A psicologia na politica para as mulheres em situacao de violencia

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Todavia, intervir a partir de algo que não é o que se coloca como objetivo da psicologia, ou seja, quando um/a psicólogo/a refere utilizar como referencial teórico, para orientação de sua intervenção profissional, o Direito, a Filosofia, a Antropologia e a Teologia (CFP, 2010a, p. 41-42), isso não significa atuar de forma mais ampla ou menos centrada no indivíduo. Significa exercer uma prática fora do escopo teórico que foi formado e intervir a partir de conhecimentos dos quais não tem formação para atuar e, o pior, deixa de fazer a intervenção para a qual se preparou: escutar e acolher as dores, emoções e sofrimento psíquico vivenciados pelas mulheres que sofrem violência, uma parte importante no processo de superação da situação de violência, mas não a única. É importante destacar que o estudo, ora apresentado, foi proposto a partir do entendimento de que se faz necessário realizar uma análise crítica das propostas de intervenção das políticas públicas para as mulheres em situação de violência, reconhecendo-se os avanços que tanto o Movimento Feminista quanto a SPM trouxeram para a vida das mulheres e para o processo de controle da violência que as atinge. Entenda-se que a militância feminista se faz necessária e que a intervenção gestora da SPM também. Porém, há que se refletir sobre os resultados, dificuldades e conflitos do que é proposto para o enfrentamento da violência contra as mulheres. A experiência de Portugal, descrita no texto de Machado (2004), foi fundamental no processo de construção deste estudo, pois mobilizou a necessidade de se saber como as propostas para a intervenção em psicologia, para as mulheres em situação de violência, estavam sendo colocadas e quais suas consequências aqui no Brasil.

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