A filosofia orientada
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própria, que essa relação torna-se relação consigo; a terceira dobra é a do saber, que ocorre devido a uma ligação do verdadeiro com o ser, com a verdade, sendo que essa subjetivação não ocorre de igual maneira entre os gregos e cristãos; a quarta dobra, e talvez a mais ampla, está baseada na esperança do indivíduo, ela é denominada por Deleuze de dobra do lado de fora: “É dela que o sujeito espera, de diversos modos, a imortalidade, ou a eternidade, a salvação, a liberdade, a morte, o desprendimento” (DELEUZE, 1988, p. 112). Considerações finais E, em linhas gerais, ao tratar da prática de si, do comportamento do indivíduo, o voltar-se para si será diferente de uma análise sobre o sujeito, o que está em questão são as práticas que constituem os sujeitos. Assim, ao analisar o paganismo grego e a ética cristã, compreendemos que podem ocorrer relações entre ambas, essas relações podem ser notadas fazendo menção ao que é proibido ou permitido, no que diz respeito aos códigos. Essas prescrições podem ser encontradas nos gregos, no cristianismo e até mesmo na contemporaneidade. De acordo com Foucault (1994), os códigos não mudaram significativamente, o que ocorreu foram as mudanças de algumas prescrições. Então, podemos esclarecer que o cristianismo introduziu novas técnicas para estabelecer os ideais morais, os quais souberam como disseminar essas técnicas. Foucault (1984, p. 314) nos esclarece que “o princípio de uma temperança sexual rigorosa e cuidadosamente praticada é um preceito que data nem do cristianismo, evidentemente, nem da Antiguidade tardia”, nem mesmo dos movimentos rigorosos conhecidos como estoicos. De tal modo, o que acontece é que a sexualidade vai se organizar nos focos de poder mediante a formação do saber do sujeito. A partir daí, a sexualidade se desdobrará e se recuperará pelas relações de