Retórica - Aristóteles

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emoções, com negligência evidente do uso da argumentação lógica; e na da excessiva importância dada à estrutura formal do discurso 49. A grande inovação de Aristóteles foi o lugar dado ao argumento lógico como elemento central na arte de persuasão. A sua Retórica é sobretudo uma retórica da prova, do raciocínio, do silogismo retórico; isto é, uma teoria da argumentação persuasiva. E uma das suas maiores qualidades reside no facto de ela ser uma técnica aplicável a qualquer assunto. Pois proporciona simultaneamente um método de trabalho e um sistema crítico de análise, utilizáveis não só na construção de um discurso, mas também na interpretação de qualquer forma de discursos 50. A Retórica de Aristóteles parece ter resultado de três momentos distintos da sua vida. O livro 1.5-15 e partes do livro 3 foram aparentemente escritos por volta de 350 a. C., quando ainda era membro da Academia e aí ensinava retórica. Entre 342 a. C. e 335 a. C., durante a sua estada na Macedónia, terá escrito a sua parte mais substancial. A conclusão e os retoques finais da mesma poderão ter sido realizados após o regresso do estagirita a Atenas em 335 a. C., e a consequente abertura da sua própria escola 51. A Retórica dá, efectivamente, sinais de se haver dirigido a diferentes audiências, reflectindo talvez diferentes contextos e momentos diversos do seu ensino.

49 Vide George Kennedy, Aristotle on Rhetoric: A Theory of Civic Discourse, New York/Oxford, Oxford University Press, 1991, p. 9. 50 Ibidem, p. 309. 51 Cf. George Kennedy, Aristotle on Rhetoric, pp. 5-7.

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