Da contestação a conformação: a formação sindical da CUT e a reestruturação produtiva

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paulo sergio tumolo

dizer, as ­disputas por projetos políticos distintos através das lutas das diversas correntes ou composições de correntes políticas. Dessa forma, os três referidos temas se converteram em objeto de investigação, cujos resultados são apresentados nos capítulos do presente livro. O primeiro capítulo tem por objetivo analisar a configuração do novo padrão de acumulação de capital, mediante o estudo dos processos de trabalho que vem se implementando, sobretudo, a partir da década de 1970. Para realizar tal intento, na primeira parte do texto apresento, em linhas gerais e de ­acordo com seus mais conhecidos estudiosos, os principais elementos de caracterização bem como alguns dos mais importantes ques­tionamentos e críticas que têm sido desfechados contra o “modelo” japonês, tendo em vista que este se converteu na principal referência de organização da produção nos anos 80 e na ­primeira metade dos anos 90 do século XX. Na sequência, balizado por uma ampla pesquisa bibliográfica, busco caracterizar e avaliar o processo de reestruturação produtiva em curso no Brasil. Em seguida, ao ressaltar os limites das críticas pontuais desfechadas contra o “modelo” japonês e contra elementos componentes da reestruturação produtiva no Brasil, aponto para uma análise dos diversos processos de trabalho como expressão aparente de realização da acumulação capitalista no contexto do novo padrão de acumulação de capital. Com esta base, procuro analisar, no segundo capítulo, as transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho provenientes desse novo padrão de produção capitalista, cuja caracte­rística principal é a intensificação da exploração sobre a força de trabalho e, por desdobramento, as repercussões dessas ­mudanças no sindicalismo em todo o mundo. O terceiro capítulo é dedicado à trajetória histórica da Central Única dos Trabalhadores, a CUT. O estudo da bibliografia produzida acerca dessa temática, composta por autores de diferentes matizes teórico-políticos, indicou que é possível vislumbrar três fases na trajetória do sindicalismo cutista. Primeiramente, aquela que vai de 1978 a 19831  até, aproximadamente, 1988, que se caracteriza por uma  Embora a CUT tenha sido criada formalmente em 1983, seu “embrião” começa a se desenvolver a partir da retomada do movimento sindical no fim da dé­cada de 70 1


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