Pilade Baiocchi Vivo Sempre
(Depoimento publicado no jornal O Popular, em 21/10/1988)
Amália H. Teixeira
No desbravamento do Centro-Oeste brasileiro, não há que negar, da intrepidez, da ambição dos bandeirantes, que tanto afastaram a Linha de Tordesilhas, alargando nossas fronteiras, quanto aprisionaram e dizimaram tribos indígenas.
A expedição do segundo Anhanguera - 1722-1726-reuniu gente de muitas raças. Na confluência do rio Vermelho com o Bugre - Arraial da Barra - os Goiá, índios que emprestaram seu nome ao nosso Estado, aprisionados, foram encaminhados para as roças dos conquistadores, na estrada das minas, do sertão dos Goiás a São Paulo e para as Minas Gerais. Aqui ficaram para procriar as índias dessa nação, mansas e dóceis. Minas de Nossa Senhora do Rosário dos Goiás, Arraial de Santana, Vila Boa dos Goiás, Cidade de Goiás, Capital do Estado, ex-capital, berço da civilização goiana, etapas do desenvolvimento de um garimpo de ouro do começo do século XVIII.
A partir do início dos novecentos, ao caldeamento de índios, portugueses e negros soma-se o de europeus de diferentes latitudes. Vieram e contribuíram para a formação do povo de Goiás. Vieram para viver, ajudar, lutar, irmanando-se aos vilaboenses.
Dentre as famílias que aportaram à Cidade de Goiás, os Baiocchi, gente laboriosa, alegre, honesta. Nos fins do século XIX, com apenas seis anos de idade, chegava ao Brasil com seus pais e irmãos, provenientes da província de Lucca, Itália, o menino Pilade Baiocchi. Em Ribeirão Preto, SP, fez-se musicista e alfaiate, ali se casando com Carmela D’Andréa, italiana da Sicília.
Em 1915, Pilade está na Cidade de Goiás. Escolheu Goiás para abrigo e campo de luta e alegrias, aqui vivendo até 1967, aos 79 anos, entregando sua alma ao Criador. Na antiga Vila Boa, montou alfaiataria na Moretti Foggia, 9, criando onze filhos, instruindo-os e educando-os magistralmente - ganhou netos, integrou a sociedade goiana. Pioneiro no ramo automobilístico, na condução de malas postais,
18 • Elza Baiocchi