Projeto e revolução: Do fetichismo à gestão, uma crítica à teoria do design

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iraldo matias

às novas formas de organização da gestão desse mesmo processo”. Portanto, o ponto crucial para a compreensão da natureza social da classe dos gestores encontra-se na integração tecnológica, enquanto uma forma de controle do capital sobre o trabalho, como no caso das novas tecnologias informáticas de vigilância, próprias do toyotismo. Acerca desta prática social dos gestores, em uma pequena brochura onde critica o movimento ecológico, Bernardo (1979, p. 21) afirma que “é a partir de uma base comum de interrelação tecnológica que as empresas vão entrar em concorrência pelo crescimento da produtivi­ dade”. Logo, esta classe, que consubstancia a integração tecnológica entre as unida­ des de produção; em virtude das funções predominantemen­ te organizacionais que esta desempenha, na união entre os vários processos particulares de fabrico (e, posteriormente, na própria organização interna de cada um desses processos) e, portanto, na orquestração do capitalismo como um todo, posso chamar-lhe de classe dos gestores (idem, p. 37).17

No entanto, os gestores apresentam uma perspectiva própria so­ bre o aumento de produtividade e o problema da mais-valia relativa, como parte do que Drucker (2012) denomina de “função social da gestão”. O autor afirma que uma das motivações de Taylor, [...] foi a esperança de revogar a Lei de Ferro dos salários, dos economistas clássicos (inclusive Marx), que condena­ va o trabalhador à insegurança econômica e à pobreza du­ radoura. A esperança de Taylor – que, em grande parte, se converteu em realidade nos países desenvolvidos – era pos­ sibilitar uma vida digna para os trabalhadores, por meio do aumento da produtividade (2012, p. 18).   Baseando-nos nestas posições, também questionando a natureza gestorial de certo ambientalismo, afirmamos em outro momento que, “a cisão entre o produtor direto e a gestão da produção introduziu o gestor em cada um dos processos produtivos par­ ticulares, enquanto seu organizador, dando a este um papel fundamental na organiza­ ção global do processo de reprodução do capital. Exatamente por este motivo, o autor identifica o antagonismo entre a classe gestora e a trabalhadora, na luta pelo controle da produção” (Matias; Matias, 2009, p. 2). 17


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