Matéria instituto espírita dias da cruz

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Segunda-feira, 1 de abril de 2013

JCEmpresas

Jornal do Comércio - Porto  Alegre

& Negócios

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Instituto Espírita Dias da Cruz conta com a ajuda de voluntários para manter auxílio a quem busca um local para o refúgio Eduardo Bertuol

As sombras das árvores do pátio do Instituto Espírita Dias da Cruz, em Porto Alegre, escondem a aflição de quem chega ao local ao entardecer e não consegue vaga. O albergue abre apenas às 18h30min, mas às 17h as pessoas começam a esperar no portão de entrada em busca de uma das 100 vagas disponíveis para quem quer passar a noite em um abrigo, longe das ruas. Nas estações mais frias, a procura é ainda maior. Quem chega ao lugar, recebe mais do que pouso: ganha roupas, medicação, alimento, banho e atendimento psicossocial. A desestruturação familiar é uma das principais queixas de quem chega ao albergue. São casos como da dona Ondina da Silva, natural de Venâncio Aires, que resolveu apostar a vida na Grande Porto Alegre depois de uma briga familiar. Constituiu um novo lar em Novo Hamburgo, mas trabalhando em Porto Alegre tinha grandes despesas para voltar todos os dias para casa. Começou a usar o albergue Dias da Cruz para descansar e visitava a família apenas nos finais de semana. Enquanto ficava na instituição, ela ajudava os voluntários a lavar a louça e fazer comida. Em um acaso, acabou desempregada. Sabendo do ocorrido, a instituição decidiu contratar dona Ondi-

na para trabalhar na casa. Hoje, a aposentada de 69 anos, 17 deles vividos no albergue, mostra amor ao local. “Devo muito ao instituto, sempre fui muito bem recebida aqui e é uma gratidão imensa trabalhar num lugar que faz o bem”, afirma Ondina. “Aqui é a minha casa, é a minha família”, declara. O Dias da Cruz mantém as portas abertas há 81 anos, mas, para poder dar toda essa assistência a quem precisa, a casa necessita do apoio de voluntários de todas as profissões. São médicos, dentistas, advogados, cabeleireiros e pessoas de outras áreas de atuação que dedicam suas horas livres a ajudar pessoas que perderam tudo e hoje vivem nas ruas da cidade. Além do auxílio voluntário, a casa conta também com uma psicóloga e uma assistente social contratadas. Com capacidade para 62 homens e 38 mulheres em quartos separados, o albergue registra todas as pessoas que utilizam o local. Para ter acesso, é obrigatório ter algum documento de identidade. Quem chega pela primeira vez precisa se cadastrar e preencher uma ficha com dados pessoais. Pessoas que usam drogas não podem entrar, e menores de idade só são aceitos acompanhados por um adulto responsável. O albergue é sustentado por doações de empresas e pessoas físicas, aluguel da cantina, vendas no brechó, no bazar e um valor repassado pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). O contabilista Éder Geraldo Cardoso, presidente do instituto há três anos e voluntário desde 1990, sai do escritório onde trabalha no bairro Lomba do Pinheiro e percorre de carro cerca de 20 km quase diariamente para chegar até a instituição.

MASSOUD HOSSAINI/AFP PHOTO/JC

Mais do que um abrigo

Quem chega ao lugar, recebe mais do que pouso: ganha roupas, medicação, alimento, banho e atendimento psicossocial.

“Vale a pena fazer esse trajeto todos os dias, pois é muito emocionante e motivador ouvir as histórias de superação das pessoas que frequentam o albergue”, diz. Com as contas em dia e uma área sem utilização, o Instituto Espírita Dias da Cruz trabalha em busca de doações para compras de novas máquinas de lavar roupas e para a ampliação do espaço do setor de

lavanderia. “O atual local é muito pequeno e dificulta o trabalho dos funcionários”, explica Cardoso. As obras já começaram, porém, se encontram paradas por falta de recurso. “A Nota Fiscal Gaúcha (NFG) cobriu 50% das obras, mas necessitamos de doações para completar”, esclarece. O orçamento para a compra das novas máquinas é de R$ 38 mil.

JONATHAN HECKLER/JC

Creche funciona durante o dia Se durante a noite o Instituto Espírita Dias da Cruz é procurado por maiores de idade angustiados por um abrigo, de dia se volta para o atendimento infantil voltado a crianças cheias de sorrisos, entre quatro meses e seis anos. Atendimento infantil é voltado a crianças entre quatro meses e seis anos

Há 32 anos, a creche e pré-escola Casa do Pequenino recebe uma média de 125 crianças de famílias de baixa renda por dia. “Na escola, não temos voluntários, pois os pequenos vêm quando querem ou podem. Tenho que oferecer para as mães que deixam as crianças aqui uma educadora qualificada”, explica Cardoso. Com 27 funcionários assala-

riados, o local é sustentado com doações de empresas e pessoas físicas, aluguel de uma cantina terceirizada no local, vendas no brechó e no bazar, além de um convênio com a Secretaria Municipal da Educação (Smed). “Com essa ajuda, nós conseguimos pagar as contas certinho, e por isso as doações são fundamentais”, esclarece. A creche fica aberta até as 18h.


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