Projeto e revolução: Do fetichismo à gestão, uma crítica à teoria do design

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iraldo matias

tos, ambientes, produtos e serviços que têm suas próprias qualidades estéticas” (idem, p. 95). Neste sentido, em um simples parágrafo extraído de outro recon­ hecido manual da área, encontram-se reunidos praticamente todos os elementos citados até aqui: Gerenciar o design em um nível estratégico é administrar sua contribuição para o processo de formulação da estra­ tégia: para definir a responsabilidade e a liderança atribuí­ das ao design e sua contribuição à cultura organizacional, buscar oportunidades de inovações em design e multipli­ car demonstrações de identidade por meio do design. Esse terceiro nível de gestão do design estabelece elos entre design, comunicação corporativa e alta administração (Mo­ zota, 2011, p. 177).

Torna-se evidente que a gestão do design está organicamente li­ gada às estratégias mais amplas de posicionamento das empresas no jogo da concorrência econômica capitalista. E, neste jogo, a “imagem” apresenta um papel fundamental, ainda que esta não tenha autonomia diante da materialidade das relações sociais. Esta imagem aparece rep­ resentada na literatura através da noção de “identidade corporativa”. De acordo com o teórico do design Bürdek (2006), a “identidade corporativa” deve ser uma “unidade não contraditória”, uma “total identificação” entre o “perfil interno” da empresa (seu know-how es­ pecífico, sua “competência”, etc) e seu “perfil externo” (seu know-how específico, sua “competência”, etc). Ou seja, “Identidade Corporativa significa nada menos do que a unidade de conteúdos, declarações e comportamentos de uma empresa ou organização” (2006, p. 345). Nessas novas “tarefas comunicativas” que o design desenvolve no âmbito das “estratégias corporativas”, seu papel é “[...] ilustrar as estratégias de produtos, produzir ‘imagens’ que se comuniquem de forma não verbal, o que é também o tema do ‘imagineering’” (idem, p. 363). Portanto, o papel do design de produtos tornou-se, “de forma crescente, o aspecto central de todas as ‘decisões corporativas’ [...]” (idem, p. 346). Por isso o crescimento vertiginoso do interesse empre­


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