VEREDAS POÉTICAS DE JUVENAL ANTUNES

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Rauana Batalha Albuquerque Mendes

poeta marcado pela irreverência juntamente com influências literárias que o perpassaram, como por exemplo, a de Paul Lafagne (apud HERNANDEZ, 2010) que, em 1880, publicara O Direito à Preguiça, denunciando que o dogma do trabalho era um malefício ao ser humano, principalmente na época moderna. Ele pontua que “a nossa época é, dizem, o século do trabalho; de fato, é o século da dor, da miséria e da corrupção”. Em outros poemas, as críticas e censura aos vícios e defeitos humanos continuam. As injustiças e disparidades o incomodavam não apenas na sociedade da qual fazia parte, por isso alça sua voz enquanto cidadão do mundo. É o que podemos conferir no Elogio à ignorância. Galileu, Sócrates e Jesus Cristo são apresentados como sábios ilustres que se defrontaram com a morte por conta dos doutores da lei. Também Calino, um dos mais antigos poetas líricos, compositor de versos relativos a guerras, é confrontado com Rui Barbosa, político brasileiro influente e admirado por sua diplomacia. A partir da leitura desse poema nos perguntamos: então, do que serve ou no que desemboca a sabedoria humana? A resposta é desalentadora e ilustrada com a Alemanha, berço de famosos filósofos e escritores. Terra de sábios, vede essa Alemanha! N’um mar de sangue a Europa inteira banha. Congo, Bolívia, Haiti, Calábria, China, Existe aí igual carnificina?” Ser jumento ou condor em nada influi: É a razão de Calino contra Ruy. Nas bibliotecas, livros aos milhões... Contra os mesmos, as balas dos canhões!

Nesses versos, vemos a contraposição da intelectualidade, isto é, da racionalidade humana à irracionalidade das guerras; é como se o que durante séculos se tentou construir, todo o conhecimento humano, patrimônio universal, e conquistas 66


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