Corrente Contínua 234

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Segundo Ricardo, o Brasil tem diversas fontes de energia de baixo custo em exploração e ainda por explorar. Só usamos 50% do nosso potencial hidrelétrico. Milhões de toneladas de biomassa oriunda dos canaviais estão à disposição há anos e só agora vieram os leilões desse insumo para fins de geração elétrica. Temos também um enorme potencial de raios, demonstrando que há muita energia na nossa atmosfera. “É a chamada higroenergia (ver box). São alternativas que nos deixam esperançosos quanto ao futuro da energia no Brasil. Tomamos a direção correta ambientalmente. Muitos países, como Índia, China e Rússia estão se desenvolvendo com a queima de carvão e óleo diesel e de outros insumos poluidores, em matrizes térmicas sujas”, enfatiza. A luz no fim do túnel - Já que pintou sujeira, falemos do esgoto das cidades, pois, se limparmos os milhares de túneis subterrâneos encontraremos boas reservas energéticas. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa se prepara para tornar a Estação de Tratamento de Esgotos Arrudas, em Caetano Furquim, em Belo Horizonte, apta para a produção de eletricidade. Ela economizará R$ 2,7 milhões por ano tornando o tratamento de esgoto da cidade autossuficiente em eletricidade, o bastante para abastecer as casas de pelo menos 15 mil habitantes. Segundo o superintendente de Gestão de Energia da Copasa, Marcelo Monachesi Gaio, no tratamento do esgoto pode-se extrair o biogás, composto de 68% de metano, nocivo à camada de ozônio. “Antes queimávamos o metano, que gerava gás carbônico, menos prejudicial que o metano, mas ainda assim nocivo à at mosfera. Com a cogeração, os gases são limpos, depois alimentam as microturbinas, que geram energia. O projeto custou R$ 65 milhões, portanto, uma energia ainda cara”. Até nas fossas tenebrosas, depósitos de imensas quantidades de excrementos huma-

nos, há potencial energético a ser explorado. ‘A energia do cocô’ como os cientistas gostam de chamá-la, também será realidade. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos - Cedae, do Rio de Janeiro, em parceria com a Coppe, esta montando a primeira fábrica de biodiesel de fezes humanas, no Caju, na Estação de Tratamento de Esgoto Alegria. Esta será a primeira usina de biodiesel movida a fezes. Ela foi desenvolvida pela Coppe/UFRJ em 2003, custará R$ 5 milhões e será feita em parceria com a Usina Termelétrica Termório. Segundo o presidente da Cedae, Wagner Victer, ela deverá fornecer biodiesel a preços próximos ao dos postos de combustíveis. “Buscaremos apoio da iniciativa privada para a produção em escala industrial. As fezes são coletadas no decantador primário, formado pelos sobrenadantes, que contêm 10% de gordura. A unidadepiloto produzirá seis mil litros de biodiesel/mês, quantidade que servirá como aditivo de 120 mil litros de diesel/mês. A mistura do insumo com a urina não compromete a qualidade do produto. Se ela fosse segregada na fonte teríamos um aproveitamento maior quantitativamente. Já foi instalado um sistema para aproveitamento energético do biogás e do lodo, com usina de filtração do gás e dois geradores elétricos, além de uma planta de pirólise de lodo, que gera bio-óleo e biocarvão, a serem queimados numa caldeira associada à turbina a vapor”. Biomassa - Matérias orgânicas vegetais ou animais podem se transformar em energia através da combustão em fornos e caldeiras. O biodiesel, por sua vez, pode ser obtido também a partir de óleos vegetais e tem sido usado em projetos experimentais na Amazônia. Há oleaginosas muito boas para se fazer o biodiesel, como a andiroba, o murumuru, a carnaúba, o jaci, o amendoim-cavalo, dendê, buriti, copaíba, babaçu, andiroba, a ucuúbae e também os resíduos de madeiras e o bagaço de cana, que têm ganhado espaço no Brasil. A Usina Termelétrica Barra Bioenergia, em Barra Bonita (SP), recentemente inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é integrante do Grupo Cosan, do setor sucroenergético, e sua unidade termelétrica de biomassa deverá produzir energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar para 1,2 um milhão de habitantes quando concluída. A Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel autorizou, em julho de 2010, o início das operações comerciais da termelétrica, que instalou, numa primeira fase, dois turbogeradores de 33 MW cada um. 13


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