Ethos & Episteme Vol.9

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entendimento prático de situações que se apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que aumenta a diversidade das situações”, dando ênfase à dinâmica de aprendizagem que é fundamental para o procedimento da competência. Observa-se que apesar das diferentes conceituações relacionadas à competência, em determinados pontos elas tendem a convergir e se completarem. Dessa forma, nos últimos anos, o tema competência ganhou espaço na pauta das discussões acadêmicas e empresariais, o qual analisa as diferentes instâncias da compreensão no nível da pessoa (a competência do indivíduo), das organizações (competências essenciais) e dos países (sistemas educacionais e formação de competências) (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 184). 1.1.1 O conceito de competência no nível individual No que concerne ao nível individual, percebe-se que a competência não se limita somente ao acúmulo de conhecimentos teóricos e empíricos do indivíduo, nem tampouco, apenas ao desempenho de uma tarefa.A competência individual requer uma série de recursos que precisam ser devidamente mobilizados, como sugere Ruas (2001, p. 249):“ para que haja competência, é necessário colocar em ação um repertório de recursos – conhecimentos, capacidades cognitivas, capacidades integrativas, capacidades relacionais etc.”. Esse repertório de recursos necessita ser colocado em ação, podendo ser melhor entendido a partir do pensamento de Le Boterf (2003) no qual a competência não é simplesmente um estado, nem tampouco se reduz a um único conhecimento ou Know how especifico. O autor situa a competência em três eixos formados pela pessoa (sua biografia, socialização), sua formação educacional e sua experiência profissional. Assim sendo, a competência individual pode ser definida como: [...] um conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas a montante pela aprendizagem e formação e a jusante pelo sistema de avaliações. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado (LE BOTERF apud FLEURY; FLEURY 2001, p. 187). Nesse sentido, a competência profissional não se limita a recursos (conhecimentos, capacidades, etc.) a mobilizar, mas na própria mobilização desses recursos. A competência profissional está intrinsecamente relacionada ao “saber mobilizar”, ou seja, para que haja competência é necessário colocar em ação esses recursos (conhecimentos, capacidades cognitivas, capacidades relacionais, etc.). Esse conjunto de recursos em ação é a condição do profissionalismo, que vai tornar possível atingir a competência profissional. “Os saberes-recursos não constituem a competência, mas aumentam ou diminuem as chances de ser competente” (LE BOTERF, 2003, p. 50). Além dos aspectos já citados, inerentes às competências, é importante ressaltar que elas devem ser sempre contextualizadas, uma vez que encontram seus limites, mas não sua negação, no nível dos saberes que são alcançadas através de suas experiências em sociedade e na vida profissional numa época determinada. Outro fator relevante, que merece destaque, é que os conhecimentos e o Know-how para serem considerados como competências, não podem ser estanques, eles precisam ser disseminados e compartilhados. A rede de conhecimento em que se insere o indivíduo é extremamente importante para que a comunicação seja eficiente e também gere a competência (FLEURY e FLEURY, 2001). Nonaka (2000, p. 32) reforça a importância da disseminação do conhecimento, passando do nível individual interagindo com outras pessoas para construção do conheci65


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