O Elogio da Política: práxis e autonomia no pensamento de Cornelius Castoriadis - Tatiana Rotolo

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as condições básicas: em primeiro lugar, o reconhecimento pleno dos trabalhadores nos seus próprios órgãos organizativos, e em segundo, a capacidade da organização extrair todas as lições do período histórico determinado, isto é, avaliar e apresentar aos trabalhadores diversas possibilidades de ação. Disso decorre que: as tarefas da organização segundo Castoriadis são: colocar às massas uma visão de conjunto dos problemas da sociedade e das questões acerca do socialismo; dar uma expressão à experiência do proletariado (bem como auxiliá-lo a tomar consciência e não se auto imputar a consciência dos trabalhadores); e ajudar os trabalhadores a defenderem seus próprios interesses imediatos. Em relação à estrutura das organizações, Castoriadis propõe que: elas espelhem a busca dos trabalhadores por autonomia, seu modo de operação seja uma democracia direta, que os organismos centrais sejam substituídos pelos organismos de base, e por fim, que seus representantes sejam eleitos e que possuam um mandato revogável a qualquer instante, por decisão de uma assembleia de base32. Assim, diferentemente de Arendt, Castoriadis pensava numa possível conciliação entre os conselhos e o partido, desde que os partidos assumissem uma nova feição. Não há uma ação revolucionária sem organização, segundo o autor. O movimento revolucionário não pode se esquivar de repensar as suas próprias organizações. Desta forma, ainda que haja uma competição entre partidos e conselhos, as organizações possuem um papel fundamental na coordenação dos trabalhadores para a luta. Porém, diferentemente de Lenin, o aparelho partidário atua a partir das deliberações das massas e não é o responsável por inculcar uma consciência vinda de fora. A organização é para o autor, um momento e um instrumento da luta, e não uma direção encarregada do destino da classe33. Portanto, a organização é um momento da luta revolucionária, um acessório fundamental para a ação. E, para Castoriadis “agir, antes de mais nada, é se organizar”34. Cf. Castoriadis, Proletariado e revolução I, SB, p. 178-187. Idem, p. 172. 34   Idem, p. 187 32  33


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