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MANIFESTO AMBIENTAL Novos edifícios, velhos problemas: o pobre desempenho ambiental dos escritórios por trás da caixa de vidro, com atenção às cidades de climas quentes

Texto organizado por Joana Carla Soares Gonçalves e Eduardo Pizarro

são paulo, 2020



O texto aqui apresentado é o terceiro de um conjunto de publicações intitulado Manifesto Ambiental, elaborado por pesquisadores e profissionais de arquitetura e urbanismo, especializados em aspectos de qualidade ambiental e desempenho energético do ambiente construído. A motivação para a elaboração destes textos é informar tecnicamente o público interessado (e afetado) pela qualidade e pelo desempenho ambiental e energético do ambiente construído, sobre os mitos e impactos negativos de práticas e visões conservadoras sobre a regulamentação e o projeto de edifícios e áreas urbanas que compõem as cidades contemporâneas. Os dois manifestos que antecedem este sobre o edifício de escritórios de “caixa de vidro” trataram de instrumentos públicos, incluindo a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS)¹ e o Código de Obras e Edificações (COE)², vigentes na cidade de São Paulo. ¹ GONÇALVES, Joana Carla Soares; PIZARRO, Eduardo Pimentel; FERREIRA, Luciana Schwandner; MULFARTH, Roberta Consentino Kronka; DUARTE, Denise; MONTEIRO, Leonardo Marques; SHIMOMURA, A. R. P.; SHINZATO, P. I MANIFESTO AMBIENTAL: Que cidade é essa que vamos construir com a LPUOS, a nova Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo da cidade de São Paulo? Ensaio. São Paulo: LABAUT, AUT, FAUUSP, 2016. Disponível em: https://issuu.com/ eduardopizarro/docs/i_manifesto_-_orange ² GONÇALVES, Joana Carla Soares; MULFARTH, Roberta Consentino Kronka; MONTEIRO, Leonardo Marques; MICHALSKI, Ranny; SHIMOMURA, A. R. P.; MELLO, Marcelo; UZUM Mônica Dolce; Schwandner, Luciana Ferreira; RABELO, Paula Lelis; PIZARRO, Eduardo Pimentel; TSUDA Fernanda; STARK Priscila II MANIFESTO AMBIENTAL: O Novo Código de Obras e Edificações da Cidade de São Paulo (COE): Onde foi parar o desempenho das edificações? Um Manifesto em prol da Qualidade Ambiental. Ensaio. São Paulo: LABAUT, AUT, FAUUSP, 2018. Disponível em: https://issuu.com/eduardopizarro/docs/ii_manifesto-pink



Colagem-Manifesto por Eduardo Pizarro.



Quais as reais condições ambientais no interior de um edifício de escritórios da conhecida “caixa de vidro” e quais as implicações destas no bem-estar dos ocupantes? Qual a demanda energética para torná-los ocupáveis? Ou seja, quanto se consome de energia para que seja alcançado o conforto térmico e luminoso dentro de uma caixa de vidro, em particular naquelas localizadas em cidades de clima quente como São Paulo (cidade de clima subtropical de altitude)? O fato é que já em 1990 ganhavam expressão no cenário mundial e também no Brasil, as discussões sobre o desempenho ambiental e a eficiência energética dos edifícios de fachadas envidraçadas. Hoje, 30 anos depois, a grande maioria da produção de edifícios altos de escritórios, nas cidades brasileiras (assim como em muitas outras cidades do mundo) segue com o padrão de projeto do século passado da caixa de vidro monolítica e hermeticamente fechada e dependente dos sistemas prediais de condicionamento de ar e iluminação artificial por 100% do tempo, em que os usuários são cada vez mais desconectados do controle das suas condições ambientais, de forma geral. Neste sentido, um levantamento feito por Pereira (2017) de uma amostra de edifícios de escritórios construídos desde o início dos anos 2000 em São Paulo mostrou que aproximadamente 65% destes são de forma retangular e tem uma área de laje entre cerca de 1.000 e 2.100 m2, com dimensão de planta que pode chegar a 30 por 70 metros. As fachadas de vidro reflexivo variam entre a cor azul, cinza e verde, sendo projetadas para não abrirem, ou seja, sem janelas. Estamos olhando para uma produção de edifícios que não reflete as expectativas e exigências humanas de qualidade ambiental do momento atual, e

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tampouco as demandas ambientais e energéticas do século 21. Mas por que perpetuamos um padrão “vencido” do edifício de escritórios em grandes cidades como São Paulo, no restante do país e em um contexto mais global? A resposta para esta pergunta contém múltiplos fatores. Um deles é o custo da energia, que provavelmente ainda não é alto o suficiente para gerar um verdadeiro interesse por soluções arquitetônicas de real impacto na redução da demanda energética, como a elaboração de formas e fachadas para o bom aproveitamento da luz natural, a volta do sombreamento externo nas fachadas e até mesmo a abertura seletiva da fachada para a ventilação natural. Em São Paulo, por exemplo, paga-se R$ 0,51 por 1 kWh, enquanto em Londres, no Reino Unido, o valor é quase o dobro, subindo para aproximadamente R$ 0,93/kWh. Em Frankfurt, na Alemanha, paga-se ainda mais, chegando ao equivalente a R$ 1,70 por 1 kWh. Outro fator está na falta de um entendimento técnico mais aprofundado do desempenho ambiental e energético deste tipo de padrão e de como fazer melhor, por parte de todos os agentes envolvidos na produção destes edifícios e não apenas daqueles atrelados à etapa de projeto. Não menos importante do que estes fatores previamente mencionados, é a força da imagem que se mantém do edifício do tipo caixa de vidro climatizada como símbolo de status comercial. Sendo assim, quais as perspectivas arquitetônicas e tecnológicas para a realização de edifícios comerciais de melhor desempenho ambiental e energético? Qual a imagem desta nova arquitetura? Ou seja, o que muda no projeto do

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edifício em prol de um melhor desempenho? Além disto, custa mais caro fazer melhor? Estas são perguntas sobre as quais propomos uma reflexão, por serem de total importância para quem investe no projeto, construção e operação de edifícios de escritórios, assim como para quem os ocupa. Desempenho térmico e energético O edifício de caixa de vidro é o edifício do ambiente controlado artificialmente 100% do tempo, com condicionamento do ar e iluminação artificial, e que corresponde a um conceito de conforto ambiental consolidado nos anos 70 por Fanger (1972), nas principais cidades do mundo industrializado, com graves implicações do ponto de vista do conforto e do bem-estar dos usuários e da demanda energética. Por conta desta abordagem, nos anos 2000, o parque de edifícios residenciais e comerciais do cenário global já era responsável por aproximadamente 60% de toda eletricidade produzida no mundo (IEA, 2009). Somado a isso, tem-se o problema da qualidade do ar interno dos edifícios condicionados artificialmente, evidenciado na síndrome do edifício doente, identificado inicialmente nos anos 80, com casos graves de problema de saúde no Brasil e no exterior (STOLWIJK, 1991). Hoje em dia, 50 anos depois da popularização do ambiente tipo caixa de vidro hermeticamente fechada, o mercado de edifícios de escritórios dispõe de vidros comercializados como eficientes no controle da radiação solar, englobando diferentes tipos de vidros coloridos, reflexivos, com tratamento de difusão da radiação (com aspecto leitoso ou texturizado), utilizados em uma camada, ou na forma de vidros

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duplos e, até mesmo, triplos e quádruplos. No entanto, fica a pergunta sobre a real influência destes vidros no desempenho final do edifício, tendo em vista as condições climáticas de uma cidade de clima quente como São Paulo, por exemplo. O alto grau de isolamento térmico, natural dos vidros duplos ou com mais camadas, assim como das fachadas duplas, não é a característica adequada para a envoltória de edifícios em climas quentes (mesmo em edifícios climatizados artificialmente 100% do tempo), onde a radiação solar é a variável climática de maior impacto no ambiente térmico interno, e não a temperatura do ar externo. Para São Paulo, a irradiação global máxima pode passar dos 1.000 W/m² no plano horizontal em dias de verão, considerada alta quando comparamos com as temperaturas máximas médias de 27,5 oC para o mês mais quente (INMET, 2019). O isolamento dado pelo vidro duplo pode ser quatro vezes maior do que o do vidro simples. No primeiro cenário, o calor gerado internamente, além de ser retirado pelo sistema de condicionamento de ar, também se perde pelo vidro nos horários em que a temperatura interna é menor do que a externa, o que, em São Paulo, por exemplo, acontece com frequência nos primeiros horários da manhã e no final do dia, incluindo o período de verão. Enquanto isto, grande parte da radiação solar passa para o meio interno pela transparência do vidro, mesmo no caso daqueles com cor e com tratamento reflexivo no exterior. Este último tipo são os piores, pois permitem a passagem da parcela da radiação associada ao calor propriamente dito (as ondas longas), ao mesmo tempo em que barram a parcela responsável pela luz natural e, consequentemente, escurecem o ambiente, dando uma falsa impressão de que o calor ficou do lado de fora.

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Sobre os componentes de fachada de vidro com aspecto leitoso, como o referente ao vidro chamado de U-glass (um tipo de tijolo de vidro de camada dupla no seu perímetro e uma cavidade de ar interna, que chegou recentemente à produção da arquitetura comercial brasileira), a hipótese seria de que estes têm um efeito positivo no controle do ofuscamento provocado pela incidência da radiação solar direta, resultando em uma luz natural homogênea ao longo do ambiente interno, porém com as mesmas implicações de superaquecimento do ambiente interno referentes aos demais tipos de vidro, que não o simples, e ainda comprometendo a comunicação visual entre interior e exterior. Ao contrário disto, o uso do sombreamento externo continua tendo um papel muito mais importante para o melhor desempenho ambiental e energético do edifício do que o isolamento da envoltória, em alguns casos tornando até viável a ventilação natural nos horários do dia de temperaturas mais amenas, uma vez que os ganhos de calor solar estão controlados, contribuindo para temperaturas internas também mais amenas. O acúmulo de calor gerado no interior de um edifício do tipo caixa de vidro leva a quantidades elevadíssimas de carga térmica, que precisam ser retiradas pelo sistema de condicionamento de ar para que o mesmo possa ser ocupado. Cálculos simplificados de ganhos de calor solar, desenvolvidos por alunos do 4º ano do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP para edifícios típicos de fachada de vidro, mostraram que se tais cargas térmicas não fossem retiradas, teríamos ambientes com temperaturas do ar acima dos 40 oC, enquanto a temperatura externa está por volta dos 24 oC.

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Levantamentos in loco de uma amostra de edifícios coorporativos nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, apontaram valores de consumo de até 268 kWh/m²/ano, onde a refrigeração do ar é tipicamente responsável por 50% do total (CBCS, 2015). Enquanto isso, estudos analíticos desenvolvidos por Galves (2019) demonstraram a possibilidade de redução da carga de resfriamento de um modelo hipotético de edifício de caixa de vidro na cidade de São Paulo, de aproximadamente 130 kWh/m2 para 72 kWh/m2, em função do sombreamento adequado, associado a outras estratégias para o desempenho térmico e energético do edifício, como a exposição da estrutura interna de lajes para que essas atuem como sumidouro do calor gerado internamente pela ocupação. Vale alertar que os mesmos estudos analíticos de desempenho energético apontam para um aumento de aproximadamente 20% da demanda energética de resfriamento de um edifício típico de escritórios de envoltória inteiramente envidraçada e sem proteção solar, para o ano de 2050, em um futuro de mudanças climáticas. Além do problema da demanda energética de resfriamento do ambiente interno, existe ainda o risco de desconforto para aqueles que estão perto das fachadas envidraçadas, por conta do calor emitido pelo vidro, e este não pode ser ignorado. Sabe-se que estes usuários ficam expostos ao contraste criado entre a temperatura média do ambiente (normalmente entre 22 e 24 oC) e o ar frio insuflado pelo sistema de condicionamento de ar, junto ao plano interno das fachadas (que pode chegar aos 14 oC), necessário para cortar as ondas de calor emitidas pelo vidro aquecido externamente pelo sol. Se estas fachadas não fossem resfriadas internamente, o contraste térmico seria causado por

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elevadas temperaturas superficiais internas do vidro, que podem passar dos 40 oC, tendo em vista a falta de sombreamento externo das fachadas. Somada à questão térmica, a tentativa de barrar a radiação aplicando um fator solar ao vidro (cor), ou tratamento para a reflexão, acaba criando ambientes escuros em que a luz artificial passa a ser uma necessidade constante, diferente do que acontece no caso dos vidros leitosos. Isto porque a falta de proteção solar externa faz com que a radiação solar direta atinja o ambiente interno de trabalho (mesmo com os vidros coloridos), levando à colocação de algum tipo de proteção interna (como persianas dos mais variados tipos), que tem a tendência de escurecer o interior e, em muitos casos, também de isolar a comunicação visual entre meio interno e externo. Com isso, a promessa da comunicação visual trazida pela tecnologia do vidro cai por terra. Persianas do tipo rolô, com um certo grau de transparência para filtrar a radiação solar sem barrá-la completamente, são uma opção existente no mercado brasileiro, com o potencial de controlar o risco de ofuscamento no plano de trabalho decorrente da radiação direta, sem causar o escurecimento do ambiente. No entanto, do ponto de vista da térmica, o calor continua passando para o interior.

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Luz natural e artificial Voltando às fachadas de vidro mais comuns, por conta da necessidade de se bloquear internamente o impacto da radiação solar, ainda na grande maioria dos casos, os sistemas de iluminação artificial são normalmente projetados e dimensionados sem qualquer consideração para com uma possível contribuição da luz natural. Nos casos em que o sistema de luminárias é dividido em circuitos, a fim de economizar energia elétrica com a iluminação artificial em áreas não ocupadas e, ou bem iluminadas pela luz natural, é comum que usuários acionem o sistema inteiro, ignorando a estratégia de setorização. Falta aí uma consciência de quem ocupa o espaço, sobre as possibilidades de economia de energia. Uma série de estudos com usuários de edifícios de escritórios no Brasil e no exterior demonstrou que a exposição excessiva à iluminação artificial tem consequências para a saúde dos ocupantes. Uma pesquisa realizada por Martau (2009) mostrou que pessoas que trabalham somente com a presença da luz artificial apresentaram sintomas de possibilidade de transtorno psiquiátrico, depressão, ansiedade e pior qualidade de sono. Kerkhof (1999) também mostrou que o nível de estresse nestas pessoas é maior do que nas que trabalham com luz artificial associada à luz natural. Por outro lado, estudos de caso demonstram que um projeto de qualidade de iluminação pode aumentar a produtividade individual entre 0,7 e 23%, reduzir dores de cabeça e os sintomas da síndrome do edifício doente em 10 a 25%, e reduzir o consumo anual de energia do edifício de 27 a 88% (HESCHONG et al., 2002, apud LOFTNESS et al.,

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2007). Paralelamente, a luz natural e vistas do exterior resultam em ambientes de trabalho mais saudáveis, confortáveis e produtivos. Somado a isto, sabe-se que o controle individual da iluminação pode melhorar a satisfação quanto ao conforto visual dos ocupantes, além da economia de energia em ambientes de trabalho. A proximidade da estação de trabalho com a janela também contribui para a satisfação com a iluminação em espaços de trabalho, especialmente devido à possibilidade de visão do exterior (NEWSHAM et al., 2009). Sistema de condicionamento de ar e o controle das condições térmicas Outro aspecto problemático da qualidade ambiental do edifício hermético tipo caixa de vidro é a dependência dos sistemas mecânicos de resfriamento e ventilação durante 100% do tempo, que torna os ambientes dos usuários mais suscetíveis e vulneráveis a contaminantes internos, com consequências diretas para a saúde. Indubitavelmente, a preocupação com a qualidade do ar ganha uma proporção sem precedentes no cenário da pandemia do Novo Corona vírus. Com relação ao tema da qualidade do ar, colocar atenção à questão da manutenção dos sistemas de ventilação mecânica é certamente algo a ser cobrado, mas não dispensa, antes de tudo, o questionamento sobre a real dependência destes sistemas, durante 100% do tempo de ocupação. Vale lembrar que em edifícios comerciais, o custo direto e indireto com os usuários é muito maior do que o custo acumulado de projeto, construção, operação e manutenção de um edifício (KATS et al., 2003; WARGOCKI e SEPPÄNEN,

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2006). Resultados de pesquisas no exterior mostram um aumento de 0,1 a 2% na produtividade de seus usuários em decorrência de melhorias na qualidade do ambiente de trabalho (CLEMENTS-CROOME, 2000). Além disto, vale lembrar que o sistema de condicionamento de ar reutiliza o ar interno, adotando apenas uma fração de renovação do mesmo via a captação de ar externo, ou seja, em ambientes comuns de escritório nunca existe 100% do chamado “ar fresco”. As recomendações de renovação do ar externo da norma brasileira NBR 16401 (ABNT, 2008), que dá parâmetros para o projeto de sistemas de refrigeração de ambientes internos, seguem aquelas da ANVISA (2003) que indica a necessidade da tomada mínima de 27 m3 de ar externo por pessoa por hora. Aplicando este critério para um andar típico de escritórios com uma ocupação de 8 a 10 metros quadrados por pessoa, chega-se a aproximadamente 10% de ar proveniente do exterior, enquanto os demais 90% são “recirculantes”. É importante considerar que quanto maior a parcela de renovação do ar, ou seja, da introdução de ar externo no sistema de refrigeração, mais energia é consumida no processo de resfriamento deste, principalmente nos dias quentes de verão. Aqui, vale mencionar que os sistemas de refrigeração tendem a insuflar o ar a temperaturas por volta dos 15OC, almejando alcançar temperaturas médias internas por volta dos 22 OC. Por isso, quanto maior a temperatura e o volume de ar externo, mais energia é demandada no processo de resfriamento do ar. Paralelamente, vale lembrar que os filtros dos sistemas de ar condicionado não têm efeito de retenção de vírus ou gases, atuando apenas no controle de particulados.

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Desta forma, o projeto e a operação dos sistemas prediais de climatização são deparados com o dilema entre uma melhor qualidade do ar, de grande importância em um cenário de viroses e outros contaminantes e associada a uma maior entrada de ar externo, versus uma maior eficiência energética do sistema que, por sua vez, leva a adoção de taxas mínimas de renovação. Somadas às questões energéticas, a polêmica da qualidade do ar dos sistemas de climatização levanta, mais uma vez, o questionamento a respeito do uso indiscriminado de tais sistemas. No que tange ao controle das condições ambientais internas, o projeto destes edifícios conta com alternativas de sistemas de condicionamento de ar e iluminação artificial mais eficientes energeticamente e aliados à automação predial. Porém, o fato é que com todas as opções tecnológicas disponíveis atualmente, continua-se reproduzindo o ambiente hermético, com uma envoltória que, ao invés de proteger o ambiente interno da radiação solar, funciona como uma grande coletora e retentora de calor. Na prática, a experiência com o desenvolvimento de projetos para este tipo de edifícios revela que a concepção e o dimensionamento dos sistemas de condicionamento de ar usam como referências valores máximos de temperatura anual externa, ao invés de considerar um perfil mais provável de cargas térmicas ao longo de um mês, por exemplo, consequentemente, super dimensionando os sistemas. Quando olhamos de fora dos edifícios com fachadas de vidros reflexivos, especificamente, nos deparamos com o chamado impacto de vizinhança, decorrente da reflexão da radiação solar

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direta, causando ofuscamento no entorno, para quem está no espaço aberto entre edifícios e no interior de edifícios vizinhos. Por todos os problemas associados a este tipo de impacto de vizinhança, os vidros espelhados foram proibidos já nos anos 90, na maioria das cidades dos países industrializados, como Londres, Berlim, Frankfurt e muitas outras. O impacto das plantas fundas Voltando o olhar para o interior, a fachada de vidro não é o único componente do edifício responsável por este desempenho ambiental tão ruim. Não podem ser ignorados os efeitos dos forros falsos que bloqueiam a capacidade da típica estrutura de concreto entre pisos, de servir de sumidouro de calor interno e, consequentemente, de reduzir a carga térmica interna, além de ser um foco de acúmulo de poeira. Não se pode deixar de mencionar também a forma arquitetônica das plantas fundas, resultando em uma significativa parcela da área útil longe da influência das fachadas e, por isso, de uma potencial luz natural, sem mencionar a distância para o alcance da ventilação natural. Neste sentido, estudos analíticos realizados por MarcondesCavaleri, Cunha e Gonçalves (2018) sobre a eficiência da penetração da luz natural em edifícios de escritórios de fachadas de vidro na cidade de São Paulo, porém com proteção solar externa apropriada ao redor da envoltória, identificaram um bom alcance da luz durante a maioria das horas do dia (com iluminâncias entre 100 lux e 300 lux), até 9 metros de profundidade nas fachadas Norte e Sul e de 10 a 12 metros nas

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fachadas Leste e Oeste. Isto significa dizer que, para o contexto climático e as condições de céu de São Paulo, plantas mais fundas do que 18 metros na orientação Norte-Sul e de 20 a 24 metros na orientação Leste-Oeste acentuam a dependência da luz artificial para a sua ocupação, mesmo com as fachadas protegidas do ofuscamento como devem ser. Por outro lado, a introdução da ventilação natural restringe ainda mais as profundidades das plantas. Para a ventilação unilateral (feita por aberturas em uma única fachada), é recomendada a profundidade de 2 ½ vezes a altura última do pavimento (CIBSE, 2005). Isto leva à distância máxima de aproximadamente 7 metros do ponto mais fundo do ambiente até a fachada, para o pé-direito típico de 2,7 metros. No caso da ventilação cruzada, a recomendação para a distância de fachada a fachada é de no máximo 15 metros (quase 5 vezes a altura do pé-direito). É importante destacar que a forma e a profundidade das plantas têm um papel central para a eficácia da estratégia de fachada e para o bom desempenho térmico e luminoso do edifício. Porém, ouve-se de agentes envolvidos no projeto e na avaliação energética de edifícios comerciais da caixa de vidro, no Brasil, que melhorias no projeto de fachadas visando ganhos reduzidos de calor solar, com a inserção de estruturas externas de sombreamento, são pouco significativas, chegando ao máximo de 10% de redução na demanda de resfriamento. Isto é verdade no caso dos edifícios das chamadas “plantas fundas”, em que a influência da fachada é limitada a uma pequena porção da área útil. Como mencionado anteriormente, dos edifícios construídos na última década em São Paulo, por exemplo, os maiores destes têm pavimento de até 30 por 70 metros, ultrapassando

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significativamente o potencial adequado para a qualidade ambiental e o desempenho energético dos mesmos. Sendo assim, é preciso repensar a fórmula econômica da produção do edifício que leva a máxima área útil para a menor área de fachada, exclusivamente para economizar os custos com a mesma, ignorando as consequências no desempenho ambiental e energético do produto final. Mas de qual acrescimento se trata um edifício com mais área de fachada? Tomando como exemplo um edifício de forma quadrada e com uma área de laje de 1.000 m2 (com o lado do quadrado de aproximadamente 32 metros), a mesma área útil em uma forma retangular com uma planta mais estreita (com lados de aproximadamente 18 por 55 metros e, com isso, mais aproveitamento da luz natural e eventual ventilação natural), teria a área de fachada acrescida em cerca de 16,5%, em função do aumento do perímetro do pavimento tipo. O impacto financeiro deste acrescimento tem que ser considerado mediante os benefícios na produtividade e na satisfação dos usuários, como já mencionado, e também a economia associada à redução da demanda energética, que vai variar de acordo com a cidade.

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Conforto acústico Outro ponto que merece atenção é a acústica. Como fica o conforto acústico nesses ambientes em função dos seus materiais, da configuração e dos usos dos espaços internos? E o ruído urbano? Como abrir janelas e não se incomodar com o ruído externo? Se os níveis de ruído forem elevados, o desempenho e a produtividade dos funcionários serão prejudicados. A exposição a níveis excessivos de ruído impacta negativamente na saúde, bem-estar, satisfação, motivação e concentração dos trabalhadores, podendo inclusive causar afastamentos e gastos extras por motivos médicos (BASNER et al., 2014). A compatibilidade entre o conforto ambiental térmico e o acústico é um desafio, especialmente ao se considerar divisórias em edifícios. As aberturas como sistema passivo para o conforto térmico nos edifícios são as que mais influenciam o isolamento acústico das divisórias. Desta maneira, abrir as janelas para propiciar ventilação natural pode afetar diretamente o ambiente acústico dos espaços de trabalho. E mesmo fechadas, as janelas são o ponto fraco do isolamento sonoro global da fachada, principalmente devido à qualidade acústica dos caixilhos e à presença de frestas. Os vidros são materiais com baixo coeficiente de absorção sonora e, portanto, são bons refletores sonoros. Para se obter o isolamento sonoro desejado de uma fachada em relação ao ruído externo local, devem ser empregados vidros e esquadrias adequados para cada caso. Vidros laminados e com isolamento térmico apresentam melhores índices de redução sonora do que os vidros simples e, quando dispostos de maneira

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múltipla, separados por câmaras de ar ou películas especiais, são ainda mais isolantes acusticamente. No entanto, do ponto de vista da térmica, como já dito, cuidado deve ser prestado com relação ao sombreamento destes vidros, lembrando ainda que os vidros duplos não são vantajosos para o desempenho térmico e energético em climas quentes. Por isso, a escolha por esta solução de fachada por conta do ruído urbano deve ser reservada a casos extremos. Uma estratégia interessante para resolver o conflito entre as vantagens da ventilação natural e as necessidades do isolamento acústico, sem causar desconforto aos ocupantes nem diminuir sua produtividade, poderia ser o uso de ventilação noturna, pois à noite os escritórios estão desocupados. Porém, apesar de reduzir as cargas térmicas a serem retiradas pelo condicionamento de ar na manhã seguinte, isso não resolveria o conforto térmico durante o período de ocupação, sem abrir a janela ou acionar o sistema de ar condicionado nos dias mais quentes. O ideal seria “cuidar” do ruído externo através de uma política pública de gerenciamento e controle de ruído eficiente. Deveria existir o planejamento sonoro urbano na cidade. Atualmente, a principal ferramenta para este tipo de planejamento são os mapas de ruído, que fornecem informações visuais sobre o comportamento acústico de uma área geográfica em um determinado momento, diagnosticando sua distribuição e quantificação de ruído. Uma lei municipal publicada em 2016 estabelece um prazo de sete anos para o desenvolvimento do mapa de ruído da cidade de São Paulo (SÃO PAULO MUNICÍPIO, 2016). Quando o mapa estiver pronto, o mesmo poderá ser utilizado para apoiar decisões de planejamento e

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ordenamento urbano com relação à gestão de ruído na cidade, assim como já acontece na Europa (GEVÚ et al., 2018). Uma vez que o ruído externo esteja dentro de limites aceitáveis, abrir a janela pode deixar de ser um problema para o conforto acústico. É importante destacar que, em muitos casos, a acústica pode ser resolvida na fase de projeto. A geometria das fachadas e seus elementos podem contribuir para reduzir a incidência sonora nas mesmas. Proteções solares externas podem ser úteis e existem inclusive brises acústicos (proteções com material de absorção sonora em seu interior). Diferentes configurações internas e usos de escritórios também podem influenciar na acústica dos mesmos. Escritórios coletivos (do tipo aberto) tendem a apresentar maiores níveis de ruído e menor privacidade que os do tipo fechado (BROCOLINI et al., 2016). Barreiras acústicas e um cuidado com as estações de trabalho podem ajudar nestes casos também. Em termos de normativas brasileiras, não há uma norma específica de acústica de escritórios, mas a norma ABNT NBR 10152 (ABNT, 2017) recomenda valores de níveis sonoros para diferentes ambientes internos a edificações, em função de sua finalidade de uso, para fins de avaliação sonora, estudos e projetos acústicos. No caso dos escritórios, a norma apresenta valores para diferentes ambientes: centrais de telefonia (call centers), escritórios privativos (gerência, diretoria, etc.), escritórios coletivos (open plan), recepções, salas de espera, salas de reunião e salas de videoconferência. Para exemplificar, os valores de referência recomendados de níveis de pressão sonora para fins de elaboração de estudos e projetos acústicos de

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escritórios privativos e escritórios coletivos são, respectivamente, 40 dB e 45 dB. Para fins de avaliação sonora, a norma recomenda valores iguais ou inferiores aos valores de referência apresentados anteriormente com uma tolerância de até 5 dB, ou seja, menores ou iguais a 45 dB e 50 dB, respectivamente. Entretanto, de acordo com a norma, as medições devem ser realizadas no ambiente em sua configuração de uso e na ausência de seus usuários, e, portanto, os valores não refletem situações reais de uso, quando ruídos gerados internamente estão presentes (como conversas, equipamentos, circulação de pessoas, etc.). Além do isolamento acústico do espaço, sua forma e dimensão, seus materiais de revestimento e os ruídos internos influenciam na qualidade acústica nos ambientes de trabalho. No caso dos edifícios do tipo caixa de vidro, a reflexão sonora causada pelos vidros aumenta a reverberação do som no local, o que também prejudica a compreensão da fala. Para reduzir as reflexões sonoras, é necessário condicionar acusticamente o ambiente, por meio da aplicação de materiais com elevados coeficientes de absorção sonora, desenvolvidos para absorver a energia sonora e consequentemente reduzir a reverberação sonora e o nível de ruído interno. Daí vem a cultura do “forro falso”. Na maioria dos casos, os forros são considerados a solução perfeita para o conforto acústico e são usados indiscriminadamente em todos os ambientes. Pontos negativos dos forros são que, além de esconderem a estrutura, que é massa térmica para absorver o calor gerado internamente, como já comentado, estes forros ainda acumulam sujeira. Os forros podem sim ser utilizados para controlar a reverberação interna, mas o tratamento acústico

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não se resume apenas a esta solução, que não precisa também bloquear toda a estrutura da laje de um pavimento para ter eficiência no tratamento acústico. Outro erro comum de projeto é utilizar o forro para separar dois ambientes que se comunicam acima do mesmo. Nestes casos, conceitos básicos de absorção e isolamento sonoro se confundem, muitas vezes até por ignorância. Hoje em dia, há no mercado uma grande variedade de materiais acústicos, que podem ser instalados em diferentes lugares, e não somente no teto, como em estações de trabalho (há divisórias acústicas que podem ser instaladas em frente às estações de trabalho, na altura da boca), em outras superfícies internas (como paredes e pisos) ou até suspensos (os chamados “baffles” acústicos e as nuvens acústicas). Há também diferentes tipos de mobiliário acústico, como biombos, sofás, estantes, luminárias e até quadros decorativos acústicos. Tais soluções, além de eficientes, podem levar a um tratamento mais contemporâneo da imagem esperada de um ambiente de trabalho atual. Por outro lado, muita absorção sonora pode fazer com que tudo que acontece internamente seja percebido, aumentando a distração, gerando desconforto e diminuindo a privacidade. Neste caso, uma simples queda de uma caneta pode tirar sua concentração em um ambiente muito silencioso. Portanto, um projeto acústico adequado e integrado às demais áreas de conforto é o mais indicado para se chegar ao equilíbrio e à melhor solução.

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Certificações verdes E qual o papel das certificações nesta discussão, de forma geral? Presentes no setor brasileiro de edificações há mais de duas décadas, pode-se dizer que os sistemas de avaliação do desempenho ambiental e energético das edificações, as conhecidas “certificações verdes”, como o sistema LEED, Leadership in Energy and Environmental Design (criado pela associação norte-americana US Green Building Council USGBC), despertaram o interesse de agentes do mercado por aspectos do desempenho ambiental em geral, principalmente do energético, em particular no caso dos edifícios de escritórios. Porém, pesquisadores do tema colocam que o foco e a abordagem metodológica destes sistemas, em particular do LEED, vem mascarando em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, uma demanda energética e uma qualidade ambiental aquém da que poderíamos e deveríamos alcançar. Mas por que isto? Um olhar sobre os critérios do Sistema LEED, como feito por Buoro, Hernandes e Gonçalves (2015), mostra que o foco dessa certificação é muito mais no desempenho dos sistemas prediais do que em características do projeto de arquitetura, como forma, orientação solar, layout dos espaços internos, tratamento externo de fachadas e mesmo o desenho de caixilhos operáveis para a ventilação natural seletiva. A verdade é que o cerne do problema referente à demanda energética destes edifícios não foi alterado, na medida em que continuamos com o mesmo padrão de edifício, com a mesma “receita” arquitetônica e econômica do setor de edificações, por assim dizer. Ou seja,

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continuamos com o edifício da fachada de vidro desprotegida do sol, das esquadrias que não abrem para a ventilação natural, do forro falso, da planta funda, da máxima área útil de piso para a mínima área de fachada e outros aspectos. Olhando para a realidade e aplicando os conceitos da física aplicada ao desempenho térmico e luminoso das edificações, como pode um edifício de planta funda e envoltória envidraçada (seja esse qual for o tipo de vidro), sem nenhum tipo de proteção solar externa, localizado em uma cidade de clima quente – consequentemente um acumulador de calor solar e desprovido de luz natural, pois o ofuscamento causado pelas fachadas de vidro é tamanho que cortinas internas têm que operar abaixadas por grande parte do tempo – ser certificado como um bom ou excelente edifício ambiental? Pois esta é a tipologia bem qualificada pela certificação ao redor do mundo. Não estranhamente, encontram-se exemplos de edifícios qualificados pela certificação LEED, em diferentes partes do mundo, consumindo mais energia nas suas rotinas de uso e operação do que vizinhos não certificados. Applebaum (2011) publicou que um edifício certificado pelo sistema LEED na Carolina do Norte consumia mais do que o dobro dos seus vizinhos, construídos anteriormente e sem certificação. Com respeito aos fatores do projeto arquitetônico e da qualidade ambiental que guardam grande potencial para a real redução da demanda energética dos edifícios de escritórios, na última versão do sistema LEED (ainda o mais usado no Brasil e mundialmente), por exemplo, o aproveitamento da iluminação natural está melhor contemplado, mas sente-se a falta de um posicionamento claro sobre as vantagens das possibilidades de inserção da ventilação natural.

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E o que propõe o Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE Edifica, sobre o desempenho ambiental e energético de edifícios comerciais para as cidades brasileiras? Analisando as suas premissas, verifica-se que, pelo método simulacional de avaliação do desempenho energético (feito na etapa de projeto), os pré-requisitos da envoltória (as fachadas), fatores como o percentual de área envidraçada e transmitância térmica, dentre outros, deixam de ser mandatórios, desde que o consumo de energia total seja menor que o do edifício de referência, que não inclui a contribuição de sombreamento externo. Esta alternativa facilita a reprodução de edifícios com baixo desempenho energético de sua envoltória, compensado por sistemas mais eficientes de iluminação e, ou ar-condicionado. Desta forma, muitas vezes, é possível verificar edifícios classificados em nível “A” com desempenho das fachadas aquém de seu potencial. Isto sem mencionar os problemas de conforto térmico e ofuscamento atrelados ao projeto das fachadas, como descrito anteriormente.

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O que faz a diferença: sombreamento, iluminação e ventilação natural Tecnicamente, as soluções que realmente vão fazer diferença no desempenho ambiental (térmico, luminoso e energético) do edifício são: pavimentos com dimensões que permitam o alcance da iluminação e eventual ventilação natural, combinados ao controle da área iluminante (áreas de transparência) e às estratégias de sombreamento, que incluem proteções solares externas, importantes não apenas para a redução dos ganhos de calor solar, mas também para o controle das quantidades de luz natural e eventuais riscos de ofuscamento. As proteções solares, em muitos projetos, são encaradas como elementos desprendidos da envoltória, e, portanto, erroneamente tratados como um item adicional, passando a errônea impressão de que colocar brises no projeto é custoso. Neste sentido, falta aos projetos uma abordagem mais sistêmica, na qual se confirme o retorno do investimento com a fachada como um todo em termos de economia de energia, bem como ganhos qualitativos em termos de conforto térmico e visual.

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Benefícios e custos Enfim, se vê pouco em relação ao aproveitamento da iluminação natural e nada é cogitado sobre a ventilação natural, nem mesmo a ventilação noturna (quando os edifícios estão vazios), com a finalidade de resfriar o ambiente interno, se beneficiando das baixas temperaturas do período noturno, antes da ocupação se iniciar no dia seguinte. Com todas as implicações para o conforto dos usuários e a demanda energética da climatização e da iluminação artificial, por que ainda perpetuamos, em cidades como São Paulo, este padrão de projeto, quando se trata de edifícios de escritórios? Pensando em alternativas para o fechamento de fachadas, os vidros ainda são uma das soluções mais baratas. Ao mesmo tempo em que projetistas e demais agentes do setor das edificações desconhecem os detalhes do desempenho ambiental e energético das fachadas de vidro, do ponto de vista da imagem que se espera destes edifícios, grande parte do mercado tem uma visão de que as fachadas envidraçadas transmitem um aspecto de avanço tecnológico e prestígio aos edifícios, ainda nos dias de hoje. Adicionalmente, muitas decisões projetuais no contexto de empreendimentos corporativos são embasadas na crença (muitas vezes equivocada) de que a fachada de “pele” de vidro é mais econômica quando comparada a alternativas que utilizam dispositivos externos de controle solar. No entanto, segundo a experiência de arquitetos brasileiros envolvidos na elaboração de projetos diferenciados e melhor inseridos climaticamente, já existem projetos no mercado

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brasileiro para os quais foram estudadas alternativas diferentes para a envoltória, buscando soluções de projeto mais adequadas ao clima, sem acarretar custos adicionais ao orçamento da obra. Nestes casos, verificou-se que, quando é possível orientar os edifícios com suas principais fachadas voltadas para o norte e o sul, beirais na forma de extensões da própria estrutura do edifício são suficientes para bloquear uma boa parcela da radiação solar direta e reduzir significativamente as temperaturas internas dos escritórios. A mesma experiência relata que alternativas de redução do custo da envoltória, compensando um eventual custo adicional do beiral, são: a utilização do vidro incolor, que é até 50% mais barato do que aqueles com tratamentos de cor ou isolamento térmico, e também a utilização de componentes opacos nos peitoris, a fim de reduzir a área de vidro na fachada desnecessária para a captação de luz natural e entrada de ganhos de calor solar. Aplicando estas alternativas, o resultado é um edifício com menor carga térmica e maior potencial para utilização de luz natural, em decorrência da alta transmitância luminosa do vidro transparente, com custo de envoltória semelhante ao de um edifício com a conhecida fachada do tipo “cortina” de vidro. Vale lembrar que, mesmo quando o edifício é voltado para orientações mais difíceis de se alcançar um sombreamento eficiente sem bloquear totalmente a visão para o exterior, por conta da altura solar como a leste e a oeste, é possível trabalhar com áreas envidraçadas menores do que a fachada inteiramente de vidro mediante a inserção de componentes opacos e limitando assim a necessidade de proteções verticais externas e assim diminuindo o custo da envoltória por metro quadrado.

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E como ficam os custos do projeto deste padrão de edifício? De uma forma geral, estamos falando de projetos simplificados e replicados, ou seja, baratos. O interesse por edifícios melhores está diretamente associado a projetos mais elaborados, com mais conhecimento técnico e avaliações de desempenho ambiental desde a etapa de concepção, mas isso seria tão mais caro do que a prática comum? No exterior, uma pesquisa de Greg Kats (2010) revelou que uma amostra de 170 edifícios aclamados como “verdes”, nos Estados Unidos, teve um custo médio de apenas 1,5% a mais para a sua construção do que seus similares que não foram pensados para um desempenho ambiental diferenciado. Outro fator de transformação do mercado já a curto e médio prazo é o número crescente de estudantes e profissionais de projeto (arquitetura e engenharia) que buscam o conhecimento especializado das ciências que abrangem um projeto mais voltado para o clima e a adaptação do usuário. Desta forma, é uma tendência que escritórios de arquitetura e engenharia envolvidos com a produção de edifícios em geral (não apenas comerciais) se beneficiem deste conhecimento, qualificando o projeto desde a sua concepção, sem necessariamente introduzir custos adicionais. No entanto, na grande maioria dos casos, é necessária a realização de estudos analíticos avançados de simulação computacional específicos que, inevitavelmente, incorrem em custo extra, associados ao desenvolvimento da arquitetura e das engenharias, em particular de sistemas prediais de climatização, assim como de iluminação artificial. Obviamente, estes custos vão variar de acordo com a complexidade destas tarefas técnicas. Para o mercado brasileiro, profissionais da área estimam um custo extra entre 5 e 20% do valor do projeto de arquitetura.

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Em suma, retomando a crítica à abordagem conservadora, estamos perpetuando uma imagem e um padrão do passado, uma referência de uma cultura que não olha para o custo da energia, nem para o impacto ambiental associado ao consumo energético, nem tampouco para a qualidade do ambiente de trabalho e, consequentemente, para a saúde, satisfação e produtividade dos seus ocupantes. Entretanto, garantir que tanto os edifícios quanto os ambientes e espaços internos sejam saudáveis e confortáveis para seus ocupantes é uma preocupação que todos os agentes de projeto deveriam buscar e os usuários deveriam estar melhor informados e atentos. Para tanto, precisamos projetar o edifício do futuro, e não do passado, o que inclui a inserção de estudos técnicos especializados de desempenho ambiental e energético do projeto.

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Referências e perspectivas futuras A discussão sobre demanda energética e qualidade ambiental nas edificações fica ainda mais relevante quando consideramos que a maioria dos edifícios construídos vão durar no mínimo 50 anos, se não mais. De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2011, em 2010 o setor dos edifícios comerciais já era responsável por 15% de toda a energia elétrica consumida no país (EPE, 2011). Olhando para o consumo por uso desagregado, 33% desta energia era direcionada à iluminação artificial e 42% ao condicionamento de ar. Em 2018, a parcela do comercial subiu para 18,65%, enquanto o setor residencial (com um estoque de edifícios significativamente maior) é responsável por quase 29% e o industrial por 35,78% (EPE, 2019)³. Apesar de ainda atualmente dominado pelos setores industrial e residencial, o próprio Plano Nacional de Energia (PNE) para 2030 prevê uma alteração do consumo energético por setor, com o aumento da participação do setor comercial/público nos próximos anos, como foi visto no último Balanço Energético Nacional (EPE, 2019). Com esta perspectiva, estabeleceu-se no PNE 2030 que o setor comercial poderá responder, até 2030, por cerca de 20% do potencial de conservação de eletricidade, ficando o setor residencial responsável 35% de redução (no melhor cenário) e o industrial por 45% (no melhor cenário) (EPE, 2006). No entanto, enquanto mais se cresce econômica e urbanisticamente, o consumo de energia no setor das edificações só aumenta, como já mencionado. Logo, um dos desafios que se mostra para o desenvolvimento do país nos próximos anos continua sendo a busca por estratégias para a maior eficiência energética das edificações. ³ No contexto global do consumo de energia elétrica, é importante considerar que o Brasil é atualmente o oitavo maior gerador e consumidor de energia elétrica do mundo com 475,237 GWh, ficando logo atrás e muito próximo da Alemanha, uma grande potencial industrial. Sendo assim, em números absolutos, os quase 20 % do setor comercial correspondem a 88,631 GWh.

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Como demonstrado por uma série de estudos (COTTA e VIEIRA, 2015; GALVES, 2019; GONÇALVES e MARCONDESCAVALERI, 2015), apenas abrindo as janelas vamos conseguir abaixar significativamente o consumo de energia nos edifícios comerciais, mas para isso, precisamos reinventar as fachadas a fim de minimizar os ganhos de calor solar enquanto melhoramse as condições de iluminação natural e, juntamente, repensar as dimensões dos pisos. Caso contrário, a ventilação natural (mesmo quando possível, de acordo com as condições do ar externo, incluindo temperatura, poluição do ar e ruído) não será suficiente para remover o calor interno resultante da penetração da radiação solar somada ao calor gerado pela ocupação, pura e simplesmente, incluindo pessoas, computadores, a própria iluminação artificial e outros equipamentos. O edifício de escritórios One Airport Square, em Accra, capital de Ghana, na África (próxima à linha do equador com latitude 5,35°N), foi construído para maximizar o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, numa cidade em que a temperatura do ar varia de 22 °C a 34,5 °C. Um terraço de dimensões variáveis, derivado da prolongação das lajes, circunda o perímetro do piso em todos os nove andares, funcionando como um elemento de sombreamento horizontal, que é complementado pela estrutura de vigas de concreto inclinadas (inspirada nas formas e pinturas da arquitetura vernacular de Ghana), que sustenta o edifício e se projeta na frente das fachadas. Somado a isso, um átrio central leva luz natural ao interior do edifício e viabiliza a ventilação natural, na medida em que combina ventilação cruzada por efeito do vento com o efeito chaminé (corrente de ar criada por diferença de pressão

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nas aberturas de entrada e saída em decorrência da diferença de altura entre as mesmas). Como resultado, foi estimado em projeto que os ambientes de escritórios podem usar a ventilação natural, mantendo o conforto térmico, por no mínimo 25% do tempo de ocupação (BODE, 2015). Assim como visto no caso do edifício em Accra, claramente, a arquitetura comercial brasileira precisa encontrar alternativas para o projeto de edifício de escritórios de caixa de vidro e dimensões fundas, considerando a possibilidade de reduções da área de vidro em determinadas orientações, além da inserção de proteções solares. Todas estas alternativas podem e devem ser informadas por estudos analíticos de desempenho ambiental (térmico, luminoso, energético e acústico), visando precisão e eficácia da solução. A exemplo disso, Cotta e Vieira (2015) verificou que, para o clima de São Paulo, além do sombreamento externo, a redução da área de vidro de praticamente 100 para 50% (ou pelo menos 75%) da área de fachada na orientação norte é uma estratégia muito eficiente para a redução dos ganhos de calor solar, cortando 70% dos ganhos de calor solar. Na fachada sul, a redução da área de vidro também é eficiente e dispensa a necessidade da proteção solar. Complementando, nas orientações oeste e leste, a grande área de vidro pode ser mantida sem prejuízos para o desempenho, desde que existam proteções solares externas, que têm o potencial de bloquear 65% dos ganhos solares. Para fazer a proteção solar do tipo horizontal (necessária na orientação norte), soluções mais simples como a prolongação de lajes, criando pequenas proteções horizontais, já

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surtem efeito na redução dos ganhos de calor solar. Olhando para dentro do edifício, pesquisadores e agentes da prática arquitetônica no contexto internacional vêm trabalhando há mais de uma década com as ideias de diversidade espacial e de qualidade ambiental (GONÇALVES, 2019). Fala-se aqui de uma ideia de conforto adaptativo (NICOL et al. 2012). De acordo com este conceito, conforto térmico ou ambiental, de forma geral, deixa de ser o alcance de uma condição fixa ao longo do tempo e do espaço (como por exemplo, 22 ou 24 oC em todo o ambiente ao longo de todo o ano) e passa a ser um estado variável de acordo com o clima externo e as preferências de cada um. É dado ao usuário, por meio das estratégias de adaptação ambiental, a opção de modificar as condições ambientais internas para maior ou menor privacidade, exposição ao sol, ao vento, à luz e/ou ao ruído, ou mesmo escolher seu local de trabalho em um determinado momento, para a realização de uma determinada tarefa. Para tal, flexibilidade da configuração espacial interna passa a ser uma estratégia importante de projeto, incluindo espaços de transição entre interior e exterior, como varandas, terraços e mesmo átrios, combinados a um uso flexível dos espaços internos. Sobre as perspectivas para o cenário nacional, no mercado de edifícios residenciais, a norma de desempenho ABNT NBR 15575 (ABNT, 2013) trouxe um certo progresso na busca da qualidade de projeto nos aspectos de conforto térmico, acústico e lumínico. Para atendimento da norma, embora não seja obrigatório, em muitos casos vê-se a incorporação de estudos técnicos de desempenho ambiental, que servem para orientar

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decisões de projeto, como orientação solar, escolha de materiais e componentes, tamanho de aberturas para a ventilação e outros aspectos. Isso já demonstra uma mudança na prática de projeto. No entanto, vale ressaltar que a norma ainda apresenta inconsistências em suas exigências (como por exemplo na forma da análise de térmica que não considera o desempenho ao longo do ano inteiro) e, portanto, a aplicação dos parâmetros da norma, exclusivamente, não necessariamente resultará em conforto térmico para o usuário, mas mesmo assim, apresenta melhoras em relação à pratica anterior. No contexto de edifícios de escritórios, a prática mais recente mostra avanços na direção das propostas e conceitos internacionais mencionados acima, especialmente para edifícios de médio porte com lajes de até 800 m². Algumas incorporadoras de São Paulo têm exercitado uma proposta diferenciada em que a integração entre espaço interno e externo tem tido um papel central no conceito do projeto. Neste contexto, alguns edifícios estão sendo construídos utilizando mais espaços de transição para os escritórios como varandas, incluindo as estratégias já citadas como terraços e átrios. Além disso, nota-se em muitos destes projetos a presença de beirais e outros tipos de proteções solares externas (como placas e chapas perfuradas) e também a adoção de áreas de vidro menores nas fachadas com mais elementos opacos. Outro aspecto interessante do projeto é a utilização de pé direito duplo e janelas operáveis, permitindo a ventilação natural quando possível e desejada, que se beneficia da inercia térmica presente nas lajes aparentes. Estas soluções, combinadas a

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introdução de espaços de transição, estão criando uma nova tendência no mercado da arquitetura comercial na cidade de São Paulo, que já se vê em outras cidades do Brasil. Contudo, enquanto esta tendência arquitetônica é disseminada, devem ser também levantados questionamentos sobre o real desempenho destes edifícios, ou seja, sobre a eficiência das diferenciações aplicadas ao modelo padrão de edificações. Em outras palavras, as varandas, as proteções solares, os átrios, as áreas de vidros reduzidas, o tamanho das aberturas para a ventilação, os pésdireitos maiores e outras soluções estão sendo calculadas e dimensionadas de acordo com estudos técnicos de desempenho ambiental (como nos exemplos internacionais colocados acima) ou são inseridos no projeto arbitrariamente? Certamente, precisamos saber mais sobre os números que confirmam o desempenho desta nova tendência arquitetônica. Vale lembrar que o Brasil é signatário do Acordo de Paris, o que significa dizer que deveríamos ter um código energético em prol de uma verdadeira eficiência e redução de demanda energética por parte do setor das edificações. Iniciativas internacionais mostram que o passo seguinte é o chamado Netzero Energy Building, NEB, aqueles edifícios que não demandam energia da rede de distribuição e que, para isso, além de ter uma demanda energética baixa, produzem energia elétrica in situ para cobrir qualquer carga residual, eventualmente até jogando energia excedente na rede de infraestrutura. Voltando a atenção mais uma vez para o panorama energético nacional, até 2014 o Brasil vinha apresentando uma queda na participação das energias renováveis na sua oferta interna de

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energia. Em 2009 esta participação era de 47% e estes valores foram decaindo lentamente até 2014 onde a participação foi de 39%, atingindo o seu valor mais baixo (EPE, 2019). Em 2014 houve uma retomada das renováveis na oferta devido a um incremento de políticas internas associadas, sobretudo, às novas centrais hidrelétricas e à energia eólica. Por conta deste aumento de investimento na geração de energia renovável no Brasil, aliado ao cada vez mais diversificado mercado de oferta de produtos como os filmes e os vidros fotovoltaicos, com aplicação direta no setor dos edifícios, o retorno financeiro (conhecido pay-back) para a implantação de um ZEB (zero energy building) no Brasil, suportado integralmente por energia elétrica fotovoltaica, que era de 50 anos há cerca de 15 anos, hoje é de 5 anos4. Temos aqui um grande incentivo para a criação de Netzero Energy Buildings no Brasil. A criação dos NEBs impacta na redefinição do processo de projeto que, inevitavelmente, vai começar pela otimização das chamadas estratégias passivas (soluções arquitetônicas em prol da redução da demanda energética para o alcance das condições de conforto térmico e luminoso nos edifícios), também das estratégias ativas (sistemas prediais) e, por último, da inserção de tecnologias para a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, nesta ordem. Isto porque a quantidade de energia renovável só será suficiente para cobrir a demanda energética de um edifício de escritórios se esta já tiver sido reduzida em relação aos patamares que temos hoje. Ou seja, tem-se que trabalhar intensamente na primeira etapa, de redução da demanda. ROMERO, Marcelo de Andrade. Considerações sobre o Panorama Energético Brasileiro. Artigo em elaboração. 4

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Por uma série de questões, de forma geral, o ensino de arquitetura no Brasil nas últimas 4 ou 5 décadas não tem colocado atenção no entendimento das questões de conforto e energia. Esta realidade tem que mudar. Arquitetos, engenheiros e demais agentes do projeto precisam trabalhar em conjunto pelas soluções projetuais e técnicas mais eficientes, fazendo uso das tecnologias prediais mais apropriadas. A arquitetura, em particular, tem o papel de apresentar, educar e qualificar o mercado sobre a importância de um edifício que tenha eficiência energética e, principalmente, qualidade ambiental. Mas para isto, o processo de projeto do edifício tem que mudar, reconhecendo o papel da investigação analítica da eficiência das estratégias de arquitetura e de engenharia conjuntas, desde as primeiras etapas do projeto e não apenas, como normalmente ocorre no mercado brasileiro, em que este tipo de análise vem como uma ação corretiva para aumentar a pontuação do projeto na avaliação de alguma “certificação verde” ou ambiental. A criação de novos padrões de espaços, qualidade e especificação de componentes construtivos, em particular das fachadas, não depende apenas do arquiteto, mas sim do envolvimento de todos os agentes envolvidos em regulamentação, projeto, construção e ocupação destes edifícios. Ao mesmo tempo que falta interesse por edifícios melhores por parte de quem paga pelo projeto e constrói o edifício, falta também exigência por melhor qualidade e melhor desempenho energético por parte do proprietário, do locatário e do usuário dos ambientes.

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A esperança é que com um maior entendimento sobre o real desempenho do modelo vencido da caixa de vidro e mais informação sobre as vantagens ambientais e econômicas de ambientes de melhor qualidade, assim como das possibilidades técnicas e metodológicas para a produção de edifícios melhores, o setor das edificações no Brasil desperte para a criação de verdadeiros novos paradigmas de desempenho ambiental.

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Texto organizado por Joana Carla Soares Gonçalves 1,2,3 e Eduardo Pimentel Pizarro 1 Co-autores: Alessandra Rodrigues Prata Shimomura¹, Amanda Ferreira¹, Ana Paula Mendes Silveira¹, Aparecida Boughosn¹, Beatriz Nascimento e Souza¹, Bruna Luz­­­­­­­ 4, Carolina Leme¹, Claudia Ferrara Carunchio¹, Cristiane Sato¹, Eduardo Gasparelo Lima¹, Erica Mitie Umakoshi 5, Guilherme Reis Muri Cunha¹, Joana Carla Soares Gonçalves 1,2,3, João Pinto de Oliveira Cotta¹, Julia Galves², Juliana Pellegrini¹, Karen Daiane dos Santos¹, Laís de Gusmão Coutinho¹, Larissa Azevedo Luiz¹, Marcelo Mello¹, Marcelo Roméro¹, Mariana Auad Proença ¹, Monica MarcondesCavaleri¹, Monica dos Santos Dolce Uzum 1,6, Nathalia Lorenzetti 7 , Paula Lelis¹, Ranny Loureiro Xavier Nascimento Michalski¹, Roberta Kronka Mulfarth¹, Sheila Sarra¹, Sylvia Tavares Segovia¹. 1 LABAUT – Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética, Departamento de Tecnologia da Arquitetura, FAUUSP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Rua do Lago, 876, Cidade Universitária, São Paulo - SP, 05508-080. 2

Department of Architecture, School of Architecture and Cities, University of Westminster. 35 Marylebone Road, Londres, NW1 5LS 3

Architectural Association School of Architecture. 36-38 Bedford Square, London, WC1B 3ES

FEC – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, Universidade de Campinas. Rua Saturnino de Brito, 224, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Campinas - SP, 13083-889. 4

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FAU UnB – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Caixa Postal 04431, Brasília - DF, 70842-970.

UNIP – Universidade Paulista. Rua Cancioneiro Popular, 210, Santo Amaro, São Paulo - SP, 04710-000. 7

Faculdade Estácio - Av. Francisco Pignatari, 630 - Vila Gustavo Correia, Carapicuíba - SP, 06310-390.


III MANIFESTO AMBIENTAL


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