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A filosofia orientada
outros>, este também não guiará corretamente? MEN. Perfeitamente (PLATÃO, 2001a, p. 99).
Isso deixa evidente que aquele que somente possui, bem como crê verdadeiramente em determinada opinião certa (ortèn dóxa) sobre as coisas, não tem a compreensão dessas coisas. Não obstante, ele não será, em hipótese alguma, um guia inferior àquele que possui a ciência. Em dito isso, em consonância com o Mênon, podemos também dizer que não somente a compreensão dirige corretamente a ação do homem, mas a opinião verdadeira (dóxa aletès) também. Ainda assim, Mênon levanta a discussão de que a opinião verdadeira é menos proveitosa que a ciência pelo fato de aquela ser menos valorizada que a esta. Mas o fato de os homens darem mais valor à ciência em detrimento da opinião verdadeira, não quer dizer que esta última seja inferior. A partir dessa questão de valor, é explanado o porquê de uma ser diferente da outra. Para esse esclarecimento, Platão cita como exemplo as estátuas de Dédalo (personagem que, de acordo com a mitologia grega, arquitetou e construiu as velas do navio, o nível, bem como o Labirinto de Minos. Suas estátuas designam um novo período da escultura grega, livre dos cânones das xaônas primitivas). Acreditamos que Sócrates faça menção a essas estátuas pelo fato de as mesmas, diferente das estátuas primitivas, denotarem uma atitude marchante (PLATÃO, 1966, p. 108). As estátuas de Dédalo, pois, passam-nos a impressão que, se acaso não estiverem encadeadas, acabam escapulindo e, posteriormente, fugindo. Assim, não valerá muito possuir uma obra desse escultor sem que ela esteja encadeada, visto que a mesma não permanecerá em seu devido lugar. Ao contrário, estando acorrentada, essa obra terá muito valor. Sócrates diz que são citadas como exemplo essas estátuas pelo fato de elas se assemelharem às opiniões verdadeiras, porquanto estas, também: [...] por tanto tempo quanto permaneçam, são uma bela coisa e produzem todos os bens. Só que não