Jornal ipanema 893 1211 2016

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SAÚDE

JORNAL JO ORNAL RNA RN AL L IPANEMA IPANE NE EM MA A / 12 12 de novembro de 201 2016

Lúpus: O Lúpus Eritematoso Sistêmico ou simplesmente lúpus é uma doença crônica inflamatória de origem autoimune que pode se manifestar de diversas maneiras, desde alterações na pele, inflamação nas articulações até em órgãos como os rins. A médica reumatologista Mônica Simon Prado afirma que a causa do lúpus não é conhecida totalmente. “Sabemos que fatores genéticos, hormonais e ambientais estão envolvidos no seu desenvolvimento. Assim, uma pessoa que tem predisposição genética para apresentar a doença, num momento favorável, como alteração hormonal, irradiação solar ou infecção, pode passar a manifestar os sintomas do lúpus”, explica. De acordo com a médica, o lúpus pode ocorrer em qualquer idade, e em pessoas de qualquer sexo ou etnia, porém as mulheres são mais acometidas (9 mulheres para cada homem em média). “O pico de incidência da doença é na idade fértil da mulher, portanto temos um maior número de casos sendo diagnosticados entre os 15 e 45 anos de idade”, diz. Há dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas na pele com manchas avermelhadas principalmente nas áreas expostas ao sol; e o sistêmico, no qual além da pele podemos ter manifestações em outros locais como articulações, órgãos internos e componentes do sangue. O tipo sistêmico tem um potencial mais grave uma vez que pode acometer alguns órgãos. Alguns medicamentos são utilizados nas duas situações, outros, apenas no lúpus sistêmico. PRIMEIROS SINAIS O lúpus pode se apresentar de diversas maneiras e uma pessoa pode ter sintomas muito diferentes de outra, comenta a médica reumatologista. “Em algumas pessoas a doença vem de maneira lenta e progressiva levando meses para ser diagnosticada e em outras se manifesta rapidamente (em semanas). Alguns sintomas são gerais como febre, emagrecimento, sensação de fraqueza e desânimo. Outros, específicos de cada órgão como dor e inchaço nas juntas, manchas na pele, problemas nos rins”, diz. A médica destaca ainda que o lúpus tem como característica períodos de atividade e remissão (quando a doença está sob controle) e os sintomas variam de acordo com a intensidade da atividade da doença. Ela lembra que queda de cabelo intensa (alopecia) e úlceras nas mucosas (dentro da boca e nariz) também podem ocorrer. Os outros sintomas mais comuns de acordo com o órgão acometido pela doença são:

Pele: fotosensibilidade – uma vermelhidão ou uma sensibilidade muito aumentada à exposição ou claridade solar. Articulações: dor com ou sem inchaço nas juntas principalmente em mãos, punhos, joelhos e pés, tendem a ser bastante dolorosas e ocorrem com períodos de melhora e piora. Sangue: podem ocorrer alterações nas células do sangue causando anemia, diminuição de glóbulos brancos (chamada de leucopenia e linfopenia) e diminuição das plaquetas (que atuam na coagulação do sangue). Membranas que recobrem o pulmão e coração podem ter inflamações que podem não ter sintomas ou se manifesta como dor no peito, tosse seca e falta de ar. Essas inflamações são chamadas de pleurite (pulmão) e pericardite (coração). Rins: inflamação chamada nefrite. Nas formas mais graves a pessoa percebe a urina espumando e tem inchaço nas pernas, além de alterações nos exames de sangue e urina e aumento da pressão. Sistema Nervoso (cérebro, medula espinhal e nervos): manifestações nestes locais são menos frequentes e podem causar convulsões, alterações de humor ou comportamento (psicoses), depressão e alterações dos nervos periféricos e da medula espinhal.

Júlio Salvo

Cida Haddad

patologia ainda gera muitas dúvidas

Mônica Simon é médica reumatologista

Qual o tratamento? De acordo com a médica reumatologista Mônica Simon Prado o tratamento depende do tipo de manifestação da doença que a pessoa tem, nas fases de maior atividade, muitas vezes, é preciso utilizar mais de um. “Alguns remédios como a hidroxicloroquina ou cloroquina são utilizados em várias situações desde os casos mais leves até os mais complicados e algumas vezes precisamos utilizar medicamentos chamados corticoides ou ainda imunosupressores para um bom controle da doença”, explica a médica. De acordo com a reumatologista, algumas manifestações exigem internação e um tratamento mais rigoroso nas fases de maior atividade da doença, dependendo do órgão acometido. “A dose e o tempo de uso dos remédios também variam de acordo com a gravidade do caso. O tratamento é feito para que a pessoa possa ter uma rotina o mais normal possível, a maioria dos pacientes consegue constituir família, trabalhar, estudar e viajar normalmen-

te. Mas assim como qualquer doença crônica, alguns cuidados são necessários como: ter consultas periódicas com reumatologista, realizar exames de tempos em tempos para avaliação da doença, usar sempre filtro de proteção solar e evitar exposição ao sol, seguir as orientações do médico utilizando as medicações de maneira correta. Uma vez que a pessoa já manifestou os sintomas do lúpus, afirma a médica, pode-se tentar prevenir crises de atividade fazendo um tratamento correto, evitando exposição solar, evitando o uso de alguns medicamentos (como anticoncepcionais com estrógeno), tendo bons hábitos, como atividade física regular e boa alimentação. Questionada se lúpus pode levar à morte, a médica explica que maioria dos casos responde bem ao tratamento, podendo a pessoa conviver com a doença sem maiores riscos. “Situações de maior gravidade com aumento dos riscos de mortalidade acontecem dependendo do órgão acometido e tipo de manifestação, em especial em casos sem tratamento ou onde complicações como infecções podem agravar a situação da pessoa”, afirma.


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