Revista Post It

Page 1

Empresas Juniores chamadas de unicórnios alcançam a marca de R$1 milhão de faturamento anual

Empresa nasceu na universidade com solução para engenharia civil

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM DIEGO CALEGARI

PARA ENGENHEIROS

Professora dá dicas para quem quer começar um negócio

SOFT SKILLS

post it1Ano∙1Número∙2022Agosto DEFATURAMENTOMILHÕES

Conheça a trajetória do empreendedor que fundou o Politize

APRENDA A FAZER UM PLANO DE NEGÓCIOS

é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, criado e editado pela acadêmica Luiza Casali como exercício de projeto gráfico-editorial para a disciplina de Laboratório de Produção Gráfica do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2022-1. Não será distribuído, tampouco comercializado. Seu conteúdo e suas opiniões são de inteira responsabilidade da acadêmica, isentando assim a UFSC e o docente da disciplina de qualquer responsabilidade legal por essa publicação.

A Post It foi criada porque acredito que a univer sidade também é um espaço para inovar e empreen der. E para que mais estudantes possam se aventurar nesse mundo do empreendedorismo, é fundamental conhecer as oportunidades que o ambiente acadêmi co e o ecossistema onde ele está inserido proporcio nam. Meu ponto de partida é a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

.::EDITORIAL

EXPEDIENTE

Na seção “Insights” você vai encontrar entrevistas com pessoas que são referência em empreendedoris mo no Brasil. As perguntas vão explorar aspectos mais pessoais de quem empreende, os desafios e aprendi zados, o dia a dia, os sonhos e o propósito. Quem sabe uma ou duas frases vão parar em um post it?

Laboratório de Produção Gráfica Ildo Francisco Golfetto Post

Editora: Luiza Casali Projeto gráfico-editorial: Luiza Casali Textos: Luiza Casali Imagens: Bill Jelen, Unsplash; jannoon028, Freepik; Rogério da Silva, ND; @ rawpixel.com snowing, Freepik; yanalya, Freepik; Tiago Queiroz, A Gazeta; Freepik; Cocreation Lab; jcomp, Freepik; Na Prática; Politize; Celso Martins; i9 Consultoria; Luiza Casali; Max Schwoelk; Celta; Jason Goodman, Unsplash; Kelly Sikkema, EsseUnsplash.trabalho

EmpreendedorismoIt universitário em Santa Catarina Edição 1 - Agosto 2022

A primeira seção, “Da UFSC ao mercado”, traz cases de empresas que surgiram na universidade e estão fazendo sucesso. É para se inspirar. A Endeavor — rede global formada pelas empreendedoras e em preendedores à frente das empresas de alto cresci mento — fala muito do poder do exemplo. Costuma-se dizer que quando você vê um peixe sendo pescado no Vale do Silício, pode parecer uma tarefa complicada ou até impossível. Mas, se alguém consegue pescar um peixe do seu lado, talvez no mesmo rio, é mais fácil acreditar que você poderia fazer o mesmo.

Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Jornalismo

Post it é onde você anota as ideias mais malucas que tem, às vezes em momentos aleatórios, lendo um livro ou no meio de uma reunião, por exemplo, para não esquecer. Frequentemente é onde você rabisca as tarefas do dia, tudo que quer colocar em prática, ou até mesmo as etapas de um projeto para não se perder no caminho. A revista que está em suas mãos tem um propósito parecido.

2 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

da revista Post It Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 3

Editora

Em “Mindset”, você vai ler reportagens sobre ino vação e mentalidade de crescimento, especialmente histórias de empresários juniores. Isso porque o Mo vimento Empresa Júnior está entre as experiências que a universidade proporciona para que os estudan tes enfrentem desafios reais de administrar um negó cio. Você vai perceber que é possível alcançar pata mares incríveis ainda no início da carreira, a exemplo das empresas juniores unicórnios, que faturam mais de um milhão de reais por ano, fruto de muita estraté gia, ousadia e paixão pelo que fazem, Mas ler não é o suficiente, eu quero ver você entrar em ação. Por isso, a revista conta com uma parte sobre oportunidades para você tirar sua ideia do papel. Aproveite e participe! Para ajudar nesse processo, fechamos com a seção “Caixa de ferra mentas”, onde você confere conteúdos objetivos e aplicáveis em negócios que estão começando, ex plicados por especialistas. Nesta primeira edição, vamos falar de Plano de Negócios.

Post It vai ser uma amiga e uma mentora, que te incentiva e apresenta recursos que te ajudam a trilhar o caminho rumo aos teus objetivos. Como diz o empresário americano Walt Disney, "todos os nos sos sonhos podem vir a ser verdadeiros - se tivermos a coragem de segui-los“. Se você sonha em empre ender, está no lugar certo.

SOFT SKILLS PARA ENGENHEIROS DA UFSC AO MERCADO 6 A TRAJETÓRIA EMPREENDEDORA DE DIEGO CALEGARI 8 INSIGHTSFOTO:TIAGOQUEIROZYANALYA/FREEPIKFOTO: .::SUMÁRIO 4 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

18 PLANO DE NEGÓCIOS: APRENDA A FAZER CAIXA DE FERRAMENTAS OPORTUNIDADES PARA TIRAR IDEIAS DO PAPEL AÇÃO 16 ASUNICÓRNIOS:EMPRESAS JUNIORES QUE FATURAM MILHÕES 12 MINDSET LABDIVULGAÇÃO/COCREATIONFOTO: Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 5

Nascida em Cubatão, no litoral paulista, Bárbara Bonfim entrou no curso de engenharia civil da UFSC em 2016, depois de ter se formado técnica em edi ficações. “Sempre fui muito pé no chão, lembro que escrevi uma carta antes da faculdade falando que me via, em 5 anos, fazendo mais cursos técnicos e uma pós-graduação na área”. No segundo semestre, pas sou a integrar o Escritório Piloto de Engenharia Civil (EPEC), onde trabalhou com projetos e viveu o dia a dia de uma empresa, percebendo desde então os problemas da área. Sua trajetória no Movimento Em presa Júnior (MEJ) continuou dentro da Federação de Empresas Juniores do Estado de Santa Catarina (FEJESC), onde coordenou o suporte e a aceleração de empresas de todo o estado. O empreendedorismo já estava vivo dentro dela. Foi na Incubadora MIDITEC, da Associação Cata rinense de Tecnologia (ACATE), que Bárbara, mais co nhecida como Babi, deu o primeiro passo no mercado de trabalho. Estagiária e depois assistente, acompa nhou de perto o funcionamento das startups , até sen tir que buscava algo diferente para si.

undada há dois anos por uma estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Trilho se propõe a ajudar na formação de profissionais da área por meio de soft skills, habilidades como comunicação e gestão de tempo, além de qualificação para usar a tecnologia BIM. A empresa já realizou mais de 200 horas de cursos para cerca de 500 alunos.

.::DA UFSC AO MERCADO 6 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

SOFT SKILLS PARA ENGENHEIROS

F

Até chegar na ideia Babi percebeu que a experiência no MEJ a ajudou a crescer em inteligência emocional, liderança, ges tão de pessoas e relacionamento com o cliente e que, além da graduação, ela tendia a buscar cursos para se desenvolver. “A engenharia civil é um mercado atra sado, em que as mudanças acontecem devagar. Na universidade aprendemos muito a parte técnica, mas como os engenheiros entram no mercado em relação à gestão de tempo e outras soft skills ?”.

A grande virada

Ainda tinham muitas mudanças por vir. No início de 2021, com a ampliação das atividades do negócio, os sócios tiveram um momento de “ou vai ou fica”, como diz Babi. Os dois colegas que tinham abraça do a ideia no ano anterior saíram da empresa, e Babi pediu demissão da ACATE para focar na Trilho. “Era meu último ano na faculdade, então se eu quisesse me arriscar, teria que ser naquele ano”. Assim a em presa começou a fazer trabalhos em parceria com universidades e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de estados como Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. Também cria ram turmas de treinamento de BIM e de soft skills , como gestão de tempo, inteligência emocional e co municação, além de mentorias individuais de carrei ra, em formato online e presencial, o que permitiu ter retornos financeiros mais expressivos.

Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 7

A Trilho começou como um projeto e, em agosto de 2020, foi lançada como marca. “A gente duvidava se ia viver disso, porque nós três ainda estávamos na faculdade e trabalhávamos”. Um mentor os conectou com Paulo Maragno, do setor de vendas de uma cons trutora de São Paulo, a Ambar. Paulo estava saindo da empresa para empreender e se juntou à Trilho, inician do uma nova frente de BIM, também conhecido como Modelagem da Informação da Construção. O curso de iniciação ao BIM ensina como aplicar a tecnologia de gerenciamento de informações na construção civil.

Atendendo principalmente a construtoras, hoje a Trilho tem três sócios: Babi, Paulo e Jorge Neto. Para o futuro, eles querem descobrir a melhor forma de escalar o negócio, ter recorrência e padronizar as soluções que oferecem. “Houve uma grande evolu ção de maturidade desde 2020, tem sido engrande cedor”, compartilha Babi.

Era meu último ano na faculdade, então se eu quisesse me arriscar, teria que ser naquele ano

“Eu queria fazer mais, queria correr, e o mercado tinha um ritmo lento. Quando entrei na faculdade eu buscava estabilidade, mas os meses foram passan do e eu desapeguei, porque descobri que não existe estabilidade e que pra mim faz mais sentido traba lhar em um lugar em que o resultado é proporcional à minha dedicação”, conta. Foi aí que percebeu que empreender poderia fazer sentido. “Pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de entrar em contato com o empreendedorismo antes de ir para o mercado, então pensei: se não eu, quem?”

Problema identificado, ela chamou dois colegas de faculdade para iniciar um projeto. A fim de validar a dor, eles fizeram uma pesquisa de mercado que co letou respostas de mais de 500 estudantes em todo o Brasil. Os resultados mostraram que cerca de 50% dos graduandos já pensaram em sair do curso e que a maio ria buscava mais conhecimento fora da universidade do que dentro. Para eles, ficou claro que só a gradua ção não era o suficiente para formar engenheiros e que o público estava aberto a outros tipos de qualificação.

.::INSIGHTS 8 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

ecretário de Educação de Joinville (SC) e um dos fundadores do Politize, Diego Calegari é uma referência em empreen dedorismo social no Brasil. Sua trajetória de destaque no Movimento Empresa Jú nior iniciou na Universidade Federal de San ta Catarina (UFSC), dentro da Ação Júnior, e terminou sendo uma das lideranças do movi mento no país. Em entrevista, ele conta sobre a jornada empreendedora, expõe sua visão sobre os dois movimentos que liderou e ex plica o que o levou a trabalhar com educação.

SILVA/NDDAROGÉRIOFOTO: A

EMPREENDEDORAJORNADA DE DIEGO CALEGARI

S

Participação de Calegari no Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ), em 2009

NAPRATICA.ORGFOTO:

O segundo marco pra mim foi empreender en quanto empresário, ou seja, empreender no sentido literal e econômico da palavra, com ex-colegas da Ação Júnior. Na época, eu entrei numa empresa re cém fundada, a Voe Eventos. Eram quatro sócios e uma pessoa em caráter de estágio e eu fiquei pouco tempo, foram dois anos, mas muito intensos. Quan do eu saí, já deixei a empresa com quase 25 funcio nários, faturamento na casa de 8 milhões de reais, com projetos muito grandes, com empresas gran des. Então ali eu aprendi muito sobre a vida real, né? Empreender agora fora dos muros da universidade, fora de um ambiente mais controlado, lidando com variáveis que eu não lidava talvez até então enquan to profissional, tanto no MEJ quanto nas minhas primeiras experiências como professor e analista de negócios. Esse momento ali no final de 2011, eu quando eu entro nessa jornada, é de lidar com de safios como gerenciar custos, fluxo de caixa, firmar grandes contratos com grandes empresas, com os enormes desafios e responsabilidades que isso traz, reinventar modelo de negócio constantemente, ter que repensar a empresa e como ela atua.

Quais foram os marcos da tua trajetória empreendedora?

O primeiro deles certamente foi a minha participação no Movimento Empresa Júnior. Eu tive o privilégio de poder já no meu primeiro semestre de faculdade, no curso de Administração da UFSC, entrar para a Ação Júnior, que é a empresa júnior vinculada ao Centro So cioeconômico. Foi realmente um momento de trans formação pra mim, de muito aprendizado, de muito autoconhecimento. Eu me joguei de cabeça mesmo nesse desafio, assumi grandes responsabilidades muito cedo por conta de a empresa estar numa épo ca desestruturada, com conflitos internos, com uma rotatividade alta. Isso despertou em mim esse senso de responsabilidade, esse sentimento de que eu po deria contribuir a mais, então com menos de um ano de empresa eu já estava na presidência e lá fiquei dois anos atuando. E foi muito bom para desenvolver tanto habilidades técnicas quanto comportamentais, princi palmente de autodescobrimento, e me ajudou a dire cionar a minha trajetória. Depois fui da Federação e da Confederação Nacional de Empresas Juniores. Esse é um marco importante de preparação, de formação, de capacitação, de desenvolvimento pessoal e também de construção de senso de propósito.

Foi ali onde eu entendi um pouco melhor o que me movia, o que realmente fazia meu espírito vibrar de uma maneira mais forte e certamente me deu uma claridade de forma precoce do porque eu era eu e por que eu existo, o que eu tinha que fazer na minha vida. Foi muito bom também para construir relações importantes, tanto de amizades quanto profissionais.

Foi ali [MEJ] onde eu entendi melhor o que me movia, o que realmente fazia meu espírito vibrar

Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 9

Equipe fundadora do Politize!

10 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

a vida real é muito trabalho, sofrimento,muitomuitoesforçoprafazeralgumascoisasacontecerem

Um terceiro ponto que eu poderia destacar é a minha experiência como empreendedor social. Em 2014, eu comecei um projeto de empreendimento de caráter social chamado Politize que tinha como propósito promover a educação política com vistas ao fortalecimento da democracia no Brasil. Resu mindo uma história longa, comecei na cara e na co ragem sem ter praticamente nenhum conhecimento sobre política. Eu era pouco conhecedor, claro, já muito acima da média, mas muito aquém do que eu sou hoje e do que eu talvez precisava ser. Não tinha nenhum conhecimento de tecnologia, exceto alguns aspectos muito particulares de tecnologia educa cional que estava começando a estudar, mas não sabia de marketing digital, plataforma, nada disso que tinha tudo a ver com a proposta da organização. Não tinha nenhuma relação com esse setor, com esse campo do fortalecimento da democracia, não transitava nesse mundo. Então foi um foi uma tra jetória empreendedora de raiz, de começar do zero uma coisa tendo as minhas mãos, apenas os meus conhecimentos, os contatos que eu tinha em setores que não eram diretamente relacionados àquilo, mas com um propósito e objetivos muito claros em men te e um conjunto de habilidades, soft skills , que me ajudaram muito a superar essas barreiras da falta de conhecimento, de relacionamentos no campo E de recursos financeiros. Foi um marco que me deu uma base forte dos desafios que é empreender no setor social, que é construir algo do zero, que tem um pro pósito, mas que muitas vezes não é tão facilmente convertida em modelo de negócio.

NAPRATICA.ORGFOTO:

E os maiores aprendizados que você teve? O primeiro é o aprendizado em relação a mim mesmo, né? Acho que aprender a entender o que me guia, o que me faz querer realmente dar o meu 120%, 130%. O autoconhecimento é fundamental tanto no sentido de conhecer quais são as nossas inclinações do ponto de vista do que fazer e por que fazer, quanto o como fazer, que são as habilidades. Saber quais são os talentos, capacidades que eu tinha mais condições de explorar, de desenvolver pra me tornar um profissional capaci tado. Uma segunda camada tem a ver com resiliência, persistência, paciência, saber que nenhum empreen dimento, de qualquer natureza que seja, é fácil, rápido, óbvio. Nos vendem muitas vezes nessas palestras e blogs uma visão muito glamorosa do empreendedoris mo, muito romantizada, mas a vida real é muito traba lho, muito sofrimento, muito esforço pra fazer algumas coisas acontecerem.

Para você, qual a importância desses movimentos (Politize e MEJ) para o Brasil?

Encontro Nacional do Politize , realizado em 2022

fundamente modificado pelas decisões que eu tomo hoje. Então é um poder entre aspas, é uma alavanca, é uma potência que hoje tenho em mãos e que tento usar com o máximo das minhas capacidades, o máxi mo dos meus esforços e com muita responsabilidade. Quem me proporcionou isso foi o movimento lá atrás, que me deu toda essa base sem a qual eu certamente estaria longe de estar preparado hoje para assumir um desafio desse. Então eu acho que é isso. A gente tem que continuar cultivando para que floresçam lideran ças que vão fazer a diferença lá na frente nos diversos setores da atuação, nas diferentes escalas, com os di ferentes temas e formas, sem um juízo de valor do que é melhor ou pior, do que faz mais diferença ou menos. Ter pessoas em vários setores fazendo a sua contri buição é importante.

FOTO:DIVULGAÇÃO/POLITIZEAgosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 11

Eu lembro bem quando eu estava empreendendo o Politize de um episódio que ilustra e ele é um entre dezenas ou centenas que eu poderia citar. É de estar todo molhado no terminal rodoviário de Florianópolis porque eu peguei uma chuva entre o terminal de ônibus e o terminal rodoviário, com uma febre de talvez 38, 39 graus, porque aquele dia eu estava com gripe, pra pe gar um ônibus de Florianópolis a São Paulo que durou 14 horas pra passar um dia lá pra apresentar o Politi ze pra potenciais financiadores. Eu tinha comprimido numa agenda ali quatro reuniões em um dia pras oito da noite do mesmo dia voltar de ônibus de novo e no outro dia de manhã estar no meu trabalho, que pagava as mi nhas contas em paralelo a esse empreendimento. São situações como essas que não te contam quando você começa a empreender né?

A maior virtude da existência liderançaorganizações,dessasdessasredes,éformaraparadiversoscamposdeatuação

A maior virtude da existência dessas organizações, dessas redes, é formar a liderança para diversos cam pos de atuação. O MEJ forma lideranças mais com ca ráter empresarial, de gestão organizacional, o Politize são lideranças mais com caráter de articulação comu nitária e política, mas tem vários outros aí formando li deranças femininas, na ciência, entre outros. Eu acho que a gente tem que apoiar e potencializar esses movi mentos porque é daí que surgem os líderes que no futu ro vão ter poder pra fazer as transformações aconte cerem. Hoje eu estou num lugar que me dá o privilégio de poder tomar decisões todos os dias junto com uma equipe, junto com todo um processo de governança, mas tomar decisões que vão influenciar a vida de 75 mil crianças e adolescentes. E não só as suas vidas, mas as vidas dos seus filhos depois quando eles forem pais, forem mães, as vidas das pessoas ao seu redor, da sua família, as empresas nas quais vão trabalhar, os lugares onde eles vão estar, tudo isso pode ser pro

mpresas Juniores que faturam mais de R$ 1 milhão anualmente refletem em melhor vivência empresarial aos estudantes de graduação. Em Santa Catarina, duas universidades contam com iniciativas que alcançaram essa marca e são referência para a rede. AS EMPRESAS JUNIORES QUE FATURAM MILHÕES

.::MINDSET

E

UNICÓRNIOS:

12 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

1 4 13

Embora se pareçam em muitos aspectos, há di ferenças entre as integrantes do grupo. “Vemos EJs com cultura de loucura, de acreditar e alcançar resul tados com compromisso, mesmo diante de fatores limitantes. Para outras, a motivação está em ser a melhor do Brasil, e também há aquelas de perfil mais tradicional que vêm crescendo e adquirindo maturi dade desde 2019”, relata Laura.

20202019 202120181 Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 13

nicórnio é um termo bem conhecido no mundo dos negócios e, desde 2018, entrou no vocabu lário de empresários juniores do país. Enquan to, no mercado, a palavra identifica empresas avaliadas em mais de US$1 bilhão antes de abrir capital na Bolsa de Valores, dentro do Movimento Em presa Júnior (MEJ), unicórnios são as empresas que faturam anualmente mais de R$1 milhão. Das 13 que atingiram esse patamar no Brasil, duas estão em ter ras catarinenses, e esses números tendem a crescer. Empresas juniores (EJs) são lideradas exclusi vamente por estudantes de graduação, em busca de vivência empresarial, e não têm fins lucrativos, rever tendo o lucro para a educação do próprio time. Atu almente, há mais de 1500 organizações desse tipo no país, de acordo com a Brasil Júnior (BJ), instância que representa toda essa rede. Presentes em universida des públicas e privadas de todos os estados, elas es tão submetidas à Lei da Empresa Júnior (13.267/2016) e realizam vendas e projetos, assim como empresas de mercado, em diversos setores.

“A presença forte de empresas de engenharia e administração vem do histórico do movimento, que iniciou na Fundação Getúlio Vargas (FGV) justamente com gestão empresarial. É natural que elas consigam amadurecer e escalar ao longo dos anos, até porque o modelo de consultoria em gestão é mais consolidado no mercado”, explica Laura Sofiati, que faz parte do time da BJ na área de suporte ao modelo de negócios. Para Sofiati, há outras particularidades dos uni córnios. “O principal é uma cultura muito forte, em que existe um propósito claro de porque os membros estão ali e rotinas muito claras. Para muitas EJs, é uma roti na pesada de conciliar com outras atividades. Também há um entendimento melhor de qual é o core business da empresa, mesmo que tenham dificuldades com o modelo de negócios”. Inovação é outro elemento pre sente. “Todas têm processos de melhoria contínua e buscam constantemente olhar para o mercado, sendo que às vezes chegam a formar um hub de inovação”.

U

Número de EJs unicórnio por ano no Brasil

Os unicórnios se destacam nesse meio pelos resultados que atingem, considerando que são ge renciados por profissionais em formação. Atualmen te, eles estão espalhados por oito estados de quatro regiões do país. O Sudeste concentra a maior parte deles (5), seguido do Nordeste (4), do Sul (2) e do Cen tro Oeste (2), enquanto a região Norte ainda não conta com empresas desse porte.

Características quanto à maturidade e ao mode lo de negócios se repetem neste grupo. Quase 70% delas passaram a integrar o MEJ federado entre 1990 e 1999, ou seja, contam com pelo menos 20 anos de atuação. Também chega a 70% as empresas que tra balham com gestão empresarial, sendo que as de mais atuam com engenharia e arquitetura, gestão de processos e consultoria jurídica.

Escalar o modelo de negócios para vender e executar mais, sem contar com o aumento do núme ro de colaboradores, é um desafio das aspirantes a unicórnios. Essa foi a virada de chave da Fluxo Con sultoria, a primeira EJ brasileira a faturar R$ 1 milhão anualmente, em 2018. Criada em 1998, a empresa de gestão de processos engloba os cursos da Escola Politécnica, da Escola de Química e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir do primeiro milhão da Fluxo, aumentou o ritmo do surgimento dos unicór nios – foram mais 3 em 2020 e mais 9 em 2021, tota lizando 13 até o momento.

Time da empresa júnior no Congresso Catarinense de Empresas Juniores - ConCEJ 2022

a realidade, usaram squads de inovação para buscar soluções visando escalabilidade.

Se quefazerconseguimosissoaqui,naempresajúnior,omaispodemosfazerdepois? MARTINSFOTO:CELSO FOTO:DIVULGAÇÃO/I9 14 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

O produto que ajudou a i9 a chegar ao primeiro milhão em setembro de 2021 foi uma esteira voltada para a reabilitação de pessoas com dificuldade de sustentar o próprio peso. A ideia surgiu a partir de uma demanda comercial. “Uma fisioterapeuta veio até nós com esse pedido, mas acabou não fechando contrato. Só que a ideia ficou e decidimos investir no mercado de saúde porque gostamos do propósito de ajudar pacientes e sabíamos do potencial do setor”, conta Marcus Melo, presidente da i9.

Inicialmente o novo projeto deu prejuízo, já que o valor da venda acabou não cobrindo os custos da montagem por conta de problemas de precificação. “A partir daí nossa decisão foi de comprar lotes a mais do material e vender mais esteiras, se não íamos falir. Toda a EJ se voltou para a área de mercado nesse mo mento”, lembra Melo. E deu certo. A empresa já ven deu mais de 40 esteiras, com o valor aproximado de R$50 mil. Há concorrência no mercado, mas os pro dutos disponíveis não são adaptáveis a cada paciente, além de que o processo comercial da empresa é per sonalizado, com suporte pós-venda. Os clientes são hospitais, clínicas e universidades.

A Brasil Júnior começou a olhar para as empre sas com maior faturamento a partir de 2016, conta Sofiati. “Quando identificamos as EJs de maior ma turidade, que chegaram ao final do ano atingindo as metas de Alto Impacto, percebemos que elas deman davam respostas. Por isso, realizamos um evento vol tado para esse público em três edições, até 2018. No primeiro, eram 13 EJs e cerca de 40 congressistas. Hoje esse número seria muito maior”.

Entre as únicas EJs do Brasil que desenvolvem pro dutos, a i9 se viu com um problema em 2020. Por meio de uma pesquisa com a Bain & Company, per cebeu que com o então modelo de negócios teria um teto de faturamento de R$300 mil. Insatisfeitos com

Esteira para fisioterapia desenvolvida pela i9

Atualmente, há dois unicórnios catarinenses: a i9, empresa de engenharia e arquitetura da Universi dade Federal de Santa Catarina (UFSC), e a ESAG Jú nior, empresa de gestão empresarial da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

História de inconformismo

No caso da ESAG Jr, alcançar R$1 milhão até o fim de 2021 já fazia parte dos planos. “Para chegar lá, per cebemos que a EJ precisaria ser mais profissional e se parecer mais com o mercado, então buscamos ferramentas, processos e mentores. A diferença foi começar a olhar para fora”, relata Bruna Faber, atu al presidente da empresa de gestão empresarial da Udesc. As soluções estão voltadas para novos ne gócios, administração financeira, gente e gestão, marketing e vendas.

De 2020 para 2021, o faturamento da EJ saltou de R$350 mil para R$1,1 milhão. “Contamos com sorte, mas foi muito inconformismo”, expõe o presidente. Sem parar com o sucesso da esteira, já estão sendo elaboradas uma esteira portátil para crianças e uma escada também para fisioterapia. “Tínhamos sangue no olho, só que pulávamos passos. Agora temos uma metodologia para desenvolver novos produtos”. A em presa pretende alcançar R$2,109 milhões até o fim de 2022, levando a cultura de inovar e sempre fazer mais. “Éramos quatro no time comercial naquela época. De pois de atingir o milhão, fiquei pensando: Se conse guimos fazer isso aqui, na empresa júnior, o que mais podemos fazer depois?”

Mais unicórnios à vista

Os resultados milionários, além de possibilitarem uma melhor vivência empresarial do time com investimen to em eventos, capacitações, estrutura e mudanças na empresa, contribuem para fortalecer o Movimento Empresa Júnior. “Elas têm forte potencial de engajar e incentivar nossa rede, porque são muito presentes em eventos, e chegam a influenciar mais que as pró prias federações. Se conectam com outras EJs, por exemplo, terceirizando projetos, e dão visibilidade para o movimento, com ótimos cases de sucesso. E outro ponto importante é que elas olham para qual vai ser nosso próximo passo, quais as nossas necessida des enquanto sociedade e MEJ”.

Entrada da sede da empresa júnior na Udesc

Além disso, padronizamos os entregáveis para entre gar resultados melhores e de forma mais rápida”, expli ca Faber. Essas não foram as únicas mudanças realiza das. “Tivemos que trazer mais gente para dentro. Hoje podem entrar estudantes de todos os cursos da ESAG e estamos avaliando a possibilidade de auxílio para tor nar a empresa mais diversa também”. A empresa es pera faturar R$1,3 milhão até o final do ano e, paralela mente, se tornar escalável e sustentável para o futuro.

O futuro parece promissor para o empreende dorismo júnior brasileiro, com a expectativa de que mais nove empresas passem a integrar o grupo de unicórnios. “Entre as aspirantes, vemos muitas an tigas, com rotinas e ritos estruturados, e que estão comprometidas com suas metas. Para elas, o milhão é um sonho. O que falta em algumas é visão de resul tados e modelo de negócios com receita previsível e recorrente”, explica Sofiati.

Uma equipe da ESAG Jr em reunião com cliente

Plano do milhão

CASALILUIZAFOTO: Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 15

CASALILUIZAFOTO:

“Paramos de vender tudo para todo mundo. Isso porque quanto mais especialista a empresa se torna, mais valor agrega aos clientes e melhor é a execução.

O que é: jornada de workshops, treinamentos e mentorias, promovida pelo Join.Valle. Ao longo de três semanas, os participantes desenvolvem uma solução inovadora e devem validá-la com o mercado. Ao final da jornada, o melhor projeto é premiado

Quem pode participar: estudantes, professores e servidores técnico-administrativos de qualquer curso e campus da UFSC.

Programa já formou duas turmas no Centro Tecnológico LABDIVULGAÇÃO/COCREATIONFOTO: SCHWOELKMAXFOTO: .::AÇÃO Uma das equipes premiadas no JEDI 2022 16 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

Quem pode participar: participantes devem ter equipes pré-definidas, preferencialmente com projetos em fase de ideação.

Inscrições: conferir o site https://cocreationlab. com.br/editais/.

LabCocreationCTCUFSC

O que é: pré-incubadora que, durante cinco meses, promove mentorias, palestras, workshops e networking para transformar ideias criativas em planos de negócios. A metodologia é a TXM Business.

Inscrições: conferir o site joinvalle.com.br/jedi.

JEDI

CONHEÇA OPORTUNIDADES PARA TIRAR IDEIAS DO PAPEL

DIVULGAÇÃO/CELTAFOTOS: Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 17

Quem pode participar: pessoas com mais de 18 anos residentes no Brasil. Caso o projeto seja aceito no programa, é preciso constituir uma empresa.

Inscrições: conferir o site https://celta.certi.org.br/arenacelta.

52 empresas foram selecionadas entre 98 inscritas para o Arena CELTA 2022

Quem pode participar: pelo menos um dos mem bros da equipe deve ter vínculo com a UFSC.

Inscrições: conferir o site catarina.com.br/impetus-3-0.https://materiais.fundo

O que é: programa de pré-incubação de startups do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA). Com dois meses de duração, promove palestras, sessões de mentoria coletiva e “batalhas”, uma capacitação prática onde apenas as melhores classificadas passam para a fase seguinte.

Arena Celta

Inscrições: conferir o site sinova-ufsc-startup-mentoring/.https://sinova.ufsc.br/

ImpetusStartup Mentoring

Quem pode participar: estudantes de cursos de gra duação do CTC com formatura esperada em até 2 anos e recém-formados (até 6 meses de graduação).

O que é: projeto de mentorias para ideias/startups inovadoras de todos os campi, promovido pela Se cretaria de Inovação da Universidade Federal de Santa Catarina (SINOVA/UFSC).

O que é: programa do Fundo Catarina que conecta jovens talentos do CTC/UFSC, mentores e negócios parceiros.

GOODMAN/UNSPLASHJASONFOTO: .::CAIXA DE FERRAMENTAS 18 ∙ Revista Post It ∙ Número 1 ∙ Agosto 2022

S

O e-book do SEBRAE que ensina passo a passo do plano de negócios, com modelos para preencher, está disponível no site https://sebrae.com.br/.

PLANO DE NEGÓCIOS

Vale destacar que cada parte do plano realimen ta a anterior, por isso, é recomendado voltar às etapas anteriores para mudar o que percebe-se que não é adequado ou para adicionar ideias que surgem duran te o processo de construção. Outra dica de Naspolini é quanto à mentalidade. “Tenha honestidade em re lação às respostas. Se há ameaças, aceite a reali dade e veja quais ações precisa tomar. Não coloque elas debaixo do tapete, porque elas vão aparecer de volta quando colocar a ideia em prática”.

máximo possível as atividades, para que tudo que pre cisa esteja mapeado, e justifique todas as hipóteses”.

Mais que o planejamento do negócio, é um processo de conhecimento”, explica Helena Naspolini, professora do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, que dá aulas de Fundamentos de Gestão Empresarial. Saber criar o plano é fundamental para estudantes que querem entrar no mundo do empreendedorismo. “Como você pode abrir um negócio antes de analisar as oportunidades e ameaças que existem no mercado?”. Para orientar os estudantes, Naspolini usa a me todologia do SEBRAE, fazendo adaptações para apli car em negócios na área de engenharia elétrica. Em linhas gerais, ela explica que é um documento onde você detalha e avalia todas as atividades envolvidas na execução da ideia.A professora recomenda que, especialmente no plano operacional, você “relacione o

APRENDA A FAZER O SEU

egundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe quenas Empresas (SEBRAE), um plano de negócios descreve os objetivos de um negócio e os passos que devem ser dados para alcançá-los, reduzindo riscos e incertezas. Um dos benefícios é identificar os erros no papel, em vez de cometê-los no mercado. A universi dade é um ambiente que permite aprender a utilizar a fer ramenta e se preparar para desenvolver ideias que aten dam o mercado, em qualquer área.

2 – Análise de mercado

Você deve definir o espaço físico que precisa, a capacidade produtiva, todos os processos operacionais, além da necessidade de pessoal.

Prepare cenários onde o negócio tenha resultados pessimistas ou otimistas, e então pense em ações para evitar as adversidades ou para potencializar situações que sejam mais favoráveis.

É a descrição dos principais produtos e serviços, definição de preço, estratégias promocionais, estrutura de comercialização e localização do negócio.

Você utiliza a matriz F.O.F.A. para detectar Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças.

Agosto 2022 ∙ Número 1 ∙ Revista Post It ∙ 19

É hora de olhar para tudo que envolve finanças: desde estimativas de investimento, faturamento e custos, até indicadores de viabilidade.

3 – Plano de marketing

6 – Construção de cenários

7 – Avaliação estratégica

8 – Avaliação do plano

5 – Plano financeiro

Propõe-se um estudo de clientes, concorrentes e fornecedores para entender o mercado.

Inclui dados dos empreendedores e do empreendimento, a missão da empresa, o setor onde atua, questões jurídicas e tributárias, e a fonte de recursos.

O plano deve ser avaliado de tempos em tempos, pois os cenários mudam e a empresa deve adaptar-se.

NA PRÁTICA

1 – Sumário executivo

4 – Plano operacional

post it

MONTEIROBOBFOTO:

O Congresso Catarinense de Empresas Juniores, ConCEJ 2022, reuniu mais de 500 estudantes de universidades públicas, privadas e comunitárias do estado. Realizado durante os dias 8, 9 e 10 de julho na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), no município de Criciúma, é um dos maiores eventos de empreendedorismo jovem do Sul do Brasil. Liderança, vendas, desenvolvimento pessoal e comunicação foram alguns temas abordados nas trilhas de conteúdo. O Movimento Empresa Junior promove a oportunidade de estudantes gerenciarem empresas dentro da universidade e executarem projetos na sua área de atuação. Para muitas pessoas, é o pontapé inicial em uma trajetória empreendedora.

Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.