"Verdade" e "Justiça" ao meio-dia: a construção da experiência moral em um programa de TV_PC

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Verdade e Justiça ao meio-dia

Depois de adquirir mais “confiança” da área técnica fui convidada por um deles (o projetor de áudio) conhecido como “Coxinha”, a ir até a cabine ver de perto o funcionamento daquele trabalho. Isso aconteceu logo após uma breve conversa com esse funcionário antes do programa começar e, em meio ao sucinto diálogo, lancei-lhe algumas perguntas sobre sua atuação como sonoplasta. Percebi que a minha abordagem despertou “certa vaidade” nesse profissional e isso foi refletido na maneira “aprimorada” como ele falava acerca da sua atividade, principalmente no momento em que eu liguei o gravador. Diante disso, não achei mais viável fazer uso do gravador, pois essa mudança no tom do discurso ocorria sempre que o aparelho era acionado. Também havia ainda o problema da desconfiança ao utilizar esse equipamento. Como as conversas geralmente eram rápidas (seguindo a lógica da dinâmica da interação entre pessoas que trabalham em uma produção midiática) fui tomando notas do que me era apresentado. Essa dificuldade de obter entrevistas longas era de se esperar visto que tudo deveria “acontecer no horário correto”, com isso todo tempo no estúdio era cronometrado. Mesmo com a interferência por conta desta “dinâmica peculiar de tempo”, esse diálogo com o sonoplasta me rendeu a entrada na cabine onde foi possível ter uma ideia geral de como são projetadas e controladas as imagens do apresentador assim como o controle sobre sua fala. Daí, passei a entender que existe uma interação e demasiado controle do apresentador pela produção através do aparelho eletrônico (o ponto), onde ele recebe “ordens” e coordenadas da diretora. 98


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