de um edifício existente em um animado concerto e salão de dança.

“O novo prédio, a estrutura compacta de grande formato, terá seu próprio caráter. Os dois novos espaços da cidade criados, com contornos claros, ajudarão a enredar-se com as estruturas existentes e enfatizarão o conceito do campus”, diz o parceiro da UHE Remigiusz Otrzonsek (ROSENFIELD, 2015, n.p.).

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Figura 15 – Universidade de Música e Dança de Cologne, Alemanha Fonte: Rosenfield, 2015.

Figura 14 – Fachada Fonte: Rosenfield, 2015.

Envolvido com uma pele de alumínio perfurada estampada após os cartões perfurados usados para armazenar música eletrônica no início do século 20, o prédio reformado será pontuado por grandes aberturas que colocam dançarinos em exibição. No interior, tons quentes e claros dos interiores de madeira imitarão a “atmosfera de luz” dos espaços públicos do projeto.

Fonte: Rosenfield, 2015.


A escada aberta com seus degraus de assento integrados, formando a transição do saguão para a área semi-pública, será reunida para criar uma zona de lounge, onde o público e os alunos possam interagir. A atmosfera geral é caracterizada por um interior brilhante e tonificado, feito de madeira e materiais à base de madeira. Materiais leves e planos com pouca estrutura para os pisos na área do vestíbulo e concreto exposto para tetos com baixos requisitos acústicos completam a aparência calma geral da composição. A sala de concertos interior, por outro lado, é muito determinada pelo revestimento acústico do teto e das paredes.

Figura 17 – Planta Baixa Pavimento Térreo - Setorização Fonte: Rosenfield, 2015. Editado pela autora.

Fonte: Rosenfield, 2015.

Figura 16 – Universidade de Música e Dança de Cologne, Alemanha

No total, o edifício será composto por uma sala de concertos com 400 lugares, estúdios de dança, espaço adicional para a biblioteca da universidade, espaços de ensaio, salas de aula e espaço administrativo. Fornecerá o maior conservatório da Alemanha e servirá como ponto de referência no local.

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Figura 18 - Planta Baixa Pavimento Térreo – Fluxos e Acessos Fonte: Rosenfield, 2015. Editado pela autora.

O novo edifício compacto define dois novos espaços urbanos com contornos claros: um pátio interno semelhante a um parque no lado norte e um pátio para a zona do foyer de vidro que contém a entrada principal. O pátio interno, com seu gramado arborizado e suavemente esculpido, é como um oásis em um ambiente urbano que, ao lado da nova cafeteria, convida você a relaxar.

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A circulação do pavimento térreo na Figura 18, é marcada pelo fluxo central de pedestres entre os edifícios. O acesso é feito por vários lados do edifício, permitindo a flexibilidade e conforto do usuário. Os pontos interessantes do estudo, estão no trabalho de criar grandes aberturas para realçar os dançarinos nas salas, os tons quentes do interior, além da relação com a envoltória na fachada que permite certa quantidade de passagem de luz, configurando até espaços internos lúdicos e criativos. A proposta da escada mais confortável e interativa, permitindo um espaço para sentar, com um programa diversificado e o pátio interno como um ambiente para relaxar.


Figura 20 - Complexo Cultural Luz, São PauloFonte: São Paulo, SeFonte: São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 2012.

2.2 Complexo Cultural Luz, São Paulo, Brasil

Figura 19 – Complexo Central Luz, São Paulo Fonte: São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 2012.

O segundo caso a ser analisado é o Complexo Cultural, se localiza em São Paulo, da região do bairro da Luz. O autor do projeto é o escritório suíço Herzog & de Meuron e a construção é prevista para 2013. O espaço será um dos mais importantes centros destinados às artes do espetáculo do país, feito especialmente para apresentações de dança, música e ópera. Será também peça-chave da proposta de requalificação da região da Nova Luz, estimulando a ocupação residencial e de comércio.

O novo espaço é considerado essencial pela Secretaria de Estado da Cultura para a consolidação do maior polo cultural da América Latina, que reúne, em área praticamente contínua no bairro da Luz (região central de São Paulo), a Sala São Paulo, a Tom Jobim – Escola de Música do Estado de São Paulo, a Pinacoteca do Estado, a Estação Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu de Arte Sacra, a Estação Júlio Prestes e o Parque da Luz. O edifício abrigará diferentes equipamentos culturais que atendem à demanda da cidade por espaços específicos para a encenação de musicais, óperas, shows de música popular e outras manifestações artísticas.

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Outra característica do projeto é a fusão do edifício com as áreas verdes que serão criadas no entorno, como mostra a figura 22. A Praça Júlio Prestes deve ser reformada para ganhar um jardim, que funcionará como uma espécie de extensão do Parque da Luz. Será formado assim um grande corredor verde na região central, começando nos jardins do Museu de Arte Sacra, seguindo pelo parque da Luz, pelo novo Complexo até chegar à Praça Princesa Isabel.

Figura 22 – Complexo Central Luz, São Paulo Fonte: São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 2012.

Figura 21 – Pátio Interno Fonte: São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 2012.

A concepção do projeto conta com aproximadamente 70 mil m2 de área construída, em um terreno de 19 mil m2. O Complexo abrigará três teatros: uma sala principal, o Grande Teatro, para apresentações de música, teatro, ópera e dança, com1.750 lugares; uma sala de recitais para 500 ocupantes; e um teatro experimental, com palco reversível e capacidade para 400 espectadores. Ao mesmo tempo, haverá espaço para a instalação de uma sede definitiva da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim e da São Paulo Companhia de Dança, um restaurante e áreas administrativas. O projeto terá área para café, loja e estacionamento para 850 veículos. (Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 2012).


A estrutura horizontal do edifício, com altura média de 23 metros, é dividida em cinco andares. Vai ocupar todo o quarteirão localizado entre a Praça Júlio Prestes e a Avenida Rio Branco, com laterais para a Av. Duque de Caxias e Rua Helvétia. (Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 2012).

jeto é o escritório Brasil Arquitetura e foi finalizado em 2012. O Projeto Praça das Artes restaurou e reabilitou a edificação do Antigo Conservatório Dramático Musical de São Paulo, que se encontrava incrustado no coração de uma região degradada do centro da cidade, que é um importante marco histórico e arquitetônico e abriga uma rara sala de recitais, que há décadas estava inutilizada.

É um projeto cujo a proposta estimula a ocupação de diferentes usos e tem como premissa se consolidar o maior polo cultural da América Latina, com um programa de necessidades amplo para a área da cultura, a estrutura que permite espaços mais abertos e ventilados, é um edifício que se preocupa com o entorno urbano e sua relação com o construído. A partir desses aspectos de qualidade sociocultural, decorrente ao programa e a relação com o entorno, ainda que não consolidado, o estudo acrescenta aspectos favoráveis para o projeto a ser proposto nesse trabalho.

O terceiro estudo de caso se trata da Praça das Artes, é um projeto de um espaço de música e dança para a requalificação do centro de São Paulo. O autor do pro-

Figura 23 – Praça das Artes, São Paulo Fonte: Helm, 2013.

2.3 Praça das Artes, São Paulo, Brasil

Além disso, vinculou o edifício a um complexo de novas construções e espaços de circulação e estar que abrigam as instalações para o funcionamento das Escolas e dos Corpos Artísticos do Teatro Municipal.

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A implantação desse equipamento cultural, além de atender à histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro, desempenha papel indutor estratégico na requalificação da área central da cidade, uma vez que o rico e complexo programa de uso (Figura 25), focado nas atividades profissionais e educacionais de música e dança, está fortemente marcado por funções de caráter público, convivência e vida urbana. O conjunto arquitetônico oferece um pavimento térreo totalmente livre, de forma que as construções de concreto aparentem se organizam em volumes, garantindo um espaço de circulação aberto e livre, qualificado por vazios e passagens.

Figura 25 – Diagrama de Usos Fonte: Helm, 2013.

Figura 24 – Sala de dança e grandes vãos Fonte: Helm, 2013.

A concepção geral do projeto baseia-se em um estudo elaborado inicialmente pela Secretaria Municipal da Cultura, o novo conjunto integra as sedes das Orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, dos Corais Lírico e Paulistano, do Balé da Cidade e do Quarteto de Cordas. Abriga também as Escolas Municipais de Música e de Dança, o Museu do Teatro, o Centro de Documentação Artística, além de restaurantes, estacionamento subterrâneo e áreas de convivência.


A circulação do pavimento térreo na Figura 27, é marcada pelo fluxo horizontal de pedestres na área externa entre os edifícios, na praça central. O fluxo é entre usuários das escolas presentes na Praça e de pedestres que utilizam o espaço para acessar as ruas que dão acesso à Praça das Artes.

Figura 27 - Planta Baixa Pavimento Térreo - Fluxos e Acessos Fonte: Helm, 2013. Editado pela autora.

Figura 28 – Croqui – Relação com o Entorno Fonte: Helm, 2013.

Figura 26 - Planta Baixa Pavimento Térreo - Setorização Fonte: Helm, 2013. Editado pela autora.

A partir do centro da quadra o novo edifício se desenvolve em três direções – Vale do Anhangabaú (Rua Formosa), Avenida São João e Rua Conselheiro Crispiniano, como um polvo a estender seus tentáculos e ocupar espaços. Um conjunto de edifício em concreto aparente pigmentado, com área total de 28.500,00 m2², é o elemento principal que estabelece o novo diálogo, tanto com os remanescentes integrantes do conjunto (o edifício do Conservatório Dramático e Musical e a fachada do Cine Cairo) como com a vizinhança (HELM, 2013).

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Figura 29 – Fachada e esquadrias Fonte: Helm, 2013.

O projeto da Praça das Artes é muito interessante devido aos grandes espaços livres e conexões interno-externo, a compreensão enquanto espaço sociopolítico de formação da cidade, a relação com a história local valorizando as marcas e memórias de diferentes épocas, a diversidade de usos proposta nas diversas áreas das expressões artísticas. Além disso, permite criar espaços de convivência a partir da geografia urbana, da história do lugar e dos valores contemporâneos da vida pública. Seu programa está focado no estudo e na prática ligados à música e à dança, que é a temática do projeto aqui proposto, com um intenso caráter público de convivência.

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Este capítulo apresenta a localização da área a ser estudada, uma região de grande importância histórico-cultural, assim como a justificativa da escolha do local e sua caracterização na escala macro. O Sitio Histórico é uma área de grande potencial recreativo, esportivo e principalmente cultural e religioso. No entanto, se trata de um valor pouco explorado, já que sua área ociosa representa a maior parcela. A falta de atrativos gera, por conseguinte, sensações de insegurança e desconforto para os visitantes. A proposta de trazer um Estúdio de Dança e Centro Cultural para a Prainha se relaciona diretamente com a história do local. Dotado de muitas riquezas a serem preservadas, o Sítio Histórico anseia pela valorização e pelo reconhecimento da cultura que carrega. Além de ser benéfico para os moradores, poderá ser um atrativo para os turistas que desejam conhecer e aprender mais sobre a cultura local e de várias outras culturas pelo mundo, através de exposições artísticas, performances, workshops, apresentações teatrais e musicais, bem como, a disseminação do ensino de arte, dança e cultura.

3.1 Histórico Geral O atual Sítio Histórico da Prainha foi fundado em 23 de maio de 1535, com denominação inicial de

Vila do Espírito Santo, pelo donatário português Vasco Fernandes Coutinho, em alusão ao nome que atribuiu à capitania que herdou da coroa portuguesa: “Capitania do Espírito Santo”. Data que é comemorada até os dias atuais como marco da colonização do solo espírito-santense (DAEMON, 1879). Em 1943, ocorre o tombamento da Igreja do Rosário e do Convento da Penha como patrimônio histórico nacional (IPHAN, 2014), no mesmo momento que ocorre a incorporação da vila ao núcleo do Centro de Vila Velha, e assim, surgem intervenções maiores de interligação do mesmo aos outros espaços urbanos no município, como por exemplo, o prolongamento de vias importante como a Rua Antônio Ataíde e Luciano das Neves (RIBEIRO, 2018). As limitações geográficas determinaram o crescimento da cidade para o sul, pois ao norte se localiza a baia de Vitória, à leste o Morro do Convento e à oeste o Morro de Jaburuna. A expansão demográfica foi lenta e gradual, mas ao longo das décadas de 1950 a 1970 vários projetos urbanísticos contribuíram para a perda da centralidade do fluxo de pessoas o na área da Prainha. Nos anos 70, ocorreu o último aterramento da área costeira, desfiguran-

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3.2 Caracterização Geral A área de intervenção se localiza no estado do Espírito Santo, na cidade de Vila Velha, no Sítio Histórico da Prainha.

Figura 30 – Localização da Área de Intervenção Fonte: autora, 2019.

do por completo a paisagem natural da colonização e dando lugar ao atual Parque da Prainha que é utilizado para alguns eventos anuais como a Festa da Penha, do Chocolate e shows artísticos (RIBEIRO, 2018).


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Figura 31 – Mapa do Limite do Sítio Histórico Fonte: autora, 2019.


Atualmente, no terreno se encontra o antigo Fórum de Vila Velha e os Correios, e parte da proposta de uma renovação para que haja mudança de uso para receber o estúdio de dança e o espaço cultural para valorização do espaço urbano, da cultura, história local e atrair novos usuários. Após determinar ZPa localização o terreno, foi necessário estudar o Plano Diretor Municipal de Vila Velha para constatar se o projeto poderia ser implantado na região. Visto que é uma área de preservação do patrimônio histórico e cultural, possui condições específicas que promovem a qualidade no centro histórico existente. O projeto prevê a renovação do lote, trazendo qualidade para a região e seus usuários. Sendo assim, se enquadra dentro das atividades delimitadas pelo zoneamento ao qual o lote se situa (ZPAC I - Zoneamento de Proteção do Ambiente Cultural II), estabelecida no Plano Diretor Municipal de Via Velha.

nha. Segundo o (IPHAN, 2014), o Convento da Penha e a Igreja do Rosário, foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — IPHAN, em 1943, inscritos então no Livro Histórico do Tombo. As áreas históricas são áreas de sedimentação e acumulação, enriquecidos por sucessivos contributos durante séculos e gerações, que seria impossível substituir ou igualar; a cidade do passado enriquece a memória e a cultura, aferindo e testando o pensamento urbanístico atual (RIBEIRO, 2018).

O Sítio Histórico da Prainha de Vila Velha tem por objetivo a preservação do patrimônio cultural, histórico, religioso e paisagístico da região delimitada no Artigo 2º do Projeto de Lei nº 044/2015 e representado no mapa de limite da poligonal do Sítio Histórico da Prai-

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Figura 32 – Sítio Histórico da Prainha Fonte: Lemos, 2016.

3.3 Patrimônio


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Figura 33 – Mapa de Bens Culturais Fonte: autora, 2019


A Prefeitura de Vila Velha lançou o Circuito Histórico da Prainha, com o objetivo de intensificar o potencial turístico de Vila Velha e incentivar a visitação aos monumentos históricos e culturais da região onde nasceu o Espírito Santo. O roteiro cultural começa pela visita à Casa da Memória, seguindo para o Museu Homero Massena, passando pela Igreja Nossa Senhora do Rosário, Academia de Letras, Gruta Frei Pedro Palácios, Forte São Francisco Xavier da Barra – 38ºB.I e termina no Convento da Penha. Segundo o Secretário de Cultura, Alberto Pêgo: “Vila Velha ganhou um projeto enriquecedor para sua cultura e seu turismo. Muitos moradores da cidade não conhecem a importância histórica que o município tem, essa iniciativa dá a oportunidade para que todos possam conhecer um pouco mais da nossa história e dos nossos pontos turísticos” (VILA VELHA, Prefeitura Municipal, 2016, n.p.).

3.4 Diagnóstico Elaborou-se um diagnóstico da área do Sítio Histórico da Prainha, seu entorno e suas influências, para estudar o contexto urbano onde o projeto será inserido. Serão apresentados os fluxos, sistema viário, concentração de

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pessoas, condicionantes físicas e ambientais e potencialidades. É necessário primeiramente, fazer o estudo do diagnóstico desses aspectos na escala macro para melhor análise do entorno mais próximo ao terreno e seguir para a área de intervenção próxima. Foram levantadas as características pré-existentes, sendo base para análise das estratégias adotadas ao projeto. 3. 4. 1 Fl ux os Os fluxos existentes em um bairro possuem grande importância e influenciam diretamente em diversos outros fatores. A harmonia entre os diferentes tipos de modais existentes é um fator essencial para garantir um espaço urbano saudável e acessível a qualquer tipo de usuário. Observando o mapa de Fluxos (Figura 34), é possível perceber que o fluxo de pede stres mais intenso ocorre na Avenida Luciano das Neves, por ser uma das vias principais de chegada à Igreja do Rosário, o ponto de ônibus local e Orla da Prainha. Na Rua Antônio Ataíde, uma das principais vias de entrada do bairro e do Convento da Penha. Assim, verificamos que o comércio, os pontos turísticos históricos e os pontos de transporte público influenciam nitidamente no fluxo principal de pedestres no local.


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Figura 34 – Mapa de Fluxos Fonte: autora, 2019


Também é notável a presença de fluxos de pedestres secundários que se ligam consequentemente ao fluxo principal, como nas ruas próximas a Escola Godofredo Schneider, à entrada da Marinha e do Parque Estadual da Prainha onde se encontra o mercado pesqueiro da região. Um outro fluxo alternativo existente é o criado pelos militares do 38º Batalhão na Rua Luiza Grinalda, por levar diretamente ao Colégio Marista existente na Avenida Champagnat. De acordo com estudos coletados no bairro, o percurso principal feito pelos veículos motorizados também permanece nas ruas principais, que são a Avenida Luciano das Neves e a Rua Antônio Ataíde. Mesmo o fluxo de veículos sendo relativamente constante na poligonal, se evidencia o respeito ao limite de velocidade e que o Sítio Histórico possui um fluxo interno tranquilo em relação aos veículos. Sendo assim, a Prainha possui um fluxo comum que é predominante em todos os modais nas vias Avenida Luciano das Neves, Rua Antônio Ataíde e na rua da Orla da Prainha, em que essa área recebe um fluxo constante em diversos horários e dias. O fluxo contido em massa nessas duas vias principais, mesmo com toda a sinalização presente gera um certo conflito pela grande concentração de modais e pessoas, principalmente em dias de festivi-

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dade religiosas e culturais que ocorrem na Prainha. O fluxo principal feito pelos ciclistas permanece nas ruas principais do bairro, ligados à Igreja do Rosário, à Orla da Prainha e ao Convento da Penha, que são a Avenida Luciano das Neves, Rua Antônio Ataíde e a rua da Orla. Já o fluxo de menor frequência está associado ao Parque Estadual, onde se encontram os pescadores e o público do comércio pesqueiro, turistas e moradores do bairro que fazem uso do parque à lazer. Os militares da marinha e do 38 º Batalhão que se associam ao fluxo principal através da Rua Bernardo Schneider e da Avenida da Orla. A poligonal possui dois pontos de ônibus, que por sua vez não dispõe de abrigo para os usuários, identificados apenas com sinalizado vertical. Desse modo, é possível perceber pelo mapa (Figura 34), e diagnóstico, que a área de intervenção se localiza entre as vias de fluxo principal e secundário, tanto de veículos, quanto bicicletas e pedestres, bem como são as vias mais intensas em época de festividade local, próximo ao terreno também se localiza um ponto de bicicleta compartilhada, sendo um dos modais mais utilizados pelos moradores.


A vitalidade dos espaços públicos, está diretamente associada com as características da forma urbana, um dos fatores mais determinantes é o sistema viário e suas configurações. Sistema que consiste no conjunto de vias, proporcionando os deslocamentos de veículos e pedestres das cidades e atendendo as distintas necessidades da população. Com enfoque no Sitio Histórico da Prainha, os deslocamentos de transporte motorizado são feitos pelo sistema binário nas vias principais de acesso ao bairro, o que permite fluidez no trânsito, as vias transversais são intercaladas entre sentido duplo e sentido único. O transporte motorizado tem prioridade sobre o não motorizado, tendo em vista a ausência de ciclovia/ciclofaixa, apesar do incentivo e oportunidade ao ciclista através da estação de bicicleta compartilhada próximo ao terreno. As vias são classificadas e hierarquizadas segundo critério funcional, observados os padrões urbanísticos. Sendo as Arteriais as ruas Antônio Ataíde e Luciano das Neves, Coletoras a Avenida Castelo Branco, Av. Beira Mar e Rua Luiza Grinalda e Locais sendo as demais ruas da poligonal. Segundo a aná-

lise, a hierarquia viária conforme o PDM e as características locais, suas ruas apresentam, em sua grande maioria, vias locais. A via principal de acesso ao bairro (Antônio Ataíde) classificada como via arterial no PDM, possui passeios nos extremos, estacionamento e leito carroçável de largura confortável. O terreno se localiza ao lado de uma via local, Praça Otávio de Araújo e diante a via coletora, Av. Antônio Ferreira de Queirós, em frente ao Parque Estadual da Prainha e próximo a via arterial, de fluxo mais intenso, Av. Luciano das Neves.

Figura 35 - Sistema binário nas ruas Antônio Ataíde e Luciano das Neves Fonte: autora, 2019

3 .4 .2 S istem a V iário

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62 Figura 36 – Mapa do Sistema Viårio Fonte: autora, 2019


3 .4 .3 Condic ionantes Físicas e Ambi entai s

Figura 37 – Perfil Topográfico Fonte: autora, 2019

A topografia presente na poligonal estudada é marcada pelo perfil composto pelo Morro do Convento, a várzea e o Morro Inhóa, banhados pela presença marítima.

Esse aspecto topológico foi norteador da ocupação do solo majoritariamente na planície, onde acontecem as diversas atividades ali desempenhadas, formando assim eixos visuais marcados e evidenciando a imponência dos morros. O fato do convento se localizar no topo do maior deles, permite que seja visto de diversos lugares e mais facilmente reconhecido não só como marco do local mas também visto desde a cidade de Vitória como paisagem cultural a ser preservada. Dessa forma, da perspectiva do terreno, tem-

-se uma visual para o convento, para Baía de Vitória e o eixo da Igreja do Rosário, que se torna destaque na paisagem, além de ser um marco visual e uma referência para as pessoas identificarem sua localização.

Figura 38 – Corte Esquemático Fonte: autora, 2019

Ao analisarmos o corte esquemático (Figura 38), podemos observar que a topologia do sítio histórico da Prainha é constituído por seus dois morros e a várzea, que criam uma limitação espacial e incentivam o crescimento da poligonal na direção sul, nesse segmento mais baixo entre morros, é onde se localiza a área do terreno do projeto. Além disso, os morros existentes reforçam a ideia de eixos visuais centralizados na sua planície em direção a Baía de Vitória, e uma notável imponência dos morros sobre o seu entorno. O convento da Penha estar localizado no topo do que possui maior altitude possibilita que consiga ser visto de diversos pontos não só da poligonal, mas também de Vila Velha e Vitória, transformando a área em um marco visual, também em uma paisagem cultural de grande importância e que deve ser preservada.

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64 Figura 39 – Mapa de Condicionantes Físicas e Ambientais Fonte: autora, 2019


3 .4 .4 Concentração de Pessoa s Ocorre nas praças principais próximo a Igreja do Rosário, onde há concentração de comércios, na entrada da Marinha, na rua de acesso ao Convento da Penha, de grande valor turístico e histórico, também se concentram pessoas em frente ao Batalhão Militar e Gruta do Frei Palácios, além das vias Avenida Luciano das Neves, Rua Antônio Ataíde e na rua da Orla que são áreas um fluxo constante, principalmente em dias de festividade religiosas e culturais que ocorrem na prainha. Ao entorno imediato do terreno, não se tem grande concentração de pessoas, apenas no Parque Estadual quando há alguma atividade ou na época das festividades regionais, as ruas adjacentes ao terreno permitem o acesso a esses locais, desse modo, o fluxo e a concentração de pessoas aumentam nessas ocasiões. 3 .4 .5 Potenc ialidades As potencialidades do Sítio Histórico da Prainha são elementos que valorizam a região da área de intervenção, dentre eles destacam-se as principais vias, onde circulam maior número de pessoas e veículos, que formam eixos longitudinais ao longo da área de intervenção. É importante destacar também, os eixos visuais existentes e a partir do terreno, se destacam de vários pontos da área voltados para o Convento

da Penha, da orla da Prainha para a Baía de Vitória, do Parque Estadual e do eixo da Igreja do Rosário. O Parque Estadual da Prainha, com um grande espaço para realização de diversas atividades, assim como, a presença de patrimônios históricos e bens culturais, com potencial para um circuito histórico cultural, o projeto do estúdio de dança aliado ao espaço cultural pode contribuir para esse circuito, promovendo a valorização e preservação do patrimônio histórico. Além disso, encontram-se os vazios urbanos, as edificações sem uso ou abandonadas. O bairro da Prainha possui vários vazios urbanos e edificações sem uso ou subutilizadas, sendo estes localizados em pontos estratégicos e com dimensões avantajadas. Muitas edificações com as marcas do tempo, mas que possuem grande qualidade se forem atribuídos novos usos, como a proposta do projeto desse trabalho, que visa atender a área cultural e da dança. O terreno permite a relação mais intensa do construído com o Parque Estadual, possui uma localização estratégica dentro do Sítio Histórico da Prainha, dispõe dos eixos visuais voltados para a Baía de Vitória, Convento da Penha e a relação com o eixo da Igreja do Rosário, além da proximidade com as festividades locais, atividades ao ar livre e pescadores.

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66 Figura 40 – Mapa de Concentração de Pessoas Fonte: autora, 2019


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Figura 41 – Mapa de Potencialidades Fonte: autora, 2019


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Para melhor compreensão da área do recorte de intervenção, foi realizado um diagnóstico do espaço e contexto urbano onde o projeto será inserido. Serão apresentadas a área do zoneamento, uso e ocupação do solo, gabarito e síntese. O recorte se concentra em uma área estratégica, que se integra com a paisagem histórica e cultural, além das relações semióticas entre espaço e pessoas, que juntas se constituem as principais características do Sítio Histórico.

ciais de Interesse Cultural – ZEIC são: I - Preservar os locais de interesse cultural e a configuração da paisagem urbana; II - Garantir a ambiência dos elementos históricos, culturais e ambientais de relevância municipal; III - Garantir a preservação visual dos bens do patrimônio cultural e natural de Vila Velha, principalmente o Outeiro e Convento de Nossa Senhora da Penha; IV - Incentivar o aproveitamento de edifícios não utilizados ou subutilizados com usos compatíveis, incentivando a recuperação dos imóveis de interesse a preservação;

4.1 Zoneamento Atualmente, o local está demarcado por 02 (duas) zonas estipuladas pelo novo Plano Diretor Municipal de Vila Velha (PDM), sendo eles a ZEIC-A (Zona Especial de Interesse Cultural A) e a ZEIP (Zona Especial de Interesse Público).

V - Incentivar atividades econômicas a fim de promover o desenvolvimento social e humano.

Abaixo está a descrição do que compreende cada zona de acordo com o Novo PDM de Vila Velha 2017. Referente

ZEIC-A

ao

ZEIP,

o

PDM

diz

o

seguinte:

Art. 93. A Zona de Especial Interesse Cultural – ZEIC constitui-se de áreas destinadas à proteção do patrimônio histórico, cultural e natural, com o objetivo de garantir a proteção e valorização dos bens existentes.

Art. 100. As Zonas de Especial Interesse Público são áreas do território municipal, de propriedade ou interesse público, onde é fundamental a manutenção e qualificação dos espaços livres de uso público ou voltados à implantação de equipamentos públicos.

Art. 94. Os objetivos das Zonas Espe-

Art. 101. Os objetivos das Zonas Es-

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peciais de Interesse Público - ZEIP são: de dos

I - garantir a reserva de áreas espaço livre de uso público; II - fomentar a qualificação espaços públicos municipais;

III - permitir, em consonância com os desígnios dos moradores, a utilização dos espaços de forma que melhor aprouverem as necessidades da região. Art. 102. Os parâmetros urbanísticos e modelos de parcelamento para aprovação de projetos destinados à implantação de empreendimentos institucionais nas Zonas de Especial Interesse Público - ZEIP, serão definidos pela Administração Pública, mediante análise e aprovação do Conselho Municipal da Cidade - CMC.

Vale ressaltar que ZEIC – A, que significa Zona Especial de Interesse Cultural A, é a zona onde estão inseridos os imóveis da Prainha. E ZEIP / Zona Especial de Interesse Público é o local onde se localiza o Parque da Prainha. A função das Zonas estipuladas no PDM, tem como objetivo preservar a história, a escala e a ambiência do local para que suas características não sejam perdidas nem ofuscadas com o tempo. É uma parte im-

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portante, tanto para a cidade de Vila Velha, quanto do Estado do Espírito Santo, pois foi aonde tudo começou. Então, deve-se evitar que construções que destoem das características históricas e que apaguem essa imagem antiga do local sejam criadas.

4.2 Uso e Ocupação do Solo É necessário entender as atividades que acontecem na região do Sítio Histórico da Prainha, a fim de relacionar as interações de como o espaço já é utilizado para melhores propostas de intervenção. A Prainha tem uso predominantemente residencial, seguido do uso misto, onde é notável na área da praça principal, e do Parque Estadual, onde há residências nos pavimentos superiores e comércio no pavimento térreo. A predominância do uso residencial e a perda de sua centralidade, ocasionaram um natural aumento da qualidade de vida do local, ambiente livre de poluição, ruídos, com boa ventilação, tornando-se totalmente diferente de um centro urbano, com densidade populacional. É uma região condizente com os lotes do local, repleto de fatores positivos para que se tenha qualidade de vida, diferente dos centros urbanos, porém dentro da cidade (RIBEIRO, 2018).


No entorno imediato ao terreno, se encontram a maior parte de usos residenciais e mistos, sendo o Parque Estadual o espaço público mais próximo, configurando uma área com maior tranquilidade.

acordo com o limite de altura imposto pelas Zonas no atual PDM de Vila Velha, foi feita a análise do gabarito da Prainha para a elaboração do mapa de gabarito.

Figura 42 – Mapa de Uso do Solo Fonte: autora, 2019

Art. 95. Os parâmetros urbanísticos da Zona de Especial Interesse Cultural – ZEIC são:

4.3 Gabarito Para a compreensão da escala e da regularidade de

a) Zona de Interesse Cultural A / ZEIC-A: I Coeficiente de Aproveitamento Mínimo: 0,2; II Coeficiente de Aproveitamento Básico: 1,5; III - Taxa de Ocupação Máxima: 70%; IV Taxa de Permeabilidade Mínima: 10%; V - Gabarito: 2 (dois) Pavimentos; VI - Altura da Edificação: limitada em 8 (oito) metros; VII - Altura Máxima da Edificação: limitada por interferência em cones aeroviários e visual do Convento da Penha, o que for menor; VIII - Graus de Impacto Permitidos: 1, 2 e 3, atendidas as demais condições previstas nesta Lei; IX - Modelo de Parcelamento: MP-B.

Em relação ao tamanho das edificações, é estipulado pela ZEIC – A que a altura máxima de 8 metros com no máximo 2 pavimentos para a preservação do cone aeroviário e do visual do Convento da Penha, que é o ícone mais conhecido da Prainha. Para a cole-

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ta de informações de gabarito, foram feitas visitas in loco e utilização da ajuda do software Google Earth.

É fundamental, tanto para o local da Prainha, quanto para a história, os moradores e para a vitalidade urbana da região, que a preservação da altura nativa da Prainha se mantenha ao máximo resguardada, conservando sua qualidade espacial, visuais, suas ambiências e história, preservando o patrimônio histórico e cultural capixaba. Assim, a proposta de projeto visa preservar e valorizar esse aspecto.

Por se tratar de uma comunidade relativamente antiga, essas edificações da Prainha, que estão fora da norma, foram construídas em um momento onde não existia a lei para delimitar a altura das construções, o que os isentam das penalidades por estarem fora dos limites estipulados pelo PDM. Entretanto, para as novas construções, é obrigatório estar de acordo com a altura máxima estipulada pelo Plano Diretor. Portanto, como grande parte da Prainha é de altura baixa, pode-se observar através das análises sobre o gabarito, que a escala está condizente com a altura de regiões históricas do Brasil.

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Figura 43 – Mapa de Gabaritos Fonte: autora, 2019

As edificações da Prainha são predominantemente baixas, tendo em sua maioria construções de 1 e 2 pavimentos, respeitando assim, a regra do novo PDM de Vila Velha. Porém, uma parte considerável dos imóveis estão acima de 2 pavimentos, o que os torna irregulares. Destes, a maioria são de 3 pavimentos, e uma pequena parte são de 4 ou mais pavimentos. Esses já não estão de acordo com o gabarito imposto pela ZEIC-A. Há também, uma pequena quantia de lotes vazios e uma boa área destinada às áreas verdes e praças.


Na quadra da intervenção, o terreno escolhido é atualmente o antigo Fórum de Vila Velha e os Correios da Prainha, que são imóveis sem valor histórico e arquitetônico, então foi proposta a requalificação para haver mudança de uso, demolindo os atuais edifícios que se encontram no terreno, estabelecendo o novo uso para um estúdio de dança associado ao espaço cultural, com maior valor histórico, cultural e artístico.

Figura 46 - Casa com 3 gabaritos Fonte: autora, 2019

Figura 45 - Casa com 2 gabaritos Fonte: autora, 2019

Figura 44 - Casa com 1 gabarito Fonte: autora, 2019

4.4 Requalificação

Figura 47 – Antigo Fórum de Vila Velha Fonte: Google Maps, 2019.

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4.5 Síntese Após os estudos apresentados no diagnóstico e nos mapas, a proposta do Estúdio de Dança e Espaço Cultural se torna viável devido as potencialidades da região do Sítio Histórico da Prainha em Vila Velha, para promover a valorização da área frente à inserção de novos usos e atividades essenciais para a manutenção da vitalidade urbana do local.

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Tabela 1 – Potencialidades x Fragilidades Fonte: autora, 2019

Figura 48 – Correios Prainha Fonte: Google Maps, 2019.


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5.1 O Projeto

a aproximação dos usuários com o edifício projetado.

Foi pensado em um projeto de um Estúdio de Dança aliado a um Espaço Cultural, que visa a valorização da dança e da cultura, como prática de inclusão social e atividade multidisciplinar, integrando esses espaços dinâmicos à sociedade, que pretende explorar as potencialidades do Sitio Histórico da Prainha, em Vila Velha. Além de ser benéfico para os moradores, o projeto poderá ser um atrativo para os turistas que desejam conhecer e aprender mais sobre a cultura local e de várias outras culturas pelo mundo, através de exposições artísticas, performances, workshops, apresentações teatrais e musicais, bem como, a disseminação do ensino de arte, dança e cultura.

A cor e textura, que são responsáveis por trazer representatividade local ao projeto, fazendo referência aos marcantes costumes como a pescaria, edifícios históricos e as festividades, além das visuais presentes no Centro Histórico da Prainha.

5.2 Conceito Sinuosidade e ritmo, são conceitos associados à dança, por meio do ritmo e da sinuosidade do corpo e dos movimentos, que se relaciona com a arquitetura através das formas e volumetria da edificação. A historicidade, em que o conceito de historicidade está relacionado a integração do edifício com a rica paisagem e realidade histórica local. Além disso, usa a cultura e as artes como elementos atrativos, promovendo

A relação público e privado, sendo uma iniciativa privada, mas que o espaço seja aberto a todos, principalmente na área destinada à cultura, onde recebe eventos, workshops, feiras, exposições, música ao vivo, entre outras, com térreo de uso público e livre. Interação e integração que promove a interação de pessoas através das vivências sociais e culturais, uma cidade com diferentes atividades e diversidade de usos é uma cidade ativa, viva. A integração do edifício e das áreas livres com o entorno é essencial para apropriação do lugar pelas pessoas.

5.3 Materialidades A escolha dos materiais foi pensada com base no programa de necessidades, se tratando de um estúdio de dança aliado a um espaço cultural, é importante a materialidade estar ligada ao uso artístico, ao conforto e a sensação dos usuários. Essencialmente, também, o

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projeto deve se conectar com o entorno, visto que se trata do Sítio Histórico da Prainha, um lugar que já tem história, cultura e é reconhecido por esse aspecto, um dos fatores do projeto ser escolhido nessa localização. O material escolhido e mais utilizado no projeto é a madeira, que traz o aconchego, conforto e principalmente o movimento se tratando das formas curvas e imponência tanto nas fachadas externas quanto nos ambientes internos, representando o movimento da dança. Painéis metálicos perfurados também compõem a fachada permitindo certa passagem de luz, configurando formas interessantes.

ridos dos pescadores na orla, além disso, outro material para remeter os pescadores, foram as cordas compostas em painéis que funcionam como cobogó. Inserir o verde a partir da vegetação na fachada e no paisagismo permite estabelecer a conexão fundamental com a paisagem natural e cultural da Prainha, além de criar espaços com maior vitalidade urbana e conforto aos pedestres e aos usuários.

Outro material utilizado foi o concreto, que é flexível, versátil, permite diversas possibilidades e ao mesmo tempo traz uma simplicidade aos espaços e o contraste com outros materiais. O vidro foi pensado nas esquadrias de uma forma diferente, permitindo o programa se destacar através de espaços mais abertos, convidativos e também aproveitar as vistas tanto internas das áreas de convívio, salas de dança e os espaços culturais, assim como uma forma estratégica de valorizar os eixos visuais presentes no entorno. A referência da cor vermelha nas fachadas remete a história e cultura local, onde existem os barcos colo-

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Figura 49 – Paleta de Materiais Fonte: autora, 2019


5.4 Estrutura O sistema estrutural escolhido para o projeto estrutural foram pórticos metálicos pré-moldados, um conjunto de viga e pilares, com - perfil em I -, e lajes steel deck, que permitem atingir grandes vãos, sendo uma alternativa mais viável as salas de dança e galeria de arte que precisam de uma área livre. Outro motivo dessa escolha foi por sua praticidade, fácil manutenção e qualidade econômica. Os pórticos metálicos são estruturas com materiais com alta resistência, elementos que suportam grandes esforços apesar de dimensões relativamente pequenas dos perfis, permitindo maior liberdade no projeto de arquitetura. É uma estrutura flexível, facilita adaptações, ampliações, reformas e mudança de ocupação de edifícios. Por serem mais leves, podem reduzir em até 30% o custo das fundações, 100% reciclável, podendo serem desmontadas e reaproveitadas com menor geração de rejeitos (CBCA, s.d.). O Steel Deck é uma estrutura leve e fácil de ser manejada e garante vantagem econômica por eliminar a fôrma e em alguns casos dispensar todo o escoramentoV. Isso reflete no cronograma da obra, já que o trabalho em vários pavimentos se torna possível (HOMETEKA, 2014).

Figura 50 – Laje Steel Deck Fonte: CBCA, s.d. Editado: Autora, 2020.

Figura 51 – Corte Esquemático Fonte: Arcelor Mittal, s.d.

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5.5 Condicionantes Ambientais As fachadas principais estão voltadas a Norte e Oeste do terreno, sendo a fachada Oeste de maior insolação. Foram pensados painés metálicos, revestimentos externos de concreto, e brises ondulados de madeira, que protegem as áreas de convívio do sol da tarde, e ainda os ambientes onde utilizam do cobogó como forma de proteção solar e ao mesmo tempo permitem ventilação aos ambientes internos. Há também, jardins verticais na fachada e em alguns pontos do projeto, como a cafeteria, que permitem ambientes menos quentes e confortáveis, além da arborização adequada nos ambientes externos. O pátio interno possibilita os espaços de jardim e espelhos d’água, além do aproveitamento dos ventos. Nas salas dos setores cultural e de dança, no primeiro pavimento, foram pensadas salas entre corredores, possibilitando ventilação cruzada e maior conforto térmico.

Figura 52 – Planta Baixa Primeiro Pavimento – Ventos Predominantes e Incidência Solar Fonte: autora, 2019

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5.6 Fluxos O terreno se localiza estrategicamente em dois eixos principais da Prainha, na esquina com a rua Praça Otávio Araújo, próximo ao eixo da Av. Luciano das Neves, na direção da Igreja do Rosário e outro na Av. Antônio Ferreira de Queirós em frente ao Parque Estadual, ambos com maior intensidade no fluxo de pedestres e veículos, porém com maior visibilidade e fácil acesso. A proposta visa incentivar o uso da bicicleta como meio de acesso principal, com grandes espaços livres, bicicletário, além do ponto de bicicleta compartilhada, bike vv, estar à frente do terreno, promovendo o bem-estar dos usuários, propondo diminuir o fluxo de veículos e viabilizar o trânsito e a segurança dos pedestres. São duas recepções sociais e duas de serviço para entrada no edifício, indicando a divisão dos fluxos internos. A escolha do sistema estrutural facilitou para abertura de maior vãos e assim, melhor circulação interna de pessoas de um espaço para o outro.

Figura 53 – Fluxos e Acessos Fonte: autora, 2019

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5 .7 Programa de Necessidades O programa de necessidades foi criado a partir dos estudos de campo, dos questionários aplicados online e das entrevistas, além das análises feitas a partir dos estudos de caso. O terreno conta com uma área total de 2949,87m.

fessores com copa; setor de serviço, a circulação de serviço; setor social, hall, áreas de vivência e vestiários; e outra parte do setor cultural, sala de pintura,

5 .8 Planta de Setorização São dois acessos principais, um em cada fachada principal, Norte e Oeste, e dois de serviço, um para funcionários e outro para transportes de abastecimento ao edifício. Os acessos permitem o melhor fluxo interno e circulação de pessoas, aproveitando ao máximo os espaços livres. No térreo, se concentram o setor social, que inclui as recepções, loja e cafeteria; o setor administrativo, a administração; uma parte do setor cultural, galeria de arte, apoio galeria de arte, bilheteria e espaço de eventos; e por fim, o setor de serviço, o serviço. A galeria sem layout funciona como um espaço totalmente flexível para haver qualquer tipo de evento cultural e de dança, workshops, exposições artísticas. A cafeteria e loja funcionam como espaços que integram o público externo e valorizam a proposta. No primeiro pavimento se concentra o setor de dança, com salas de dança, sala multiuso e enfermaria; setor administrativo, a sala dos proFigura 54 – Planta Baixa Pavimento Térreo – Acessos e Setores Fonte: autora, 2019

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Figura 55 – Planta Baixa Primeiro Pavimento – Acessos e Setores Fonte: autora, 2019

Tabela 2 – Programa de Necessidades Fonte: autora, 2019

sala de música, sala de teatro, sala de figurino, sala de mídia e sala de línguas. São quatro salas de dança que são equipadas de formas diferentes para atender vários estilos de dança, além da sala multiuso.

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5.9 Paisagismo No paisagismo foi pensado na paginação de piso que contorna os canteiros e mobiliários, com materiais simples como concreto liso claro e escuro, que demarcam o ambiente de vivência provocando o usuário a seguir o desenho ou direcionar a alguma área de estar. Os mobiliários de madeira foram pensados nos usuários, alguns são escalonados e criam espaços interativos, que permitem apresentações ao ar livre e o incentivo à permanência. Os espelhos d’água formam a composição, melhoram o conforto térmico e a água como elemento de relaxamento e reflexão. A vegetação inclui algumas espécies como palmeira imperial, ipê amarelo, cycas revolutas, lantana camara, bougainvillea, entre outros, também permitem sensações agradáveis promovidas pelas questões visuais marcadas pelas forrações coloridas, tudo isso associado à redução da sensação de insegurança noturna, promovida pelo reposteamento do entorno do terreno e proposições lumínicas eficientes.

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6.1 Implantação O Estúdio de Dança associado ao Espaço Cultural foi implantado em um terreno com área de 2949,87 m2, suas fachadas principais se posicionam em frente a Av. Antônio Ferreira de Queiróz e Praça Otávio Araújo, e essa, paralela à Av. Luciano das Neves, com uma localização estratégica para o eixo visual da Igreja do Rosário, assim como para outros visuais do Sítio Histórico da Prainha. O projeto foi pensado para que atendesse a demanda dos usuários, com espaços confortáveis e flexíveis para abranger todas as manifestações culturais e artísticas. Os acessos são feitos pelas ruas principais e há um incentivo ao uso de bicicletas para acesso ao local, valorizando a saúde e segurança dos pedestres, minimizando o fluxo intenso de veículos.

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Figura 56 – Planta de Implantação Fonte: autora, 2019

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6.2 Planta Baixa Pavimento Térreo

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Figura 57 – Planta Baixa Térreo Fonte: autora, 2019


6.3 Planta Baixa Primeiro Pavimento

Figura 58 – Planta Baixa 1o Pavimento Fonte: autora, 2019

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6.4 Planta Baixa de Cobertura

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Figura 59 – Planta Baixa de Cobertura Fonte: autora, 2019


6.5 Cortes Nos cortes é possível perceber o respeito quanto ao gabarito permitido pelo PDM na Prainha, além da relação com o entorno e a escala a partir do ponto de vista do pedestre.

Para aproveitar os espaços internos e a sensação dos usuários, o pé direito é de 4m em cada pavimento.

C ORTE 0 1

C ORTE 0 2

C ORTE 0 3

Figura 60 – Cortes Fonte: autora, 2019

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6.6 Fachadas As fachadas principais tem orientação Norte e Oeste, foram escolhidas devido as esquinas do terreno serem mais convidativas, pensando também na questão os eixos visuais da Prainha, para proporcionar as melhores vistas, dos acessos e fluxos para dissipar a circulação de pessoas, explorando a qualidade socioespacial da melhor forma possível.Os materiais nas fachadas mostram a relação direta com a cultura lo-

cal, os brises de madeira em ondas tem relação com o movimento e o mar, as formas dos revestimentos são triangulares que remetem as velas de barcos da Baía de Vitória, as cores marcantes com os barcos dos pescadores e o vidro possibilita abertura para essas vistas externas e também, para exibição dos usuários em geral e dançarinos no primeiro pavimento. Os jardins verticais trazem a relação com a natureza e a paisagem, possibilitando o conforto térmico e visual.

FA C H A DA NORTE

FA C H A DA OESTE

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Figura 61 – Fachadas Fonte: autora, 2019


Figura 62 – Fachada Principal Fonte: autora, 2019

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Fonte: Autora, 2020.

Figura 63 – Fachadas Externas Fonte: autora, 2020

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Fonte: Autora, 2020.

Figura 64 – Fachadas Externas Fonte: autora, 2020

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Figura 65 – Fachadas Externas Fonte: autora, 2020

1 00


Figura 66 – Fachadas Externas Fonte: autora, 2020

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Figura 67 - Recepção Fonte: autora, 2020

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Figura 68 - Recepção Fonte: autora, 2020

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Figura 69 - Escada Fonte: autora, 2020

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Figura 70 - Loja Fonte: autora, 2020

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Figura 71 - Cafeteria Fonte: autora, 2020

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Figura 72 - Deck Cafeteria Fonte: autora, 2020

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Figura 73 – Galeria de Arte Fonte: autora, 2020

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Figura 74 – Galeria de Arte Fonte: autora, 2020

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Figura 75 – Påtio Interno e Jardim Fonte: autora, 2020

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Figura 76 – Påtio Interno e Jardim Fonte: autora, 2020

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Figura 77 – Påtio Interno e Jardim Fonte: autora, 2020

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Figura 78 – Circulação Social Fonte: autora, 2020

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Figura 79 – Sala de Dança B Fonte: autora, 2020

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Figura 80 – Sala de Dança B Fonte: autora, 2020

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Figura 81 – Sala de Dança K Fonte: autora, 2020

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Figura 82 – Sala de Dança K Fonte: autora, 2020

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Figura 83 – Sala de Música Fonte: autora, 2020

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Figura 84 – Sala de Mídia Fonte: autora, 2020

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Figura 85 – Sala dePintura Fonte: autora, 2020

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Figura 86 – Sala de Pintura Fonte: autora, 2020

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8. Considerações Finais No desenvolvimento desse trabalho foi possível perceber a partir dos estudos conceituais, estudos de caso e pesquisa de campo, a importância de um espaço com infraestrutura adequada voltado a valorização da dança e dos espaços culturais através da arquitetura, inserido em um contexto urbano já consolidado no Sítio Histórico da Prainha, em Vila Velha/ES, potencializando a preservação do patrimônio histórico e cultural. Um espaço para atrair uma diversidade de usuários e fortalecer o cenário nacional de dança e a importância dessa forma de expressão corporal na sociedade, e de todas manifestações artísticas, de modo que permita uma ambiência agradável, com amplos espaços favoráveis para trocas de experiências culturais. Finalizando essa etapa no programa de necessidades básico no nono período e dando sequência no décimo com a proposta do Projeto Arquitetônico.

ção dos usuários. Valoriza a historicidade e cultura da Prainha, explorando seus diversos potenciais, como a paisagem natural e cultural da região e seus eixos visuais. Percebe-se que é um edifício que permite várias conexões, tanto sociais, quanto com a natureza e cultura, um lugar que preserva a vitalidade urbana e os espaços convidativos. Oferece uma infraestrutura adequada de um espaço cultural aliado a um estúdio de dança que permite todas manifestações artísticas, valorizando ainda mais o cenário cultural capixaba. Por fim, essa pesquisa contribuiu para minha formação acadêmica, assim como o crescimento profissional e pessoal a partir de um tema que me identifico e resulta em um projeto para todas as pessoas, repleto de significado, dança, arte e cultura.

Em sequência, se utilizou o programa de necessidades e as entrevistas como base para concepção do projeto, pensado desde sua relação com o entorno, quanto sua materialidade, fluxos, acessos, condicionantes ambientais, estrutura e paisagismo. O projeto tem espaços amplos que permitem o fácil acesso e integra-

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9. Referências Bibliográficas

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10. Apêndice

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titucional/historia>. Acesso em 16 Outubro 2019.

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BRISE DE MADEIRA EM ONDAS JARDIM VERTICAL

1

GUARDA CORPO EM VIDRO

CONCRETO

PERFIL METÁLICO PERFURADO

FACHADA NORTE 1 : 200

PERFIL METÁLICO PERFURADO JARDIM VERTICAL

2

VIDRO

GUARDA CORPO EM VIDRO VIDRO

BRISE DE MADEIRA EM ONDAS CONCRETO

FACHADA OESTE 1 : 200

TCC II - FACHADAS Estúdio de Dança associado à Espaço Cultural

05/05

Discente: Emilly Falcão Orientador: Prof. Dra. Melissa Ramos Escala

1 : 200

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Entrevista de Campo para avaliar o cenário na região metropolitana de Vitória:

Você participa de eventos culturais? Com que frequência?

Você participa de eventos culturais? Com que frequência?

“Participo sim, principalmente os relacionados a cultura coreana ou a cultura italiana. Sempre que surge algo, eu to lá mesmo que seja só pra ver como tudo ficou e dar um oi pro pessoal.” – (SO, 23 anos)

“Participo sim! Costumo ir em um que acontece uma ou duas vezes ao ano. – (FM, 23 anos).”

O que espera de um evento cultural? “Ver apresentações artísticas que representam a cultura. Ah! E a venda de comidas típicas e coisas relacionadas à cultura, é claro!” – (FM, 23 anos).

O que acha dos eventos que existem atualmente no estado? “Acho que não acontecem muitos eventos culturais que sejam voltados apresentar outras culturas do mundo, e os que acontecem que são voltados pra cultura capixaba, são pouco divulgados, além de não parecer que exista uma estrutura apropriada para eventos culturais aqui no estado.” – (FM, 23 anos).

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O que espera de um evento cultural? “Organização, um espaço confortável que suporte bastante gente, iluminação e sonoplastia adequada.” – (SO, 23 anos)

O que acha dos eventos que existem atualmente no estado? “A organização é boa, porém falta apoio do estado em si e das próprias prefeituras. Ultimamente a prefeitura de vila velha está cedendo o Teatro Municipal e a Prainha pra eventos, porém é muito difícil conseguir liberação, além de não darem muito suporte. O Teatro possui um palco muito pequeno e atualmente há uma demanda de um palco maior. As cortinas estão sempre quebradas, além de a iluminação do camarim atrapalhar bastante a iluminação do palco.” – (SO, 23 anos)


Você participa de eventos culturais? Com que frequência? “Sim. Por volta de duas vezes ao ano, mas gostaria de participar mais.” – (M.L., 24 anos)

O que espera de um evento cultural? “Espero uma boa divulgação, boa estrutura, flexibilidade de horários, atrações interessantes e diversas (dependendo da proposta), prestigiar artistas conhecidos e conhecer novos artistas.” (M.L., 24 anos)

O que acha dos eventos que existem atualmente no estado? “Os eventos poderiam ser melhor divulgados. Quando fico sabendo, é através de amigos. Uma sugestão seria divulgar nos murais das faculdades.” (M.L., 24 anos)

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EMIL LY D O S S ANT O S F ALC Ã O

VALORIZAÇÃO DA DANÇA E DOS ESPAÇOS CULTURAIS ATRAVÉS DA ARQUITETURA

V ila Ve lh a 2020


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