O Elogio da Política: práxis e autonomia no pensamento de Cornelius Castoriadis - Tatiana Rotolo

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política sobre bases inteiramente novas. Nesta última fase as referências não são mais Marx (embora Castoriadis nunca tenha abandonado por completo algumas questões lançadas pelo filósofo alemão), mas a psicanálise, a filosofia dos pré-socráticos, a tragédia grega, Aristóteles, Kant, Hegel e os dilemas da democracia. São todos esses os aspectos, das ideias de Castoriadis, contemplados neste trabalho. Com isto, defendemos a ideia de que a relação entre teoria e práxis está na base da filosofia de Castoriadis e margeia seus trabalhos desde os anos de juventude encontrando a plenitude nos textos de maturidade. Tal relação dá preferência para aspectos da práxis em função da especulação teórica, embora boa parte das ideias de Castoriadis acabe por se inserir numa filosofia abstrata altamente especulativa. Castoriadis foi um intelectual que se ocupou de diversas questões pautadas sobre inúmeras referências, muitas distantes entre si, e tem por característica geral um fazer filosófico eminentemente político. Ou seja, ele vem nos mostrar, em que medida, a prática, a política e a vida em sociedade são determinantes para constituírem a nossa identidade, como vivemos, como construímos o mundo ao nosso redor e, sobretudo, como pensamos. Por fim, é um autor para quem a política está no centro da reflexão filosófica. Acreditamos outrossim que as ideias de Castoriadis constituem um elogio da política, isto é, em sua obra a reflexão sobre a política possui um lugar especial, quase privilegiado. É justamente a política que constitui o solo fundamental por onde perpassa a experiência humana. Somos, para Castoriadis, “animais políticos” (Zoon Politikon), tal como Aristóteles definiu no século IV a. c. Assim, podemos dizer que a pergunta fundamental que orienta esta pesquisa é: “o que é a práxis para Castoriadis?”. Tal questionamento conduz necessariamente ao tema da autonomia, já que, para nosso autor, práxis e autonomia caminham juntas. Em outras palavras, para que se possa compreender a noção de práxis em Castoriadis é preciso também que se tome como parte privilegiada desta concepção o que nosso autor entende por autonomia. Práxis e autonomia, neste contexto, não podem estar separadas. Deste modo, um dos aspectos relevantes desta pesquisa está em


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