Sirena 05

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EDIÇÃO 05 | ANO 21

+ Fernanda Keller Musas do Paraíso Dadá Figueiredo

GABRIEL MEDINA DE MARESIAS PARA O MUNDO Edição sustentável

PROJETO VERDES VENTOS COMO SER SUSTENTÁVEL TUDO QUE VAI, VOLTA A VEZ DA MAGRELA NOVIDADES VERDES PELO MUNDO

SUMMERTIME _Trilhas na Serra _Long na estrada _Comida na praia

Calendário Sirena

SEREIAS 2015



carta

ANGELO PASTORELLO

2015: UM ANO A MAIS

AUGUSTO MESTIER I

Parte da mentalidade do mundo está mudando; a outra, já mudou. Quem já pensa além do hoje percebeu que a Terra é nossa casa, e assim como qualquer residência, ela precisa de cuidados. Um grande lar cheio de gente, que cresce, se transforma e evolui junto com os seus moradores. Toda casa precisa de higiene, lixo no lugar certo (jamais no mar!). Toda casa precisa de economia de recursos para que todos possam viver em harmonia. E por fim, e não menos importante, toda casa precisa de alegria e boa música. Para 2015, os votos do Sirena se resumem em apenas uma palavra: consciência. Por isso, dedicamos horas de nosso planejamento para discutir temas como ecologia, sustentabilidade e diversão, e tudo começa com esta edição, um marco para ajudar a mudar para melhor o nosso quintal. Só depende de nós fazer com que 2015 não seja um ano a menos para o planeta, e sim, um ano a mais. E aí, estamos juntos nessa? Feliz 2015!

Maurício Neves


sirena.com.br instagram.com/sirenamaresias facebook.com/sirenamaresias twitter.com/sirenamaresias youtube.com/sirenabeachclub

expediente Diretor- Geral Maurício Neves Comunicação Thyago Inácio Supervisora de marketing Karla Balsano Publisher Ivan Zumalde Editora de executiva Susanne Sassaki Fotógrafo do ensaio Angelo Pastorello Editor de conteúdo Marcel Scognamiglio Editor de arte: Angelo Asson Designer: Murilo Mendes Atendimento: Daiane Lisboa Repórteres (colaboradores) Adrian Kojin, Fernanda Lopes, Guilherme Lázaro, Thayse Lopes, Lucas Baranyi e Vinícius Guidini. Produtor de moda Murilo Mahler Revisão Renata Siqueira e Ana Maria Barbosa Colaboradores Augusto Mestieri (fotografia), Deborah Maxx, Jorge Mesquita (fotografia), João Naccarato (artista visual), Sandro Castelli (ilustração), Tâmara Guzman (consultora de moda), Jorge Eder

e Prefeitura da cidade de São Sebastião

AU GU ST O

Tiragem 7 mil exemplares Agradecimentos: Casa Pizza,

ME ST IE RI

Concepção editorial e projeto gráfico Editora MYMAG

Todos os direitos são reservados. Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo editorial. Os artigos assinados são de exclusividade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da editora e do Sirena. Todas as informações, fotos e anúncios são de responsabilidade do grupo Sirena. Para contatar o Sirena: sirena@sirena.com.br | 11 3077 0020 | sirena.com.br | sede: r. Brasília, 90, São Paulo, CEP: 04534040 | distribuição: mailing sirena, litoral norte e São Paulo.

colocar logo FSC VERDE

mymag |

E D I TO R A

EXPEDIENTE: A REVISTA DO SIRENA É UMA PUBLICAÇÃO CUSTOMIZADA DA EDITORA MYMAG PARA O CLUB SIRENA. OS ARTIGOS CONTIDOS NESTA EDIÇÃO REPRESENTAM AS OPINIÕES DE SEUS AUTORES E NÃO SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS EDITORES. OS ANÚNCIOS VEICULADOS NESTA EDIÇÃO SÃO DE RESPONSABILIDADE DAS RESPECTIVAS MARCAS. EDITORA MYMAG: Rua Claudio Soares, 72, São Paulo - SP / editoramymag.com.br / mymag.com.br Para fazer sua revista: facasuarevista@mymag.com.br / 2925.4025 / 2659.7280

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quem fez ADRIAN KOJIN (1) Um guru quando o assunto é surf. O editor convidado da Sufer’s Journal

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Brasil, Adrian Kojin, presenteia a edição

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com um perfil exclusivo com Gabriel Medina, o surfista brasileiro mais jovem a entrar no ASP World Title, prestes a disputar o título mundial

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inédito para o Brasil.

GUILHERME MENDES

(2) Pastorello é o homem dos

(5) Jornalista e contador de histórias

cliques do esperadíssimo

nato, Guilherme foi convidado para

Calendário Sirena 2015 e de tantos

esta edição para apresentar as

outros trabalhos. Ele é um dos nos-

histórias da triatleta Fernanda Keller,

sos entrevistados e nos fala de sua

as apresentadoras do programa Ilhas

trajetória profissional e de sua visão

Paradisíacas, Mariana e Karol,

sobre o mundo da fotografia.

e o surfista punk carioca Dadá.

THAYSE LOPES

VINÍCIUS GUIDINI

(3) Nascida em São Luís, formada

(6) Nosso consultor de moda leva

em Brasília e moradora de São Paulo,

em sua bagagem TV, revistas e sites

Thayse conta nesta edição

nos quais trabalhou como produtor,

a incrível trajetória de três pessoas

roteirista, repórter, fotógrafo, video-

que escolheram um estilo de vida

maker... A lista é grande. Com toda

mais consciente e favorável

essa experiência, Vinícius Guidini

ao mundo mesmo vivendo na

coloca estilo, bom gosto e leveza

megalópole chamada São Paulo.

nas escolhas de looks desta edição.

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F OTOS : ARQU IVO PESSOAL

ANGELO PASTORELLO

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FERNANDA LOPES

LUCAS BARANYI

(4) Extrovertida, bela e simpática,

(7) Jornalista, paulistano, escorpiano

Fernanda tem a vibe, o jeito

e corintiano. Nesta edição Lucas nos

e o requinte do Club Sirena.

trouxe o mundo das magrelas, apre-

Por isso mesmo foi convidada a

sentando bikes para a cidade e para

assinar o “Esquenta”, “Summertime”,

a praia. Outra matéria sua trata sobre

com dicas turísticas e gastronômi-

o lixo no mar. Já parou pra pensar qual

cas e falar da sua relação com

caminho que uma garrafa pet faz

Chorão do Charlie Brown Jr.

se ela não é reciclada?

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ESQUENTA

Projeto Reciclar, pág 10 | Angelo Pastorello, pág 12 | Novidades Sustentáveis, pág 14

PRATAS DA PRAIA

FERNANDA KELLER, pág 18 | MENINAS DO OFF, pág 20 | DADÁ FIGUEIREDO, pág 22 REPORTAGEM O lixo e o mar, pág 24

PERFIL

GABRIEL MEDINA, pág 28 REPORTAGEM Guia do pedal, pág 36

GATAS DO CALENDÁRIO Sirena beach girls, pág 42

REPORTAGEM Ser Sustentável, pág 60

MODA

Pé na areia, pág 66

SUMMERTIME

Trilha, pág 78 | Comida, pág 80 | Long, pág 82

APPROACH

Drinks Sirena, pág 84 | Festa de Gringo pág 86 | Social pág 88

INSPIRAÇÃO Chorão, pág 98

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[1] TO M ISLAV M OZE / RE D BU LL CON T EN T POOL

JO RG E M ESQ UITA

[1] FOTO DE CAPA

sumário


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ESQUENTA

EDIÇÃO SUSTENTÁVEL p o r Fernanda Lopes

CUIDANDO DO NOSSO QUINTAL SUSTENTABILIDADE COMEÇA EM CASA O Sirena é uma casa de música eletrônica que existe há mais de 20 anos na praia de Maresias e tem destaque no Brasil e fora dele, com festas emblemáticas e público fiel. Essa casa tem um quintal, Maresias, e o mundo. Com esse simples pensamento que compreende que todo o seu redor é também parte de si, o Sirena está ligado na importância de se ter espaços para compartilhar essa palavra comprida que ganhou tanta força nos últimos anos: sustentabilidade. A natureza tem dado respostas justas e um tanto cruéis ao desprezo da humanidade por causas (urgentes) ambientais. O crescimento desenfreado e o aumento do consumo e, consequentemente, da produção de lixo, vêm resultando em danos irreversíveis para as riquezas naturais, que são essenciais à nossa própria sobrevivência. Somos dessa forma uma sociedade de contradição, que para evoluir destruiu muita coisa. Uma tempestade se forma em cima das nossas cabeças, e temos apenas duas opções: abandonar de vez o barco ou unir forças e remar contra a maré. Por isso, o Sirena, em parceria com a Prefeitura de São Sebastião e a Reclicagem, empresa de consultoria em Gestão e Marketing Socioambiental que desenvolve soluções sustentáveis e inteligentes, fará com que o destino mais querido do litoral norte de São Paulo se torne cenário da primeira edição do Sirena Beach, um verdadeiro clube na praia de Maresias que faz

FOTO S DIVULGAÇÃO

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parte da plataforma Verdes Ventos. A área tem 3 mil metros quadrados, com bar, petiscaria, praça de alimentação com food trucks, espaço fit, área para alongamento, quadra de futevôlei, espaço kids, lounge com deck, palco para pockets shows, estandes de marcas, espaço fun e outras tantas atividades que proporcionarão diversão e saúde para quem passar por lá, além de oficinas de recicláveis e palestras com foco em construção sustentável e conscientização sobre esta temática. O espaço é aberto para todo o público, e as pessoas podem utilizar os postos para coleta de materias recicláveis, sendo que um deles será no próprio Beach Club, e os outros na Rodovia Rio-Santos. Esse evento tem mais do que um objetivo, tem o desafio de provocar uma reflexão para uma mudança de atitude no público em geral: locais, turistas de primeira viagem e pessoas que já frequentam essas bandas há tempos, pois a situação é bem preocupante. O lixo do litoral paulista é 136% mais caro que a média do país, o que significa que um habitante produz em média 1 kg por dia, o que em alta temporada aumenta em 54%, gerando um custo anual de R$ 330 milhões. Muitos zeros para pouca consciência. Por isso é preciso arregaçar as mangas. A agenda do Sirena Beach tem início dia 20 de dezembro e vai até o Carnaval de 2015. É só aparecer, curtir e se conscientizar.

Perspectiva artística do Sirena Beach

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ESQUENTA 2014

O CARA DO CALENDÁRIO SIRENA CONHEÇA O ANGELO PASTORELLO, HOMEM POR TRÁS DOS CLIQUES DO CALENDÁRIO MAIS FAMOSO DO BRASIL

2012

Fotografia para você é trabalho ou diversão? Sempre foi os dois, simultaneamente… E continua igual.

Tudo é técnica? Onde entra a autenticidade de um fotógrafo? Não! Técnica é um pré-requisito para um fotógrafo profissional. Técnica se estuda! Como usá-la em suas diversas situações junto com a maneira de olhar é o que faz a assinatura de um fotógrafo. A “autenticidade” está na criatividade. No seu portfólio tem Playboy, VIP, marcas de renome, personalidades conhecidas e exposições. Qual o trabalho que te dá mais orgulho? O que eu ainda não fiz!

FOTO S ANGELO PASTORELLO / CALENDÁR IO S IRE NA

2013

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Em tempos de selfies e filtros, todo mundo é fotógrafo? Com certeza o digital e os celulares facilitaram e popularizaram a imagem, mas “todo mundo” sempre foi e será fotógrafo, embora este ato não faça de todos fotógrafos profissionais. Mulheres e seu universo, para fotografar, são um prazeroso desafio? Mulheres e seus diversos universos não são um desafio, são um prazer! Como foi fazer as fotos do Calendário e qual foi o momento do ensaio mais marcante? Foi muito bom fazer novamente o Calendário Sirena. Neste ano, cada modelo terá uma única foto; com certeza a escolha será mais difícil. Um momento especial foram as fotos feitas à noite.

FOTO: ARQUIVO PE SSOAL

Como foi que surgiu a oportunidade de ouro? A construção de uma carreira é a experiência adquirida, é a soma de muitos trabalhos, de estudos, da apuração do olhar, da interpretação da luz, anos se dedicando a experimentar. As oportunidades foram surgindo a cada noite trabalhada no laboratório e a eterna busca por uma assinatura.


2014

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ESQUENTA

NOVIDADES SUSTENTÁVEIS VEJA O QUE A CRIATIVIDADE HUMANA ANDA FAZENDO PARA TRANSFORMAR O MUNDO EM UM LUGAR MELHOR APP VERDE Um dos maiores problemas ambientais é, sem dúvida a destruição das florestas tropicais, e disso nós entendemos bem. Mas um projeto chamado Rainforest Connection traz uma solução inovadora para a denúncia de crimes ambientais. A ideia é instalar dispositivos em árvores, feito com smartphones usados que seriam descartados os quais funcionariam como radares. Utilizando energia solar para recarregá-los e rede de dados e internet, os radares disparam um alerta quando detecta o som de motosserra, avisando o possível ataque às florestas.

FOTOS: SHUTTER STOCK E REPRODUÇÃO

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TINTA NA PAREDE, ENERGIA EM CASA A Sun-Believable é uma tinta que transforma a luz solar em eletricidade, criada por cientistas do centro de nanociência e tecnologia da Universidade de Notre-Dame. Aplicada sobre vidro ou plástico transparente condutor, transforma luz solar em energia porque é composta por nanopartículas semicondutoras. Ainda não tem lançamento previsto, mas a tinta “mágica” poderá ser uma forma colorida de reduzir gastos com sustentabilidade.

LUZ PARA NOITE O Starpath é um produto que age através de partículas luminosas que fazem com que a luz solar absorvida emita uma luz artificial durante a noite. Pode ser aplicado em superfícies como o cimento. Cambridge foi o primeiro município a receber essa tecnologia e já aprovou seu uso.

BOLHA DE ÁGUA COMESTÍVEL Sabe aquela garrafinha de água que você leva na bolsa? Já passou pela sua cabeça “bebê-la”? O Ooho é uma espécie de bolha de água biodegradável e comestível, criada por três estudantes de Design Industrial de Londres que se inspiraram na gastronomia molecular. Os criadores dizem que, além de ser fácil e barata de produzir, a embalagem, feita para ser ingerida com a própria água, é forte, higiênica e, claro, contribui sustentavelmente com o planeta. Vai uma bolha de água aí?

BILHETE DO METRÔ: R$ PET,00 Imagine se para andar de metrô a passagem lhe custasse uma garrafa de refrigerante? Um transporte que já é consciente ia ficar ainda mais “verde”, e isso já acontece na China, com uma ideia criada para estimular a reciclagem. Em uma estação de Pequim há máquinas em que as pessoas podem pagar viagens de metrô com garrafas PET. Você coloca sua garrafa no local indicado, aguarda vinte segundos e o valor equivalente ao peso da garrafa é creditado no seu passe. Simples e barato assim.

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EMBALAGEM INTELIGENTE Muita gente está à caça de alternativas ecológicas que causem menos danos ao meio ambiente. Ao se falar de consumo, não é só produto que deve ser pensado ecologicamente, mas também sua embalagem. Uma tendência é a “embalagem biodegradável” feita de uma mistura de agar, que é uma substância gelatinosa das algas, com água. Depois que o produto é consumido — por exemplo —, um suco, a caixa começa a encolher e após um mês ele desaparece totalmente.

PRESENTE ECOLÓGICO Que tal pegar aqueles jornais velhos e utilizá-los para papel de presente? Estamos falando de uma máquina de reciclagem. Para combater o desperdício de papéis, uma agência instalou em Hong Kong o Instant Newspaper Recycler, que em apenas trinta segundos transforma seu jornal em um bonito papel de presente para você fazer um embrulho com sustentabilidade.

A LOUÇA DOS SONHOS Lavar a louça está na posição número um do ranking de tarefas mais chatas de casa, mas ela também é uma das causas de desperdício de água. Para a felicidade de todos, e principalmente da natureza, o estúdio sueco Washing Machine criou uma louça que não necessita de limpeza. As peças são feitas totalmente em celulose com revestimento hidrofóbico, que repelem a sujeira. Louça autolimpante, para a felicidade geral da nação. 16

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BANHO SUSTENTÁVEL Vamos confessar que para nós, que herdamos dos índios o costume de tomar banho até mais de uma vez por dia, entrar no chuveiro e ficar de olho no relógio não é uma tarefa fácil. Ainda bem que existem muitas ideias para o consumo consciente, como a de uma empresa sueca que idealizou o OrbSys Shower, um chuveiro que recicla 90% da água e economiza 80% de energia. A água que entra pelo ralo é filtrada e direcionada ainda quente para o chuveiro, economizando ao mesmo tempo água e energia.

PARA FESTIVAIS CONSCIENTES Quem participa de festivais de música sabe que, no fim da curtição, há uma grande quantidade de lixo e coisas abandonadas, inclusive tendas e barracas para camping. Uma solução para esse problema é a One Nights Tent, uma tenda de acampamento criada para ser usada apenas uma vez e que logo depois pode ser colocada para compostagem. A One Nights Tent é biodegradável, à prova de água, e você pode encontrá-la no site psssh.nl


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PRATAS DA PRAIA ATLETA

p o r Guilherme Mendes

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FERNANDA KELLER Se você perguntar para a triatleta Fernanda Keller o que significa a palavra cansaço, a resposta é direta: “Ele [o cansaço] existe, assim como a dor, mas a vontade de vencer é tanta que passamos por cima de qualquer cansaço”. Por “passar por cima” você pode entender o que quiser, mas ela aqui trata do Iron Man Havaí, a mais desafiadora prova da categoria no planeta e da qual já participou 24 vezes – 23 delas de maneira consecutiva. Se você não acredita no potencial de Fernanda, proponha-se o seguinte desafio: primeiramente nade 3.800 m – imagine você atravessando uma piscina olímpica 76 vezes. Em seguida, pedale 180 km. Sim, pedale de São Paulo até a porta do Sirena em Maresias. Se você não se cansou, ok, largue a bicicleta e corra uma maratona de 42,195 km (o que te levaria até a cidade de Caraguatatuba). Isto é um Iron Man, e Fernanda, 14 vezes entre as dez primeiras da edição havaiana e hexacampeã do Troféu Brasil de Triatlo, pode ser, sim, uma “mulher de ferro”.


FERNANDA KELLER DURANTE A IRON MAN HAVAÍ, A MAIS DESAFIADORA PROVA DO PLANETA

FOTOS: SÉRGIO MELO

A vocação apareceu na faculdade: “Cursava Educação Física na UFRJ quando ouvi falar sobre o evento de triatlo que aconteceria”. E, obviamente, houve algum ceticismo próximo à Fernanda. “Quando iniciei, o esporte não era tão conhecido, a minha família ficou muito preocupada com a dificuldade do desafio que eu estava decidida a encarar”. Mas vocação é vocação, e nada para alguém que nasce para aquilo. “Decidi participar e me apaixonei pelo esporte, que se transformou no meu estilo de vida.” Correr, pedalar e nadar tanto. Você pode se perguntar qual o sentido de manter isso tudo para si – e Fernanda também sentiu isso quando, em 1998, inaugurou o instituto que leva o seu nome. “Todas as crianças e jovens têm o direito de praticar esportes; promover essa inclusão através dessa prática é a realização de um sonho e faz valer todos os meus títulos e recordes.” Aos 51 anos, Keller é, sim, uma “mulher de ferro” – e não falamos apenas dos quilômetros nadados, corridos e pedalados.

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PRATAS DA PRAIA

FOTOS: DIVULGAÇÃO CANAL OFF

KAROL E MARIANA VIAJAM PELOS LITORAIS DO MUNDO PELO PROGRAMA ILHAS PARADISÍACAS, DO CANAL OFF.

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MUSAS DO PARAÍSO KAROL KNOPF E MARIANA GOLDFARB Chame do que você quiser: de “emprego dos sonhos” ou “unir a fome com a vontade de comer”: Só não chame de monótono o trabalho que Karol Knopf e Mariana Goldfarb fazem ao apresentar o Ilhas Paradisíacas, programa do Canal Off. Nem mesmo de sorte. “Acho que temos sorte de terem nos escolhido para fazer o programa, mas acredito que tudo não seja só isso”, explicou Karol, a belíssima apresentadora de cabelos loiros-claros, olhos azuis, dona de uma tatuagem que domina grande parte das suas costas e de um pique quase imbatível para surfar, fazer stand up paddle e ioga. Karol já tinha passagens por outros programas do canal e do Multishow. Já Mariana Goldfarb tem o cabelo alguns tons mais escuros (mas nem por isso menos espetacular), um corpo de curvas naturais, um olhar penetrante e singelas tatuagens espalhadas pelo corpo. E nenhuma experiência anterior com TV – o que, aos 22 anos, pode ser uma barra-pesada para se aguentar. “Realmente não tinha nenhuma experiência com televisão. Mas, mais do que isso, não foi fácil ficar quase três meses longe de tudo”, afirma. “Fiz 22 anos na viagem, nunca tinha ficado tanto tempo sem a minha família.” As duas, no comando do Ilhas Paradisíacas, surfam, caminham e apreciam alguns dos mais exclusivos e belos pontos do planeta: nas duas temporadas, elas já passaram pela Tailândia, Seychelles e Moçambique. Sobre a costa do país africano, Mariana abre o coração: “É uma beleza pura, intocada – muito além do que eu podia imaginar. Fiquei apaixonada pelo que vi.” Ambas têm o mesmo destino favorito: Palau, o minúsculo arquipélago perdido no meio do oceano Pacífico, que visitaram na primeira temporada, “seja pela vida marinha, as ilhas desertas, a água com uma transparência imbatível”, lembra Karol. Com um mundão deste tamanho, uma quer conhecer as Maldivas; a outra, conhecer tudo. E é com essa química inquebrável que Mari e Karol levam todos nós aos mais belos rincões da Terra.

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PRATAS DA PRAIA ANTI-HEROI

DADÁ FIGUEIREDO Dadá é para poucos amigos. Não responde a e-mails, não aceita sua solicitação de amizade no Facebook e tirou seu site oficial recentemente do ar. Isso só aumenta o desafio e a incrível missão de falar sobre Dadá Figueiredo – o maior mito do surfe em praias brasileiras. Mesmo sendo tão difícil encontrá-lo, não é possível falar de surfe brasileiro sem citar esse herói das ondas cariocas. Ou, na verdade, um anti-herói. Dadá apareceu na década de 70, vindo do bairro da Tijuca, zona norte do Rio, para simplesmente destronar os antigos reis da praia da Barra. Não sem deixar de abusar da sua irreverência e de uma autoconfiança incrível, capaz de colocá-lo numa posição interessante: “Eu gostava do esporte, mas não gostava de mais nada”, afirmou em certa ocasião. “Não gostava das roupas, não gostava do som, de poucas pessoas eu gostava.” Dono de uma personalidade marcante e uma verborragia capaz de acabar instantaneamente com amizades, o carioca se mostrou a lenda viva do esporte, com participações no cenário nacional e no circuito internacional de surfe. Quando o punk nasceu no fim da década de 1970, Dadá não deve ter se importado muito – afinal de contas, ele já era um deles havia muito, mas muito tempo. Tal como o punk era para o rock, sua proposta era arrojada demais para a sua época – e ainda hoje suas manobras ousadas de 30 anos atrás soam inovadoras e corajosas, mesmo para a nova geração. Toda a sua vida e obra, as desventuras e suas ondas mais clássicas estão em “Radical: a controversa saga de Dadá Figueiredo”, um dos melhores documentários sobre o surfe no Brasil, lançado em outubro no iTunes e no NET Now. E por onde anda Dadá hoje? Sua página no Facebook mistura fotos de sua produção de pranchas com frases de louvor a Cristo. Dadá atualmente é professor de surfe e pastor evangélico – duas profissões que não usam lá muitos aparelhos eletrônicos, redes sociais, e-mail. E nem adianta querer culpá-lo por ser Dadá Figueiredo.

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FOTO S: THELMA F LOR ES / ROD R IG O BR AG A

A HISTÓRIA DE DADÁ FOI CONTADA NO DOCUMENTÁRIO RADICAL, LANÇADO ESTE ANO

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O LIXO E O MAR p o r Lucas Baranyi

TUDO QUE VAI, VOLTA JOGAR UMA GARRAFA NO MAR É UM COSTUME DE MUITA GENTE – SEJA POR PREGUIÇA OU FALTA DE NOÇÃO. O PROBLEMA É QUE A NATUREZA NÃO PERDOA

IM AGE NS: SHUTTER STOCK

– E OS PIORES AFETADOS, A CURTO OU LONGO PRAZO, SEREMOS NÓS MESMOS

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200 anos Sabe quanto tempo essa garrafa de água vai levar para se recompor e voltar à natureza? DOIS SÉCULOS.

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50% Metade das garrafas de plástico PET produzidas no Brasil é reciclada – O RESTO ACABA INDO PARAR EM LIXÕES OU NO MAR. O problema é tão sério que, na Conferência Rio+20, realizada em 2012, firmou-se um compromisso global: tomar ações para alcançar reduções significativas no lixo marinho e evitar danos ao ambiente costeiro e aos oceanos. A data-limite é 2025, mas até lá tem muita água (ou melhor, lixo) pra rolar.

0,4%

Os oceanos são responsáveis por 50% do oxigênio que respiramos, nos fornecem alimentos e são fundamentais para o equilíbrio na Terra. Nas palavras de Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha dos oceanos do Greenpeace Brasil: “TEMOS APENAS 0,4% DA ÁREA MARINHA BRASILEIRA PROTEGIDA. É PRECISO AUMENTAR AS ZONAS DE PRESERVAÇÃO, IMPORTANTES PARA A RECUPERAÇÃO DA BIODIVERSIDADE”. Mas se isso não te faz pensar sobre não jogar lixo no mar...

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E SE UM ANIMAL INGERIR O PLÁSTICO? Como sabemos, esses materiais estão repletos de substâncias que fazem muito mal não apenas para nossos colegas do mar, mas para os seres humanos. A conta é simples: o peixe come plástico, morre, mas os venenos que ele ingeriu podem passar despercebidos no preparo de refeições. E como tudo que vai, volta, pode sobrar pra você – que não viu problema nenhum em largar essa garrafinha na praia. Diversos especialistas afirmam que já é perigoso para seres humanos consumir peixes e frutos do mar. Muito dos nossos oceanos e da nossa fauna marinha já foi prejudicado, mas resta esperança. E a parte boa é que um futuro melhor depende apenas de nós.

25% ...Saiba que seu bolso agradeceria sua boa educação. Um estudo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) mostra que detritos no mar podem ter custos econômicos consideráveis para banhistas e para o comércio local. A pesquisa constatou que os moradores da cidade de Orange County, mais conhecido como OC, na Califórnia, perdem milhões de dólares a cada ano ao trocar as praias locais, afetadas Você pelos pode detritos, achar por que praias “é só uma mais garrafilimpas, que nha”, estão mas mais está longe imensamente e exigem mais enganado. gastos com Segundo transporte. o Programa Segundo daso Nações estudo,Unidas REDUZIRpara O LIXO o Meio MARINHO Ambiente, EM existe, 25% NAS em PRAIAS média, DAcerca REGIÃO de SE 18 mil TRADUZIRIA pedaços NUMA de plástico ECONOMIA visíDEveis APROXIMADAMENTE flutuando em cada US$quilômetro 32 MILHÕES quaAO LONGO dradoDE doTRÊS mar. MESES Vamos NO repetir: VERÃO. visíveis. Mal dá para saber a quantidade de lixo que acaba se acumulando em partes mais fundas do oceano – e, pior, o número de animais marinhos que acaba morrendo graças a todo esse material. Se ainda assim você não acha que esse é um grande problema...

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PERFIL

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O MENINO QUE NÃO PODE MAIS JOGAR BOLA p o r Adrian Kojin f o t o s Jorge Mesquita

GABRIEL MEDINA CRESCEU EM

MARESIAS, E NÃO EXISTE LUGAR NO MUNDO ONDE ELE PREFIRA ESTAR. ÀS VÉSPERAS DE EMBARCAR PARA

O HAVAÍ, ONDE IRÁ DISPUTAR

O TÍTULO MUNDIAL DE SURFE, ELE PASSOU UMA TEMPORADA EM CASA, CURTINDO E RELAXANDO COM

A FAMÍLIA E AMIGOS DE INFÂNCIA, MAS AS COISAS NÃO FORAM, NEM

NUNCA MAIS SERÃO, COMO ANTES.

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a prancha de Gabriel Medina já não tem mais espaço para logos da longa lista de patrocinadores com quem assinou contratos. Neymar, Robinho, Guga Kuerten, entre outros grandes ídolos do esporte brasileiro o apoiaram publicamente na sua disputa pelo título mundial, onde irá encarar feras como Kelly Slater, o maior surfista de todos os tempos. Até Kelly, do alto dos seus 11 títulos mundiais, se declara um fã do estilo do brasileiro, e afirma com todas as letras: “Medina é o cara mais perigoso do mundo”. Todos os olhos estavam no mar, enquanto o menino surfava, uma última vez em sua cidade natal, antes da disputa mais importante de sua carreira no Havaí. “Deus disse que era possível, mas não que seria fácil”, declarou Medina em uma entrevista dada este ano, sabendo exatamente o quanto aquilo era realidade. Quando ele era apenas uma criança de 12 anos, sonhou em ser campeão do mundo de surfe. Percebendo o talento do garoto na água, o padrasto e técnico, Charles, fez uma proposta ao pequeno Gabriel. Ele deveria se comprometer a treinar muito e, ao mesmo tempo, manter distância das tentações e prazeres prejudiciais à vida regrada de um atleta de ponta. Muito provavelmente, naquela altura de sua vida, Medina não tinha a verdadeira dimensão do que lhe seria exigido para que os resultados almejados fossem alcançados. Biel, seu apelido dentro do âmbito familiar, já foi para os amigos mais chegados o “Medalha”. Isso quando ele despontou faturando os primeiros campeonatos de que participou, demonstrando uma obstinação pela vitória que serviria de combustível para uma escalada fulminante em direção à primeira

Isso ficou claro em novembro, quando ele disputava em sua praia, o O’Neill SP Prime – evento que não conta pontos na disputa do título mundial. A pressão ao seu redor estava diferente. A expectativa da multidão de novos e velhos fãs que se acotovelavam na orla era de que ele não errasse nada. Ele terminou por decepcionar a numerosa torcida presente, mas acima de tudo a si mesmo. Prestes a embarcar para o Havaí, Medina estava claramente sentindo o enorme peso depositado sobre os largos ombros de quem já remou muito. O peso da esperança de uma nação inteira. De um Brasil carente de grandes campeões e que sonha junto com Medina com o maior troféu do surfe. O país do futebol está torcendo como nunca para o surfe. E esse fato inédito é responsabilidade de Gabriel Medina.

divisão do Circuito Mundial, do qual se tornou o mais jovem integrante da história, aos 17 anos de idade. São os amigos mais próximos que contam que perder em qualquer tipo de disputa o deixa inconformado, do pingue-pongue ao pôquer com os amigos, e a revanche passa a ser um objetivo a ser perseguido. Não importa de quanto tempo for a espera. Assim que aparecer a oportunidade, Medina vai deixar claro que não esqueceu. É grande a chance de que Gabriel venha a ocupar o vácuo deixado no imaginário do público brasileiro por fenômenos do esporte nacional como Ayrton Senna e Guga Kuerten. À semelhança deles, ele tem, além das qualidades físicas e mentais de um vencedor, um tremendo carisma, que já foi detectado pelos atentos radares de audiência da Rede Globo.

se que contra a vontade, a falar em público para enfrentar as entrevistas às quais é constantemente submetido. Seu jeito caseiro, somado às viagens que faz mundo afora para participar de competições, acaba fazendo dos quartos de hotel, norte-americanos, australianos e havaianos, sua segunda casa. A primeira será sempre Maresias. Lá ele é o amigo fiel da galera com quem cresceu junto. Mas hoje as risadas e zoação têm que ser quase sempre virtuais, via Facebook e Instagram. Futiba? No máximo uma brincadeira de “altinha” na areia com a galera. Rachão nem pensar. O risco de uma contusão é muito grande. Corintiano fanático, que afirma que seria jogador se não fosse surfista, não pode jogar bola. Namorada? É claro que ele dá suas escapadas da vigilância atenta da mãe Simone, mas nada que possa atrapalhar o preparo

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Menino Medina Tímido ao extremo, ele teve que aprender, qua-


“MEDINA É O CARA MAIS PERIGOSO DO MUNDO” KELLY SLATER

MEDINA REALIZA O EXTRAORDINÁRIO BACKFLIP EM MARESIAS, MANOBRA QUE VIROU SUA MARCA REGISTRADA.

O SURFISTA E SUA EQUIPE DE SEGURANÇAS DURANTE UM EVENTO EM NOVEMBRO.

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para o próximo campeonato. Muito menos difícil é não poder tomar uma cerveja, já que drogas, lícitas, como o álcool, ou não, nunca atraíram o garoto religioso, frequentador da igreja Bola de Neve. A combinação do poderio econômico de patrocinadores, como a Oi, Guaraná Antarctica, Gille-

lia Medina. Charles, o padrasto, na coordenação geral, o shaper Johnny Cabianca, o videomaker Henrique Daniel, o treinador funcional Allan Menache, o manager e agente Cesar Villares, o assistente e tio Jaime, e também o sempre presente e muito necessário segurança Fabão Monstro.

te Body, Samsung e Mitsubishi, aliado à máquina de promoção da maior emissora de TV do país, tem tudo para colocar Gabriel onde nenhum outro surfista jamais esteve, no Brasil e até mesmo no mundo. Enquanto Kelly Slater é um famoso desconhecido do grande público americano, Medina tem o potencial de se tornar item de consumo do povão brasileiro. E há quem diz que seu faturamento anual já passa dos 5 milhões de dólares.

Mais parecida com a agenda de um político em busca de votos do que com a de um atleta se preparando para a disputa do título mundial, a puxada maratona de entrevistas, filmagens, fotografias, cumprimentos, autógrafos e bajulação recebeu muitas críticas nos bastidores do evento e nas mídias sociais, questionando se o excesso de compromissos não iria prejudicar a concentração de Medina para a monumental ba-

O PAÍS DO FUTEBOL ESTÁ TORCENDO COMO NUNCA PARA O SURFE Para isso contribui de forma decisiva a imagem de garotão extremamente familiar, que tem entre seus programas favoritos levar a irmãzinha de sete anos para surfar ou acompanhar as partidas de futebol de Felipe, seu irmão mais novo. Ele adora videogame e navegar nas redes sociais, curte o rap de músicos originários da favela, como Emicida, tatu-

talha que o esperava no Havaí. Seus adversários na disputa do título mais emocionante em muito tempo, o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater e o tricampeão mundial e atual detentor do título Mick Fanning, com certeza não estavam sendo submetidos a esse tipo de exposição. Cada vez que o enorme carro preto de vidros

agens no corpo e um boné na cabeça. Tem uma mãe separada do primeiro marido, evangélica fervorosa, que o protege com a determinação de quem ama suas crias acima de tudo. Ou seja, é um brasileiro comum o bastante para se tornar uma referência. Durante o O’Neill SP Prime em Maresias, que lotou a praia com mais de 20 mil pessoas, o assédio a Medina foi descomunal. De mamães levando bebês recém-nascidos para serem beijados pelo atleta ao programa Pânico obrigando-o a beijar uma de suas panicats. Políticos forçando fotos junto ao ídolo, multidões implorando por uma selfie ao seu lado, longas filas para suas sessões de autógrafos nos estandes de seus patrocinadores. “Marias-parafina” se oferecendo para o partido. Em meio à multidão de Maresias, Gabriel estava acompanhado de sua segunda família, a famí-

escuros, que conduzia Medina em suas deslocações, apontava na ruela ao lado do palanque do campeonato, uma correria frenética se iniciava na praia e arredores. Era o tipo de tietagem normalmente dedicado a músicos de sucesso, atores globais e jogadores da Seleção brasileira de futebol. Mas não. No caso tudo aquilo era para um surfista de 20 anos que não tinha noção de que o caminho para o tão desejado título mundial desembocaria naquele tipo de situação. Para garantir que suas roupas não fossem arrancadas ao sair do carro, a escolta tinha que ser reforçada por um grupo extra de seguranças requisitado aos organizadores do evento. Comer com tranquilidade em seu restaurante favorito, checar as ondas na companhia dos brothers, levar o cachorro para dar uma volta, dar uma

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GABRIEL MEDINA É CORINTIANO DECLARADO.

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ACIMA: MEDINA REALIZA MANOBRAS COM A BOLA E O COM A PRANCHA. ABAIXO: ASSEDIADO POR PROGRAMAS DE TELEVISテグ

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pilotada em seu drone. Tudo se tornou uma missão que demanda planejamento prévio e rotas de escape. Medina estava diante de um cenário que fugia do seu controle pessoal, e, não sem razão, em várias de suas aparições demonstrava estar tenso, incomodado, sorrindo amarelo.

“É QUE ESTE É O ÚNICO MOMENTO EM QUE O GABRIEL TEM PARA FICAR TRANQUILO” FABÃO MONSTRO Junto do muro, atento, Fabão Monstro es-

Incumbido de escrever este texto sobre ele, trocamos umas poucas palavras no palanque do evento, mas duvido que ele se lembre do que falamos e da minha cara. Suas respostas foram protocolares, como as que eu já vinha testemunhando ao acompanhar suas entrevistas coletivas e, digamos assim, pseudoexclusivas, desde que ele reunira a imprensa em um hotel ao lado do aeroporto de Cumbica na sua chegada da Europa. Logo percebi que ganharia mais perspectiva sobre meu objeto de análise me mantendo como um observador silencioso de toda movimentação sua à qual eu pudesse ter acesso, logicamente sem prejudicar sua privacidade. E já que não se tratava também de assumir uma postura de paparazzo, só tirei fotos quando elas foram permitidas. Mas foi justamente num momento em que tive essa possibilidade negada que pude encontrar pela primeira vez em vários dias o Gabriel que eu realmente estava buscan-

tava a postos, de olho na cena toda. Dirigi-me então a ele, pedindo permissão para tirar um par de fotos. Muito educadamente, ele negou e disse que se o tio de Gabriel estivesse ali e autorizasse, tudo bem, mas como ele não se encontrava na área, eu teria que aguardar outra chance. “É que este é o único momento em que o Gabriel tem para ficar tranquilo.” Nem pensei em discutir ou em roubar uma imagem. Dei uns tantos passos adiante e fiquei um tempinho apreciando a destreza e o atleticismo de Gabriel também naquela atividade. Ele estava concentrado, levando o jogo a sério e exibindo uma habilidade surpreendente na lida com a pelota. O sol já estava se aproximando da linha do horizonte quando retomei meu rumo, mas não sem antes reparar que uma bela morena entrava no mar bem ali em frente, a mesma que eu havia notado Gabriel sinalizar para que seu segurança conduzisse para seu carro em uma de suas visitas ao palanque do evento. Garoto esperto e de bom gosto, pensei. Líder da geração apelidada pelos gringos de Bra-

do. Caminhando de volta pela areia em direção ao meu hotel, de repente percebi que estava bem em frente à casa da família Medina e que, logo mais à frente, duas duplas se enfrentavam numa acirrada partida de futevôlei. Uma dupla era formada por uma menina e seu parceiro e, fazendo parte da outra, ninguém menos que Gabriel arrasava com matadas no peito, cabeçadas precisas, passes e finalizações certeiras. Eram “manobras” desferidas por pés obviamente tão familiarizados com os contornos de uma prancha de surfe quanto pelos de uma gorduchinha.

zilian Storm, Medina está à frente da “tempestade brasileira” que vem mudando a maneira como o surfe brasileiro é visto fora e dentro do Brasil. De um lado, americanos e australianos estão sendo obrigados a reconhecer que a hegemonia deles no circuito mundial faz parte do passado. De outro, no âmbito interno do país, graças aos resultados obtidos e à postura de dedicados atletas profissionais, Medina é responsável pelo surfe finalmente ser aceito pelos meios de comunicação e grandes empresas como a bola da vez. E essa o menino que não pode jogar futebol, mas adora curtir um futevôlei, sabe chutar como ninguém.

A última altinha

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GUIA DO PEDAL p o r Lucas Baranyi

FOTOS: SH UTTE R STOCK

A vez da magrela

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No dia 10 de junho de 2009, São Paulo registrou o pior congestionamento de sua história: foram 293 km de filas – com mais de 50 km de trânsito, seria possível fazer o trajeto São Paulo-Maresias, ida e volta. A situação não melhorou: o recorde de 2014 na capital paulista aponta para surpreendentes 239 km de congestionamento. O carro, que antes significava poder aquisitivo e facilidade para se locomover, tem se transformado em sinônimo de estresse e queda na qualidade de vida. Após índices recordes de congestionamento das capitais dos últimos anos, o cidadão começou a pensar em soluções criativas para sair do lugar. Foi justamente nesses últimos anos, quando o carro deixou de ser solução para tornar-se problema, que a bicicleta — a bike, a magrela — surgiu como uma alternativa charmosa, viável e sustentável.

A CIDADE DIZ SIM Uma das principais bandeiras do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), tem sido a construção de ciclovias na cidade. Até o fim de outubro deste ano, foram contabilizados 105,9 km de ciclovias sinalizadas, e a meta da Prefeitura é ainda mais ousada: entregar até o final de 2015 uma rede de 400 km ciclovias em toda a cidade, em um projeto que custará R$ 80 milhões. A ideia é incluir ciclovias em 12 das 28 pontes das marginais Tietê e Pinheiros, com investimentos de R$ 6 milhões. Até agora, foram implantados 82,9 quilômetros. Quando assumiu o governo, em 2013, São Paulo tinha apenas 60 quilômetros. A entrega das obras está em ritmo acelerado, com uma inauguração a cada dez dias – ou até menos.

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Como qualquer grande mudança em uma cidade causa um estranhamento inicial, a “moda da bicicleta” teve um começo difícil. Agora, porém, a visão parece estar mudando. Uma pesquisa do instituto Datafolha deste ano mostrou que 80% dos entrevistados aprovam as faixas. Essa cisma inicial não é exclusividade da mente paulistana: ela também aconteceu em Nova York, que conta com 587 km de ciclovias. Hoje em Sampa, 71% dos entrevistados veem mais benefícios do que prejuízos nas bikes. E não estamos falando apenas de passear no parque: 60% dos entrevistados afirmaram que “a bicicleta é um meio de transporte viável para as tarefas do dia a dia, como ir ao trabalho, à escola e se locomover pela cidade”. Quando o assunto é tempo, a bicicleta se transforma em uma grande heroína da nossa época. Em setembro foi realizado o 9º Desafio Intermodal de São Paulo, que busca responder a uma simples pergunta: “Qual meio de transporte é mais eficiente nas cidades?”. Você já deve imaginar qual foi o vencedor deste ano. A “corrida” aconteceu numa sexta-feira, em plena hora do rush (18h). Teve, como largada, a Praça General Gentil Falcão, no bairro do Brooklin, e foi completado no Viaduto do Chá, na Prefeitura de São Paulo. O primeiro a cruzar a linha de chegada foi o ciclista Ricardo Bruns, que cumpriu a rota em incríveis 20’9’’. Na motocicleta, o participante Victor Campos chegou três minutos depois, com o tempo de 23’7”.

O CORPO AGRADECE Muita gente odeia ir para a academia porque o ambiente fechado parece desestimular a prática do exercício físico, tornando toda a atividade pouco prazerosa. A bicicleta, nesses casos, apa-

105,9

rece como uma solução muito bem-vinda; quando você começa a pedalar, seus batimentos cardíacos aceleram para que o sangue

é o número total de ciclovias sinalizadas concluídas na cidade de São Paulo até outubro de 2014. O investimento no transporte individual não motorizado (e não poluente) é uma das grandes metas da Prefeitura da cidade.

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ELA É UM MEIO DE TRANSPORTE VIÁVEL PARA AS TAREFAS DO DIA A DIA


seja bombeado mais rápido, alimentando o corpo em movimento. Um passeio de uma hora pode dobrar o número de batimentos do coração, mas isso não é ruim: você estará diminuindo muito o risco de ter doenças cardíacas no futuro. Primeiro, o mau humor fará questão de ir embora rapidinho, pois as pedaladas rendem descargas de endorfina e serotonina no corpo, hormônios ligados ao prazer e ao bem-estar. De quebra, enquanto pedala o ciclista também previne doenças como diabetes, osteoporose, depressão e câncer.

VIVA A SUA CIDADE Entre os inúmeros benefícios de pedalar, um deles é pouco citado, mas extremamente valioso: o exercício da cidadania. Muitas vezes, conviver com a cidade é algo impossível quando se está preso no limite da janela de um carro. Isolado em uma prisão sobre quatro rodas, o motorista acaba se distanciando do contato com a comunidade que o cerca. Descobrir pessoas que moram próximas e que andam pelos mesmos caminhos todos os dias; conhecer belezas ou melhorias necessárias nas redondezas; aprender novos trajetos usando a criatividade pelos bairros e regiões. Porque a bike não veio apenas para combater a poluição, poupar nosso tempo e melhorar nossa saúde; ela é uma maneira de nos fazer evoluir e nos devolver a posse da cidade. Antes de sair pedalando, porém, é preciso ter alguns cuidados: visite um médico, procure saber os limites do seu corpo e não pule etapas. Ainda que “ninguém se esqueça de como é andar de bicicleta”, tornar-se um ciclista no dia a dia, é uma mudança e tanto e requer conhecimento, prática e força de von-

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tade. Para te ajudar, preparamos uma lista das bikes que podem se adequar melhor ao seu estilo de vida – e a seu bolso. Dito isso, mãos à obra e pés aos pedais.

O objetivo para o final de 2015, apenas na capital paulista, é de 400 km de ciclovias. Essa é a meta 97 do Programa de Metas da Prefeitura paulistana. Parte dos recursos investidos deve ser disponibilizado pelo Fema (Fundo Municipal do Meio Ambiente).

PEDALADAS RENDEM DESCARGAS DE ENDORFINA E SEROTONINA NO CORPO

ELA É UMA MANEIRA DE NOS FAZER EVOLUIR COMO SOCIEDADE

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BIKE DOWNHILL PARA DESCER A SERRA COM VELOCIDADE E SEGURANÇA, A BIKE DOWNHILL PODE CHEGAR A ATÉ 70 KM/H – E ENFRENTAR ROTAS CHEIAS DE TERRA. SPECIALIZED ENDURO ARO 29 R$ 42.399,00

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Atração Tomorrowland - Bélgica 2014

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GATAS DO CALENDÁRIO

12 MUSAS ESTONTEANTES EM 12 PAISAGENS INESQUECÍVEIS PARA INSPIRAR VOCÊ PELOS PRÓXIMOS 12 MESES

f o t o s Angelo Pastorello

Idealização do Projeto: Fabio Fanganiello / Diretor-Geral: Mauricio Neves / Diretora Executiva: Janaina Massarini / Diretor de Arte: Alexandre Pisa / Make e Cabelo: Drika Lopes / Produtora de Moda: Ju Hirschmann

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TASSIANA ARBIZA

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CAMILA OLIVEIRA 44

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JHENNY ANDRADE revista SIRENA

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ISABELA AMARAL

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ANDRESSA QUINTANILHA

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FERNANDA QUEIROZ 48

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SCHEILA LIMA

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NOME SOBRENOME

RAPHAELA SCHARF revista SIRENA

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MARINA TEIXEIRA

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ANDRESSA QUINTANILHA

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GRACIELA CARVALHO 56

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QUER SER A SEREIA DO NOSSO CALENDÁRIO? Nosso casting começa em janeiro de 2015. Para participar, basta entrar em contato com thyago@ sirena.com.br para saber mais informações. As 12 mais belas sereias irão estampar nosso calendário e nossa revista e serão convidadas especiais na nossa festa de 21 anos! Participe enviando suas fotos e boa sorte!

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CAROLINA HELENA

AGRADECIMENTOS: Acessórios: Rossana Segatto - My Gloss Biquínis: Manuella Melo - Menta Chocolate - Líquido - Vix - Mar Rio - Hope Agradecimentos especiais: Tom Pessoa - Thyago Inácio - Orlando Oliveira - Hotel Delta Maresias - Multishow - Guria Maresias

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SER SUSTENTÁVEL

Em busca da harmonia humana t e x t o e f o t o s p o r Thayse Lopes

CERTA VEZ, O LÍDER RELIGIOSO MAHATMA GANDHI PROFERIU: “CADA DIA A NATUREZA PRODUZ O SUFICIENTE PARA NOSSA CARÊNCIA. SE CADA UM TOMASSE O QUE LHE FOSSE NECESSÁRIO, NÃO HAVERIA POBREZA NO MUNDO E NINGUÉM MORRERIA DE FOME”. ACOMPANHEI TRÊS PERSONAGENS QUE SE INSPIRARAM NESTE AFORISMA PARA TRANSCENDER A CORDA BAMBA DO CAPITALISMO E VIVER COM SUSTENTABILIDADE EM UMA METRÓPOLE CHAMADA SÃO PAULO.

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é a capacidade de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer as das futuras gerações.

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Cheguei à casa da Fabíola num sábado ensolarado e quem veio me receber era uma mulher do sorriso largo e roupas coloridas. Ela estava acompanhada por dois gatos.

E gostei muito. Era o jeito que a Fabíola encontrou de me mostrar que ali, de fato, vivia uma pessoa que preza uma alimentação saudável. Mas nem sempre foi assim. Antes disso tudo havia uma mulher que trabalhava incessantemente como professora de Educação Física da rede pública de ensino de São Paulo. A Fabíola dos dias corridos tinha muito pouco tempo para cuidar da saúde e de seus sentimentos. Além disso, estava passando por um difícil processo de divórcio. A mudança na vida da professora, então com 33 anos, começou quando no final de 2013 descobriu um câncer de mama.

A primeira impressão era que eu estava na minha própria casa. As cores do apartamento, equilibradas e sóbrias, remetiam-me ao conforto e à boa vibração que tinha o lugar. Os móveis, doados e reciclados e reaproveitados, pareciam pertencer ao seu devido lugar. Perguntei-me: afinal, quem era o responsável por aquele recanto? Entre meus olhares de curiosidade e deslumbre, a dona da casa me serviu um suco verde, recém-preparado. Tomei sem saber se gostaria.

Atôtina e “em meio à tristeza”, como lembrou durante nossa conversa, Fabíola encontrou forças para inverter sua vida e recomeçar. Iniciou abandonando os velhos hábitos para aprender novos. A primeira pergunta foi “Onde foi que eu errei?”. Seguindo esse caminho, e afastada de sua rotina insalubre, Fabíola passou a pesquisar, tanto com seus médicos, quanto com outras pessoas e até mesmo na internet, mais sobre as maiores causas para desenvolver um câncer. Dentre elas, notou que a

DOENÇA EM SAÚDE

FABÍOLA EM SUA RESIDÊNCIA E MOSTRANDO SUA HORTA PESSOAL.

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ferente. Enquanto não tiver um motivo, as pessoas dificilmen-

câncer, começou a se dedicar à acunpuntura e à ioga (con-

A partir daí, decidiu que consumiria apenas alimentos livres de agrotóxicos, conservantes e demais industrializados. “Quando mudamos nossa alimentação, o corpo vai reagir. Eu acredito que a alimentação é um fator determinante no equilíbrio do planeta”, conta Fá (como ela pediu para ser chamada durante a nossa conversa). Veio então a ideia de fazer uma pequena horta em seu apartamento no centro de São Paulo. O cultivo começou pequeno. Afinal tinha que alternar seu tempo entre sessões de quimioterapia e repouso, mas o vislumbre de uma nova vida garantiram à ela a força necessária para seguir em frente. Atualmente,

te mudam”, completa. A transformação aconteceu também no campo espiritual. Desde a descoberta do

ceito filosófico que trabalha o corpo e a mente). “A ioga me trouxe alívio. Quando você a pratica, tudo muda. Em algum momento, você liga os pontos e percebe que espiritualidade tem a ver com preservação ambiental”, diz.

Fabíola cultiva boldo, cebolinha, morango, manjericão, alecrim, couve, alface e vários outros alimentos. “Meus alimentos são cultivados por mim ou então compro em feiras de produtos orgânicos”, conta. E as mudanças não foram somente na alimentação. Fá decidiu que poderia ir além ao fazer coleta seletiva do seu lixo, reaproveitar água da máquina de lavar e optar por influenciar outras pessoas por meio de suas práticas. “Se todo mundo tivesse um pouco de consciência, tudo seria di-

UT TE R FO TO : SH

ST OC K

má alimentação sempre aparecia associada à doença.

SUCO VERDE DA FABÍOLA BATER TUDO NO LIQUIDIFICADOR E COAR COM PANO - 1 cenoura - 1 inhame médio - 1 beterraba - 3 folhas de couve e de ora-pro-nóbis - 1 pedaço pequeno de gengibre - 1 pedaço pequeno de raiz de açafrão - 2 laranjas ou abacaxi - 1 limão

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mas ela decidiu que também queria aumentar suas plantações de ervas medicinais e foi aí que a horta tomou maiores proporções. Hoje, a plantação de dona Cida é referência para a região.

Parti para zona leste de São Paulo para contar a história de Aparecida Annanias, dona Cida ou vó Cida, alguns dos nomes pelos quais é conhecida em sua comunidade. Uma senhora de

fora, até o trabalho de uma vida. Quando me dei conta, estava dentro de um terreno enorme, com muito verde e, pelo jeito, muita coisa pra contar. Uma imprevisível chuva ameaçou cair e precisamos nos proteger, mas dona Cida continuou suas explicações e não deu muita

“Desde muito nova aprendi com minha mãe a finalidade de cada erva e agora quero ensinar para os mais novos”, conta. No local, concentram-se mais de cem espécies de erva medicinais. Apesar da variedade, ela conhece cada uma “só de olhar para as folhas ou sentir o cheiro, e sei para o que todas servem”, completa. Entre as mais conhecidas está aloe vera, alecrim, boldo, avelós (indicada para quem faz tratamento contra o câncer), cravo etc. Passar uma tarde inteira com a vó Cida torna fácil entender o por quê aquela senhora ganhou o respeito e a admiração do bairro. Sabedoria. Devido à popularidade da horta, muitos líderes religiosos a procuram para colher

85 anos e uma sabedoria sobre plantas que assustaria qualquer professor de biologia. Minha chegada foi num domingo, por volta das 10h, o dia oscilando entre nublado e ensolarado. Cheguei à casa da vó Cida e já fui recebida com um copo de canjica, um bom abraço e um semblante sereno. Com a voz branda, colocando calma em cada palavra, ela dizia: Quando você quiser, eu posso começar a falar”. Pedi para conhecer a famosa horta de que tanto haviam me falado. Ela então me acompanhou para

importância para os pingos. Tudo teve início quando ela começou a plantar remédios em casa. Logo, as pessoas passaram a procurá-la para saber qual a receita para curar dores e demais sintomas. Ela confessa que sempre ajudou sem cobrar nada, pelo puro prazer de ajudar. Sua atual horta nasceu há 14 anos, fruto da necessidade de ocupar um terreno de fundos de uma escola, antes usado para consumo de drogas. A ideia inicial era que vó Cida ajudasse na orientação do plantio de verduras para o lanche dos alunos,

folhagens para seus rituais. Atualmente ela e o neto Cesar cuidam do lugar. Os dois alternam o trabalho entre irrigar, tirar o capim e fazer mais plantações. Ela acredita que se as pessoas optassem por cultivar alimentos e remédios vindos da terra e sem agrotóxicos, muitos não estariam doentes. E que se as pessoas pensassem no coletivo, ao invés de apenas em si mesmas, o mundo seria melhor. “Enquanto eu tiver saúde, vou continuar meu trabalho na horta sem cobrar nada porque acho que é assim que o mundo melhora”, afirma.

APARECIDA E UMA DE SUAS ERVAS MEDICINAIS.

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DOR E AUTOCURA Em plena metrópole agitada, em meio à poluição que irrita o nariz, os ouvidos e os olhos, há um esconderijo. Uma porta para fora de todo aquele caos. O cantinho a que me refiro é o lugar onde André Meyer tem encontrado refúgio desde que decidiu mudar seu estilo de vida. Foi lá que marcamos nosso bate-papo, e logo no primeiro contato já vi que tinha algo diferente. Como aquele homem se dizia ter 44 anos? Sim, são 44 anos bem vividos, segundo ele. Ele me explicou que sua jovialidade tinha a ver com as decisões que havia feito no passado. Até a década de 90, André trabalhava com modificação corporal e era bodypiercer. Sua vida era regada a noitadas e vícios, como ele mesmo conta. Em 1994 sua vida passou a tomar novos rumos; começando por uma viagem que ele fez para a Índia, onde conheceu a Ahstanga Vinyasa Yoga, estilo de Hatha Yoga conduzida pela respiração. Muito além das posturas, André encontrou o que procurava: a filosofia da negação à vida material. O bodypiercer então resolveu arriscar sair de sua zona de conforto. “Minha vida antes da ioga era intensa, a prática me colocou no lugar”, afirma. Ao deixar a Índia, levou consigo os ensinamentos dos mestres e decidiu que em vez de fazer as pessoas sentirem dor, queria que elas se renovassem também e que soubessem os verdadeiros valores do ser humano. “Vi que precisava de uma autocura e a ioga me trouxe isso”, completa. O retorno ao Brasil e o processo de adaptação ao novo estilo de vida foi difícil, afinal, estava na maior metrópole brasileira, mas desistir e voltar à “antiga” vida não era uma opção. Assim logo tratou de se ambientar e procurar por locais onde pudesse praticar e contiuar com sua paz interior. Com a ajuda de um amigo, encontrou a Gam Yoga e foi ali que se tornou professor. Atualmente, dedica-se ao ensino de práticas de Ashtanga Vinyasa e divide seu tempo entre ensinar ioga e Yoga Surf Camp, projeto que reúne professores experientes de diferentes estilos de Hatha Yoga, Surf e Stand Up. A iniciativa destina-se aos amantes de esportes aquáticos

e atividades outdoor com o intuito de proporcionar alimentação e entretenimento saudável. Para Andre, não basta apenas praticar ioga e isso não refletir no meio social. Afinal, entre os fundamentos da prática estão os valores de justiça, respeito e solidariedade. “Acho importante que as pessoas saibam que estar bem com si mesmas reflete no processo social. Praticar o bem, andar em retidão e ser justo melhora o mundo, melhora o convívio com as pessoas. Se não aprender isso, não entendeu o verdadeiro sentido de negação”, complementa. LOCAL: Gam Yoga ENDEREÇO: Rua Fradique Coutinho, 1004. São Paulo/SP TELEFONE: 11 3034-3953

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NA MODA p o r Vinícius Guidini

As comemorações de Ano-Novo na melhor pegada pé na areia são as favoritas de muita gente. E a regra principal nesses momentos é manter o conforto e a praticidade, já que a palavra-chave aqui é diversão. Confira as dicas para acertar dia e noite. Durante o dia: tons claros combinados com um pouco de cor garantem looks descolados. As mulheres podem investir em maiôs vazados junto com acessórios metalizados ou com visual de coral – os favoritos do momento! A mesma regra de cor vale para os homens, que podem combinar uma camiseta polo clássica com sungas estampadas; dê um up no resultado com óculos de lentes coloridas. Para a noite: quer fugir do look branco total na virada? Uma boa opção para as mulheres são os vestidos mais curtos com tramas e rendas nos tons terrosos junto com acessórios dourados. Essas cores também são ótimas alternativas para eles, que podem investir em calças de linho bege ou marronsclaras ao lado de parcas de algodão ou batas.

FOTO: ARQUIVO PE SS OAL

DICAS DA BLOGUEIRA DE MODA

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PARA AS MULHERES: “Quer acertar no visual e emanar as melhores energias para a sua noite de Réveillon? Então escolha um bom acessório em prata ou dourado que dá um up no look praia e também traz boas vibrações para a passagem de ano”. Tâmara Guzman

PARA OS HOMENS: “Já os homens podem misturar o branco com o cáqui – além de sair do clássico total white, o resultado passa muito estilo pra, quem sabe, começar o ano fazendo conquistas!”.

Cursou Anhembi Morumbi e FMU, mas formou-se em consultoria de imagem no Instituto Marangoni em Paris. Trabalha com moda há anos, sendo seis deles dedicados à coordenação do Esquadrão da Moda no SBT.


ANG ELO PASTOR ELLO

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Q

FOTO: R EPRODUÇÃO

uem já foi ao Sirena sabe que depois ficam na cabeça os flashes, as músicas, as histórias e todo o clima do clube. Foi pensando nisso que em conversas informais entre Fábio Fanganiello, dono da casa, a modelo Amanda Herdeiro e seu namorado, o empresário Rodrigo Comotti, sacaram que quem curte os carnavais eletrônicos,

rememorar com estilo as noites inesquecíveis vividas ali. A cabeça responsável pela criação dos produtos e pela gestão da loja é a Amanda, que é formada em Administração de Empresas e que acredita que moda é se vestir do jeito que você possa se sentir bem. A modelo paulistana tem 24 anos, declara ser apaixonada por praia e não abre mão de ver o horizonte azul, principalmente o de Maresias. Ela frequenta a casa há anos e diz que teve inúmeros momentos especiais vividos por lá, inclusive o de ser uma das sereias do calendário 2014: “Foi uma experiência incrível, as fotos foram feitas em Angra dos Reis e nas praias do litoral norte de São Paulo. A equipe e o resultado foram maravilhosos”. Os itens mais procurados pelos clientes/frequentadores da casa são os copos, bonés, chinelos e camisetas, e sobre a loja, Amanda diz: “O clima do Sirena Store é idêntico ao da casa, superanimado.” O Sirena Store fica dentro do próprio Sirena e funciona no horário da casa. É só chegar.

os réveillons ou as outras tantas festas badaladas, querem levar mais do que as (muitas) selfies que tiram. Querem levar um pouco do Sirena para casa. E foi assim que surgiu em agosto deste ano o Sirena Store, uma loja de lembranças para a galera

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SUMMERTIME

TRILHA

RESTAURANTES 76

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AVENTURAS DE VERÃO p o r Fernanda Lopes

experiências inesquecíveis nesse paraíso. Separamos opções que fazem bem para a mente e para o corpo: esportes, paisagens lindas e, de quebra, muita comida saudável. Partiu, verão!

SANDRO CASTELLI

LONG

Sentar em frente ao mar, repor a vitamina D com um demorado banho de sol e colocar as ideias no lugar. Isso já soa bom o bastante para você? Então imagina só viver

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FOTO S: REP RO DUÇÃO / SHUTTER STO C K

SUMMERTIME TRILHA

Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu Praia = mar, areia e coco gelado, certo? Certo! Mas o litoral paulistano reserva mais do que uma bela vista para o oceano Atlântico. O ecoturismo — prática de trilhas — tem ganhado cada vez mais adeptos, que buscam sair dos roteiros comuns rumo a um mergulho na natureza. Há diversos tipos de trilha, e, para poder curtir a sua ao máximo, é preciso escolher com qual você se identifica mais. Elas podem ser classificadas de acordo com o grau de dificuldade: caminhada leve, moderada e pesada, e também pelas condições do trajeto: relevos ascendentes, descendentes ou irregulares. As trilhas também podem ser guiadas ou autoguiadas. No litoral norte, há muitas opções, e algumas reservam belezas estonteantes. É o caso da Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu, localizada no Parque Estadual da Serra do Mar. A trilha mais famosa em São Sebastião é uma jornada de subidas e descidas em meio à mata atlântica, em caminho estreito e repleto de trechos íngremes, mas a aventura compensa: cachoeiras, piscinas e hidromassagens naturais aguardam o viajante. O ponto de partida é a estrada do Rio Pardo em direção a Salesópolis, e o destino é a praia de Boiçucanga, totalizando uma extensão de 8,2 km e duração de, em média, seis horas. O primeiro passo é a contratação de um guia local, um profissional que conhece muito bem o caminho, fator indispensável para a segurança. Além de extensa e cheia de belezas naturais, o caminho tem história. Terras dos índios tupinambás e dos tupiniquins, e muitos dos trechos dela foram utilizados pelos colonizadores portugueses, que buscavam minérios e as mais diversas riquezas naturais.

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6 horas 8.200 m 5 cachoeiras possui guia


PÉ NA TRILHA O nome já diz, a Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu, em Boiçucanga, é ideal para renovar as energias debaixo da água doce. São cinco pelo caminho: Poço do Macaco, Pedra Lisa, Samambaia-Açu, Serpente e Garganta. A mata atlântica é uma história à parte. Você vai se deparar com plantas, animais silvestres e árvores. Mas atenção para a dica de escoteiro: programe-se para chegar à praia antes das 18 horas, pois a mata é fechada e pode ser perigosa. Boa exploração!

poço dos macacos

praia de boiçucanga

a caminhada

Não se sabe ao certo o porquê

A luz no fim do túnel, ou melhor, no

Quem já fez trilha sabe que

deste nome, mas tenha a nítida

fim da trilha. Este é o destino final,

o objetivo desse tipo de eco-

certeza que este é um dos pontos

independente do rumo que tomar

-turismo é muito simples: cami-

mais bonitos da Trilha das Cacho-

na caminhada. A palavra boiçucan-

-nhar; simples assim. Mas essa

eiras de Itu, em Boiçucanga.

ga vem do tupi-guarani e significa

experiência é mais profunda

O Poço dos Macacos é realmente

“esqueleto de cobra grande”. Essa

do que aparenta ser. Afinal, você

uma espécie de poço de água

região foi batizada assim devido

está no meio do mato, sem sinal

azul-esverdeada, limpa, gelada

a sua peculiar formação monta-

de celular, sem buzinas, sem

e totalmente refrescante para

nhosa. Esse paraíso está entre

trabalhos com prazos de entre-

quem vem de uma caminhada

Maresias e Camburi, e, antes da

ga, sem cobrança e sem pressa.

quente em mata fechada. Esta

construção da rodovia BR-101, era

É “só” caminhar. Por isso, fazer

é uma ótima parada para um

uma espécie de vilarejo escondi-

trilha é uma atividade amada por

lanche, uma água e, claro, para

do, pois era de difícil acesso aos

muitos, porque você se desco-

uma foto. Outro fator especial

turistas. Hoje, é considerada uma

necta do mundo para se ligar

do Poço dos Macacos é que ele

das praias mais bem estrutura-

em si mesmo, passo

é uma espécie de “parada-prêmio”,

das de São Sebastião, além de

a passo, se superando, subindo,

pois, para chegar até ele, você irá

ter uma linda paisagem com o rio

descendo, escorregando, mas

caminhar bastante, já que fica

Boiçucanga desembocando em seu

com a paisagem recompensa-

afastado das demais cachoei-

mar azul de águas tranquilas. Um

dora desse patrimônio nacional

ras. O Poço fica a cerca de 320

último detalhe: Boiçucanga é uma

chamado “mata atlântica”. Então,

metros de altitude e não possui

das pouquíssimas praias do Brasil

caminhe: mochila nas costas,

sinalização para chegar até lá,

onde o sol se põe no mar, pequeno

tênis de guerra nos pés e ideias

mas estando acompanhado de

“grande” detalhe que a deixa mais

frescas na cabeça.

um bom guia você pode fazer seu

especial ainda.

trekking sossegado.

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SUMMERTIME COMIDA

Comida na praia Seja você da vibe natural, dos pratos sofisticados ou do tradicional arroz com feijão, escolha um restaurante que faça da sua refeição um verdadeiro banquete

Badauê Maresias Bem em frente à praia de Maresias, uma das mais belas do litoral norte, está o restaurante Badauê, que, além da boa comida, traz também um ambiente aconchegante e um lugar descontraído para fazer uma saborosa refeição. Este é um dos tradicionais restaurantes da região e é conhecido por receber bem os clientes, que podem se acomodar nas tendas e almofadas na própria praia. Seu cardápio é uma mistura de Brasil com Mediterrâneo, com pratos de peixes e frutos do mar, pizzas e sobremesas que caíram no gosto de todo mundo. Além disso, o restaurante possui um bar com diversas opções de bebidas. Av. Francisco Loup, 901 - Maresias – São Sebastião - SP (12) 3865-7289 | (12) 3865-7283 www.badauemaresias.com.br

LHA

ESCO

VEL ENTÁ

SUST

Manacá Localizado em Camburi, Manacá é um restaurante que se funde com o cenário tropical que o envolve. Com mais de 25 anos de existência, o restaurante, que começou simples servindo apenas café da manhã para surfistas, hoje oferece um leque de opções, com peixes e frutos do mar. Um dado muito interessante de saber é que o estabelecimento foi construído sobre palafitas para preservar a natureza, tudo isso a duzentos metros do mar, virando um bom exemplo de empreendimento com inserção em áreas de vegetação nativa. Manacá ainda oferece pratos infantis para quem leva os pequenos e uma carta de vinhos de respeito. Rua Manacá, 102 - Camburi - São Sebastião - SP (12) 3865-1566 www.restaurantemanaca.com.br

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Ilha de Toque Toque O hotel Ilha de Toque Toque oferece, além dos serviços para quem se hospeda no local, um restaurante com comida caprichada em um ambiente com decoração rústica e uma bela vista para o mar. Os pratos e porções são, em sua maioria, de peixes e frutos do mar, com um toque particular da cozinha caiçara local. Em clima de verão, há muitas opções, e no inverno também, já que a casa oferece opções de caldos quentes. Para quem não é hóspede do hotel, basta reservar uma mesa. Rodovia Dr. Manoel Hyppólito Rego, 1285, Toque Toque Grande – São Sebastião – SP (12) 3864-9110 www.ilhadetoquetoque.com.br

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SUMMERTIME LONG

Skate na veia

FOTOS: SHUTTER STOCK

Skate é um esporte, é um meio de transporte, é um estilo de vida.

Vou de long Diferente do clássico skateboard, o shape — ou seja, a prancha, do Long é mais comprido. O formato foi pensado para percorrer longas distâncias com conforto, ou permitir que o skatista desça ladeiras em alta velocidade, no Downhill Slide. Em São Sebastião, são diversas opções para curtir um passeio no Long, da orla da praia ao centro da cidade. Mas se você quiser ir além, visite um pico que está sendo muito elogiado pela comunidade de skatistas na região: a pista de skate da cidade. Considerada uma das maiores do Brasil, o local possui uma estrutura de 7 mil metros quadrados, com vários espaços para diferentes manobras, tudo isso próximo à balsa para Ilhabela, SURFE NA TERRA com vista para o mar, é claro. Quando o mar não está para peixe, não há santo que faça milagre, mas há surfista que invente moda. Foi na década de 60, na Califórnia, que, impedidos de surfar devido à época de marés baixas e seca na região, surfistas fizeram pranchas sobre rodas para se divertir fazendo manobras nas ruas da cidade e em piscinas vazias de grandes mansões. Nascia assim o skateboard. 82

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APPROACH

DRINKS

p o r Fernanda Lopes

NA DOSE CERTA APRENDA TRÊS DO BAR SIRENA Um brinde ao amor, um brinde aos noivos, um brinde para quem está na pista! Sejamos honestos, não importa o motivo, o importante é não se esquecer de bater os copos. Mas, para saudar em grande estilo, é preciso acertar na bebida, e para isso convidamos o cara que “já cansou de escutar centenas de casos de amor”, o barman Eder de Siqueira, que trabalha há cinco anos no Sirena, para ensinar três drinques dignos de uma grande comemoração.

Black & Cola 1 dose de José Cuervo Black (40 ml) 1 lata refrigerante de cola 1 limão Gelo Hortelã

Margarita Cuervo Frozen 1/2 dose de tequila José Cuervo Prata (20 ml) 1/2 dose de José Cuervo Margarita Mix (20 ml) Gelo

F OTOS: S HUTTE R STOCK

DRINQUES EXCLUSIVOS

Cuervo Lemon 1 dose de tequila José Cuervo Especial (40 ml) 1 refrigerante lata Soda Limão 1 limão Gelo Hortelã

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APPROACH LÁ FORA

Festa de Gringo DESCUBRA OS FESTIVAIS MAIS INCRÍVEIS DO MUNDO PARA 2015

Sónar Barcelona Criado em 1994, o Sónar é o principal festival de vertentes alternativas da música eletrônica. Ele acontece todos os anos no mês de junho e já viajou para Nova York, Tóquio, Frankfurt, Buenos Aires e até São Paulo. Na sua 22ª edição, vem com mais música avançada e New Media Art com diversos artistas importantes do cenário atual para o seu público fiel curtir. PRINCIPAIS ATRAÇÕES: Chemical Brothers, Daniel Avery e Vessel QUANDO? 18, 19 e 20 de junho ONDE? Barcelona, Espanha SITE: www.sonar.es

Glastonbury O maior festival de música a céu aberto do mundo conta com mais de cem palcos e mais de 2 mil atrações entre música eletrônica, rock e pop. O evento tem duração de cinco dias com música sem parar. O festival doa parte do dinheiro dos ingressos para Ongs como Greenpeace. QUANDO? 24 a 28 de junho ONDE? Pilton, Inglaterra SITE: www.glastonburyfestivals.co.uk

FOTOS: REPRODUÇÃO

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Tomorrowland O famoso festival de música eletrônica belga é uma experiência única, não só pela sua boa música, já que em sua lista de atrações estão sempre os maiores DJs do mundo, mas também pelo clima de mistério e fantasia que o envolve. Lembrando que, além da tradicional edição em sua terra natal, Tomorrowland tem sua tão esperada estreia em maio do ano que vem aqui no Brasil. QUANDO? 24, 25 e 26 de julho ONDE? Boom, Bélgica SITE: www.tomorrowland.com

EL ESCOLHA SUSTENTÁV

Bonnaroo Em uma fazenda com 700 hectares, você vai encontrar artistas de diversos estilos musicais, uma estrutura incrível de alimentação, camping, arte, entretenimento e até cinema. O Bonnaroo é um festival eco-friendly e dá um show no quesito sustentabilidade. Além disso, apoia projetos comunitários em diversos setores, totalizando 100 organizações beneficiadas. PRINCIPAIS ATRAÇÕES: Skrillex, Zedd e Disclosure QUANDO? 11 a 14 de junho ONDE? Tennessee, EUA SITE: www.bonnaroo.com

Mysteryland O melhor festival da Holanda dá um show quando o assunto é ambientação e qualidade musical. São mais de 20 anos de experiência criando festivais cada vez mais incríveis e envoltos de mistério. Prepare-se para assistir aos maiores DJs do mundo disputando sua atenção entre os diversos palcos. QUANDO? 23 a 26 de maio ONDE? Haarlemmermeer, Holanda SITE: mysteryland.com revista SIRENA

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APPROACH

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FESTA EIVISSA - 11/01/2014

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As imagens publicadas na seção “Social” estão resguardadas pela lei do direito autoral e são de propriedade da marca registrada Sirena

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i m a g e n s p o r Augusto Mestieri

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1 - Pistinha; 2 - Leticia Vieira; 3 - Cristiano Naya e Andreรงa Aliende; 4 - Fabiana Ducati e Julio Leite; 5 - Alessandra Ramos Guila; 6 - DJ Betoko; 7 - Pamela Lenine e Fabricio Nadai; 8 - Helen Dantas; 9 - Karlinha Balsano; 10 - Luisa Macedo Nunes; 11 - Dj Mauricio Gatto; 12 - Isabella Settanni revista SIRENA

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SOCIAL

CARNAVAL - 01 E 02/03/2014

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1 - Caroline Bittencourt; 2 - Viviana Sardelli; 3 - DJ Pic Schmitz; 4 - DJ Steve Aoki; 5 - DJ Ferris; 6 - Rafael Luzzi; 7 - Renato Magalh茫es e Franz Seidi; 8 - Vit贸ria Gandolfi; 9 - Rafaela Kalimann; 10 - DJ Fat Boy Slim; 11 - Thammy Macedo; 12 - Vini Machado

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SOCIAL

FESTA À FANTASIA - 31/05/2014

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1 - Bruna Basianov; 2 - Adriano Pagani e Dai Aldebrand; 3 - Amanda Herdeiro; 4 - Djs JetLag; 5 - Isabela Viegas; 6 - Daniel McQuoid; 7 - Sacramento; 8 - Lidia Barbieri; 9 - Luiz Guerra; 10 - Nicole Norton; 11 - Maria Rosa Abage; 12 - Pedro Schahin

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FESTA DO BRANCO - 27/09/2014

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1 - Anselmo Venanci e Javiera Hermocillia; 2 - Christian Spong; 3 - DJ Magui; 4 - Julia Trippa; 5 - Indiara Bravo; 6 - DJs Eduardo Popo, Buga e Menga; 7 - Marilia Maria Pereira; 8 - Pista; 9 - Leandro Pereira; 10 - Allan e Thomas Simon; 11 - Thiago Francki; 12 - RaĂ­ssa Neves revista SIRENA

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ANIVERSÁRIO - 15/11/2014

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1 - André Morette e Ana Melhado; 2 - Lu Galvão; 3 - Wagner Teixeira e Mayra Teixeira; 4 - DJ Afrojack; 5 - Giovana Paino; 6 - Kamau Soueid e Poliana Ballarine; 7 - Rafaela Pereira; 8 - Sirena; 9 - Diego Christiansen e Luis Filipe Guerra ; 10 - Laila Romano e Zeca Romano; 11 - Leticia SIqueira; 12 - Bruna Di revista SIRENA

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INSPIRAÇÃO

? M E IZ D S Ê C O V E IE L R A H C O IG EU D S

omos em três irmãos em casa: eu, o mais velho e o mais novo. O mais velho nasceu nos anos oitenta e nos ensinou a letra da épica saga “Faroeste Caboclo”, motivo de brigas até hoje para saber quem realmente sabe cantá-la inteira. Mas foi através de um amigo do mais novo, que o ajudava a olhar os carros na quermesse da igreja para poderem comprar uma bola de futebol (felicidade sem fim para dois moleques), que aquele CD, em um encarte preto e vermelho, entrou em casa e até hoje não parou de ser ouvido: O baixo pesado, a guitarra marcada e o beat box eram viciantes para aquele pirralho que ficava imitando tudo na frente do espelho, e as letras incitavam dentro da gente um sentimento de rebeldia, de atitude e, sim, de poesia. Até mesmo a Dona Fátima, nossa mãe, típica mineira e devota de São Judas Tadeu, concordava com um discreto sorriso quando Chorão cantava “o jovem do Brasil nunca é levado a sério”, não se atentando ao “porra” que aquele maloqueiro dizia de boca cheia. Certeza que a Dona Fátima gostava secretamente daquele som e via uma verdade inegável naquela banda de rock e naqueles moleques mal educados de Santos. Em casa era CBJR de manhã, de tarde, de noite, e sempre no último volume para a loucura da Dona Antônia, nossa adorável vizinha, que não adorava tanto assim o baixo pesado de Champignon e sempre nos ligava para perguntar se o Tadeu, o mais novo, estava fazendo alguma festa escondida da nossa mãe. Aquilo era a trilha sonora da vida dele e, por consequência, a da nossa também. Mas foi numa segunda-feira de novembro de 2011 que os versos simples e o refrão fácil desse cara louco que dizia não saber fazer poesia viraram para nós três uma oração. Foi nesse dia que entendi a força de uma música sem nenhum rebuscamento lírico, onde só há espaço para uma verdade simples, pura e humana. Ela foi sem dizer adeus. De fato, sem floreios descabidos e desnecessários, o momento que mais sangrou aquela ferida blindada de cura foi quando eu o Tiago, o mais velho, tivemos que dizer ao caçula, aquele moleque mimado pelos melhores carinhos de nossa mãe, que ela havia morrido. Sim, porque essa coisa de “partiu”, esse eufemismo barato, não me cabe e não cabe ao autor de tantas músicas em carne viva, feita mais de transpiração do que inspiração, contradizendo o nome dessa matéria. Deitamos então os três na cama do caçula, e nos víamos ali em uma casa grande, vazia e cheia de estranhos e seus pêsames. A nossa dor ridiculamente humana diante da morte só se aliviou quando o mesmo caçula cantou: “‘Ainda vejo o mundo com os olhos de criança, que só quer brincar e não tanta responsa, mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir’. A mãe gostava dessa música”. E essa foi a nossa oração. Obrigada, Chorão. Daí entende-se porque suas músicas têm potência, porque batem no estômago, porque dão vontade de cantar. Porque fala de vida. O Marginal Alado é sua própria música, é Santos, mar, skate, surf, palavrão e uma despretensiosa poesia disfarçada de rima. É assim que ele vive, pairando em suas canções de prosa rápida e versos simples, inspirando uma geração que cresceu ouvindo CBJR e lembrando que as boas histórias se fazem com mais dias de lutas do que dias de glória. Nossas histórias!

E ANTES QUE EU ME ESQUEÇA, EU DIGO BROWN. a r t e p o r João Naccarato www.joaonaccarato.com.br 98

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