Entrevista Tabitha Suzuma

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Você sofreu retaliações por parte de alguma entidade religiosa ou instituição familiar tradicional por causa do tema do incesto?

A autora, como Lochan, escreve um poema emocionante. Leia agora:

Não exatamente, mas o livro foi proibido em muitas bibliotecas e escolas. Acho que é lamentável, uma atitude preconceituosa. Ninguém vai ler Proibido e pensar: “Muito bem, agora vou me apaixonar pelo meu irmão.” O propósito do livro é fazer com que os leitores questionem o que consideram “normal”. Se algo é diferente, proibido ou mesmo ilegal, será que é necessariamente nocivo ou errado? Acho que é importante que os jovens se lembrem de pensar por si mesmos, em vez de seguir os outros. Eles têm suas próprias cabeças e, como meus leitores já provaram, são perfeitamente capazes de decidir por si mesmos.

Sou o cara estranho escondido na escada De cada olhar como de uma facada Com um livro aberto e uma alma que sonha De olhos abertos com a própria vergonha

Você conversou com alguém que viveu a mesma situação de Maya e Lochan, antes ou depois de publicar o livro? Antes de escrevê-lo, entrevistei casais de irmãos que tinham um relacionamento. Suas histórias eram comoventes, dramáticas, e revelavam uma grande coragem. Eles me fizeram compreender que essa era uma história que valia muito a pena ser escrita. Você acredita que algum dia o incesto deixará de ser tabu? Acho que sempre será, por sua raridade, e por ser arriscado ter filhos de um relacionamento incestuoso. E também por geralmente acontecer devido a um abuso. Mas espero sinceramente que algum dia as pessoas possam ter uma atitude mais aberta e aceitar os relacionamentos incestuosos plenamente consensuais. Ou, pelo menos, se abster de julgá-los, se não conhecerem a história inteira por trás deles.

Eu Sou

Sou o covarde que foge de tudo Que faz da própria sombra cruz e escudo Deixando o mundo inteiro sem respostas Além da silhueta das suas costas Sou o que perturba por ser perturbado E arranca aplausos ao ser internado Já não vivesse eu enterrado vivo No meu silêncio de subversivo Sou o infeliz sem ninguém no caminho Que come só e vomita sozinho Que te parece mudo mas tem medo E chora noites de sangue em segredo O soterrado que ninguém escuta Que grita implora esmurra e perde a luta Pra escapar da escuridão que cresce Sob os escombros que o sol desconhece Fui o que enfim deixou todos olhando Quando não estava mais aguentando Ser e não ser. Sem entender seu espanto E sem entender por que demorei tanto. Poema original “I Am the Guy” por Tabitha Suzuma Traduzido por Heloísa Leal

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